Subjetivas promove mostra de cinema Mulheres do Audiovisual Brasileiro

Por: Claudine Zingler

   O Cine UFPel vai receber a primeira Mostra Mulheres do Audiovisual Brasileiro nas noites de 6 a 8 de julho. Serão exibidos 22 curta-metragens de 20 realizadoras brasileiras com o objetivo de trazer ao conhecimento da comunidade acadêmica e de Pelotas os trabalhos feitos por mulheres em Pelotas e pelo Brasil afora e introduzir o Projeto na cidade. O evento tem entrada gratuita e é realizado pelo Subjetivas, formado por alunas e ex-alunas do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas, e apresentará obras de colaboradoras do trabalho de conclusão de curso das estudantes.

   Assim como muitos outros espaços, o cinema é palco dos mais variados casos de opressão e humilhação dentro e fora da academia. A existência do Subjetivas vem de encontro a isso, como forma de resistência e contestação, a exemplo do ciclo de debates Quem Tem Medo das Mulheres no Audiovisual?, organizado pelo Coletivo Vermelha, no início desse ano, em São Paulo.

   Digliane Andrade, uma das componentes do Subjetivas, fala sobre a importância da mostra, ideia inovadora na UFPel: “criamos um formato que é pioneiro nos trabalhos de conclusão do Cinema e Audiovisual, ninguém nunca antes criou uma plataforma de distribuição de filmes”. Ela conta que a ideia surgiu por haver pouca referência de cineastas mulheres: “elas não são acessíveis no curso porque o mercado do audiovisual é muito masculino.”

   Kelly Demo Christ, cineasta gaúcha que vai ter o Ovo de Colombo, uma de suas produções, exibido na Mostra, conta que sempre notou na graduação que quem tinha maior visibilidade nas mostras eram os curtas já conhecidos. Ela também fala da sua experiência durante a graduação, sobre como ser mulher e ter algumas ideias internalizadas pode atrapalhar a formação de uma profissional do cinema:

   – “Isso fez com que eu tivesse uma reflexão sobre o motivo de eu ter entrado no curso tão segura da ideia de dirigir e roteirizar meus filmes, e gradativamente ir deixando este desejo de lado, tomando o rumo da produção”, lugar que Kelly diz ser tradicionalmente destinado às mulheres. Sobre os estereótipos das mulheres no cinema, ela pontua: “dizem que somos comunicativas, que possuímos articulação para lidar com situações delicadas, (…) assim, é corriqueiro que as mulheres atuem nesse setor [produção] – e é provável que elas se sintam realizadas ali. Você já aprendeu a vida inteira a ser organizada, a se comunicar e a persuadir, então é fácil se encaixar na produção, pois se trata de aplicar exatamente estas especialidades.”

   A plataforma de distribuição seriada online está prevista para ser lançada no mês de agosto. Ainda durante a Mostra Mulheres do Audiovisual Brasileiro, será lançado um financiamento coletivo para quem se interessar possa colaborar com a ideia das cineastas. Futuramente, Digliane conta que pretendem levar a Mostra para outros locais do país.

   Com iniciativas como a Mulheres do Audiovisual Brasileiro, a esperança que fica, segundo Kelly, é a de que não precisemos mais sempre nos deparar nos créditos com a seguinte frase: “um filme de… Um Homem”.

   Para mais informações sobre o Projeto Subjetivas, acesso facebook.com/projetosubjetivas.

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