Rubel – Casas

Capa do disco. Imagem: reprodução

Por Jordy Vaniel

Cineasta, cantor e compositor carioca, Rubel ganhou popularidade na internet através do seu primeiro álbum, Pearl (2013), que contém a romântica “Quando Bate Aquela Saudade”, no Youtube o clipe está com 264 mil visualizações e no Spotfy foi escutada mais de 12 milhões de vezes. Sem pretensão nenhuma, Pearl foi gravado num pequeno estúdio nos estados unidos, onde Rubel fazia faculdade de cinema.

O disco tem uma breve introdução de menos de um minuto e já parte para a autobiográfica “Colégio”, a faixa conta algumas histórias da infância do autor enquanto embaladas pelo seu inconfundível violão melancólico, mas uma batida diferenciada acompanha ela, logo mais vemos em “Pinguim” que o autor tem uma nova influencia: O Hip Hop. Em entrevistas recentes, Rubel disse que tem escutado muito Frank Ocean, Kanye West, Chance the Rapper e Kendrick Lamar, as batidas mencionadas anteriormente são inspiração direta do rap moderno.

“Cachorro” é possivelmente a música menos inovadora do disco, segue a mesma linha de produção que esperamos de Rubel, ela lembra bastante a nona faixa “Explodir”, porém essa tem uma melodia mais rebuscada e letra mais romântica. Entretanto essas faixas serem mais “previsíveis” não quer dizer que sejam ruins, ambas são músicas de MPB bastante respeitáveis.

Mas quando entra “Casquinha” as coisas mudam, um violão de samba entra como se estivessemos passando por um bar na orla de Copacabana, algo que nunca antes tinha sentido em suas músicas, eu senti vontade de levantar e sambar, mesmo sendo gaúcho e tendo “dois pés esquerdos”, nesse samba Rubel me lembra brevemente Caetano, talvez seja a voz suave que contrasta com o violão metálico, não sei, mas que som único e inesperado.

Na faixa “Batucada” temos um interlúdio que muda o tom do álbum, é a primeira vez que há a inserção dos tambores africanos que se seguem para a próxima faixa, “Mantra” com uma participação de Emicida.    A religiosidade é o tema da sétima faixa, somos recebidos nessa faixa com um baixo bem definido, herança do tempo que Rubel passou na gravadora de Emicida, os tambores ditam o ritmo até o refrão onde um drum loop aquece ainda mais o som e quando Emicida pega o microfone é puro ouro em forma de música, no final ele nos pergunta “Cê gravou truta?”, ô se gravei tchê!.

O samba volta em doses na faixa “Sapato”, mais uma vez único e inesperado com uma parte de metais, influências de rap com drum beats característicos, essa música é uma síntese de todo o álbum pouco mais de cinco minutos. Enquanto isso “Chiste” é uma história da conversa entre o riso e a dor com participação de Rincon Sapiência com uma pegada de rap bem aparente, para fãs do gênero e de MPB é um prato cheio.

E finalmente chegamos na melhor parte, o final? NÃO! É o hit “Partilhar” que tem mais de um milhão de visualizações no Youtube e mais quatro milhões de cliques no Spotfy, seu  flow que me lembra bastante os mixtapes de Chance the Rapper além de uma letra gostosa de ouvir, viradas com piano e baixo e um solo de metais impecável. O fechamento do disco fica com a única música não autoral, escrita por Gustavo Rocha “Santana” é uma balada que tem uma pegada de Jazz suave, com uma bateria acústica (item raro nesse disco) bem apresentada é um fechamento perfeito para uma experiência única.

Casas é um futuro clássico do Indie brasileiro e Rubel é um grande músico em ascensão, nota: 9/10.

 

Você pode ouvir o álbum no Spotify.

 

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