O imbatível Nadal vence pela décima segunda vez em Roland Garros

Por Luís Artur Janes Silva

Neste domingo (09), tivemos a decisão do Aberto da França de tênis, o tradicional Roland Garros, o segundo dos quatro torneios do Grand Slam da temporada. A final do campeonato parisiense reuniu os dois melhores tenistas de quadras de saibro (terra batida) da atualidade. De um lado, o gigante espanhol Rafael Nadal, que venceu o eficiente austríaco Dominic Thiem, quarto melhor jogador do mundo. Nadal conquistou o décimo segundo troféu na cidade de Paris, garantido com uma vitória relativamente tranquila sobre Thiem, que ameaçou apenas na primeira metade da partida. O jogo terminou três sets a um para Nadal, com parciais de 6-3, 5-7, 6-1 e 6-1.

Nadal e o saibro de Roland Garros, uma ligação especial. Imagem: Divulgação/FFT.

Roland Garros foi o primeiro Grand Slam que permitiu a participação de profissionais, fato que marcou o início da chamada Era Aberta, em 1968. Por ter quadras de saibro que tornam o jogo muito lento, o torneio francês tem uma extensa lista de grandes jogadores que nunca triunfaram por lá. Os estadunidenses Pete Sampras, Jimmy Connors, John McEnroe e Venus Williams são as vítimas mais famosas deste saibro mortal. Novak Djokovic e Roger Federer, excelentes tenistas, possuem apenas um título em quadras francesas.

Por isso, o dodecacampeonato de Nadal é um feito fora de série. O espanhol, que nunca perdeu uma final no Grand Slam de Paris, tem cinco títulos a mais que o segundo maior vencedor de Roland Garros, o francês Max Décugis. Além disso, tem a maior sequência de conquistas, cinco canecos entre 2010 e 2014, recorde que é complementado por 39 vitórias consecutivas, obtidas entre 2010 e 2015.

Na edição de 2019, Roland Garros não apresentou muitas surpresas na chave de simples masculina. Por exemplo, nas semifinais, tivemos a classificação dos quatro principais tenistas do mundo no momento. Djokovic, Nadal, Federer e Thiem confirmaram o seu favoritismo e passaram pelos adversários sem grandes sustos. Nos enfrentamentos desta fase, Nadal esmagou Federer, que voltava ao Aberto francês, depois de três anos de ausência. O espanhol aplicou três sets a zero no suíço, com parciais inapeláveis (6-3, 6-4, 6-2). Enquanto isso, Thiem surpreendeu o melhor do mundo, o sérvio Novak Djokovic. Num jogo de cinco sets e muito disputado, o austríaco triunfou e candidatou-se a repetir a final de 2018, para buscar a revanche contra Rafael Nadal.

Para não dizer que Roland Garros 2019 foi um torneio totalmente sem sal, cabe destacar mais um fracasso francês, que não comemora um título em seus domínios desde 1983, quando Yannick Noah conquistou a glória maior na capital francesa. Nesta edição, Benoit Paire e Gael Monfils chegaram até as oitavas de final, quando foram derrotados por Kei Nishikori (3 a 2) e Dominic Thiem (3 a 0), respectivamente.

Além do fracasso francês, a emoção esteve presente no enfrentamento entre Stan Wawrinka e Stefanos Tsitsipas, que fizeram o melhor jogo do campeonato. O grego, que vinha de consistentes resultados no saibro, foi derrotado nas oitavas de final pelo experiente Wawrinka, vencedor do torneio em 2015. A partida durou mais de cinco horas e terminou em três sets a dois para o suíço, com parciais de 7-6, 5-7, 6-4, 3-6, 8-6.

Enquanto isso, o Brasil que já ganhou três títulos em Roland Garros com um certo Gustavo Kuerten, teve apenas um tenista na chave principal. Thiago Monteiro, que conquistou três vitórias no torneio qualificatório ao Slam, foi derrotado na estreia desta chave principal pelo sérvio Dusan Lajovic em sets diretos e com parciais de 6-3, 6-4, 6-4.

Ashleigh Barty conquista torneio feminino de Roland Garros e torna-se a segunda melhor tenista do mundo. Imagem: Kai Pfaffenbach/ REUTERS.

Na chave feminina do Slam francês, a festa foi da australiana Ashleigh Barty, que massacrou a tcheca Markéta Vondroušová na final. A vitória de Barty foi em sets diretos (6-1, 6-3). Se na chave masculina, os quatro grandes tenistas do momento dominaram Roland Garros, entre as mulheres tivemos inúmeras surpresas. Na decisão, a campeã Ashleigh Barty era número oito do mundo, e Vondroušová começou a competição na posição 38 do ranking.

As semifinalistas Johanna Konta (GBR) e Amanda Anisimova (EUA), ocupavam as posições 26 e 51 do ranking feminino, respectivamente. Apesar disso, Konta eliminou a estadunidense Sloane Stephens, sétima do mundo, nas quartas de final, e Anisimova, nesta mesma fase, bateu a romena Simona Halep, terceira tenista do planeta, que defendia o título no saibro de Paris.

Na realidade, as surpresas da chave feminina de Roland Garros começaram na primeira rodada do campeonato, quando Venus Williams foi derrotada pela ucraniana Elina Svitolina em sets diretos, com duplo 6-3. Mais adiante, na terceira rodada, a multicampeã Serena Williams e a atual número um do mundo, a japonesa Naomi Osaka foram derrotadas e deram um adeus prematuro ao torneio. Osaka caiu diante da tcheca Kateřina Siniaková, e Serena, três títulos em Roland Garros, perdeu para a compatriota Sofia Kenin, que aplicou 6-2 e 7-5 na ganhadora de 23 Grand Slams.

Enquanto isso, o tênis feminino brasileiro, que foi vice-campeão em Roland Garros no distante ano de 1964, graças ao talento da eterna Maria Esther Bueno, não conseguiu passar da fase inicial do torneio qualificatório de 2019. Beatriz Haddad Maia foi obrigada a abandonar a partida contra a ucraniana Katarina Zavatsky, por causa de uma lesão, justamente quando vencia o terceiro set por três games a dois. Um infeliz final prematuro.

 

ROLAND GARROS NAS DUPLAS

Os torneios de Grand Slam possuem três categorias de duplas. Além das versões masculina e feminina, encontramos nestes campeonatos as duplas mistas. Na versão masculina da competição, os alemães Kevin Krawietz e Andreas Mies venceram os franceses Jérémy Chardy e Fabrice Martin por dois sets a zero, com parciais de 6-2 e 7-6. Os anfitriões tentavam repetir a conquista de 2018, quando Pierre Hugues-Herbert e Nicolas Mahut venceram a disputa nas duplas.

Para o Brasil, que tem um título de duplas em solo francês, conquistado por Marcelo Melo, que atuava com o croata Ivan Dodig, no ano de 2015, esta versão de Roland Garros foi decepcionante. Melo e Lukasz Kubot foram derrotados nas oitavas de final pelos futuros vice-campeões. O jogo acabou dois sets a um para os franceses (5-7, 6-2, 6-3). Enquanto isso, o gaúcho Marcelo Demoliner, que jogou com o indiano Divij Sharan, parou na rodada anterior às oitavas, quando foi derrotado pelo australiano John Peers e pelo finlandês Henri Kontinen, em sets diretos.

Mas a decepção maior ficou por conta de Bruno Soares, que junto com Jamie Murray formavam a dupla cabeça de chave número dois do torneio, atrás apenas de Marcelo Melo e Lukasz Kubot, na lista de favoritos da competição. Soares e Murray perderam na estreia diante dos italianos Lorenzo Sonego e Matteo Berrettini, que triunfaram de virada, por dois sets a um (4-6, 7-5, 7-6).

Na chave feminina de duplas, o Brasil tem um título e outro vice-campeonato, conquistados por Maria Esther Bueno, que atuando ao lado da estadunidense Darlene Hard, conquistou o caneco no ano de 1960 e ficou com o segundo lugar em 1961.

Em 2019, a festa francesa foi garantida com a conquista de Kristina Mladenovic, que junto com a húngara Timea Babos, aplicaram dois sets a zero (6-2, 6-3) nas chinesas Duan Yingying e Zheng Saisai. A tarefa da dupla franco-magiar foi facilitada pela eliminação das campeãs de 2018, as tchecas Barbora Krejčíková e Kateřina Siniaková, que foram derrotadas pela ucraniana Nadiia Kichenok e pela estadunidense Abigail Spears, com parciais de 6-2 e 6-4.

Para completar, a brasileira Luisa Stefani, atuando ao lado da australiana Astra Sharma, foi eliminada na rodada inicial da chave de duplas do torneio feminino de Roland Garros. Shelby Rogers (EUA) e Mónica Puig (Porto Rico) aplicaram dois sets a um na dupla da jogadora do Brasil (6-4, 6-7, 7-6).

Nas duplas mistas, exclusividade dos torneios de Grand Slam, o Brasil tem uma bela história. Em 1960, Maria Esther Bueno conquistou o título junto com o australiano Robert Howe. Cinco anos mais tarde, formando dupla com outro australiano (John Newcombe), a brasileira foi vice-campeã, sendo derrotada por uma equipe que contava com Margaret Court, a maior vencedora de Grand Slams de todos os tempos entre os simplistas, incluindo homens e mulheres.

Já em 1975, Thomaz Koch conquistou Roland Garros ao lado da uruguaia Fiorella Bonicelli. Em 1982, uma dupla totalmente nacional, formada por Cláudia Monteiro e Cássio Mota ficou com o vice-campeonato em Paris, feito repetido por Jaime Oncins (2001) e Marcelo Melo (2009).

Com todas estas boas campanhas, Bruno Soares tinha uma grande responsabilidade ao chegar nas semifinais de Roland Garros em 2019. Jogando ao lado da estadunidense Nicole Melichar, o brasileiro foi derrotado pela dupla campeã de 2018, Latisha Chan (Taipé) e Ivan Dodig (CRO). O que surpreendeu foram as parciais do confronto (6-2, 6-1). Na final, a asiática e o croata reencontraram os adversários do ano passado, a canadense Gabriela Dabrowski, campeã de 2017 nesta categoria, e outro croata (Mate Pavic). Chan e Dodig conquistaram o segundo título consecutivo ao vencer por dois sets a zero, com parciais de 6-1 e 7-6.

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