Atentado ao Hotel Taj Mahal em filme

Por William Tavares Engel  

Filme de 2018, baseado em fatos, tem como protagonista Dev Patel

Garçon de hotel se envolve na luta dos hóspedes pela vida em ataque

O ano de 2018 foi um grande ano para o cinema mundial, grandes filmes como “A Forma da Água”, de Guilhermo Del Toro, e “Pantera Negra”, de Ryan Coogler para a Marvel, tomaram as telas do cinema. E não poderia faltar aqui a resenha do grande filme do diretor Anthony Maras, “Atentado ao Hotel Taj Mahal” (“Hotel Mumbai”). A história do filme acontece na capital indiana e traz a trama de um atentado real ocorrido no Grande Hotel Mumbai e, consigo, o encontro de duas grandes culturas do oriente.

A trama começa com a trajetória de Arjun, vivido pelo grande ator indiano Dev Patel, conhecido pelo seu protagonismo em “Quem Quer ser um Milionário” e “Lion – Uma Jornada para Casa”. O personagem, garçom no Grande Hotel, se vê no meio do atentado. A cultura indiana é vista como um afronte ao islamismo e ele tem de resgatar e salvar pessoas do mundo todo que se encontram hospedadas no famoso hotel indiano.

Arjun (Dev Patel) e David (Armie Hammer) protagonizam a história

No decorrer do suspense, o diretor lhe coloca no meio de situações de tensão. Alguns personagens tomam o protagonismo. Um casal, David (Armie Hammer) e Nararin Boniadi (Zahra) é separado de seu filho pequeno que se encontra com outra hóspede, sua parente. Esse mix de tensão aumenta quando o espectador se depara com os atiradores rondando todo hotel e matando os hóspedes um por um, andar por andar.

A narrativa, além de trazer uma visão de como funciona um pedaço de uma das capitais mais exóticas do mundo, nos mostra também a visão do islamismo radical e de como meninos são levados a cometer atos hediondos através de promessas de riqueza e conforto para suas famílias. Ao trazer no filme esse cenário de pobreza e promessas de vida melhor, Maras, com sua trama excepcional, tenta explicar o porquê dos ataques terem ocorrido e de como os jovens são manipulados a cometerem esse tipo de atentado por adultos.

Pode-se ver em “Atentado ao Hotel Taj Mahal” um paralelo de realidades, com um retrato de duas culturas pobres e, ao mesmo tempo, com grandes diferenças. O filme garante aos cinéfilos, amantes de histórias reais, um grande suspense. A cada cena o espectador torcerá para que os hóspedes e funcionários do hotel sejam resgatados com vida e que o casal protagonista se reencontre dentro ou fora dos grandes muros do hotel, de preferência vivos.

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Este filme é excelente, thriller, drama e ação, tudo no mesmo enredo.

Paulo Eduardo Cajazeira

 

Artistas enfrentam dificuldades na pandemia

 Por Victoria Dutra e Victoria Meggiato

 

  A atriz Karol Mendes e o cantor Felipe Stigger experimentam novas alternativas de atuação

A pandemia do coronavírus foi e continua sendo um momento de muita preocupação e ansiedade para todos. Para os artistas locais, a situação não é diferente. A crise sanitária provocada pela doença mudou drasticamente a vida desses profissionais, que tiveram que se readaptar ao momento.

Cantores, atores, pintores, bailarinos e outros artistas, dos mais diversos segmentos, têm enfrentado dias de bastante dificuldade e apreensão. Os eventos culturais de pequeno e grande porte, que em tempos normais movimentam a economia dos municípios, não acontecem há mais de um ano, o que prejudicou muito a vida de quem depende disso para sobreviver.

É o caso de Karol Mendes, atriz local e graduanda do curso de Teatro pela Universidade Federal de Pelotas, que mantinha uma rotina de ensaios e apresentações artísticas constantes antes da chegada da pandemia. Até o momento, ela trabalha somente como atriz, e, quando viu que o isolamento social ia permanecer por mais tempo do que o esperado, acabou se preocupando.

“Como a maioria das pessoas, eu não esperava que o caos da pandemia durasse tanto tempo. Quando finalmente absorvi a gravidade da situação e percebi que não voltaríamos à normalidade, começou então um zigue-zague de sensações. Por um lado, a preocupação por não saber como lidar com o que está acontecendo, e, por outro, a vontade de não ficar estagnada e seguir adiante com o meu trabalho da melhor maneira possível. Confesso que tem sido difícil”.

 

Karol Mendes mantinha rotina de apresentações antes da pandemia        Foto: Roberto L. Avila

 

Novos formatos e desafios

Desde março do ano passado, Karol passou a trabalhar de casa. Mas as dificuldades são muitas, já que a prática teatral é um trabalho que exige uma presença física e um contato maior com as pessoas. “A situação desde o início da pandemia tem sido difícil. O trabalho foi afetado de diferentes formas, tanto física (pelo isolamento, distanciamento e suspensão das atividades artísticas em geral) quanto psicologicamente (já que toda essa situação causa um desgaste emocional muito grande, de forma a afetar a produtividade). Tem sido difícil tentar manter a rotina, agora de uma forma tão diferente ao habitual, já que trabalhar em casa não é tão fácil quanto pode parecer. Mas a gente segue tentando, sempre se adaptando da melhor forma possível”, relata.

Com o período do distanciamento social, alguns artistas tiveram que se reinventar. Karol conta que o formato de peças, intervenções e performances mudou bastante “Desde 2020 a classe vem trabalhando através de vídeo-cenas/video-performances, o que aproxima ainda mais o teatro do cinema, por exemplo. Atrizes e atores, agora, além de atuar, também fazem as vezes de editores, técnicos, diretores, tudo ao mesmo tempo e, muitas vezes, com poucos recursos, como o celular e o computador. É uma reinvenção da arte teatral, digamos assim.”

Em junho do ano passado, uma lei foi sancionada para destinar R$3 bilhões para o setor cultural, a Lei Aldir Blanc, uma homenagem ao compositor e escritor que morreu em maio de 2020, vítima do coronavírus. O auxílio também ofereceu o pagamento de três parcelas de R$600 para os artistas informais. Apesar disso, a ajuda a esses profissionais demorou a sair do papel e o valor custou a chegar, o que prejudicou ainda mais a vida dos artistas. “Infelizmente não tem sido suficiente e nem 100% eficaz (como todo o resto feito pelo governo durante a pandemia). A lei Aldir Blanc demorou a sair do papel e, com isso, tanto o auxílio aos artistas quantos os editais profissionais acabaram demorando a chegar às pessoas. O que resta para a maioria é um ajudar o outro, como temos visto por todos os lados do país”, afirma Karol.

Programação de shows interrompida

Conhecido por seus shows nos eventos de Pelotas e região, o cantor Felipe Stigger, de 23 anos, é outro artista que teve sua carreira afetada pela pandemia do novo coronavírus. Pouco tempo antes de começar o isolamento social, o cantor tinha inúmeros shows e eventos marcados. Felipe conta que quando foi decretado o fechamento das casas de shows, o mais assustador para ele foi o fato de ser por tempo indeterminado.

“No início nós não sabíamos que proporção tudo isso ia ter, depois que o tempo foi passando, e me dei conta de quanto tempo iria demorar para as coisas voltarem ao normal, foi um pouco assustador. Não só pela parte financeira, que foi totalmente afetada, mas também por não poder estar fazendo o que eu mais amo, que é cantar”.

Felipe Stigger em um de seus últimos shows em contato direto com público        Foto: Acervo Pessoal do Cantor

Apesar disso, o cantor diz que é privilegiado, pois mesmo sua renda vindo toda de seus shows, ele mora com os pais e pode contar com esse suporte financeiro. O que não é a situação da sua banda, que foi muito afetada pela pandemia. “Está bem complicado para várias pessoas que eu conheço do meio artístico e, inclusive, para parte da minha banda, que dependia bastante da renda dos eventos. Para mim está sendo mais tranquilo, pois eu ainda moro com meus pais e os shows eram uma renda extra, mas estou fazendo o máximo para ajudar as pessoas que estão passando por essa dificuldade”, relata.

Assim como outros músicos, Felipe também entrou na moda do início do isolamento social e produziu duas lives. As lives tiveram um papel importante para o cantor, tanto para retomar o contato com o público e ajudar a divulgar o seu trabalho, quanto no papel social, já que suas lives arrecadaram alimentos e dinheiro. “ As lives foram bem importantes porque eu consegui matar a saudade do público. Mas, além disso, o mais importante foi o papel social que a live teve, pois eu consegui arrecadar três toneladas de alimentos que foram doados para entidades de caridade aqui de Pelotas e também para as pessoas que trabalhavam na noite e estavam passando por necessidades”, conta Felipe. 

Na pandemia, o que mais tem afetado Felipe são duas coisas: a saudade dos palcos e a angústia de não saber quanto tempo vai levar para as coisas voltarem à normalidade de antes. “ O que mais me deixa apreensivo é que eu não tenho ideia do quanto pode demorar para eu poder voltar a minha rotina normal de cantor, não poder fazer o que a gente ama é muito difícil. E, além de tudo isso, pesa bastante saber que os eventos e os shows serão as últimas coisas de todas a serem liberadas novamente”, analisa

Visite a página de Felipe no Youtube.

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Projeto #TeatroMunicipalAgora movimenta cultura de Rio Grande

 Por Gabriel Teixeira de Barros

 

Projeto da Secretaria da Cultura em parceria com o Teatro Municipal muda experiência teatral com apresentações virtuais

Espetáculos e eventos comunitários rio-grandinos agora têm versões on-line

O projeto #TeatroMunicipalAgora, concebido na colaboração entre a Secretaria da Cultura de Rio Grande, a diretoria do Teatro Municipal  e a empresa Vetorial Net, está definindo uma nova maneira de promover espetáculos artísticos e incentivo à cultura local.

A proposta cultural foi lançada no dia 21 de janeiro. Já foram produzidos 15 espetáculos até o 9 de abril, quando foi realizada uma homenagem aos 99 anos da Escola de Belas Artes Heitor de Lemos. Com amplo repertório e diversidade artística, as apresentações buscam cativar os mais diferentes gostos da comunidade rio-grandina, contemplando os vastos campos das artes da dança, teatro e da música.

Segundo a atual diretora do Teatro Municipal de Rio Grande, Alzira Paiva, o projeto veio como uma tentativa de suprir a lacuna deixada pela pandemia. No decorrer do período de isolamento necessário, os artistas rio-grandinos têm ficado sem locais para apresentação, enquanto o público não tem tido muitas opções de lazer, arte e cultura. Este projeto busca uma solução para ambos, começando por oferecer toda a infraestrutura para os artistas se apresentarem on-line, sejam eles de uma banda, uma peça teatral, ou um espetáculo de dança.

A diretora também expressou como existe o cuidado e o apreço pela preservação da experiência de estar em um teatro, através das cordialidades e o respeito com o artista e com o espetáculo, antes e durante uma apresentação.

Em meio a um período tão difícil e inquietante, o projeto reanima a esperança do público rio-grandino amante de cultura e reacende a chama da oportunidade para o cenário local. Toda a renda captada pelos ingressos vendidos on-line é distribuída ao artista. Este projeto nos presenteia com a bela oportunidade de apoiar e apreciar toda semana um espetáculo artístico diferenciado.

As apresentações da iniciativa #TeatroMunicipalAgora ocorrem regularmente as quintas-feiras, às 20h30min. São ofertados cerca de 300 ingressos por espetáculo, que são disponibilizados no site Sympla e as taxas de preço iniciam a partir dos R$15,00. No dia 6 de maio, acontece o espetáculo “Comédias, 20 anos de sucesso”, com a Cia Teatral Sobrinhos de Shakespeare. Para o dia 13 de maio, está programado o VI Festival Rap Conta o Frio.

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Julie reinventa sua música nas redes sociais

Por Danieli Schiavon e Luíza Mattea

Cantora pelotense enfrenta cenário da pandemia com outras formas de interagir com seu público

                 Julie Schiavon gravou novo single no ano passado                  Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

“A arte não é uma escolha”, é esse lema que a cantora, compositora e dançarina, Julie Schiavon, adotou para a sua vida quando se trata da sua relação com a música. Em 2019, começou a construir uma rotina de shows e eventos periódicos, juntamente com a produção de novas canções. Mas com a chegada da pandemia, ela precisou se reinventar. E foi nesse momento que encontrou nas redes sociais um refúgio de interação, passando a se dedicar para a produção de conteúdo no Instagram.

Desde muito nova envolvida com a arte, a pelotense vê essa conexão como algo vital, que iniciou ainda na infância. “Foi exatamente esse sentimento de amor incondicional que sempre me ‘disse’ que meu propósito de vida era ser artista”, comenta. Julie canta desde os 11 anos, mas foi em 2017, aos 20, que começou a trabalhar profissionalmente com música e lançou seu primeiro single, “The Fear”, composto e interpretado por ela. A cantora atribui sua inspiração principalmente a artistas internacionais, visto que muitas de suas composições são em inglês.

Desde então a música representa para Julie muito mais do que um hobby. “Atualmente, a arte é meu trabalho de fato, eu dedico a maior parte do meu tempo em planejamentos e estudos, buscando sempre aprimorar o que eu puder”, define. A artista entende que o processo de estabelecer disciplina para definir algo que se ama como um compromisso é uma tarefa bastante difícil, pois se dedicar a isso exige mais foco, esforço e responsabilidade. “Sair da zona do ‘eu amo fazer isso’ para o ‘como fazer o que eu amo’ foi – e diariamente está sendo – um processo de muita aprendizagem, experiências e autoconhecimento”, complementa.

Por conta da pandemia, os shows e eventos previstos no calendário precisaram ser adiados. Porém, mesmo diante de diversas dificuldades, os artistas continuaram buscando novas formas de expressão, reformulando seus projetos. Para quem trabalha com a música, essa renovação surgiu por meios de lives, que substituíram as apresentações presenciais. Com o incentivo de amigos, a cantora pelotense decidiu enfrentar suas inseguranças e aceitar o novo desafio. “Desde a idealização da live até a realização, eu me aventurei bastante e estudei muito para conseguir propor minha arte da melhor forma possível e fiquei muito realizada”, conta.

Nem mesmo a pandemia foi motivo suficiente para que as produções da artista tivessem uma pausa. Para ela, compor sempre foi uma terapia, um espaço para relacionar o que sente na vida com as músicas. E em um cenário de isolamento, vivenciar a dor foi inevitável, principalmente para trazer mais verdade às canções. Assim, surgiu a necessidade de reinventar o rumo da produção, com o intuito de respeitar o momento que o mundo estava passando e, ao mesmo tempo, amenizar a situação com a magia proporcionada pela música.

Seu mais novo clipe, gravado em 2020, foi para a música “Mulher”, que fala sobre as angústias e desafios enfrentados pelas mulheres no dia a dia. A proposta inicial era contar com a participação de diferentes figuras, fortalecendo a representatividade. Mas para que a ideia fosse para o plano da ação, Julie precisou pensar em alternativas relevantes para o vídeo, sem envolver muitas pessoas. O resultado foi um trabalho interpretado inteiramente por ela, produzido de forma criativa e singular.

                  Shows da artista pelotense eram frequentes antes da pandemia                 Foto: Reprodução / Instagram

Para a divulgação, a artista apostou nas ferramentas disponíveis no Instagram. A partir daí, criou estratégias de engajamento com o público, que estava mais presente nas redes sociais. Por meio de fotos, stories e vídeos no reels – ferramenta de vídeo curtos, com efeitos sonoros e visuais, disponibilizada pela plataforma, passou a cultivar uma relação de proximidade com quem já a acompanhava e atraiu novos seguidores. Além de conteúdos como músicas e danças interpretadas por ela, Julie também compartilhou os bastidores da gravação, trazendo descontração e leveza ao perfil.

“Logo que a pandemia surgiu, o público estava muito atento e disposto a interagir com os conteúdos. O ano de 2020 foi o que mais cresci em termos de números e de conexões. Foi desafiador me expor mais e buscar superar minhas inseguranças para compartilhar meu amor pela música e minhas crenças, mas foi muito positiva e significativa toda essa construção”, ressalta.

Desde o lançamento do seu primeiro single, a evolução da cantora foi notória. Ao analisar sua trajetória até o momento, ela afirma enxergar sua arte com mais confiança e autonomia, percebendo cada mudança como um grande passo. Para ela, o mais importante são os caminhos traçados após os imprevistos, assim como as lições compreendidas diariamente. “Sempre busco enxergar os sinais de que meu caminho continua sendo esse e que eu devo seguir me esforçando para merecer as pequenas realizações que constituem meu sonho”, finaliza.

Visite a página no Instagram da cantora.

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Gratidão demaiiis pela oportunidade e pela matéria linda!

Julie Schiavon

Minissérie expõe feridas raciais

Por Nathalia Farias

História retoma questões antigas que continuam mais vivas do que nunca

Personagem dos quadrinhos é reverenciado por outros heróis da ficção e do mundo real

A questão racial nos Estados Unidos deve ser um dos temas principais de “Falcão e o Soldado Invernal” (“The Falcon and the Winter Soldier”), a minissérie criada para o Disney+ por Malcolm Spellman, baseada nos personagens da Marvel Comics Sam Wilson/Falcão e Bucky Barnes/Soldado Invernal. A primeira temporada foi lançada no dia 19 de março. A produção não só coloca um dos (poucos) heróis negros como protagonista – Anthony Mackie como Sam Wilson/Falcão – como discute essa pouca representatividade no próprio roteiro.

 

Atores Sebastian Stan e Anthony Mackie fazem os personagens protagonistas         Imagem: Divulgação

No segundo episódio, um personagem que foi criado nos quadrinhos, justamente como uma crítica a esse ponto, foi apresentado à trama. O personagem Isaiah Bradley, vivido por Carl Lumbly, lutou na Segunda Guerra Mundial. Buscando recriar o super soro que transformou Steve Rogers no Capitão América, o exército norte-americano selecionou 300 soldados negros como cobaias. Para acobertar os testes, o governo americano executou o pelotão inteiro, do qual retirou os soldados e informou às famílias nos EUA que todos – incluindo aqueles que passariam pela experiência – morreram em combate. Entre esses selecionados, apenas cinco sobreviveram aos experimentos, incluindo Isaiah, com o soro causando deformidades em alguns deles.

 

O personagem Isaiah Bradley lembra o triste episódio do estudo de Tuskegee               Imagem: Divulgação

O enredo é inspirado em um episódio real: o Estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee, um experimento médico que envolveu 600 homens negros e foi conduzido sem o benefício do consentimento informado dos pacientes – e muitos inclusive tiveram danos cerebrais devido à pesquisa. Em 1932, o Serviço de Saúde Pública e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA firmaram parceria com o Instituto Tuskegee, uma universidade predominantemente negra, para testar os efeitos prolongados da sífilis em homens negros. Seiscentas pessoas foram selecionadas para o estudo de Tuskegee, sendo 399 infectadas sem saber pela sífilis, com 201 homens não infectados servindo como grupo-controle. Eles foram usados como cobaias para monitoramento e o estudo só foi encerrado nos anos 1970.

Nos quadrinhos, Isaiah se torna uma lenda na comunidade negra. Heróis negros personificados como Luke Cage, Pantera Negra e Tempestade o reverenciam. Personalidades das áreas política e cultural do mundo real, como Malcolm X, Mandela, Angela Davis e outros também. Outros super-heróis e produções também já fizeram duras críticas nesse sentido: Luke Cage, outro super-herói do universo da Marvel, ganha seus poderes na cadeia por meio de experimentos com o mesmo soro.

Por irônica coincidência e para nossa infelicidade como brasileiros, no mesmo dia em que Isaiah foi apresentado na série, a apresentadora e cantora brasileira Xuxa declarou que era favorável a usar pessoas encarceradas como cobaias para experimentos de remédios e vacinas pois “pelo menos eles serviriam pra alguma coisa”.

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Salve Arte: festival cultural on-line continua até 26 de abril

 

Por Helena da Rocha Schuster

Evento criado em Pelotas reinventou o cenário artístico da Zona Sul durante a pandemia

A banda Velho Abajour, da cidade de Bagé foi uma das participantes

União, compartilhamento e diversidade: essas são algumas das definições do Salve Arte Festival, um projeto pelotense que busca criar novas oportunidades para trabalhadores do setor cultural da Zona Sul do Estado. Realizado pelo Espaço de Arte Casa do Tambor, o festival surgiu em 2020, fruto do esforço de artistas que precisaram interromper suas atividades presenciais em função da pandemia. A edição deste ano começou no dia 19 de janeiro e vai até o dia 26 de abril.

O idealizador do projeto, Kako Xavier, explica que, no início, o festival contou apenas com a força de vontade e confiança dos artistas, que mergulharam no projeto sem suportes financeiros. “Sem recurso nenhum, conseguimos gravar 23 espetáculos, que foram apresentados nos meses de agosto, setembro e outubro de 2020”, conta Xavier.  O produtor também explicou que foi feita uma vaquinha, na época, para auxiliar os 60 trabalhadores de cultura envolvidos na produção.

Os artistas do Centro Social Simüniê participaram do projeto

Em 2021, depois do sucesso da pré-temporada do evento, o Salve Arte voltou renovado. O festival foi contemplado no edital n° 09/2020, da Lei Aldir Blanc, e passou a receber recursos para realização dos espetáculos, através do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Sedac/RS. Com o auxílio financeiro, o projeto pôde ser planejado para abranger ainda mais artistas – ao todo, serão 400 profissionais da cultura envolvidos no projeto. O produtor do evento explica que o investimento dá prioridade para os participantes e que todos os artistas, diretores, designers, roteiristas, fornecedores e demais profissionais da produção serão beneficiados.

O ator pelotense Mister Negrinho fez parte da programação

Realização e apresentação dos espetáculos

Os espetáculos do festival são gravados na Casa do Tambor, em Pelotas, respeitando todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. O palco do Salve Arte está recebendo apresentações de diversas linguagens artísticas, como pintura, música, artesanato, cinema, literatura, dança e outros. As apresentações são exibidas a cada duas semanas, às terças-feiras, a partir das 20 horas, no canal do festival no Youtube .

Desde o dia 19 de janeiro, quando iniciou o festival, até 26 de abril, data que se encerra esta edição, 112 artistas locais, juntos de seus padrinhos e madrinhas (naturais de todo o país e também de fora do Brasil), terão suas artes eternizadas no palco virtual do festival. “Todos se surpreendem quando assistem um programa de WebTV que, em uma noite, conta a história de 14 artistas e mostra o trabalho de 20 trabalhadores da cultura”, avalia Xavier. Ao todo, 16 programas serão apresentados nesta edição. Entre os artistas que já participaram do Salve Arte estão Abigail Foster, Velho Abajour, Mister Negrinho e Simüniê.

A drag queen Abigail Foster exalta a música e a literatura nacionais

De acordo com Kako, a experiência de produzir o festival tem sido um aprendizado acima da expectativa. O artista reforça, ainda, que o cenário cultural da região sul sempre foi difícil, e que a pandemia agravou ainda mais a situação e, por isso, o evento ajuda a construir novos olhares para a cadeia produtiva. “Ações como o Salve Arte Festival vêm para nos mostrar que é possível enfrentar uma batalha e sair vitorioso”, finaliza o produtor. Para ficar por dentro da programação e saber mais sobre o evento, basta conferir o site do Salve Arte e ficar de olho nas plataformas digitais do projeto.

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Bastidores do Festival Levante

Por Thiago Lehn

Em entrevista, organizadores contam como foi processo de realização do evento

Os estudantes João Fernando Chagas e Rubens Fabricio Anzolin viram na sua faculdade de Cinema, na cidade de Pelotas e na pandemia a oportunidade de criar o Festival Levante. O evento on-line no Youtube trouxe a produção estudantil e independente para apreciação de um público que consome cinema brasileiro. Para entender como foi o processo desde a ideia inicial até as tratativas práticas da realização do evento, acompanhe a entrevista com os diretores e produtores do festival. Eles responderam às perguntas conjuntamente por e-mail.

João Fernando Chagas conta detalhes sobre empolgação antes e depois do Festival

Como foi realizar a primeira edição durante a pandemia? Foi uma escolha, já que no ambiente virtual dá para trazer pessoas de fora, ou só rolou mesmo?

É uma sensação ambígua, quase que de fim de festa. Quer dizer, obviamente é uma sensação positiva, feliz, alegre, principalmente depois de tanto tempo de troca e trabalho para levar algo ao mundo. Mas também vem com aquele misto de água fria, do que poderia ser e ainda não foi. Como tudo no on-line, é uma faca de dois gumes: o lado bom é poder alcançar mais pessoas, diferentes localidades e públicos. Já o contraponto, que pesa bastante para nós, é o de não poder levar isso fisicamente para a cidade de Pelotas, para o público dos cineclubes, os estudantes da Universidade, movimentar o espaço cultural que a nossa cidade abriga.

Sobre as escolhas: nós dois somos muito grudados, mesmo sem nenhum projeto novo em pauta para ser tocado, a gente está sempre trabalhando. Muitas vezes em algo que ainda nem existe. O Festival Levante nasce mais ou menos assim. Estávamos finalizando um projeto de roteiro para um edital emergencial e, no meio desses encontros, pensamos na possibilidade de idealizar um festival. Esse é um cenário ainda pouco sedimentado em uma cidade que tem um curso presencial de Cinema. Existiram outras mostras em Pelotas, a maioria desandou. Hoje, consolidada, tem só a Mostra de Cinema Negro que apresenta mais longevidade. A ideia de trazer um festival novo para a cena também tinha muito a ver com algumas impressões negativas que as curadorias do modelo on-line impuseram, ao redor do Brasil inteiro. Muitos filmes se repetiam no on-line, não se abria espaço para filmes sem as pompas, abertos ao erro, ao risco, ao acidente. E esse é o tipo de cinema que nós dois gostamos de consumir. Não apenas ele, claro, mas principalmente quando falamos em curta-metragem brasileiro, nos interessa muito esse grau de tentativa dos realizadores novos. Acreditamos que é ali que estão as joias do futuro, é importante abrir espaço para que isso seja visto. 

Como foi esse processo de realização do festival, as inscrições, convites e curadoria?

Foi excessivo, acima de tudo. No final, a gente só olha para trás com um sorriso, mas o processo foi bem árduo. Quando a gente definiu os pormenores, o perfil dos filmes, o número de mostras e cada uma das pessoas das equipes artística e técnica que precisávamos, passamos umas três tardes inteiras fazendo convites. Marcamos meia hora de reunião com um, com outro, e íamos explicando a ideia, o trabalho, as condições do trampo. Para nossa felicidade, todo mundo topou o desafio. Depois, foi questão de ajustar o orçamento, fazer cronogramas, além de muita reunião.

Cada fase do processo exigia demandas diferentes. No início, tudo era questão de organização, fazer as redes, definir prazos, além de muitas planilhas de produção.

A fase final foi a mais revigorante, porque a sensação era de que ia acontecer, estava chegando perto. E, depois, já não dava pra dar para trás. Então foi coisa de ajustar uma palestra aqui, outra ali, conversar previamente com debatedores, com o realizador da retrospectiva, pequenos ajustes e, por fim, finalizar o site. É importante também dizer que muito da divulgação se deu por redes sociais e pelas peças de design, que foram bastante trabalhosas. Em geral, o pessoal não tem noção de que fazer um festival exige muita organização, muitas subdivisões, trabalho de muita gente. Mas no fim é gratificante. Foi muito gratificante. Tem sido, ainda. No fim, vale a pena. Você deixa uma marca, um legado, um incentivo para o futuro. É difícil, mas alguém precisa encarar. Quanto mais gente fazendo coisas parecidas, melhor. 

Sobre os apoios ou edital, qual a conversa que vocês tiveram com eles para conseguir os prêmios e como se deram essas escolhas?

A gente pensou em coisas que fossem equivalentes ao gosto de quem nos assiste. Às vezes o pessoal tem medo de tentar, fazer o contato, mas é necessário, mesmo que venha um não pela frente. Primeiro fizemos o básico, que é a parceria com os cursos de Cinema da UFPel, nossa casa. Como nossos professores já conhecem essas logísticas e sempre apoiam nossas iniciativas, esse acabou sendo um abraço muito importante para o Levante. Depois veio a contribuição da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, o que, em partes, foi facilitado pelo fato de um dos diretores artísticos ser membro da associação, o que facilitou a comunicação. No fim, o Centro Técnico Audiovisual e o Navega – Rotas Criativas também cederam o apoio. O trabalho do CTAv é muito constante, então poder dar algo em troca para quem realiza audiovisual é essencial. São formas desse e de outros Levantes continuarem a existir, incentivar e possibilitar as pessoas a fazerem filmes. E o Navega, bom, todo mundo se amarra nas propagandas deles no YouTube, achamos que seria uma forma legal de parceria, mostrar o Navega a um público jovem e eles proporcionarem a nós um ou dois cursos gratuitos, testar o produto, comprovar a qualidade. No fim, tudo tem muito a ver com o Levante. E teve ainda o Marcelo Ikeda, grande amigo, que cedeu seus livros aos vencedores. O que é uma forma de difundir a literatura do cinema por aí. Ikeda tem um vasto trabalho teórico, pensa muito o cinema brasileiro de hoje, que é exibido no Levante, que passou por outros lugares. Colocar essas ideias na mão das pessoas é realmente valioso para nós.

Visite a página do Facebook do Festival Levante.

Veja mais em “Festival Levante Divulga Cinema Independente”

Mais detalhes sobre o evento em  “Diversidade de Ideias em Mostra Cinematográfica”

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Diversidade de ideias em mostra cinematográfica

Por Thiago Lehn

Festival Levante trouxe animações, curtas, memórias e muitas propostas

O Festival Levante ocorreu em março divulgando e debatendo filmes independentes. O evento ocorreu no Youtube  e mantém uma página no Facebook . A sua Mostra Retrospectiva foi uma das atrações que contou com homenagens. Já as mostras voltadas para cinema de animação tiveram a participação de cineastas com origens diversas em debates sobre seus filmes produzidos. Entre as mostras de curtas puderam ser conferidas propostas criativas e como estão surgindo novos talentos entre as produções de cinema independente. Também houve a Mostra Paralela, com filmes já em circulação.

Mostra Retrospectiva

A Mostra Retrospectiva teve uma conversa mediada pelo professor de cinema da UFPel Roberto Cotta, que rememorou a obra do cineasta pernambucano Felipe André Silva, com sete curtas e dois longas, além de seus trabalhos como crítico e curador de cinema. Ao longo da live, os assuntos variam sobre os aspectos mais comuns aos seus filmes, suas referências e sobre a vontade de produzir sobre cinema sempre. A obra “Diálogo” tem grande destaque durante toda a apresentação. “Já me disseram que a minha obra tem dois temas: Amor e falta de amor”, conta o realizador.

Mostras animadas

Para a primeira mostra animada, os participantes convidados foram: Jaime Campos (diretor e realizador de “O D.uelo”), Marco Arruda (diretor de “Magnética”) e Vivian Altman (diretora de “Tandem”).

Jaime Campos é estudante do curso de animação da UFPel. O curta “O D.uelo” partiu de uma escolha pessoal dele e roteirizado em conjunto com a equipe de colegas. A ideia de fazer um filme de caubói veio da inspiração nos westerns que também fazem parte da história de convívio do diretor com o seu pai.

Marco Arruda conta que seu filme “Magnética” é um projeto de dez anos. A película traz uma colagem de muitos filmes admirados pelo mesmo e que, através da animação e sonorização, busca trazer uma experiência diferente a quem assiste, uma viagem audiovisual muito impactante. O projeto do seu curta pensou em como utilizar diversas técnicas, tais quais o desenho a mão, a animação 2D e 3D e tem inspiração em filmes que misturam o live action com a animação ao estilo de “Roger Rabbit”.

Formada na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, em 1985, Viviam Altman desde então trabalha com animação entre idas e vindas da profissão. Trabalha com filmes autorais desde 2000. A diretora conta que o projeto do curta estava na gaveta há muito tempo, falando sobre o relacionamento entre um homem e uma mulher. Usando uma boneca de tecido produzida por amigas e seus recursos de animação, o projeto tomou forma.

Segunda Mesa sobre Animações

Para a segunda mesa de conversa sobre animações os realizadores convidados foram: Alex Sandro (diretor de “Subnews”), Ana Paula Romero (diretora de arte de “Vida Dentro de um Melão”) e Marcos Buccini (diretor de “Nimbus”).

Alex Sandro é diretor amador, trabalhava com fantoches em apresentações em hospitais, entre outras atividades. Percebeu porém que seu filho Gabriel era apaixonado por filmes. Por conta de seu autismo, o menino se concentrava muito nas histórias e, assim, o pai viu nisso uma chance de se conectar mais ainda com o filho. A história de “Subnews” é toda passada com uma animação stop motion dentro de um submarino em apuros e contou com a dublagem do próprio Gabriel. “Eu não tenho experiência com os filmes, festivais e tudo mais, porém já estou montando uma equipe para após a quarentena produzir filmes mais profissionais”, diz o diretor empolgado com o resultado do seu filme.

Ana Paula Romero é diretora de arte e animadora do projeto “Vida dentro de um melão”, o filme é uma obra idealizada e realizada pela diretora Helena Frade, baseada em matérias de filmagens feitas desde a infância com lembranças da moradia com os pais e avós, usando bonecos com fios de nylon. A obra foi realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora, porém com o tom remodelado após a perda do avô de Helena.

Diretor de “Nimbus”, Marcos Buccini, teve de uma vez a ideia do curta quando fora convidado a produzir um clipe da música “Tempestade”, da banda Cordel do Fogo Encantado. O objetivo era fazer uma fábrica de chuva no céu. O plano acabou não acontecendo por falta de estrutura, mas ficou no pensamento essa inspiração. Marcos reformulou o projeto para um curta e o submeteu três vezes ao edital Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura. Foram dez anos para o projeto ficar pronto. Ao fim rodou apenas em festivais on-line e o diretor conta: “É muito legal, porque muita gente, que não veria, agora tem acesso. Mas, eu, por exemplo, nunca vi o filme na tela grande, isso faz falta”, lamenta.

 

 

História de “Subnews” ocorre em submarino e foi feita em animação stop motion por Alex Sandro  

Terceira roda de debates da mostra animada

A terceira e última roda de debates da mostra animada contou com Ralph Friederick, diretor de “Aventuras e Desventuras de Gregor na Cozinha”; Alanis Machado, diretora de “Algum Espaço de Conforto”; e Jefferson Nascimento, diretor de “A inveja de Cléber e um Cigarro no Banheiro”.

Ralph Friederick é graduado na Universidade Mackenzie, de São Paulo, e dono da produtora Matriz Filmes. Coordena oficinas com crianças de diversas classes sociais. Observando as oportunidades, o realizador se propôs a fazer uma animação que usasse recursos acessíveis como um celular Android, um software gratuito de edição e luzes básicas. A animação se passa em uma cozinha e traz referências aos personagens bíblicos Davi e Golias, mas, principalmente, à novela “Metamorfose”, de Franz Kafka.

A diretora Alanis Machado é estudante de cinema da Unespar e conta que o seu filme surgiu de uma motivação de produzir filmes durante a quarentena. O projeto se utiliza da internet, a tela de um computador e tem o jogo Minecraft como cenário, além de cenas de anime para ilustrar e contextualizar.

O estudante de animação da UFPel Jefferson Nascimento realizou seu filme em parceria com colegas para uma cadeira de animação 3D. Com um roteiro experimental, a obra trata do tema da inveja tendo como protagonista um pássaro. “Eu gosto muito de fazer coisas que ainda não tentei. Sou contra coisas ditas como impossíveis de fazer”, conta o diretor.

Mostra Levante

Os convidados da primeira live da Mostra Levante foram: Vitor Senra (produtor de “O Último Cinema de Rua”) Bruno Maciel (diretor de “Dez Conto”) e André Diniz (diretor de “Rebolation”). Bruno Maciel gravou um filme caseiro com seus amigos com um roteiro simples, uma briga por dez reais. O objetivo era fazer um filme de ação que usasse a violência, o humor e a câmera em movimento. Defensor de um cinema popular, o diretor quer não só que todos entendam os seus filmes, mas que também se divirtam.  

Vitor Senra relata que o filme “O Último Cinema de Rua” surgiu do projeto de TCC do diretor Marçal Vianna que tratava dos cinemas da cidade de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. Nisso surgiu a ideia de gravar um filme que homenageia a cidade, os lugares e os artistas da sua comunidade.  “A gente quis demonstrar de uma forma honesta e real, porém com uma luz e uma reflexão”, conta o produtor.

O projeto de André Diniz, “Rebolation”, nasceu de uma disciplina da faculdade e da sua vontade de falar da internet nas produções de cinema, de forma mais condizente com a realidade do mundo virtual. O filme usa as imagens do Youtube e prova a força da memória dessa plataforma nas novas gerações.

Cena do de “O Último Cinema de Rua” que homenageia os lugares e os artistas de Nova Iguaçú

A segunda live contou com Fernando Marques (diretor de “Aquela Noite”), Lucas Martins (diretor de “À beira do Gatilho”) e Clara Henriques (codiretora de “Quarta – Dia de Jogo”). Lucas passou para a tela a visão e noção de uma Manaus urbana não muito vista no cinema, como disse um dos curadores. O diretor planejou o filme sob uma estrutura das narrativas policiais, mais especificamente no subgênero dos filmes de detetive particular. Foi o seu primeiro projeto com orçamento, pois foi contemplado em um edital da Lei Aldir Blanc. Com relação às ambientações e montagens, o cineasta comenta que esses filmes sempre têm ambientes como pontes, postes e que, observando à sua volta, ele via elementos semelhantes na sua cidade e teve assim a visualização mental do que faria.

Fernando teve o desafio de produzir o seu filme “Aquela Noite”, com atores interagindo durante a pandemia do novo coronavírus. Por isso, aproveitou a chance para incluí-la em cena, com máscaras e tudo mais. Porém a pandemia não é o tema da obra. A violência e a antítese entre dois personagens centrais movem a narrativa por completo. “Eu pensei o filme como duas histórias diferentes que se completassem”, descreve o diretor.

Clara Henriques dirigiu seu filme, “Quarta – Dia de Jogo”, conjuntamente com Luiza França, sua colega. A realizadora conta que a inspiração do filme surgiu de um livro lido na faculdade sobre música brega. Surgiu aí a inspiração da cultura popular não elitizada das décadas passadas, por isso, o rádio tem função predominante no filme, além de elementos de futebol.

Para a última transmissão da mostra levante de curtas live action os convidados foram Erick Ricco (diretor de “Disneyloka 2093”), Larissa Muniz (diretora de “Ela viu Aranhas”) e Gabriel Borges (diretor de “Eu te amo, Bressan”).

Erick dirigiu “Disneyloka 2093”, que brinca com o formato de filmes super oito. A gravação ocorreu em localidades periféricas da cidade de Barcelona no período em que morava na Espanha. Durante a pandemia, resolveu produzir um filme que prestasse homenagem aos suportes analógicos do cinema. Usa materiais de arquivo e cria uma história distópica, que brinca com a ficção científica que lhe inspira muito.

Larissa produziu o filme “Ela Viu Aranhas”, que trabalha com algumas mulheres com personalidades distintas. “O filme tem uma base de cinema feminista, eu quero dialogar com uns filmes dos anos 1970 e antigas teorias”, diz a diretora. Por razões diferentes, as personagens se confinam em um prédio, onde se passa toda a história. A relação entre elas e com o seu ambiente busca conversar com os conceitos de bolhas sociais e ideológicas.

Sendo um dos integrantes da “Coco Filmes”, Gabriel participa do festival com o filme “Eu Te Amo, Bressan”. Fala sobre o término de um relacionamento e conta com artifícios diferentes do cinema de roteiro, com tons e dinâmicas de diálogos inovadores. Trata das diferentes fases da vida e como se encontrar em novos lugares. É um filme leve e bem-humorado.

Mostra Paralela

A Mostra Paralela foi uma atração do festival que contou com a apreciação de filmes não tão recentes e que já estavam em circulação. Para essa apresentação foram convidados o João Folha (diretor de “Ainda Somos os Mesmos na Memória do Passado”), Pedro Tavares (diretor de “Não se Pode Abraçar uma Memória”), Duda Gambogi (diretora de “Endless Love”), Lincoln Péricles (diretor de “Filme de Domingo”), Bruna Castro e Bruna Barros (diretoras de “A Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente”) e Rebeca Francoff (diretora de “Comboio pra Lua”).

João conta que usou no seu filme câmeras, filmagens e materiais que estavam em casa pegando pó. E resolveu dar vida às memórias, justamente por conta de um momento nostálgico que o diretor estava passando.

Pedro, ao gravar o seu filme “Não se Pode Abraçar uma Memória”, disse que originalmente o pensou com duas pessoas e suas relações, porém depois da morte de Eli Hayes, grande cineasta e amigo pessoal, o diretor resolveu fazer um filme baseado na obra de Eli. Usou imagens de arquivos,  somadas à sua ideia original de uma trama que falava de ruptura, usando texturas e composições. “Acabei fazendo um filme sobre o fim do filme em película e o início do digital, mas que se relaciona com o fim da vida de certo modo”, relata o diretor.

Duda nasceu em Belo Horizonte. Vindo a ser estudante no Rio de Janeiro, tornou-se uma apaixonada pelos karaokês e o seu poder de unir as pessoas com a música. O filme “Endless Love” trata dessa realidade e da construção de uma coletividade.

“Filme de Domingo” trata da temática da solidariedade diante do sofrimento do luto

Lincoln apresenta  a sua produção como filmes da quebrada, produzidos por ela e muitas vezes sobre ela. Seu “Filme de Domingo” passa pela temática da união após a perda de uma pessoa próxima. E mostra a solidariedade de alguns parentes para simbolizar que a história de quem fica deve seguir, sempre com união e muito amor.

Rebeca gravou o seu filme “Comboio pra Lua” quando foi selecionada para uma bolsa de estudos em 2018, ao mudar-se para Portugal. O curta era um exercício de documentário e que só foi terminado na sua volta para o Brasil ao ingressar na UFPel. A diretora diz que, quando estava na Europa, viu-se diante da macro política e a quebra da visão do Primeiro Mundo. Ela reparou o fascínio dos estrangeiros com relação ao Brasil e, ao longo da realização do trabalho, foi descobrindo personagens e personalidades diferentes. É um filme que fala de distância e saudades.

As diretoras Bruna Castro e Bruna Barros contam que o projeto “A Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente” foi feito durante a pandemia. Mas seu processo é alheio ao período por ser um filme com imagens de arquivo. Trata dos afetos e relações com as mães das diretoras. Produzido pela Universidade Federal da Bahia para uma cadeira de produção de documentário, a obra, assim como as demais da mostra, também se relaciona com afeto, relações humanas e memória.

Veja mais em “Festival Levante Divulga Cinema Independente”

Entrevista com os realizadores do evento.

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Festival Levante divulga cinema independente

Por Thiago Lehn

Evento teve sua primeira edição em março nas plataformas digitais

O Festival Levante foi produzido e dirigido pelos alunos dos cursos universitários de Cinema de Pelotas, João Fernando Chagas e Rubens Fabricio Anzolin, através da lei Aldir Blanc, com o intuito de trazer ao público filmes ainda não vistos, produzidos de forma independente, seja no ambiente da faculdade, através de editais ou por iniciativa própria, porém sempre com a vontade de produzir cinema brasileiro. Teve palestras sobre distribuição alternativa de filmes, cinema de animação, e filmes brasileiros voltados para as classes trabalhadoras.

O evento teve parceria com os cursos de cinema da UFPel, a ACCIRS – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, o Centro Técnico Audiovisual e o Navega – Rotas Criativas e teve a curadoria de André Berzagui, Lauren Mattiazzi Dilli, Victória Kaminski, Gianluca Cozza, Lucas Honorato e Matheus Strelow.

De forma virtual, toda a programação do Levante ocorreu no Youtube, o evento trouxe entre suas categorias a mostra animada, paralela, retrospectiva e a mostra levante (de curtas live action) além de debates com convidados. Ao todo mais de 500 filmes se inscreveram para o festival.

Em parceria com o CTAv o Levante proporcionou o prêmio CTAv, para o qual todos os projetos participantes das mostras competitiva poderiam enviar seus projetos em desenvolvimento para uma banca formada por Guilherme da Rosa, Lanza Xavier e Roberto Cotta e disputar a premiação que consistia em empréstimo de uma câmera Black Magic e acessórios de produção.

O vencedor foi “Jornada de 16 horas”, de Clara Henriques e Luiza França.

As mostras competitivas contaram com o júri popular, o júri da crítica (formado por Luciana Tubello, Thomás Boeira e Carlos André Moreira) e o júri oficial (com Marco Antônio Pereira, Analu Favretto e Leonardo da Rosa).

O vencedor do júri popular foi o filme “Dez Conto” de Bruno Maciel, a premiação foi de mil reais, uma cópia do livro “Lei da Ancine Comentada” e outra de “Leis de Incentivo para o Audiovisual”, cedidos pelo palestrante Marcelo Ikeda.

O júri da crítica decidiu por “As canções de amor de uma bicha velha” como vencedor o contemplando com a premiação dos livros “Lei da Ancine Comentada”, Leis de Incentivo para o Audiovisual” e “Fissuras e Fronteiras”, também cedidos pelo professor Marcelo.

O júri oficial teve o papel de decidir os vencedores da mostra Levante e da mostra animada concedendo os prêmios de mil reais e um curso na Navega para cada um. Os filmes escolhidos foram “Subnews”, como melhor filme de animação, e “Dez Conto”, como melhor filme live action.

Ao longo do percurso, foram mais de 13 apresentações no Youtube com média de uma hora entre trocas de experiências, conversas e perguntas relacionadas às obras selecionadas e o cinema em geral. Um dos pontos altos do festival foram as palestras e debates,.

Por uma distribuição alternativa dos filmes

No dia 24 de março, as sessões no Youtube tiveram início com uma conversa entre um dos idealizadores do evento, Rubens Fabricio Anzolin, com o professor Marcelo Ikeda. A temática da distribuição de filmes alternativos no Brasil marcou o início do primeiro Festival Levante.

Nascido no Rio, Marcelo foi para o Ceará ser professor da primeira turma do curso da Universidade Federal do Ceará. É autor de livros sobre o cinema, tais como “O cinema independente brasileiro contemporâneo em 50 filmes”.

A conversa flui com o professor lembrando das facilitações da modernidade em gravar filmes de ensaio, caseiros e até filmes independentes pela facilitação da tecnologia, reforçou a ideia de que os cineastas devem lutar pelos editais governamentais de financiamento, mas que eles próprios deveriam criar seus próprios meios de produção.

Ao mesmo tempo que elogia os festivais, crítica como esses eventos e a comunidade do cinema vivem em uma bolha. Segundo Marcelo, ela precisa estourar para que a cultura chegue em mais pessoas, assim completando seu papel social. A conversa durou mais de uma hora e se estendeu por diversos caminhos sobre a produção e a distribuição brasileira de filmes.

Curtas de animação

A palestra sobre curtas de animação foi entre as criadoras Amanda Trindade e Helena Hilário. As duas tiveram reconhecimento importante e recente por conta do seu trabalho com animação e contribuíram para expandir a conversa no Festival.

Amanda é artista 2D formada em cinema de animação na UFPel e foi a animadora do filme “O céu da boca” que passou por festivais, inclusive os importantíssimos Anima Mundi e o Grande Prêmio Brasileiro de Cinema, no qual foi finalista. Apaixonada pelo seu trabalho, ela conta que agora seu objetivo de vida é contar histórias desenhando.      

Amanda Trindade foi a animadora do filme “O céu da boca” que passou por importantes festivais

Helena Hilário é diretora e roteirista de “Umbrella”, curta de animação reconhecido em mais de 55 festivais e que entrou na lista prévia do Oscar, na qual acabou não se classificando. Foi o filme curta brasileiro que mais chegou perto da nomeação. O curta foi produzido com uma animação 3D de altíssimo nível durante dois anos, que é um período curto para esse tipo de trabalho.

A diretora conta que foi criada a empresa produtora Stratostorm, que tinha como um dos objetivos viabilizar o projeto de “Umbrella”.  Mais tarde, em 2018, verificou-se a necessidade de estabelecer uma equipe própria.

Memória de camponeses e operários

A palestra “O que Brilha no choque?” tratou de montagens de camponeses e operários no cinema brasileiro. O debate tratou sobre os estudos de filmes e a análise de como esses recursos audiovisuais criaram, ao longo do tempo, uma imagem e uma memória que definisse os trabalhadores. Foi discutido como essas parcelas sociais foram vistas durante épocas passadas e como são vistas hoje em dia, com semelhanças ou não. Essas pesquisas buscam fatores de identidade e marcas temporais nos filmes que permitem compreender diversos setores sociais em cada período analisado.

A apresentadora Analu Favretto é mestranda da Unisinos, formada em Cinema e Audiovisual pela UFPel. É também crítica de cinema e realizadora audiovisual, com passagem por festivais em diversas partes do Brasil. Durante sua formação, teve um trabalho longo e duradouro nas salas de cinema do Cine UFPel, em Pelotas. Outro palestrante, Maurício Vassali, é doutorando em Comunicação pela PUC-RS, com pesquisa voltada às imagens do operário no cinema brasileiro. É formado pela Universidade Federal de Pelotas e também é membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS). Durante anos, fez parte do Zero4 Cineclube.

Visite a página do Facebook do Festival Levante.

Veja mais sobre o Festival Levante em “Diversidade de Ideias em Mostra Cinematográfica”

Entrevista com os realizadores do evento.

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Identidade afro-brasileira em teatro on-line

Por Ester Caetano

“A Última Negra” estreia no dia 15 e vai com apresentações até 25 de abril

O espetáculo teatral “A Última negra”, com data de estreia nesta quinta-feira (15), enfatiza os debates sobre as questões raciais e as causas sociais no Brasil. Configura seu cenário a partir do encontro do corpo de uma mulher negra congelada há 100 anos. Em um período histórico em que não existe rastro de pessoas negras, reacende as discussões sobre o racismo institucional presente no País. A atriz gaúcha Hayline Vitória protagoniza o espetáculo, no qual dá luz ao papel de “Dandara”. O texto ficou a cargo do dramaturgo Pedro Bertoldi. E as apresentações vão até o dia 25 de abril. de quinta-feira a domingo, sempre às 20h, no Canal do Coletivo Projeto Gompa.

A peça tem a proposta de aguçar as reflexões sobre o apagamento histórico sistemático que a população negra vem sofrendo, como também instigar sobre como um ser humano sem memória tem a dificuldade de reconhecer seus vínculos e encontrar sua identidade. A situação de descobrir o corpo da mulher negra de outra época faz com que reacenda a discussão da história brasileira. 

A atriz Hayline Vitória diz que “as Dandaras de hoje, presas de algum modo pelo racismo e nas mazelas dessa sociedade, têm sede e urgência de libertação, pois desejam ecoar as suas vozes e estarem sentadas nos tronos que lhe são de direito”.

A atriz Hayline Vitória faz o papel de “Dandara” no espetáculo que fala de questões afro-brasileiras

Furando as estatísticas e desempenhado o papel principal na quebra de paradigmas, vencedora do prêmio Açorianos na categoria melhor atriz revelação em 2016, Hayline Vitória, professora formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e produtora cultural, mostra que mesmo sendo clichê, o lugar da mulher negra é “onde ela quiser estar”. Percorrendo caminhos que acredita que foram abertos por seus ancestrais, pensa que a memória é a melhor forma de encontrar seu “eu” e poder perpetuar a abertura das trilhas para o triunfo da população negra.

Como na realidade de muitos negros, que lutam para se reafirmar dia após dia, está estafada. “Eu estou cansada também de falar só de dor, estou cansada de falar só de racismo, mas parece que a gente precisa falar disso. Porque muitas pessoas ainda não entenderam que ele existe”, desabafa. Ela expõe a angústia das especificidades que o meio artístico a impõe. “Nos colocam em diferentes subcategorias, aí, atriz, negra. Ah, é dramaturgia negra. É um caminho longo, até a gente conquistar o lugar de sermos atrizes e dramaturgas, sem precisar dizer a nossa cor”, lamenta.

Com a vivência gritante de um Brasil racista estruturalmente e padronizado, nos vários casos de discriminação e preconceito que enfrenta, vê-se silenciada e sem resposta, mas acredita que a arte e o seu trabalho são o alvorecer, como, também, o seu escape.  “A arte é a válvula, o lugar onde eu liberto as minhas coisas, onde falo, eu me protejo ali naquele lugar. E, com a arte, eu consigo dar essas respostas, mesmo que, muitas vezes, fique paralisada diante de situações que, infelizmente, a sociedade não cansa de nos mostrar que existem”, explica.

No século XXI, ainda existe o discurso de que “somos todos iguais”, remetendo à declaração do ator estadunidense Morgan Freeman de que “para o racismo deixar de existir é só parar de falar nele”. Camufla-se falas racistas e discriminatórias. Contudo, não é preciso virar muito a cabeça para enxergar que existe muita diferença e desigualdade que paira sobre a sociedade brasileira. Hayline indaga sobre quem está nos postos de poder. Nas artes dramáticas, quem está nos papéis principais? Os negros estão em quais peças de teatro? Quem são os atores? Onde estão os dramaturgos? Os diretores? “Quando a gente não tem referência, a gente não se enxerga”, diz.

Retomada da cultura teatral negra

Dando um passo para a inclusão, o economista Abdias do Nascimento escreveu a história que tem relevância até hoje no teatro brasileiro. Em 1944, idealizou um resgate da herança da cultura afro-brasileira com o Teatro Experimental do Negro (TEN), que buscou promover o protagonismo do negro em detrimento às representações caricatas e estereotipadas que se figuravam nos palcos brasileiros. O TEN recriou diversas peças como Otelo, de William Shakespeare.

A presença de Nascimento é sentida na dramaturgia brasileira da atualidade. A atriz Hayline entende que o TEN é uma referência inegável para uma crítica ao sistema racista. “O Teatro Experimental do Negro é muito importante, sem dúvida, até hoje. É a referência de teatro negro que, infelizmente, eu não tive dentro da universidade”, lamenta.

Mesmo percorrendo um caminho que tem que ser de resistência todos os dias, lutando contra a discriminação racial, Hayline acredita na mudança, acima de tudo. “É preciso oportunizar que artistas negros e negras tenham seus espaços nos trabalhos, não só para as pautas raciais. Então, chamar, por exemplo, um dramaturgo negro, ou uma dramaturga negra, para fazer a dramaturgia de um espetáculo sobre tema X, mas de uma forma diferente. Chamar uma assessora de imprensa, uma diretora, uma atriz para protagonizar uma Bela Adormecida, uma Cinderela, não sei, um João Pé de Feijão, chamar pessoas, negras, artistas, negros, realocando. E é mostrando que a gente consegue. A gente pode, obviamente, embora, às vezes, as coisas não são tão óbvias. Mas a gente deve estar em todos os lugares. E fazendo todos os personagens”.   

Solidariedade

O projeto da peça “A Última Negra” incentiva o acesso à cultura. Adquirindo os ingressos de valor único, de cinco reais, pode-se fazer uma doação para que jovens das periferias do Estado tenham a oportunidade de assistir ao espetáculo, como também, o valor arrecadado será convertido em alimentos não-perecíveis e doados para a ONG MISTURAÍ, da cidade de Porto Alegre. O espetáculo está sendo realizado com recursos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Pró Cultura RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura.

Espetáculo virtual A Última Negra

Datas: de 15 a 25 de abril – de quinta a domingo
(As apresentações dos dias 17 e 23 de abril, aos sábados, terão tradução em LIBRAS)

Ingressos: R$ 5 (+ taxa de conveniência)

Vendas online: pelo site EntreAtos | compre aqui seu ingresso  

Onde assistir: Canal do Coletivo Projeto Gompa no YouTube (receba os links ao comprar o ingresso para acesso ao espetáculo e ao bate-papo)

Duração: 60 minutos + 20 min de bate-papo com elenco

Classificação: 14 anos

Para mais informações sobre o espetáculo A ÚLTIMA NEGRA acesse o site e o Instagram @aultimanegra

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