Decepção em Porto

Seleção brasileira empata em 1 a 1 contra o Panamá às vésperas da Copa América

O jogo aconteceu no sábado (23) no Estádio do Dragão (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Por Mariana Hallal, enviada especial do Em Pauta a Portugal

Diante de uma torcida predominantemente brasileira, o time de Tite tropeçou e acabou empatando com o inexpressivo Panamá em 1 a 1. O primeiro amistoso do ano da seleção foi neste sábado (23) no Estádio do Dragão, em Porto, Portugal. O próximo compromisso da equipe é na terça-feira, em Praga, contra a República Tcheca.

Ambos os gols foram marcados ainda no primeiro tempo. Aproveitando um cruzamento do capitão Casemiro, Lucas Paquetá abriu o placar aos 31 minutos e marcou seu primeiro gol com a amarelinha. Ele afirma que antes de pensar na Copa América, o grupo deve focar no próximo jogo. “Vamos pensar em um desempenho melhor, em vencer, e aí a gente descansa e pensa na Copa América”.

A vantagem brasileira não durou muito. Logo em seguida, aos 35 minutos, Adolfo Machado fez história ao marcar o primeiro gol do Panamá em cima do Brasil. Ele reconheceu a complexidade que é jogar contra a equipe de Tite. “O Brasil é sempre um adversário difícil e hoje não foi diferente”, falou, apesar de ter garantido o empate ao seu time.

O Brasil encontrou dificuldade em furar a forte defesa do Panamá e em finalizar. Gabriel Jesus e Éverton entraram, mas não chegaram a fazer diferença e a partida encerrou em um desanimador 1 a 1.

 

Lucas Paquetá vestiu a 10 e marcou seu primeiro gol pela seleção brasileira (Foto: Lucas Figueiredo – CBF).

 

Ideias pouco claras

Uma análise de Lucas Kurz

São quase três anos de trabalho de Tite no comando da Seleção. Mesmo assim, o momento parece ser de início, já que após a Copa do Mundo o treinador iniciou um processo de renovação. A partida contra o Panamá iniciou com cinco jogadores que não estiveram no grupo que foi à Rússia, além de dois que foram reservas. Remanescentes da equipe considerada titular no Mundial, apenas Fágner, Miranda, Casemiro e Phillipe Coutinho iniciaram o jogo

Ainda assim, um velho problema apareceu. Sobrou posse, faltou criação e, principalmente, agressividade. A expectativa de ver a dupla Arthur e Lucas Paquetá por dentro do meio campo no esquema 4-3-3 acabou sendo frustrada. O camisa 10 acabou ficando preso à ala esquerda, com Philippe Coutinho assumindo o papel mais central em um esquema que variava muito para o 4-2-3-1. Richarlison, com ótimos dribles, acabou assumindo a ponta direita e se via constantemente obrigado a cruzar, ao invés de finalizar, sua principal característica.

Os cruzamentos, aliás, foram excessivos. Alex Telles acertou praticamente todos em sua estreia, enquanto Fágner, com menos qualidade, também acertou alguns. Mas contra um time preparado para jogar fechado, faltou presença de área para o Brasil. Roberto Firmino não é o tipo de jogador que fica confortável jogando enfiado no meio da zaga. Foi substituído por Gabriel Jesus que, com pouco mais de meia hora de jogo, teve mínima participação, além de ser também um jogador que prefere jogar com a bola no pé e não na cabeça.

Paquetá, que vinha sendo o melhor em campo, foi substituído prematuramente por Everton, atacante do Grêmio. Embora a entrada do Cebolinha tenha trazido mais capacidade de penetração da esquerda para dentro, Tite acabou encurtando o cobertor e tirou seu principal armador. Coutinho não conseguiu assumir o comando do setor criativo e Arthur, que vinha dando ótimos passes, também saiu por mais um atacante, Felipe Anderson. Assim, o Brasil conseguiu povoar a área, mas acabou faltando quem fizesse a bola chegar com qualidade na frente. Muitos cruzamentos, jogadas individuais pelos lados, mas com a área congestionada pelas duas linhas fechadas panamenhas, ficou fácil controlar o ataque brasileiro.

A defesa, no geral, foi firme. O gol sofrido estava impedido, mas expôs a dificuldade da linha alta em acompanhar bolas longas, em especial vindo de jogadas paradas. Militão pareceu nervoso e Miranda, mesmo sólido, demonstra estar já na decrescente técnica e física, pela idade avançada. Fágner foi o jogador de sempre, com muita transpiração mas não demonstrando ser especial o suficiente para ser titular da seleção. Seu setor, porém, é o mais carente e suas convocações são explicadas pela confiança de Tite em sua solidez defensiva. Alex Telles, em casa, demonstrou tranquilidade e deu ótimos cruzamentos, frustrados pela falta de uma referência no ataque. O goleiro Ederson, em uma das raras oportunidades no gol, foi firme, apesar de certo nervosismo em alguns lances. Casemiro, na proteção, foi o jogador de sempre. Firme, característica apontada por Tite, ajudando a iniciar as jogadas e demonstrando uma boa liderança capitaneando o time.

O jogo contra a República Tcheca, na próxima terça-feira, deverá ter mais titulares e, principalmente, mais entrosamento. De olho na Copa América, Tite deve refletir se vale a pena seguir insistindo em peças como Fágner, de baixa qualidade técnica e principalmente na titularidade de Phillipe Coutinho, que apesar de ser um jogador de grande capacidade, vive péssima fase em seu clube, o Barcelona, e aparenta sofrer do mesmo mal na Seleção, com a confiança baixíssima. Peças como Neymar e Vinícius Júnior podem fazer parte do grupo que disputará o campeonato continental, dando mais criatividade e agressividade pelos lados. Mas para ter sucesso, Tite precisa esclarecer as ideias e as peças que pretende usar.

Comentários

comments

Você pode gostar...