O papel e a responsabilidade dos jornalistas durante a cobertura das manifestações populares do mês de junho foram o foco do debate organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Jornalismo no dia 5 de julho (sexta-feira). O evento contou com a participação dos jornalistas Igor Natusch e Marlise Brenol que discorreram acerca do trabalho de cobertura nos veículos em que atuam. Quem também deu sua contribuição foi o professor da UCPel e cientista político, Renato Della Vechia.
Igor Natusch, editor e repórter do jornal online Sul 21, abriu o debate. Trazendo em sua fala os objetivos a que o Sul 21 se propõe, Igor afirmou que o jornal dá profundidade a temas que são tratados com superficialidade pela grande mídia. A cobertura feita de forma diferenciada acerca dos movimentos que vêm ocorrendo no Brasil, de acordo com o repórter, colaborou com o crescimento do público do jornal.
Com posição privilegiada na observação da consolidação dos protestos, já que acompanhou seu crescimento desde o início do ano, o sul 21 apostou em uma cobertura inserida, baseada no ponto de vista de todos os envolvidos. Para Igor, o momento presente é extraordinário, tanto para quem está na rua defendendo uma causa, como para os jornalistas.
A cobertura das manifestações pelo jornal Zero Hora foi trazida pela jornalista Marlise Brenol, responsável pela implementação do jornalismo digital no ZH. De acordo com Marlise, o costume de dar visibilidade para o que foge do comum, fez com que o jornal, a princípio, centralizasse a cobertura nos atos de vandalismo. A partir do momento em que os protestos passaram a ser compreendidos, o destaque passou a ser dado para as manifestações pacíficas.
Segundo Marlise, durante o período das manifestações a rotina da redação foi alterada e na medida em que foram evoluindo, os jornalistas foram também, para a rua. Com a finalidade de fazer uma cobertura democrática e interativa, o jornal desenvolveu mecanismos multimídia envolvendo redes sociais.
O professor e cientista político Renato Della Vechia, que iniciou sua fala declarando sua visão crítica acerca do papel da grande mídia, afirmou que as movimentações surgem a partir das demandas das grandes cidades. De acordo com o professor, o movimento passe-livre vinha crescendo, porém a grande mobilização ocorreu somente quando o movimento passou a ser visto pela população como algo importante, já que, pequenos manifestos não apresentam potencial mobilizatório.
Embora defenda que, na maioria das vezes, a informação é transmitida de forma generalizada e até mesmo superficial, Renato afirmou que a atual conectividade presente na rotina das pessoas fez com que os fatos ocorridos estivessem ao alcance de todos.
Nesse aspecto, Marlise contribuiu, afirmando que alguns fatores como o espaço limitado nos veículos tradicionais, acarreta uma maior superficialidade. Em contrapartida, a jornalista destaca a possibilidade atual dos leitores, que têm autonomia na construção e interpretação dos fatos a partir da busca de várias fontes.