Educação saudável: Barraca da Saúde realiza ação em escola de Piratini

Por Jessica Alves

Alunos do ensino fundamental participando de atividade sobre amizade. Imagem: Jessica Alves

Na segunda-feira (20), o projeto de extensão Barraca da Saúde esteve presente na zona rural de Piratini no 5º Distrito, em uma escola de ensino fundamental e médio. Dividida nos assuntos de Plantas Medicinais, Substâncias Psicoativas, e Cultura Indígena Kaingang, os alunos levaram conhecimentos em palestras e debates para os alunos da Escola Estadual Deputado Adão Preto (ensino médio) e da Escola Municipal Dr. Vieira da Cunha (ensino fundamental), localizadas no mesmo prédio.

Na instituição, as turmas são divididas entre os turnos, sendo de manhã o ensino médio e na parte da tarde o fundamental. Assim, a Barraca esteve presente durante todo o dia, levando conhecimento aos dois grupos, adaptando as atividades de acordo com cada faixa etária.

A Barraca da Saúde conseguiu chegar até a escola por intermédio de dois voluntários que hoje são ex-alunos da instituição. “Tudo começou com o projeto de plantas, eu comentei com o pessoal do ensino médio, Adão Preto, perguntando se gostariam que estivéssemos vindo até aqui  eles prontamente aceitaram”, conta Wilson Teixeira, estudante de enfermagem. “É gratificante poder voltar pra cá e mostrar para os outros alunos que eles também podem ir para a faculdade, se inspirar e conseguir voltar trazendo seu recurso para a escola”, completa.

A realidade de dois alunos quilombolas, que se formaram na instituição visitada, de entrarem na universidade e voltarem levando atendimento à sua comunidade de origem incentiva os demais estudantes. Faz com que eles acreditarem que também são capazes de alcançar um ensino superior público e de qualidade, além de se manter seguindo seu sonho.

“Quando vemos o retorno de um aluno que participou da escola, estando na universidade, para nós é um momento de orgulho e sentimos que a escola cumpriu sua missão a auxiliar eles a estarem dentro da universidade”, comenta Gabriel Barcelos, diretor da escola Estadual Deputado Adão Preto.

 

A Barraca, neste dia, foi estendida em três vertentes:

Em sua divisão referente ao assunto Substâncias Psicoativas, os alunos voluntários promoveram um debate acerca da legalização da maconha no Brasil, dividindo a turma em dois grupos, um defendendo e o outro indo contra, dispondo argumentos a serem considerados para ambos os lados. Ao final do debate o resultado não importava, pois a finalidade era fazer os alunos refletirem, analisarem ambos os lados e chegarem ao conhecimento de que, independente da posição de cada um, o entendimento do tema é imprescindível, pois diante a situação, a escolha de cada um é decisiva. Já para a turma dos mais novos, foi proposta uma gincana construtiva abordando o tema bullying e valorizando a amizade e o relacionamento saudável entre as crianças.

Debate sobre substancias psicoativas feito com os alunos. Imagem: Jessica Alves

O grupo de Plantas Medicinais proporcionou uma conversa com as turmas sobre as plantas que geralmente são usadas com fins terapêuticos e seu devido preparo. Os alunos em sua maioria já possuíam conhecimento dessas plantas, pois foram passados entre gerações até chegar a eles.

E os estudantes Kaingang apresentaram para as crianças e adolescentes a cultura indígena por meio de uma palestra com imagens e vídeos sobre os Jogos Indígenas e uma mostra de objetos de caça juntamente com uma atividade de recreação com estes objetos, ressaltando ao final o alto índice de preconceito que sua cultura sofre e a dificuldade de adaptação que estes têm ao entrar na universidade, pois vêm de uma cultura bem diferente. Com isso, relacionaram sua realidade com a dos alunos, que vivem no meio rural e precisarão passar por este mesmo processo de adaptação no ensino superior, os incentivando a não desistirem de seus sonhos, por mais difícil que seja alcançá-los.

Recreação sobre a cultura indígena com os alunos da escola. Imagem: Jessica Alves

Também foi salientada a situação das universidades públicas no Brasil em meio à ameaça de cortes e desvalorização da educação. A extensão luta para continuar ativa e para que os futuros alunos também tenham possibilidade de entrar em um ensino público e de qualidade. “É um momento de preocupação, pois o trabalho das universidades tem que ser ampliado e não contido. A escola e a faculdade precisam crescer juntas”, ressalta Gabriel.

A tarde foi repleta de alegria e interação de todas as turmas e faixas etárias, compartilhando os saberes que aprendem com suas famílias e adquirindo conhecimento da universidade. “Cria perspectiva para os alunos ver possibilidades de estudo e trabalho e também vendo ex alunos na universidade. Eles ficam com a sensação de ‘também quero’ e isso os incentiva”, completa o diretor da instituição.  

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