Abertura do Festival Cabobu toma conta das ruas de Pelotas

O Cabobu e o Sopapo retornam à cidade após 23 anos, e reúnem a população pelotense para celebrar os tambores e a ancestralidade negra gaúcha

Por Maria Eduarda Lopes / Em Pauta

A 3ª edição do Festival Cabobu teve início no dia 21 de abril. A abertura tomou largada numa ensolarada tarde de sexta-feira, às 15h, e concentrou o público na esquina da Secretaria Municipal da Cultura, que guiados pelo ritmo do sopapo e da batucada do cortejo musical, contornaram a Praça Coronel Pedro Osório até o Palco Giba Giba, localizado no Largo do Mercado Público.

O desfile contou com a participação de diversos grupos que destacam os tambores e as representações culturais, como o Grupo Afropel Reuna, do Babalorixá Baiano de Oxalá, Alabês Pelotas Cânticos aos Orixás, liderado por Babalorixá Juliano de Oxum, e também os Tambores de Candombe do Uruguay, assim como o grupo Tambor Tambora e a Batucantada.

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Além das atrações musicais, estavam presentes manifestações das religiões de matrizes africanas, como entidades da Umbanda e Candomblé. O clima era de alegria, comemoração e resistência. Centenas de pessoas se reuniram ao redor da Praça para presenciar e acompanhar as fortes batidas dos tambores que ecoavam pelas ruas do Centro Histórico de Pelotas, testemunhando a população negra tomando de volta um lugar negado pela branquitude pelotense e ocupando esse espaço tão simbólico, construído e erguido pela mão da escravatura, de seus ancestrais.

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O ato de abertura contou ainda com a presença da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), a deputada federal Daiana Santos (PCdoB), a vereadora Carla Cassais (PT) e secretários municipais.

O Festival Cabobu retorna após 23 anos para destacar o sopapo, instrumento típico da cultura afro gaúcha e patrimônio intocável da cidade de Pelotas, criado pelos negros escravizados das charqueadas, e hoje celebrado pelas novas gerações. Além disso, o evento busca homenagear os idealizadores das atividades, Giba Giba e Mestre Baptista.

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O coordenador das atividades formativas José Batista, filho do Mestre Baptista, ressalta a importância do festival: “Exige coragem, vontade, humildade, e nos pede uma estrutura muito bem organizada e uma equipe muito grande. É uma retomada dos valores culturais de toda uma comunidade, e vem de encontro à contemporaneidade do próprio instrumento, que se mistura com a história de Pelotas e que se reencontra através da cultura. É um instrumento que tem participação direta na formação social da civilização pelotense, que existe desde antes da própria cidade. Não existia Pelotas e já existia o sopapo”.

Cabobu, composto pelos nomes Cacaio, Boto e Bucha. Um chamado de resgate às origens, um elo entre seres humanos e a ancestralidade, uma preservação da história e da memória.

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