Aulas de hip hop são estímulo para jovens rio-grandinos

Reportagem de Débora Klein

A afirmação do hip hop como meio de inserção social é o que buscam os artistas André Dizéro e DJ Micha Cnr ao ministrarem oficinas em Rio Grande. Atravessando barreiras da educação convencional por meio da música e da cultura urbana, as aulas de Hip Hop ocorrem no Centro de Convivência Meninos do Mar (CCMar) e cerca de 300 jovens já foram contemplados.

O envolvimento com o hip hop vem desde cedo para ambos artistas. A oficina surgiu através de um convite feito por um professor da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), que já conhecia o trabalho realizado. De acordo com Dizéro, as aulas são oferecidas aos alunos dos cursos profissionalizantes do CCMar – formação de manicure, panificação, culinária, entre outros. Diversos artistas do cenário do hip hop rio-grandino são convidados pelos ministrantes a apresentar suas experiências aos alunos durante as oficinas.

Sala de aula com alunos da segunda turma no CCMar em Rio Grande Foto: Arquivo Pessoal

Sala de aula com alunos da segunda turma no CCMar                                                 Foto: Arquivo Pessoal

No formato de três encontros, os estudantes têm a oportunidade de, primeiramente, conhecer o histórico da cultura hip hop, seus elementos, causa social e filosofia. Já, no segundo dia de curso, ocorre o contato com o rap, mercado musical, referências locais, aparelhagem do DJ e produção textual. Para finalizar, o terceiro encontro proporciona uma atividade prática através de roda de rimas. “Através dessa cultura conseguimos explicar o quanto estudar é importante. Mais do que isso, conseguimos obter uma troca de histórias reais e aprendizado que dinheirinho nenhum compra”, afirmou DJ Micha em sua página pessoal no Facebook.

Segundo André, uma proposta para que as oficinas sejam transformadas em curso já ocorreu, visando jovens com baixa renda e situação de risco. “Acredito que um curso deste porte pode dar a sustentação necessária para os jovens adquirirem uma identidade, recuperarem a autoestima, terem o contato direto com a arte e poderem ser um agente disseminador da cultura”, destacou. Ainda, de acordo com ele, as aulas também têm a capacidade de formar músicos e artistas.

Encerramento das atividades da oficina no mês de junho                 Foto: Arquivo Pessoal

A satisfação é mútua; tanto os professores quanto os alunos finalizam o curso com crescimento pessoal e profissional. Dizéro conta que gostaria de ter alcançado antes a oportunidade deste contato com a cultura urbana, mas hoje comemora por poder transmitir aos jovens o que aprendeu através da sua experiência.

Os trabalhos pessoais de ambos podem ser acompanhados pelas páginas no Facebook:  André Dizéro e  DJ Micha Cnr.

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Sofá na Rua reúne pelotenses

Reportagem de Aléxia Tavares e Caroline Lemos – 

Integrar pessoas de diversas vertentes, ocupar os espaços públicos e proporcionar lazer à comunidade, são alguns dos objetivos do Sofá na Rua, que em outubro completa três anos de existência. Este evento já chegou à marca de 2000 participantes, mas nem sempre foi assim. Ficou interessado? A gente te conta essa história!

Tudo começou com a chegada da Casa Fora do Eixo à cidade de Pelotas. Em todo Brasil existem lugares desse tipo, que são espaços coletivos permanentes em pontos estratégicos. Por eles passam diferentes artistas, de várias vertentes, que vêm dando novo significado à realidade social atual através da produção de cultura. Há debates abertos a todos em favor de novas políticas públicas e, entre outras coisas, requisitando acesso à educação e democratização da mídia.

Evento congrega de forma descontraída um público diverso (Foto: Divulgação)

Evento congrega de forma descontraída um público diverso      (Foto: Divulgação)

Com tantas pessoas e, consequentemente, tantos talentos passando por ali, se fez necessária a existência de um evento que integrasse todas as áreas e trouxesse mais uma forma de lazer. Mas existia um porém: como criar um evento aberto à comunidade dentro de uma casa pequena? Surgiu então a ideia de ocupar a rua. Os organizadores colocaram os sofás da casa no espaço público e convidaram alguns músicos para participarem da festa. Nasce ai o “Sofá na Rua”, que em sua primeira edição teve a presença de aproximadamente 50 pessoas apenas.

Depois do primeiro sofá, como é carinhosamente chamado por todos, várias pessoas se integraram à organização, cada um ajudando do jeito que pode e todos buscando o êxito do evento. Além de fazerem parte da realização do sofá, os envolvidos têm a oportunidade de aprender mais sobre outras áreas do conhecimento.

Atrações artísticas chamam para o debate sobre a realidade social (Foto: Divulgação)

Atrações artísticas chamam para o debate sobre a realidade social
(Foto: Divulgação)

Com o passar do tempo, o Sofá na Rua ficou conhecido pela comunidade e cresceu a cada realização: em sua 20ª edição chegou à marca de aproximadamente 2000 participantes e o número sobe cada vez mais. Atualmente o sofá na rua mudou de local. O evento ainda é no bairro Porto, mas, está sendo realizado na rua José do Patrocínio em frente ao Galpão Satolep.

Quando o sofá comemorou 20 edições, nossa equipe fez um levantamento do crescimento do público, e olha só o resultado (abaixo)! É claro que o público segue crescendo. E agora a pergunta: qual o número de pessoas que você acha que vão participar da edição de 3 anos? Conta pra gente!

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Canal no YouTube incentiva a leitura

Reportagem de Tanara Hormain – 

A leitura nos traz conhecimento, vocabulário, desperta nossa imaginação, aguça os sentidos, além de vários outros benefícios. Pensando nisso, no dia 18 de março de 2015, nasceu o canal no YouTube chamado “Somos Livros, somos Livres!”, que tem o foco de incentivar a leitura, com o objetivo de colaborar para a expansão da democratização da Literatura.

Tábatha Belzareno, proprietária do canal, é graduada em Letras na Universidade Federal do Rio Grande e aluna do Mestrado em História da Literatura na mesma universidade. Segundo a autora, a paixão pelo mundo dos livros nasceu ainda quando pequena e o incentivo partiu de casa. A graduação fez essa paixão aumentar. É responsável por ela querer passar esse conhecimento adiante, ajudando outras pessoas.

O canal conta com parceiros fixos, que enviam obras para ela dar a opinião pessoal e também para ser feita uma crítica literária especializada. Ela já tem por costume comprar muitos livros – sendo para o seu curso de mestrado ou não – o que deixa o canal ainda mais rico em conhecimento. Segundo dados do YouTube, no início do mês de setembro, a média de acessos já estava em torno dos 3.895 e o site contava com 690 inscritos, aumentando de 10 a 15 inscritos por dia. Thábata já recebeu uma proposta da Bahia para ser colunista em um jornal bilíngue de Literatura e Arte, que circula no Brasil, Estados Unidos e Irlanda, e também já foi convidada para falar em duas rádios.

Uma mulher jovem e cheia de conhecimento para ajudar o mundo. Através do canal, já teve diversas experiências com variados públicos que a acompanham. Isso faz com que ela acredite ainda mais no que está fazendo e se apaixone cada vez mais pela área em que escolheu atuar.

Link para a página do “Somos Livres, Somos Livros” no Facebook

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A rio-grandina Tábatha Belzareno contagia com sua paixão pela leitura

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Teatro Escola de Pelotas existe desde 1914

Reportagem de William Machado – 

O Teatro Escola de Pelotas foi criado em 1914, com o nome de Corpo Cênico do Apostolado dos Homens da Catedral, era dirigido por Antônio Alves dos Reis, num tempo em que as mulheres ainda não podiam participar. Somente em 1946, com Davi José Zanotta, foi então transformado em Teatro Escola de Pelotas.

Na montagem de um novo espetáculo, a atual diretora da trupe, Barthira Franco, comenta que “…a proposta do grupo é estar aberto para qualquer pessoa participar”. O grupo se consolidou na cidade e no Brasil, presente em eventos importantes como o Projeto Mambembão, do Ministério da Cultura, no Festival Internacional Porto Alegre em Cena e em festivais nacionais de teatro como os de Canela (RS), São José do Rio Preto (SP), Ponta Grossa (PR), Sorocaba (SP), Itabira (MG), Campina Grande (PB) e Blumenau (SC).

O grupo faz ensaios ao ar livre, na Praça Coronel Pedro Osório. Entre os participantes, está a designer gráfica Francine Dias. Embora ela não imaginasse em “um dia ser atriz”, descobriu no Teatro Escola o seu potencial.

Ficou curioso? Quer saber como participar do grupo? Então, confira as nossas dicas abaixo, como obter mais informações sobre uma das companhias teatrais mais antigas em atividade no Brasil.

O QUÊ? TEATRO ESCOLA DE PELOTAS

COMO SE INSCREVER? ENTRAR EM CONTATO PELO TELEFONE 81076414 OU PELO FACEBOOK “TEATRO ESCOLA DE PELOTAS”.

ONDE? FÁBRICA CULTURAL – RUA FÉLIX DA CUNHA, 690.

Grupo faz ensaios na Praça Coronel Pedro Osório                            (Foto: William Machado)

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Comédia musical percorre bairros da cidade de Pelotas

Reportagem de Ronaldo Quadrado Gomes – 

     A Companhia de Teatro Caboclos da Cidade, em parceria com o grupo musical Adelante, vem apresentando a peça teatral itinerante “Olha o santo!”. A produção foi pensada para que o teatro chegasse à periferia, podendo ser um elo entre a história da cidade e seus moradores. O enredo conta a trajetória de duas irmãs africanas, Mimosa e Xoróca, que vieram como escravas para o Brasil. O contexto é o período de opulência econômica da cidade de Pelotas, quando a escravidão era legalmente aceita. As personagens são parentes das tias Minas, senhoras escravas que, privadas de entrar no Mercado Público Municipal, vendiam seus quitutes no entorno do prédio. Elas falam também de seu desejo de encontrar alguém pra casar.

Seus quitutes são os famosos doces de Pelotas, mas, ao contrário do que se diz, elas esclarecem que a grande maioria são receitas de origem africana e não portuguesas. O quindim, por exemplo, além de ser uma receita para adoçar o paladar, era feito também em homenagem ao Orixá Ogum. Em todas as apresentações, o roteiro abre uma “janela” para contar, também, um pouco da história do bairro em que está sendo realizada.

A companhia já passou pelos bairros Balsa, Getúlio Vargas, Barro Duro e Dunas. Segundo o diretor, que é doutorando da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Hélcio Fernandes, a produção vem trazendo uma série de impactos positivos nas comunidades por qual passou: “Além de poder levar o teatro para mais pessoas, nos alegra em estar contribuindo para que um pouco da história esquecida da cidade possa ser contada”, afirma Hélcio.

Toda a pesquisa foi elaborada pelo diretor e pelo elenco, que conta com Juliane Grinberg (Mimosa) e Francine Mohammed (Xoróca). O grupo musical Adelante é formado por Luan Borba, Vítor Moreira e Toko Ciocca. O grupo ensaia duas vezes por semana e está se preparando para participar do Festival de Teatro de Rua, que terá apresentações dia 24 de outubro no Mercado Público de Pelotas, a partir das 15h.

O Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Procultura) é quem financia o projeto, que foi selecionado, por edital público, entre cem outros e ficou entre os 15 contemplados.

Espetáculo visa integração comunitária e estará dia 24 no Mercado

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Comentários:

Parabéns, conterrâneos!
Sou pelotense e moro há muitos anos em São Paulo (SP). Tudo o que eu não aprendi na escola, sobre o passado de nossa cidade, vou descobrindo agora, com o resultado de excelentes pesquisas e trabalhos como o de vocês.
Muito sucesso!

Maria Inês Carniato

 

Maratona promove fotografia em mostra até amanhã

Reportagem de Antoniela Fonseca e Janaína Pereira – 

A Secretaria de Cultura de Pelotas (Secult) promove a primeira Maratona Fotográfica de Pelotas, estimulando ainda mais o gosto pela linguagem das fotos. Profissionais e amadores participam, unidos pelo tema do evento: “a floração dos pessegueiros”. Há mais três subtemas, as águas na área rural, os acervos dos museus nas colônias de Pelotas e fotos que retratem uma parte da cidade nas cores preta e branca.

Foram escolhidas 11 conjuntos de imagens que foram impressas e estão em exposição até amanhã, na Sala Frederico Trebbi, no Paço Municipal.

A Maratona tem a intenção de fomentar atividades culturais nos diversos territórios do município, fortalecendo a arte da fotografia, descobrindo novos talentos e novos olhares sobre Pelotas.

As imagens da exposição estão sendo votadas. Será escolhida a melhor imagem da categoria “individual” e em “grupo”. Os prêmios na modalidade individual/adulto são R$ 2.000 + produtos culturais do Procultura (primeiro lugar), R$ 1.000 + produtos culturais do Procultura (segundo lugar). Na modalidade grupo/ família os prêmios são R$ 2.000 + produtos culturais do Procultura + pacotes de Passeio Turístico na Colônia de Pelotas (primeiro lugar) e R$ 1.000 + produtos culturais do Procultura (segundo lugar).

O evento tem o apoio da Prefeitura e a ideia surgiu quando se fazia reuniões para a “Quinzena do Pêssego”. A artista Daniela Borges, uma das organizadoras desta exposição, ressalta a valorização da fotografia. Segundo a entrevistada, a cidade estimula várias áreas relacionadas à cultura, mas faltava uma maior atenção à fotografia. Assim foi proposta esta forma de incentivo. “Pretendemos seguir realizando a Maratona nos anos seguintes com outros temas, houve neste ano a seleção de 11 imagens, com o total de 44 concorrentes”, detalha.

Um dos classificados, Rita de Cássia Veiga, conta que a sua inspiração foram os pessegueiros em flor e as plantações de pêssego. Sobre as águas rurais, ela fotografou a cachoeira do Arco-Íris. Também clicou imagens dos acervos dos museus nas colônias de Pelotas, como alguns pesos e balanças, a última que mostrava Pelotas em preto e branco na área da Doca perto da região do Porto com barco e água. Assim, o próprio contexto da região, a parte das águas, tenta mostrar a vida calma das redondezas e as belezas naturais

Um dos classificados na modalidade grupo/família, Endrigo de Oliveira, comentou que foi uma ótima oportunidade para observar melhor a região através das fotografias em vários lugares e aspectos, como os pessegueiros e as cachoeiras. “Acompanhado de toda minha família, minha esposa e meus dois filhos, foi um momento de descontração que todos adoraram”, ressalta.

Ideia da exposição surgiu em torno da agricultura do pêssego

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A periferia tem voz

Reportagem de Luís Artur Janes Silva –

Dentre as várias manifestações da cultura hip-hop em Pelotas está a personalidade e a obra de Luís Henrique Barcelos Duarte, o Mano Rick, um dos integrantes mais populares do movimento hip hop no Loteamento Dunas, periferia da cidade. É uma das vozes mais influentes daquela comunidade, estigmatizada pela imagem de violência.

Mano Rick teve sua veia artística despertada aos oito anos, quando ganhou de aniversário dos pais um duo de CD’s que influenciou de forma determinante sua orientação.  O grupo de rap Racionais MC’s e o DJ Carcaça introduziram o hip hop e as batidas na vida de Luís Henrique.

O artista é grande entusiasta do movimento Dunas RAP, esforço feito por representantes do hip hop no Loteamento Dunas. Este evento, criado em 2011, irá expandir-se para outras localidades da cidade, em iniciativa patrocinada pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Assim, os bairros Navegantes, Simões Lopes e Getúlio Vargas poderão conhecer expoentes do hip hop do Dunas, entre eles, Mano Rick.

Intitulando-se MC (Mestre de Cerimônia) e beatmaker, pois faz batidas misturando sons de vários artistas, Mano Rick diz que suas letras mostram a realidade do Loteamento Dunas e que adora apresentar-se no local. Lá acontece a troca de ideias entre o poeta e o seu público, que se enxerga nas letras.

Mano Rick também demonstra maturidade e visão de mundo quando reconhece que a Internet serviu para ampliar as possibilidades de divulgação da obra dos artistas, mas ao mesmo tempo pasteurizou o discurso de alguns integrantes do hip hop. Na sua visão, eles preferem a produção musical contínua e muitas vezes desprovida de conteúdo mais profundo, em detrimento de uma criação artística mais cuidadosa, e que leve uma mensagem de conscientização ao público.

Além disso, critica a diluição de conteúdo a que alguns artistas submetem-se ao trabalhar para grandes gravadoras, advindo deste fato a predileção em produzir seu material musical, feito por ele e dirigido aos seus próximos.

Mano Rick apresenta-se no Bairro da Gente

Mano Rick apresenta-se no Bairro da Gente

Assim, o nosso artista prefere fazer tudo ao seu tempo, depois de lançar o EP (extended play) Fatos e Fatos em 2013, gravado com recursos próprios e com ajuda dos parceiros de “guerra”, no estúdio caseiro Dinossauro Records, Mano Rick dedicou-se à pesquisa e produção de novos beats. Estabeleceu contato com outros artistas e auxiliou velhos conhecidos que começam a seguir a senda de alguma vertente do hip hop.

Ainda sem previsão de lançamento, o primeiro CD de Mano Rick gera uma grande expectativa na comunidade do Loteamento Dunas que espera que uma de suas mais brilhantes mentes encante a todos com sua poesia ritmada.

 

Escute a música Situação, do EP Fatos e Fatos.

Influenciado por extensa lista de artistas, que inclui Racionais MC’s, Da Guedes, DMN, Sabotage, Notorius B.I.G e Tupac,  Mano Rick não se esquece dos velhos parceiros do Loteamento Dunas, tais como o seminal Banca CNR, e, ainda, os contemporâneos Alemonix, Luan, Zumbi e Duck GS.

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Pelotas tem uma companhia de dança permanente

Reportagem de Ingrid D’Avila e Matheus Muniz –

Que Pelotas é reconhecida como uma capital cultural, ninguém duvida. Uma agenda recheada durante todo ano com eventos que incluem shows, espetáculos de teatro e amostras de dança.  Mas mesmo com manifestações de arte e cultura frequentes, Pelotas não tinha uma companhia de dança ou teatro permanente. Surgiu então a companhia Ballet Poeta.

É formada por profissionais da Pelotas, entre eles, 21 bailarinos profissionais, diretores de arte e administração; assessores de comunicação, produção e logística; coreógrafo e maitre de ballet. A companhia busca suprir a ausência local e está diretamente ligada aos valores da cidade, buscando também ser lembrada como um emblema do município.

A Ballet Poeta apresentou nas noites de 22 e 23 de setembro, no Theatro Guarany, em Pelotas, o espetáculo A estreia. A produtora do evento Manoela Jacques contou com a acolhida do público, com um trabalho artístico, inovador e de qualidade, pois foi feito com muita dedicação e intensidade.

Ballet Poeta é uma companhia de dança independente, não possui fins lucrativos e pretende manter o espetáculo com a renda da bilheteria, patrocínios, apoios institucionais e captação de recursos, através de incentivos fiscais e editais de produção artística do município, Estado e União.

A estreia conta com a direção de Diego Chame e Jean Coll, que são responsáveis pela coreografia junto com Otávio Augusto Lima. O projeto prevê dez apresentações anuais em Pelotas, além de turnês pelo Estado e pelo País.

Confira uma pequena parte do espetáculo. 

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O teatro chega às ruas de Pelotas semana que vem

Reportagem de Camila Mascarenhas – 

Cena do espetáculo “A Farsa do Advogado Pathelin” (Foto: Lúcio Pereira

Cena do espetáculo “A Farsa do Advogado Pathelin”                (Foto: Lúcio Pereira)

Teatrua, uma mistura de teatro e rua. Esse foi o nome escolhido para o primeiro festival de teatro de rua, que irá ocorrer na próxima semana, no Centro Histórico de Pelotas. O projeto foi criado pelos cineastas Francisco Maximila e Thiago Rodeguiero, com a intenção de levar o teatro às ruas e criar um espaço de formação e diálogo através de apresentações de peças teatrais, oficinas e workshops.

Há muita ação e musicalidade em “Palco de Feiras” (Foto: Felipe Campal)

Há muita ação e musicalidade em “Palco de Feiras”                   (Foto: Felipe Campal)

O Teatrua foi selecionado através do edital de apoio a eventos culturais do segundo semestre de 2015, da Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas. A produção e realização do evento são resultado de uma parceria da Cia do Olhar do Outro e Campos Neurais Produções.

O Festival

Um dos objetivos do projeto é ajudar a descriminalizar os artistas de rua e, segundo os organizadores, a ideia de realizar o festival surgiu através do contato com os festivais de mesmo estilo que acontecem em Porto Alegre e em outros lugares. “Já tínhamos conversado sobre a ideia do projeto, pois temos muito contato com o pessoal do teatro. Então, quando surgiu o edital de financiamento da Prefeitura nos inscrevemos”, afirma Francisco.

O festival não tem caráter competitivo, tem como finalidade ajudar a tornar visíveis os artistas do teatro de rua locais e também ser um espaço de troca de experiências entre os artistas da área. Em relação ao público, o projeto tem a intenção de mostrar a população este tipo de arte e fortalecer o elo entre o teatro e a cidade. “A ideia é que qualquer pessoa que esteja passando ali no Mercado Público possa ter contato com o teatro, a senhora que está indo na feira, crianças e adultos”, diz Thiago.

O público se diverte com o “Grand Circo Pequeno” (Foto: Divulgação)

O público se diverte com o “Grand Circo Pequeno”                   (Foto: Divulgação)

Serão realizados quatro apresentações de espetáculos de teatro de rua, quatro oficinas de criação em teatro de rua e um workshop de produção e profissionalização em teatro. As oficinas e o workshop são gratuitos e abertos ao público.

Espetáculos

Os quatro espetáculos foram escolhidos pelos grupos que irão se apresentar e são específicos para teatro de rua. As apresentações irão acontecer no dia 24 de outubro a partir das 15 horas. São eles:

  • Olha o Santo : Direção de Hélcio Fernandes Júnior (Pelotas)

  • A Farsa do Advogado Pathelin : Direção de Carlos Prado (Pelotas)

  • O circo de palhaços – Grand Circo Pequeno : Direção de Lóri Nelson e Lara Bittencourt (Rio Grande)

  • Palco de Feiras : Direção de Alexandra Dias (Pelotas)

Criatividade nos figurinos da peça “Olha o Santo!” (Foto: Andressa Vasconcelos)

Criatividade nos figurinos da peça “Olha o Santo!”
(Foto: Andressa Vasconcelos)

Onde? Centro Histórico de Pelotas (Mercado Público)

Quando?  22, 23 e 24 de Outubro

Horário? Os espetáculos terão início às 15h do dia 24 outubro, as oficinas e workshops ainda não têm horário definido.

Confira mais da programação na fanpage do Teatrua.

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Projeto Ócio experimenta a cidade com videodança

Reportagem de Anahí Silveira – 

Você já passou por prédios vazios, abandonados, ruínas cinzas e silenciosas e se perguntou por que estão ali ou qual serventia poderiam ter? Já pensou nos terraços? O que eles sugerem? Tais perguntas não são lá muito comuns, mas um projeto de videodança, pioneiro em Pelotas, começou a problematizar esses espaços na estrutura urbana da cidade. O Ócio – Experimentos em Videodança é um projeto que se vale do uso da linguagem da videodança, a qual vem ganhando força nas últimas décadas, para propor um diálogo com a cena das culturas locais. O nome ócio se dá justamente pelo desejo de encontrar um lugar ocioso e descobrir nele suas diferentes condições e como pode ser aproveitado.

A bailarina, diretora geral, coreógrafa e oficineira do projeto, Bruna Oliveira, 27 anos, idealizou a experiência a partir de seu envolvimento com esse tipo de arte. “Faço dança desde criança e sempre tentei aplicar minha ideia de dançar fora dos palcos, mas não sabia como fazer”, diz. Ela explica que o fechamento das portas do Theatro Sete de Abril, interditado por determinação do Ministério Público Federal desde 2010, foi um dos motivos para que começasse a arquitetar o projeto, uma vez que a desativação deixou muitos artistas da cidade desamparados, sem um local para expressar suas artes.

Em 2012, Bruna, que é estudante do curso de filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), participou de uma atividade extraclasse na faculdade: uma oficina de videodança, que lhe abriu os olhos para colocar em prática seu desejo. “A ideia era sair do palco, pensar a dança em outro lugar e eu percebi que isso poderia ser feito”.

A cidade de Pelotas vira um laboratório e ganha um novo sentido com a dança

A cidade de Pelotas vira um laboratório e ganha um novo sentido com a dança

O projeto Ócio foi arquitetado enquanto um projeto-processo, cujos frutos não surgem somente como fechamento e apresentação de um produto-cultura, mas se desdobram também em sua execução. Sendo assim, as atividades iniciaram quando o grupo de bailarinos, formado por Bruna e mais dois integrantes do projeto, começou o “laboratório de rua”, onde o trio saía em movimentação pela cidade, analisava como o corpo se comportava em determinados lugares, em locais abandonados, e explorava-os. Ela explica que os pontos de atração foram idealizados a partir da zona portuária de Pelotas e pela “vontade de ocupar tais espaços”.

O Projeto Ócio valoriza a cidade com a união do vídeo e a expressão corporal

O Projeto Ócio valoriza a cidade com a união do vídeo e a expressão corporal

Em um segundo momento, foi criado então o roteiro do Ócio, aos moldes do cinema, mas elaborado para a dança. Construindo a narrativa, Ócio foi concebido para registrar de maneira audiovisual os resultados dessa dança aplicada nos espaços urbanos. “Analisar a tensão dos braços, adequar o corpo à filmagem, esses foram alguns dos nossos desafios nessa parte do projeto. A brincadeira principal é rasgar as paisagens para ver o que acontece, é mostrar os lugares de um ângulo ainda não visto”, destaca.

O projeto dividiu-se em etapas e em cada uma delas a proposta seria estar em conexão com públicos diferentes, para que, no encerramento do processo, os envolvidos tivessem feito também um percurso de observação e reflexão acerca da cena local através dos espaços, pessoas e suas relações. Dessa forma, a primeira etapa teve início com oficinas de “Ação Perfomática”, ministradas pelo artista argentino Javier di Benedictis e direcionadas especialmente a profissionais locais do audiovisual, da dança e outras expressões, promovendo a difusão de experimentos em processos criativos.

 

Já a segunda etapa do Ócio foi baseada na aplicação de oficinas para alunos da rede pública municipal de ensino nas localidades da Colônia Santa Silvana e bairros Simões Lopes, Fragata e Centro. Bruna justifica a escolha: “Queríamos experimentar esse projeto em contextos diferentes, mas com a mesma proposta. Foi incrível. Tiveram turmas que aceitaram bem, outras demonstraram a clássica vergonha das pessoas para dançar. Em cada escola fomos modificando o processo de acordo com a reação dos alunos”. Exercícios de ritmo, contato com filmagem, lousa no pátio, ocupação do terraço da escola e execução até mesmo do “passinho”, seguindo a sugestão de alunos, foram algumas das atividades empregadas. Durante as oficinas aplicadas em junho deste ano, videomaker, músico e coreógrafa do projeto tentaram promover um espaço de reflexão sobre a relação corpo-ambiente-tecnologia.

Todas as oficinas foram documentadas e neste momento o Ócio passa pelo processo de criação do seu conteúdo audiovisual. Os 300 DVD’s produzidos apresentarão um videodança realizado pela equipe do projeto e um mini-documentário do processo geral e serão distribuídos gratuitamente em instituções de ensino e cultura. O projeto, que aconteceria de abril a agosto deste ano, acabou se prolongando devido à extensa rede de atividades que nem mesmo os produtores imaginaram que teriam.

O projeto Ócio – Experimentos em Videodança é financiado pelo Programa Municipal de Incentivo a Cultura (Procultura/Pelotas). Bruna aproveita a aprovação do projeto na seleção do ano passado para relacionar o programa de incentivo com o fomento das atividades artísticas na cidade. “É legal que tenha bastante demanda para que se perceba a quantidade de propostas que temos na cidade e a necessidade desse incentivo. Muitas ideias não são colocadas em prática pela dificuldade em executá-las sem esse apoio”, avalia.

A bailarina, que nasceu em Dom Pedrito, mas mora em Pelotas desde 1998, atenta para a necessidade de observar a cidade caminhando ou pedalando e fazendo um olhar desautomatizado pelo percurso. “Tem muito a se extrair, só precisamos nos conectar com o meio. O espaço da cidade me sugere o que fazer com aquele lugar. Como apredizado, o Ócio me mostrou como a rotina funciona em grandes proporções, a dança em perspectiva profissional e o caminho gigantesco que ainda preciso trilhar. Pude refletir sobre os espaços e isso me ajudou a propor outros lugares diante da cidade. Pude dançar com a cidade”, destaca Bruna, diante de um balanço sobre o projeto que ganhou força também por ser o primeiro nesta área em Pelotas. O Ócio deverá ser concluído em novembro e nas próximas semanas será lançado o site oficial do projeto, servindo como um mecanismo de acervo dos materiais reunidos até então.

Os bailarinos e videomakers difundiram a sua proposta nas escolas

Os bailarinos e videomakers difundiram a sua proposta nas escolas

Equipe Ócio – Experimentos em Videodança

Bruna Oliveira – diretora geral, diretora coreográfica, dançarina e oficineira

Gracia Casaretto – diretora de arte e fotógrafa

Tiago Kickhöfel – diretor de vídeo, videomaker, roteirista, editor e oficineiro

Átila Silveira – diretor musical, músico e oficineiro

Guilherme Oliveira – diretor de comunicação, roteirista e assessor e imprensa

Martha Grill – diretora de produção

Fernanda Thiel – dançarina e produtora executiva

Thiago Barbosa – dançarino

 

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