A Rússia e o conflito Israel–Irã: mediação e críticas à intervenção ocidental por Lisa Marie Bastos

Em junho, o confronto entre Israel e Irã iniciado a partir do ataque israelense contra instalações iranianas, agravado pela participação dos Estados Unidos, provocou diversas reações no globo.

Alguns dias de conflito, até então concluídos por um acordo de cessar-fogo entre os países com a mediação do presidente estadunidense Donald Trump, desencadeou também uma reação por parte da Rússia, aliada anti-hegemônica de Teerã. 

Não participante do conflito, o governo russo apresentou “propostas práticas” a Washington, Tel Aviv e Teerã com o objetivo de desescalar as tensões e construir um “acordo sustentável” para o fim do confronto. Nesse viés, de acordo com o ministro de relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, as partes envolvidas no conflito já entendem a necessidade de mudar a situação para um caminho mais político. “Nós constantemente advogamos por um fim à agressão e por todos os meios necessários para trazer a situação do Irã de volta para caminhos diplomáticos.” citou o ministro.  

Além disso, Lavrov ainda expressou uma profunda preocupação com a escalada de tensões entre Teerã e Tel Aviv, indicando que o conflito ameaça tanto a segurança regional no Oriente Médio, quanto a de todo o sistema internacional. Moscou ainda criticou duramente o ataque recente dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, reforçando a violação de princípios do Direito Internacional por parte do governo norte-americano. Por fim, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov também manifestou o desejo do Kremlin por uma trégua permanente entre Israel e Irã, salientando a importância de que não ocorram mais escalações nos ataques, respeitando efetivamente o cessar-fogo.  

Com isso, em um cenário de muitas tensões ainda existentes e possíveis escaladas de ataques  entre os países envolvidos no conflito, espera-se que a Rússia continue a se apresentar como um possível mediador diplomático da resolução permanente das animosidades. Posicionando-se como articulador da paz, Moscou reforça ainda sua influência como ator global, além de intensificar o movimento anti-hegemônico ocidental, principalmente no que tange às duras críticas aos Estados Unidos e a defesa de uma visão multilateral da possível conclusão do confronto entre Tel Aviv e Teerã. 

REFERÊNCIAS:

Parties to Iranian conflict recognize need to return to diplomacy — Lavrov. (2025, 24 de junho). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/politics/1980845 

Russia welcomes Middle East ceasefire, hopes it holds — Ushakov. (2025, 24 de junho). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/politics/1981039 

Israel, Iran may soon resume conflict, but currently not willing to — Trump. (2025, 25 de junho). TASS Russian News Agency. Disponível em: https://tass.com/world/1981087 

Israel and Iran agree ceasefire amid waves of missiles. (2025, 24 de junho). Al Jazeera. Disponível em: https://www.aljazeera.com/amp/news/2025/6/24/israel-and-iran-agree-ceasefire-amid-waves-of-missiles 

Acordo de cessar-fogo: Israel estava prestes a perder o controle de seu espaço aéreo para o Irã. (2025, 25 de junho). Sputnik News. Disponível em: https://noticiabrasil.net.br/20250625/acordo-de-cessar-fogo-israel-estava-prestes-a-perder-o-controle-de-seu-espaco-aereo-para-o-ira-40734944.html 

* Lisa Marie B. Bastos é acadêmico do curso de Relações Internacionais  da UFPEL e pesquisadora do LabGRIMA.

 

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