Os desafios dos músicos tradicionalistas na atualidade

A dupla César Oliveira e Rogério Melo durante apresentação na 92º Expofeira de Pelotas. Foto: Rafaela Dutra

Por Rafaela Dutra e Samira Silveira

Há 20 anos os gaúchos César Oliveira, de Itaqui, e Rogério Melo, de São Gabriel, formam uma das duplas mais renomadas do cenário da música tradicionalista. De lá pra cá, foram lançados mais de 10 CDs e 3 DVDs, sendo um deles finalista do Latin Grammy Awards em 2014. A dupla que esteve na 92° Expofeira de Pelotas no dia 13 de outubro e falou com a gente sobre a carreira e os planos para o futuro.

Sobre dar início as comemorações do 20º aniversário, Rogério ressalta a importância de uma comemoração que integre o público que acompanha a sua carreira: “Nós estamos buscando uma maneira de integrar o repertorio, integrar o nosso público, pessoas que nos acompanham nesse tempo todo, que são muito importantes pra nós… Vamos achar uma maneira bonita de comemorar junto com todo o nosso público”. O dueto neste ano é participante do Desafio Farroupilha, quadro do Jornal do Almoço (RBS TV), que tem como tema “Olhos do Coração”, que ressalta a importância da inclusão de pessoas com deficiências nas nossas tradições. No elenco deste ano a dupla conta com Natalia Guastuci, a gaiteira rio-grandina que é deficiente visual e está servindo como inspiração para o desafio. “Para nós está sendo bastante emocionante, bastante diferente, por esse ano se tratar da inclusão. A nossa “atriz” principal é uma moça deficiente visual, a Natalia tem uma participação fundamental dentro do projeto esse ano, com outras várias pessoas que integram esse desafio”, conta Rogério. “A demonstração da cultura, quando a gente fala sobre invernadas artísticas ou qualquer arte, musica, tudo é exercício para a mente e para o corpo essa nossa parte cultural ela ajuda muito as pessoas, no caso da Natalia mesmo que ela gaiteira, e a invernada tropeiros de ouro negro eles vão ter que dançar de olhos vendados e ela vai ter que dançar com eles, esse vai ser o desafio lá no ENART”, conclui César.

Falaram ainda sobre a luta constante de se manter como artistas tradicionalistas a tanto tempo. Para Cesar a internet como meio de divulgação é peça importante para fazer com que as pessoas estejam sempre em contato com a dupla, mas isso não garante o sucesso, já que a música gaúcha é restrita um público especifico: “A música gaúcha de certa forma está lutando hoje, incansavelmente porque o teor dela é bem regionalista e isto é muito difícil, num país tão grande como nosso se manter. Os meios atuais de divulgação eles podem facilitar de alguma forma, mas para musica regionalista em si aqui no Estado ela se torna um pouco difícil porque nós realmente somos restritos as pessoas conhecerem o nosso estilo musical e a linguagem que nós usamos”. O cantor comanda o projeto de apadrinhamento de novos talentos gaúchos com o objetivo de buscar a renovação no meio musical. “É muito difícil o acesso pra pessoas que estão começando, porque se tu não der o ponta pé inicial tu não começa nunca ne? Então a gente se coloca no lugar do contratante, o porquê de contratar um novo talento, uma pessoa que não tem nome, se torna muito difícil”, ressalta Rogério.

O dueto, que promete novidades para 2019, destaca que o principal incentivo para se manter na profissão é o amor pela música e pela tradição. Para César, “é muito importante o orgulho que nós temos de ser gaúcho, mas não na questão do bairrismo em si, mas é um orgulho realmente próprio, porque um povo que tem uma identidade cultural todo mundo deve se orgulhar disso”.

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