Caso Cláudia Hartleben: Novas buscas serão feitas em breve

Em entrevista coletiva, delegado afirma que investigações apontam mais de dois envolvidos em possível homicídio

por Marcelo Nascente

A expectativa foi grande na imprensa pelotense quando houve o anúncio de uma entrevista coletiva que seria concedida pelas autoridades já que o inquérito é conduzido em segredo de justiça desde o início do mês de julho.

Às 9h30min, no auditório do Ministério Público, estiveram presentes membros da imprensa e familiares da professora Cláudia Hartleben, desaparecida desde o dia 9 de abril, além do delegado Félix Rafanhim, do promotor José Olavo Passos e do juiz responsável pelo caso, dr. Paulo Ivan Medeiros.

Promotor

Salientando que as investigações não estiveram paradas em nenhum momento, o promotor, em breve relatório, elencou acontecimentos desde o primeiro dia da denúncia do desaparecimento (10/4), sua tramitação na 4ª Vara Criminal (de pessoas desaparecidas) e posteriores à transferência do inquérito, no mês de julho, para a 1ª Vara Criminal (crimes contra a vida).

Desde então as investigações têm sido conduzidas tratando o caso como homicídio, mesmo não tendo materialidade que comprove tal afirmação. A decisão foi tomada por sugestão do promotor da 4ª Vara, Gulherme Kratz, e aceita pelo promotor e pelo juiz da 1ª Vara, dadas às circunstâncias e peculiaridades do caso.

Foram feitas, de acordo com o promotor, buscas e apreensões em apartamento na cidade e propriedades rurais em localidades vizinhas, bem como em automóveis e computadores de pessoas próximas à vítima.

As evidências coletadas foram enviadas para perícia no IGP (Instituto Geral de Perícias), órgão da Secretaria de Segurança do Estado. Todas já tiveram seus resultados apresentados ao inquérito, à exceção de um computador do filho de Cláudia, João Félix Hartleben Fernandes. O resultado desta perícia chega a Pelotas hoje.

Em uma etapa posterior foram reinquiridas pessoas e examinadas contradições que, aliadas aos resultados periciais e de evidências, possibilitaram aos investigadores chegar a nomes de suspeitos não divulgados.

Sigilo

– O sigilo é inerente a qualquer investigação policial. As investigações se encontram em uma boa fase, mas a busca por pessoas desaparecidas é a mais difícil de ser feita. Algumas pessoas são encontradas anos depois – destacou o promotor José Olavo, salientando que o empenho dos investigadores, delegado e Procuradoria, em nenhum momento perdeu o fôlego em busca de provas contundentes que possam embasar um indiciamento.

Delegado Félix Rafanhim (esquerda), promotor José Olavo Passos e juiz Paulo Ivan Medeiros trabalham em sintonia para esclarecer o caso (imagem: Marcelo Nascente)

Delegado Félix Rafanhim (esquerda), promotor José Olavo Passos e juiz Paulo Ivan Medeiros trabalham em sintonia para esclarecer o caso (imagem: Marcelo Nascente)

 

Delegado

Rafanhin enfatizou que o trabalho policial é técnico e não pode basear-se em ilações.

– Nós procuramos materialidade e autoria – disse.

Ele afirmou que todas as informações recebidas durante a investigação foram averiguadas, até mesmo corpos que foram encontrados recentemente em cidades próximas e de fora do estado, mas nenhuma delas se confirmou.

Juiz Paulo Ivan Medeiros

Último a falar, o juiz enfatizou o que já havia sido dito por Rafanhim e Passos em argumentação ao porquê do segredo de justiça.

– O que se pretende com o sigilo não é sonegar informações. Ao contrário, é possibilitar a colheita destas. Perícias, locais que vão ser procurados, busca e apreensão… Todas estas medidas devem efetivamente se vestir de um caráter sigiloso, sob pena de ficarem frustradas – explicou.

Dr. Medeiros também garantiu estar acompanhando de perto cada passo do processo e ter irrestrita confiança no trabalho que vem sendo desenvolvido pela polícia.

O juiz afirmou a continuidade das investigações e explicitou o tratamento que tem dado ao caso:

– Eu deferi todas as diligências que foram requeridas pela polícia. Todas as buscas e apreensões, todos os pedidos que o delegado fez. Não houve nenhuma diligência que houvesse sido indeferida.

Suspeitos

O delegado afirmou que trata-se de mais de dois envolvidos, entre eles pessoas conhecidas de Cláudia. Novos nomes ainda podem surgir durante as investigações.

Ainda que não seja encontrada materialidade direta (corpo), pode haver indiciamento por materialidade indireta (depoimentos ou vestígios que liguem ao crime). Novas diligências e buscas serão executadas nos próximos dias.

A espera continua para familiares e amigos da professora, desaparecida há quase seis meses (imagem: Marcelo Nascente)

A espera continua para familiares e amigos da professora, desaparecida há quase seis meses (imagem: Marcelo Nascente)

Ex-marido

Cláudia tinha uma relação conturbada com o ex-marido, João Morato Fernandes. Tramita no Juizado Especial da Violência Doméstica uma ação penal movida contra ele por denúncia de violência doméstica sofrida pela professora. A audiência está programada para novembro próximo.

Há um depoimento nos autos afirmando que o ex-marido havia ameaçado Cláudia de morte.

– Caso acontecesse alguma coisa com a Cláudia, não haveria descoberta do que aconteceu – seria o teor da ameaça, revelou o promotor José Olavo.

João Fernandes foi ouvido duas vezes durante a investigação.

Expectativa

Com a chegada do laudo pericial, as ações que estão sendo executadas no momento e as diligências e buscas que ocorrerão nas próximas semanas, a expectativa é de que novos avanços na investigação devam ocorrer na busca por autoria e materialidade, mesmo que indireta.

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