Daisy Jones and The Six: promessa ou discórdia?

A esperada adaptação para o streaming do livro homônimo de Taylor Jenkins Reed, chegou ao Prime Video na quinta-feira, dia 2, com os seus primeiros três episódios

Uma das adaptações mais aguardadas de 2023, Daisy Jones & The Six estreou no Prime Video esse mês. (Foto: Amazon Prime Video/Divulgação)

Por Sarah Oliveira / Em Pauta

Durante 4 dias do mês de Junho de 2020, no meio de um dos anos mais caóticos do mundo, eu – a redatora que vos fala – comecei e terminei de ler um livro que me chamou a atenção desde que eu soube da sua existência. O nome era “Daisy Jones & The Six: Uma História de Amor e Música”. Não sei se era porque eu estava em um momento onde tudo o que eu gostaria de escutar, ler e respirar – nem que fosse através das páginas amareladas dos livros – era sobre um tempo da história onde a vida acontecia normalmente e ainda de bônus tínhamos o rock and roll em toda a sua plenitude e glória, ou porque eu estava num ritmo de leitura tão frenético que tudo o que eu queria era ler eram histórias interessantes, que me deparei comprando um livro sobre a trajetória de uma fictícia – que até então eu estava muito na dúvida se ela era realmente fictícia, pois a cada palavra lida, tudo parecia verdadeiro demais para não ser real.

De verdade, ainda me lembro de para a minha leitura no mínimo duas vezes para pesquisar na internet e ter certeza de que a banda título não havia existido em alguma parte do mundo.

A edição brasileira do livro ‘Daisy Jones & The Six’. (Foto: Editora Paralela/Amazon)

Mas enquanto eu lia sobre a inacreditável banda fictícia Daisy Jones & The Six, eu só conseguia pensar no quão incrível seria poder escutar as músicas, ouvir a voz dos personagens narrando suas aventuras, ver com os meus próprios olhos os rostos das pessoas que cometiam as loucuras alá o grande lema do gênero de sua música: sexo, drogas e rock and roll. E depois de um tempo, depois de já ter lido todas as mais de 300 páginas, eu soube que tudo o que estava escrito ali se tornaria real com a adaptação para a TV que a Amazon Prime Video faria. E que hoje já é real, com a estreia da série na plataforma de streaming no último dia 2, quinta-feira.

Agora a indescritível Daisy Jones é Riley Keough, o homem que é a definição do título ‘frontman’, Billy Dunne, é Sam Claflin. Os incomparáveis membros do The Six, Graham Dunne, Warren Rhodes, Eddie Loving e Karen Sirko, possuem os rostos de Will Harrison, Sebastian Chacon, Joshua Whitehouse e Suki Waterhouse, respectivamente. O único que falta é Pete Loving, mas esse a gente mal via até mesmo no livro. A adorável Camila Dunne é Camila Morrone e a rainha da disco music, Simone Jackson, é a jóia brasileira Nabiyah Be. E claro, o incrível produtor Teddy Price é Tom Right. As músicas são reais. Não exatamente as mesmas listadas no livro, mas são únicas e boas. Muito boas. E agora, mais do que nunca, a história é real. Com suas novas abordagens e algumas mudanças – mas real e verdadeira. E é nesse momento em que minha estrada acompanhando essa história se divide em dois caminhos: a que quer fidelidade ao que já foi escrito e a que quer (e já está) abraçar a nova realidade de Daisy Jones & The Six.

Eu gostei da nova direção narrativa, eu comprei a ideia. Poderia muito não ter comprado ou muito menos gostado dessa nova luz sob uma das minhas histórias favoritas – mas esse posto eu deixo para os fãs mais fervorosos e que querem tudo ao pé da letra. Porém, para mim, o maior risco que a produção de Daisy Jones & The Six tomou – até agora – foi não ter dado a Daisy Jones os seus “D” e “J” maiúsculos da devida maneira. Ela está lá, ela está em Riley Keough em diversos momentos, seu potencial está transbordando em todos os momentos em que ela entra em cena, mas ele nunca é liberado. Pelo contrário, ele está sendo segurado de propósito para que ela só possa ser quem ela já deveria ser sozinha quando for se juntar a sua outra metade – ou seis metades, nesse caso.

Riley Keough interpreta a magnética protagonista Daisy Jones. (Foto: Amazon Prime Video)

E isso também se aplica ao The Six. A série faz a banda acontecer, eles “chegam lá” no quesito nome e fama graças ao seu talento, mas ainda sim é apenas uma singela porcentagem do que já deveriam ter sido naquela altura.

O atraso em liberar o impacto que Daisy Jones & The Six possuem é o que realmente me pegou de surpresa. Eu entendi e sei que toda essa grandiosidade, todo esse poder só vai ser liberado quando essas duas forças se juntarem em tela definitivamente, porém, ainda sim queria ter visto o que cada parte era – ou foi, se você leu o livro assim como eu – capaz de fazer sozinho, sem depender um do outro.

Daisy Jones é Daisy Jones. Ponto. Sem mais, nem menos. The Six é The Six. Fim. Mas sendo Daisy Jones AND The Six, eles eram tudo. O momento, a união, a explosão que abalou as estruturas do rock and roll e a fusão que redefiniu a indústria musical. Eles eram um só. E aqui na série, por enquanto, eles são só duas partes: uma que quer ser e a outra que uma vez já foi – ou quase. Eles não são o encontro de duas potências, mas de dois potenciais que só estão esperando o momento de explodir, quando já deveriam ter sido levados pelos ares.

A nova sensação do rock e das telinhas: Daisy Jones & The Six. (Foto: Prime Video)

Não vou mentir, estou morrendo de curiosidade para ver isso finalmente acontecendo na tela da TV, afinal é essa a energia caótica e explosiva que a maior banda de rock do mundo literário emanam das suas mais de 300 páginas, mas confesso que queria uma prova maior ou até mesmo melhor da que eu tive nos três primeiros episódios lançados no Prime Video. O que me resta esperar agora é que todo esse potencial, esse poder, esse impacto e grandiosidade que a série está criando, segurando e prometendo venha – e venha com tudo – nos próximos sete episódios que ainda estão por vir e que felizmente virão em blocos de três e dois episódios por semana, pois eu não teria paciência o suficiente para ter que aguentar o hiatus de uma semana entre cada capítulo lançado para saber se Daisy Jones & The Six irá mesmo ser a bola de destruição – no bom sentido – que eles são.

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