Por Paulo Lopes Marques
Banda de rock formada em Pelotas apresenta composições autorais
Pelotas é uma cidade que se destaca no cenário da cultura musical. Talvez, os maiores exponenciais de sucesso e que levam o nome da cidade pelo País afora sejam os irmãos Kleiton e Kledir. No cenário do rock, algumas bandas, em anos passados, também tiveram destaque além dos limites geográficos da Princesa do Sul, como foi o caso das bandas Procurado Vulgo e Doidivanas, que servem de inspiração para a Dama Etílica. É comum a formação de grupos que se motivam a tocar rock nos diversos bares, pubs e casas de shows espalhados pela cidade. O repertório quase sempre é recheado de covers de bandas nacionais e internacionais, mas poucas se atrevem a investir em um conteúdo próprio, com composições e melodias autorais. Pois é justamente nesse vácuo que desperta a banda pelotense Dama Etílica, com sua identidade própria, versatilidade e muito talento musical. Outra característica da banda é o engajamento em causas sociais e a participação em eventos solidários.
A Dama Etílica surge no final do ano de 2015, derivando de um trabalho entre Júnior Noble e Alexandre Vianna, que já vinham tocando em bares, no estilo voz e violão. Daí, vem a vontade de formar uma banda para tocar exclusivamente rock gaúcho e músicas autorais. Assim, a formação inicial teve Alexandre Vianna, na guitarra, Bruno Oliveira, na bateria, Rubem Aloy, no contrabaixo e Júnior Noble, no violão e vocal. Das primeiras apresentações, regadas de rock gaúcho, a banda atualmente toca de tudo um pouco do rock nacional, mas nunca deixa de lado o sotaque gaúcho e pelotense.
Além dos covers de outros grupos, a Dama Etílica é uma banda que se caracteriza pelas composições autorais. O grupo já lançou dois EP’s, o “Infinito Sul”, em 2018, e o “Cidades”, em 2020. Entre os destaques dos trabalhos autorais estão as músicas “Vira o Mate”, “Roubo da Lua”, “Entardecer no Laranjal” e “Porto Alegre-se”, esta última fazendo parte, inclusive, da playlist de rádios da capital gaúcha.
O EP “Cidades” foi lançado neste ano
Desde a primeira subida ao palco até os dias de hoje, a formação do grupo foi alterada algumas vezes e, atualmente, conta com Lee Camargo (bateria), Elton Pizarro (contrabaixo) Beto Brito (acordeon), além dos integrantes fundadores Alexandre Vianna (guitarra) e Júnior Noble (violão e vocal), que concedeu uma entrevista para o site Arte no Sul.
Arte no Sul – Quais foram as influências musicais da banda?
Júnior Noble – As influências são as mais diversas, começando essencialmente pelo rock gaúcho e bandas como TNT, Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii. Mas a influência musical se estende mais um pouco, indo de Mano Lima aos Beatles. Ouvimos de tudo e adoramos mesclar Kleiton e Kledir com Ultramen, por exemplo. Fazemos, também, algumas versões de músicas nativistas para o pop rock. A diversidade e identidade da banda é muito forte.
Arte no Sul – A banda recentemente gravou algumas músicas próprias. Como foi a produção deste material?
Júnior Noble – Um grande sucesso que gravamos é o single “Vira o Mate”, que teve também a produção de um vídeo clipe. Este trabalho foi realizado totalmente em forma virtual e está com mais de 40 mil visualizações. Está sendo muito gratificante o reconhecimento do trabalho. Esperamos obter ainda mais inscritos em nosso canal, para que tenhamos uma maior divulgação entre o público.
Arte no Sul – Como é a luta pela conquista de lugar no meio artístico (shows, espaço em rádios e recepção do público)?
Júnior Noble – O grande desafio é a conquista de espaço no meio artístico, pois quando ele vem, o público conhece, acaba gostando, curtindo e apoiando. É preciso abrir as portas para o rock e todos os estilos de rock, pois alguns lugares de eventos se agarram a um estilo e só tocam esse estilo. Daí, acontece que as bandas tocam sempre a mesma coisa e não existe uma diversidade. A Dama Etílica vem abrindo espaço à marretada, mandando músicas autorais para as rádios e insistindo em tocar em vários lugares. Somos chatos e caras de pau mesmo, mas o trabalho tem agradado a gregos e troianos.
Banda conta com Lee Camargo (bateria), Elton Pizarro (contrabaixo), Beto Brito (acordeon), Alexandre Vianna (guitarra) e Júnior Noble (violão e vocal)
Arte no Sul – Como vocês enxergam hoje o cenário do rock gaúcho e nacional?
Júnior Noble – Nunca se produziu tanto e com tanta qualidade. Tanto aqui no Estado, como no Brasil todo. O grande problema é que esses trabalhos estão longe da grande mídia e centrados em pequenos nichos de artistas ou de grupos que se identificam com amigos. Os cenários estão espalhados e não possuem ligação entre si, o que contribui para o aparecimento e sucesso de outros estilos musicais que se organizam mais facilmente, como o sertanejo universitário e o pagode. O grande desafio é fazer com que os grupos de rock se encontrem e se comuniquem para obter uma maior divulgação.
Arte no Sul – Como foi e ainda está sendo esse momento de pandemia e a paralisação das atividades?
Júnior Noble – O mais interessante é que 2020 foi o ano que mais lançamos trabalhos autorais. Além de termos muito material, a necessidade nos impôs em produzir material para que não fossemos esquecidos, já que os shows estavam suspensos. Como estávamos sempre tocando em bares e festivais, tínhamos pouco tempo para produzir material autoral. Com a parada das atividades culturais, conseguimos produzir e lançar. Então, gravamos muito, sempre respeitando as normas de distanciamento.
Arte no Sul – Como a banda está projetando o futuro do seu trabalho?
Júnior Noble – Neste momento, acabamos de gravar três músicas inéditas, “Miloncolia”, “Fria Madrugada” e “Flores no Jardim”. Elas deverão ser lançadas em dezembro deste ano, em comemoração aos cinco anos da banda. O futuro é de produção de clipes para os trabalhos já gravados e o tão sonhado CD com músicas inéditas, dos projetos “Calles del Sur” e “Cantando a Costa Doce”. Os planos são sempre produzir, produzir e produzir…
Vale a pena conhecer um pouco mais do trabalho da banda Dama Etílica, acessando as suas mídias sociais:
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