Redes intelectuais e espaços de fronteira

Encontro internacional debateu a internacionalização dos países latinos.

Por Kímberlly Kappenberg

A importância da aproximação entre os países latino-americanos foi discutida durante o III Encontro Internacional – Redes Intelectuais e Espaços de Fronteira: Ultrapassando o Âmbito do Estado Nação, promovido pelo Centro Interdisciplinar de Literatura Hispanoamericana – Cilha, da Faculdad de Filosofía y Letras da Universidad Nacional de Cuyo (UNCuyo), da Argentina, e do Programa de Pós-graduação em Letras da UFPel, entre os dias 20 e 21 de junho, no Lyceu Rio-grandense, centro de Pelotas.

Redes intelectuais e espaços de fronteira (Kímberlly Kappenberg)

            Nos dois dias de evento foram realizadas três mesas de discussão com as temáticas Memória, História e Direitos humanos, Literatura em perspectiva e Pensamento e redes intelectuais na América Latina, que atraíram mais de 60 participantes. Além de representantes da UFPel e UNCuyo, participaram do encontro pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Universidad de Buenos Aires (UBA), da Argentina, e Universidad de Antioquia (UDEA), da Colômbia.

            O encontro é uma forma de fortalecer o pensamento e as redes intelectuais na América Latina, estabelecendo vínculos de cooperação interinstitucional, conforme explicou a professora da UFPel e Coordenadora Geral do evento, Cláudia Lorena da Fonseca. “É necessários nos fazermos fortes, pois temos os mesmos problemas” afirmou ela, para quem as diferenças entre a língua portuguesa e espanhola não podem ser barreiras dessa aproximação. A professora acredita que a academia tem muito a contribuir com este processo de internacionalização, iniciado com a criação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), em 1991, e que tende a se consolidar cada vez mais. “Somos irmãos de fronteira” lembra Cláudia.

            A temática foi escolhida através das investigações conduzidas pelos grupos de pesquisa dos três países presentes, que trabalham com diferentes questões ligadas à Latino América. A principal característica dos grupos é a transdisciplinaridade, contou a Coordenadora. Profissionais da história, filosofia, literatura, direito, relações internacionais e letras foram alguns dos envolvidos nos debates.

Prof. Cláudia Battestin (Kímberlly Kappenberg)

            A professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Cláudia Battestin Dupont, que iniciou a terceira mesa de conversa, questionou o que constitui a América Latina. Ela compartilhou algumas experiências vividas em outros países, como no México, onde os habitantes se vem mais próximos ao Estados Unidos do que o Brasil, e não aceitam facilmente a noção de um continente latino. Outros exemplos dessa relutância são Costa Rica e Haiti que, conforme ela, não se sentem incluídos, mesmo tendo feito parte de uma colonização muito semelhante aos países vizinhos.

            “A internacionalização não é entre países, mas sim entre culturas, história e similaridades dos povos” refletiu a professora da URI, defensora da valorização das relações também com países menos desenvolvidos, fazendo uso da cooperação universitária como um começo, a base para a expansão gradual das relações, afinal “nossas redes são produtos de redes anteriores” finalizou.

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