Um estudo conduzido por estudantes e pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) revelou resultados surpreendentes sobre as perdas na colheita mecanizada da soja no Rio Grande do Sul. A pesquisa, realizada no município de Pelotas, mostrou que operar a colhedora em velocidade mais alta pode reduzir significativamente o desperdício de grãos, desde que a máquina esteja corretamente regulada.
O trabalho, desenvolvido por integrantes do PET-EA, avaliou diferentes velocidades operacionais de uma colhedora New Holland TX 5.90 durante a colheita da safra 2025. As análises foram feitas com molduras amostrais posicionadas logo após a passagem da máquina, permitindo medir separadamente perdas na plataforma e no sistema de trilha.
Os resultados indicaram que a velocidade de 6 km/h apresentou a menor perda total, com 3,25 sacas por hectare, superando inclusive velocidades menores, como 4 km/h e 5 km/h. Este resultado contraria a expectativa tradicional de que maiores velocidades aumentariam o desperdício.
A pesquisa também mostrou que a maior parte das perdas ocorreu na plataforma de corte, responsável em média por 4,15 sc/ha, enquanto as perdas por trilha foram mínimas e estáveis, com média de apenas 0,19 sc/ha. Segundo os pesquisadores, isso evidencia a eficiência do sistema de trilha da máquina, mas reforça a necessidade de ajustes mais precisos na plataforma.
Para os autores do estudo, diversos fatores podem explicar o melhor desempenho em maior velocidade, como o fluxo adequado de material no rotor e regulagens apropriadas da colhedora. “Velocidades maiores podem ser vantajosas quando a máquina está bem ajustada, mantendo rendimento sem aumentar o desperdício”, aponta a equipe.
O Brasil segue como maior produtor mundial de soja em 2025, com mais de 45 milhões de hectares cultivados e produtividade média de 3.500 kg/ha. Nesse cenário, reduzir perdas durante a colheita é essencial para garantir maior rentabilidade e sustentabilidade da produção.
O estudo conclui que, entre as velocidades testadas, 6 km/h é a mais indicada, desde que acompanhada de manutenção adequada e regulagens específicas, sobretudo na plataforma de corte. A equipe reforça que estudos desse tipo contribuem para melhorar a tomada de decisão no campo e para promover colheitas mais eficientes.

Figura 1: Imagem de uma colheitadeira colhendo soja.

Figura 2: Petiano realizando a analise de perdas.
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