Instituição interage com público nas redes sociais

 

Por Augusto Cabral   

Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo: as dificuldades e readaptações durante a pandemia

Desde março de 2020, foram inúmeras as áreas afetadas pela pandemia do coronavírus. Com o aumento dos casos da doença, o isolamento social e os cuidados para não contrair o vírus se tornaram cada vez mais presentes na rotina das pessoas. Entre os diversos segmentos atingidos, está o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), localizado na cidade de Pelotas. Entre as inovações motivadas pela necessidade de distanciamento está a interação da instituição com o público através das redes sociais.

O MALG foi inaugurado em 1986 e está ligado ao Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Sua missão está relacionada à conservação e divulgação de obras feitas pelo pintor pelotense Leopoldo Gotuzzo (1887-1983), entre outras atividades. Este artista produziu trabalhos representativos da cultura pictórica refinada do seu tempo, ao longo de sua vida, tratando de temas como flores, nus, paisagens e retratos. 

O acervo possui mais de 3000 obras divididas em sete coleções: “Leopoldo Gotuzzo”, “Ex-alunos da Escola de Belas Artes”, “Dr. João Gomes de Mello”, “Faustino Trápaga”, “L. C. Vinholes”, “Século XX” e “Século XXI”. O MALG também possui a responsabilidade de desenvolver projetos educativos que ampliem o acesso da população brasileira aos bens artísticos e culturais produzidos no passado e na atualidade. 

Fachada do MALG em frente ao Mercado Central de Pelotas

Assim como diversos locais que movimentam a cultura pelotense e que tiveram que fechar as portas durante a pandemia, como teatros, casas de shows e cinemas, o museu também enfrentou dificuldades no período de isolamento social. Segundo o diretor do MALG, Lauer dos Santos, o museu já tinha uma programação prevista para todo o ano de 2020 com exposições marcadas, mas teve que fechar as portas em março do ano passado. “A primeira grande alteração que houve foi esse fechamento e não atendimento ao público, que causou uma série de outras implicações”, afirma.

Inovações no âmbito tecnológico

Nos dias atuais, com a necessidade do distanciamento social, a tecnologia está ainda mais presente em todos os meios. No museu, pouco tempo antes da pandemia chegar ao Brasil foi criada uma interação com o público através de uma rede social. Com o título “O eu: entre o autorretrato e a selfie”, a exposição tinha por objetivo gerar uma reflexão sobre a selfie, uma espécie de sinal contundente da criação de relatos, numa euforia coletiva que torna públicos os atos da cotidianidade. A ideia era que os visitantes da exposição tirassem uma foto no estilo “selfie” e fizessem uma postagem no Instagram com algumas hashtags que estavam na sala da exposição, criando assim uma interação virtual com o público. “Num primeiro momento nós demos sequência nessa atividade em outra plataforma. Antes os visitantes tiravam uma selfie dentro do museu, depois isso foi transformado em uma ação específica para o período de isolamento, quando as pessoas faziam uma foto para mostrar como estavam vivendo na pandemia”, relata Lauer. 

Publicação no Instagram chamou a participar

Outro aspecto que preocupa a maioria dos segmentos afetados pela pandemia é o tempo que a situação ainda vai demorar para normalizar. Para a direção, a expectativa era de retomar as atividades em agosto de 2021, o que já é considerado difícil tendo em vista a permanência dos altos números da covid-19 no País. Entretanto, o diretor do museu fala sobre a existência de outros projetos para seguir em frente nos tempos de pandemia. “Sempre tem um plano B, então nós já temos três ações que serão desenvolvidas em sistema virtual, chamadas de Malg Contemporâneo, Malg Coleções e Malg Educativo”, confirma Lauer.  

Visite a página do MALG no Facebook.

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Os Saraivas saúdam seus fãs na internet

Por Ronaldo Luis

Desde março do ano passado grupo musical pelotense apresenta samba e pagode em lives

Em 2020 Os Saraivas tiveram de cancelar seus shows presenciais por tempo indeterminado

E a pandemia chegava para nós em março de 2020. Ninguém imaginava que fosse durar tanto tempo. E os primeiros que sentiram seu impacto foram os músicos, que desde então estavam proibidos de tocar para o público. Nascia assim um movimento que antes era incomum. Cantores e grupos musicais resolveram seguir apresentando shows, só que de uma forma que alcançasse ao seu público fiel durante a pandemia. E vieram as lives, que tomaram conta das inúmeras redes sociais. E os fãs agradeceram.

Aqui em Pelotas não foi diferente. O grupo musical Os Saraivas, cuja dupla principal são os irmãos pelotenses Fábio e Felipe Saraiva, em 17 de março de 2020, cancelavam sua agenda por tempo indeterminado. E no dia 26 do mesmo mês faziam sua primeira live “Em Casa”, apenas com voz, cavaquinho e pandeiro. Os fãs responderam com centenas de curtidas e compartilhamentos. E mais outras vieram.

O projeto se tornou maior e eles partiram para a primeira Live Solidária Especial”, em 1º de maio de 2020, quando ainda imaginávamos que em breve voltaríamos ao normal. Tendo já lançado anteriormente dois CDs, a dupla apostou no sucesso autoral, “Não perca a Fé”, traduzindo o sentimento de todos neste momento. Embora fosse de outro período, a composição adaptou-se perfeitamente à atual conjuntura. E o resultado foram mais de 10 mil toneladas de alimentos arrecadadas.

A exemplo de praticamente todos os músicos nacionais, em razão da pandemia, Os Saraivas também passaram por momentos difíceis em 2020. Precisaram ter criatividade artística para enfrentar as dificuldades sociais criadas pelo Covid-19. E repetiram os encontros muitas vezes em sua casa, através do Facebook e Instagram.

No primeiro trimestre de 2020, todos nós começamos os momentos de isolamento social e, temerosos por nossa saúde, assistir às músicas conhecidas em nossos lares era um alento. E outras lives solidárias aconteceram. Num total de cinco, Os Saraivas foram algumas vezes acompanhados por colegas de profissão.

Músicos da região fizeram confraternizações em lives solidárias para enfrentar pandemia

Os seguidores da dupla, motivados com a possibilidade de ver seus ídolos, imediatamente passaram a divulgar entre amigos, nas redes sociais, as datas dos eventos. Foi sucesso garantido. Os Saraivas foram procurados por outros músicos pelotenses, que também viviam momentos complicados em suas profissões, e organizaram assim um grupo maior que iria enfrentar a série de lives programadas.

Desde o início da pandemia, Os Saraivas fizeram lives que contagiaram a todos que os assistiram. Fizeram a alegria dos pelotenses e alcançaram, inclusive, cidades de fora do Estado.

Fábio indicou links para ver suas lives mais recentes e de outros músicos que admira

Em entrevista pela internet, conversamos com Fábio Saraiva, líder do grupo musical.

Olá Fábio, quais artistas locais ou não da área musical influenciaram ou ajudaram a dupla de alguma forma ou em algum tipo de atividade on-line?

Fábio Saraiva – Sobre os artistas locais que mais influenciaram nosso grupo cito o Grupo Regional Avendano Jr., e todos os outros chorões, tais como Solon Silva. Destaco também o Grupo Oitava Cor, que nos anos 90 influenciou muito nossa dupla na área de samba e pagode, e também um músico que muito nos ajudou, com empréstimo de instrumentos no início da carreira e incentivador, o amigo Café, boêmio da noite pelotense. Pelé e Beto também nos influenciaram muito. 

A gente se influencia de uma maneira positiva tanto na carreira como nas atividades que a gente tem que realizar. E, durante a pandemia, nas lives, eu destaco, sim, alguns artistas que nos influenciaram muito. Aquela live do Alexandre Pires e o Seu Jorge, para mim foi a melhor, também a live do Diogo Nogueira na Cozinha, e também destaco a live do Fundo de Quintal.

Quais foram os dois últimos trabalhos autorais da dupla e qual o total de lives durante a pandemia?  

Fábio Saraiva – Os dois últimos trabalhos autorais foram no formato Fabio Saraiva e Nuança.  Isso antes de oficializar o grupo Os Saraivas, e na participação do programa Show Livre com Os Saraivas, em dezembro de 2019. Esses foram os dois últimos trabalhos antes da pandemia..

Em relação às lives, oficialmente a gente fez cinco que constam nos links abaixo:

Os Saraivas: Live 1E – maio 2020 

Os Saraivas: Live 2   – junho 2020     

Os Saraivas: Live 3   – agosto 2020   

Os Saraivas: Live 4   – janeiro 2021   

Os Saraivas: Live 5 – fevereiro 2021  

Tu poderias indicar alguns links com apresentações e shows da dupla postados nas plataformas das redes sociais e internet?

Fábio Saraiva – Os Saraivas se apresentaram no Release Showlivre, no dia 3 de dezembro 2019, com transmissão a partir das 17h. As Inscrições estiveram disponíveis no canal do grupo e foi solicitado que ativassem o sininho. Para assistir ao programa ao vivo, foi só acessar no showlivre.com. Depois, os vídeos foram editados e podem ser visualizados no showlivre.com.

Na live “Os Saraivas – Sente O Clima”, as inscrições também foram, a exemplo das demais, no canal do grupo e pedido que  ativassem o sininho. Para ouvir, podem ser acessados os aplicativos SpotifyDeezer e Apple Music . O projeto “Sobre o artista: Os Saraivas” foi criado em Pelotas por mim e meu irmão Felipe Saraiva, unindo o ritmo do samba com outras vertentes da música popular brasileira, samba raiz e pagode, entre outras.

Você citaria artistas locais que, em início de carreira, estão atualmente propondo algum tipo de atividade no formato on-line?

Fábio Saraiva – Conheço sim, artistas locais que se propõem a fazer trabalhos virtuais. Destaco aqui Amâncio Jorge e Márcio Jaguarão-sambista.

Quais foram as fontes de divulgação que ajudaram muito as pautas dos eventos do grupo?

Fábio Saraiva – Não tenho como identificar todas as fontes de divulgação que ajudaram muito nas pautas, sejam empresários, um e outro, porque iria ficar faltando informações. Mas eu destaco algumas empresas locais que nos ajudaram, embora em outra oportunidade, como na gravação do nosso primeiro disco que é a extinta Premium Informática. Também destaco o Frigorifico Castro, a Tchê Farmácias, as empresas de comunicação Rádio Pelotense,  RBS e Diário Popular.

Vocês já possuem projetos ou alguma data para novos eventos presenciais?

Fábio Saraiva – Tem o projeto nosso que será o DVD “25 anos de Carreira”, o qual iríamos lançar no ano passado, mas foi adiado em virtude de a pandemia ter se estendido. Esse projeto está esperando as coisas amenizarem para ser colocado em prática. A gente tem em vista marcar a data para outros eventos, mas em função de que a instabilidade não deixa a agenda ser contínua, não conseguimos fixar nada. Então temos de deixar passar esse mau momento que vivemos. 

Quais são os canais para o público acompanhar as lives de “Os Saraivas”?

Fábio Saraiva – Sempre no canal de Os Saraivas, no Youtube ou na fanpage no Facebook. Em caso de qualquer projeto de live, esses são os dois canais que a gente usa tocando e sobre a agenda é através das redes sociais.

Para encerrar nossa entrevista, qual seria a música preferida do grupo?

Fábio Saraiva – A música preferida do grupo, autoral, é “Não Perca a Fé”. Mas tem outras músicas de artistas que nos influenciaram muito no “Especial Pagode 90”, como as obras do Negritude Jr. e Só para Contrariar. Eu colocaria uma obra, embora sem nenhum lado político, afinal eu sou um grande fã do cantor e compositor, Chico Buarque. Ele é o autor e letrista do samba que eu gosto muito, “Vai Passar”.

A entrevista encerrou com nossos agradecimentos e o desejo de que essa pandemia acabe e que nosso “novo normal” seja positivo. A música, afinal, sempre nos acompanhará, de uma forma ou de outra.

“Não Perca a Fé” é a música preferida de Fábio e Felipe Saraiva em suas lives

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 Adorei a matéria! Parabéns ao autor. Temos, mais do que nunca, que prestigiarmos gente daqui. E pessoas que são exemplos, tais como Os Saraivas.

Graça

Parabéns pela matéria e com a preocupação com nossos músicos locais.

Luciano

Parabéns pela matéria, orgulho de ter artistas na nossa cidade crescendo e trazendo alegria nas redes sociais e televisão (quando conseguimos passar a imagem para ela). Adorei! Parabéns!

Mariana

Ronaldo…agradeço a entrevista e parabenizo pela excelente matéria.
Gratidão

Fábio Saraiva

Pandemia revela pouca valorização da arte

 

Por Matheus William Müller Rückert     

Ator do Grupo Tholl descreve dificuldades enfrentadas no meio artístico

Fábio Marques Belém em uma das apresentações do Grupo Tholl 

Na atual conjuntura, muitos trabalhos e maneiras de sustento tiveram que ser repensados pelos artistas das artes cênicas da região. Aumentou, nos últimos meses, o número de casos da pandemia de Covid-19, que atualmente assola o mundo inteiro com um vírus letal e de rápido contágio. Obviamente, com o setor da cultura local não seria diferente, já que é uma das áreas que mais necessita da audiência ao vivo do público. E, claro, também teve que se reinventar. O ator Fábio Belém do grupo Tholl relata as dificultades que os artistas em geral estão enfrentando.

O setor cultural foi um dos mais afetados pela pandemia, pois depende diretamente do contato com os públicos para a realização de sua arte e, assim, manter as suas formas de ganho e sustento. Os artistas tentam seguir fazendo o que fazem mesmo que, na maioria das vezes, sem nenhum incentivo monetário ou moral por parte dos seus prefeitos e governadores. Persistem simplesmente porque amam o que fazem e fazem isso para alegrar os seus espectadores, ouvintes e seguidores.

Se, antes deste momento delicado em que estamos, a cultura artística já não era tão apreciada e tão seguida, imagine-se agora, com o contato com o público reduzido, sem quase nenhuma fonte de renda e sem previsões de quando tudo voltará ao normal. A situação em que os artistas locais se veem atualmente é mais crítica e confusa do que nunca.

Obviamente a cultura abrange muitos tipos de trabalhos e designações para que esta seja praticada de forma contínua. Dentre uma variedade de atividades, estão os grupos teatrais da cena pelotense e como eles estão lidando com as novas formas de levar a arte e a cultura para com os demais que acompanham seus projetos.

É claro que, independente do que aconteça, jamais deixará de existir arte e cultura, porque estas fazem parte da criação e da organização da nossa sociedade. Somos cercados por vários pilares que definem o rumo social como um todo e, com certeza, a arte e a cultura são alguns dos pilares mais importantes para esta formação. Ensinam e enxergar um mundo completamente diferente do habitual e agregam pessoas de várias classes sociais em seus projetos culturais.

    

Falta de valorização da arte

Fábio Marques Belém é ator, produtor cultural e professor. Com 36 anos de idade, ele já atua na carreira da artística há 20 anos. É participante e atuante do grupo de teatro pelotense Tholl há mais de doze anos. Também é responsável pela curadoria artística das páginas das redes sociais do grupo e sempre se coloca no lugar de todos os seus colegas e parceiros ao observar as dificuldades enfrentadas. Entende que, hoje, mais do que nunca, está difícil de se trabalhar com a arte, ainda mais com a cultura local, que não é tão influente em relação aos maiores centros urbanos, com mais oportunidades para a propagação das produções culturais.

No seu relato, Fábio descreve com clareza o porquê e o quão difícil é a carreira de um artista dentro do Brasil e como a pandemia dificultou ainda mais a execução de seu trabalho, e também sua fonte de renda.  “Infelizmente, viver exclusivamente de trabalhar com arte hoje em dia é bastante difícil. Devido à desvalorização da arte como um todo, pois não existem políticas públicas concretas para que o trabalhador ou trabalhadora cultural possa exercer plenamente seu ofício. As pessoas entendem a cultura como um simples entretenimento, mas não enxergam todo o trabalho que existe por trás. Hoje as pessoas estão passando dias e dias em casa por causa do isolamento social, assistindo filmes, séries, escutando música, lendo livros. Tudo isso é cultura e, infelizmente, quem produz isso é pouco valorizado”, diz.

Independentemente do quão difícil seja esta luta, os artistas, principalmente os locais, sempre vão estar dispostos para nos mostrar que têm sim uma solução para os problemas atuais. Sempre haverá a perseverança na hora de trabalhar artisticamente, seja quando for para um público gigante, ou, até mesmo, para uma plateia de duas pessoas.

Como muito bem colocado por Fábio, a desvalorização do trabalho cultural é real e ela acontece com muito mais evidência em tempos como este, quando as pessoas só ficam em casa consumindo músicas, séries e filmes e nem pensam sobre a repercussão artística local como parte do processo. Claro que isto não é apenas culpa do público e, sim, uma reação ao problema atual com causas anteriores. Mesmo assim, não deixa de dificultar ainda mais o trabalho dos artistas, que, muitas vezes, não conseguem nem se manter, apenas fazendo o que amam e têm que procurar por uma renda a mais, já que a arte não era devidamente valorizada e remunerada desde antes da pandemia.

O trabalho circense do Grupo Tholl, por si só, já é um trabalho complicado, e com essa situação do vírus ficou ainda mais difícil de continuar a atuar e levar alegria para as pessoas. Muitos projetos artísticos estão sendo executados on-line. com a apresentação de lives, ou seja, as gravações das apresentações que costumavam ser feitas nos palcos.

Mesmo que existam menos recursos e participantes, isso não é um empecilho para travar os amantes desse trabalho. Com muita interatividade e comunicação com seu público via rede social, o grupo Tholl vem repensando e redirecionando a maneira em que atua na cultura local, sendo um dos maiores e melhores grupos teatrais da região.

A Prefeitura de Pelotas vem alterando o seu decreto em relação às atividades remuneradas durante o período da pandemia. Os locais e instituições voltadas para apresentações teatrais não sabem ao certo quando vão poder voltar às suas atividades normalizadas, sendo que há uma maior atenção para o comércio convencional.

Por enquanto, os grupos teatrais se financiam como podem, seja isto feito com doações dos seus seguidores e admiradores do seu trabalho ou até mesmo investimentos pessoais por parte dos participantes dos grupos. A situação em que estamos não é nada simples e para quem depende de apresentações e eventos é mais complicado ainda. Obviamente, estes grupos não vão pôr em risco as vidas de seus participantes e nem as do seu público. Mesmo assim, o seu trabalho é muito afetado por conta disso, já que a maior parte do seu trabalho é algo que envolve algum tipo de apresentação ou entretenimento ao vivo.

É de certa forma injusto tratar a arte e cultura da maneira em que são tratadas pelas políticas públicas, muitas vezes, sem nenhum tipo de incentivo. Estas instituições de prática e de aprendizado englobam crianças, adultos e, às vezes, até idosos em seus grupos. Para manter um negócio neste nicho, não é algo barato, ainda mais quando se está no mercado há mais de 15 anos, como é o caso do grupo Tholl. A companhia conta com uma trupe de mais de 45 artistas, na qual todos podem ter a oportunidade de algum dia se apresentar em algum palco, como o do Teatro Sete de Abril. Isso é um sonho para muitos artistas, porém, não é uma jornada nada fácil. É preciso ter muita motivação, pois quem irá financiar seu próprio sonho é você e você mesmo.

   

Grupo Tholl conta com participação de 45 artistas      Foto: Juliano Kirinus

É preciso sempre ter em mente o quão difícil é para certas profissões continuarem a se manter num período pandêmico como este, e para os teatros e seus grupos isto fica ainda mais complicado. Espera-se que o mais breve possível essa situação vivida se normalize e, então, os artistas locais possam continuar a trazer seu espetáculo e sua arte, que, quando vistos de perto, encantam ainda mais a todos que assistem.

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Bom dia, buscamos uma peça de teatro animada e que nos faça rir, gostaria de saber se tem algo para nos oferecer, somos de Severiano de Almeida. próximo a Erechim, temos um evento no dia 09/04/2022.  Aguardo respostas (casadacultura@pmsa.rs.gov.br).

Mariza Zibetti

Velas aromáticas inspiradas em séries e livros

Por Amanda Kuhn   

Artesã cria perfumes a partir dos personagens e histórias de ficção

Catarina inventa aromas a partir das sugestões de obras literárias

Já pensou em ter uma vela aromática do seu livro favorito? É o que a estudante de Comunicação Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Catarina Lopes produz na sua loja on-line, a Faerie Candle Co. Inspirada pelo mundo literário, musical e televisivo, a estudante criou a loja on-line em 2020 e é responsável por todas as etapas da produção das velas – desde derreter a cera até despachar as encomendas.

As velas aromáticas são produzidas artesanalmente por Catarina, que escolhe os perfumes por diferentes critérios: A parte mais criativa é a dos cheiros, e acaba sendo bem subjetivo noventa por cento das vezes. Um exemplo é a vela da série “WandaVision”, em que os episódios não mencionam nenhum perfume específico. Nenhuma flor ou fruta tem muito destaque. Então, trata-se totalmente da interpretação da artesã sobre o que pode passar pelo olfato sobre a experiência de ver a série. Mas os outros dez por cento costumam ter como referência as menções dos autores de um livro (ou qualquer outra mídia) que falam de perfumes específicos. “Às vezes, um cheiro é citado, mas simplesmente não faz sentido para o personagem, então eu uso os aromas citados que eu acho que cabem e escolho outros que eu vejo que fazem mais sentido”, explica a empreendedora.

Os temas escolhidos são variados, podem ser de livros, séries, filmes e artistas que estejam em alta, que chamem a atenção dos clientes ou podem ser escolha pessoal de Catarina: “Algumas vezes só faço uma coisa que eu quero e torço pelo melhor, com graus variáveis de sucesso. Por exemplo, a vela de “WandaVision”, sobre a qual eu jurei que ia sair umas duas velas, e já está na terceira reposição em um mês. De qualquer forma, sempre anoto sugestões de velas pedidas, mas só costumo fazer as das sagas que eu assisti e gostei, assim, eu realmente posso fazer com carinho e gosto”.

Série literária e de filmes da Saga Crepúsculo motivou criação de velas

O interesse por velas aromáticas surgiu quando ela estava ainda nas aulas da educação básica: “Quando eu estava no início do Ensino Médio, eu comecei a achar velas aromáticas muito interessantes. Achava que deixava tudo mais chique e criava uma coisa mais ritualística e especial para as atividades simples. Ver um filme é algo comum, mas é mais chique ver um filme com uma vela acesa perfumando tudo, uma coisa mais de autocuidado”, relata.

Catarina conta que, no meio do ano passado, estava participando de um clube de leitura e recuperando o gosto pelos livros da adolescência, época em que era fã da “Saga Crepúsculo”, quando uma amiga do clube descobriu uma vela de “Crepúsculo” para vender e foi aí que tudo se encaixou: “Eu nunca tinha parado para pensar como as duas atividades – ler e acender uma vela – batiam bem, então resolvi imaginar como seria uma vela perfeita para ler “Midnight Sun” [livro da saga lançado em 2020]. Em uma madrugada, criei um arquivo e comecei a organizar tudo. Foi coisa de uma noite mesmo, em que a Faerie deixou de ser só uma ideia de uma vela para mim, para fazer parte de toda uma lojinha em que eu escolhia tudo”, relembra a estudante.

A Faerie Candle Co atualmente está no Instagram e na Shopee. As velas são vendidas para todo o Brasil. Além de ser um negócio artesanal, a preocupação com o meio-ambiente também está presente na marca, com embalagens recicláveis e/ou biodegradáveis.

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Como adquiro as velas?

Silvia

Resposta: Os contatos podem se feitos pelo Instagram e pelo site Shopee.

 

O sucesso das transmissões pela internet em um mundo isolado

Por Andressa Siemionko e Josimara Megiato   

Artistas enfrentam desafios e promovem shows on-line durante a pandemia

Se divertir na sala de casa como única alternativa nunca passou pela cabeça de ninguém. Mas, com o isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus, essa foi a realidade do entretenimento no mundo todo. Com o fechamento dos bares, festas e eventos culturais, as transmissões pela internet tornaram-se um verdadeiro sucesso, acumulando milhões de visualizações.

Os shows on-line começaram a aparecer em 2011, mas só em 2020 estouraram na internet. Segundo uma pesquisa do Google (plataforma que administra o Youtube) as apresentações pela internet já foram vistas por 85 milhões de brasileiros. A transmissão mais vista da plataforma Youtube é da cantora sertaneja brasileira Marília Mendonça, disponibilizada em 8 de abril de 2020, com 3,3 milhões de visualizações simultâneas.

Marília Mendonça é recordista de audiência on-line Foto: Reprodução Youtube

Todo esse sucesso chegou ao sul do Rio Grande do Sul e vários artistas e bandas também se apresentaram no formato on-line. A cantora Paola Souza, da cidade de Amaral Ferrador, explica que a ideia de produzir apresentações on-line surgiu depois de uma participação na live realizada pela Rádio São José do Patrocínio, localizada no mesmo município e também pelo incentivo dos amigos.

No dia 4 de julho do ano passado, Paola fez o primeiro show on-line “Boteco da Paola” e, dia 8 de outubro, a segunda liveBoteco da Paola – II edição. Para a cantora, foi uma experiência única de ter feito essa apresentação. Ela conta que a principal diferença entre os shows transmitidos on-line e a apresentação em um bar são os aplausos substituídos pelos comentários na internet.

A segunda edição do Boteco da Paola foi lançada em outubro do ano passado

Mesmo com todo o sucesso das transmissões ao vivo, na pandemia, os cantores têm passado por inúmeras dificuldades. “Quem faz os shows não arrecada nada; a gente até consegue patrocínio, mas é para arcar com as despesas, tem toda uma equipe por trás das câmeras”, ressalta Paola.

Estudo de música em Canguçu

A cantora e proprietária da escola de música, Espaço Cultural Acordes, Cristiane Dias Ribeiro, também enfatiza: “Para nós que vivemos da cultura, que somos a cultura e distribuímos o que somos através da arte, a pandemia chegou estraçalhando nosso campo de trabalho”.

A artista da cidade de Canguçu também aderiu aos shows transmitidos pela internet, para seguir divulgando arte para seus espectadores. “Foram as transmissões on-line dos mais variados temas que propiciaram, mais uma vez, que o ‘o povo da arte’ perdurasse”, conta.  Além de ser artista, Cristiane também tenta levar seu conhecimento e amor pela arte para seus alunos da escola de música. Não está sendo fácil ensinar arte e cultura sem a possibilidade de promover eventos e sem contato físico. “Quando optamos também por fazer uma live, foi como renascer a chama da arte dentro de cada artista”.

 

Democratização

A arte mundial, custa caro, no Brasil esse fato não é diferente. Segundo uma pesquisa de 2010 feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 70% da população nunca foi ao museu ou em centro culturais; e 51,5% nunca vão a shows musicais. Com isso, a chegada das transmissões on-line criou uma nova onda de democratização da cultura, pois não há frequentemente necessidade de efetuar nenhum pagamento para assistir aos espetáculos.

Além disso, junto aos eventos, muitos artistas se uniram em prol da solidariedade pedindo de maneira voluntária, que as pessoas contribuíssem com valores para doações. Fã das atrações culturais, a estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Manoela Duarte Lemos observa: “Com um número tão alto de pessoas assistindo num momento pandêmico os artistas começaram a promover grandes ações solidárias”.

Apesar de não ter a euforia dos shows presenciais, muitas pessoas aderiram à ideia e tornaram-se telespectadores das transmissões pela internet, afinal é um dos únicos entretenimentos na quarentena. “Esse acesso à cultura é, sem dúvida, fundamental para a formação de um cidadão, creio que, não só em momento de pandemia, deveriam existir ações que abrangem a maioria da população”, conta Manoela.

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Atentado ao Hotel Taj Mahal em filme

Por William Tavares Engel  

Filme de 2018, baseado em fatos, tem como protagonista Dev Patel

Garçon de hotel se envolve na luta dos hóspedes pela vida em ataque

O ano de 2018 foi um grande ano para o cinema mundial, grandes filmes como “A Forma da Água”, de Guilhermo Del Toro, e “Pantera Negra”, de Ryan Coogler para a Marvel, tomaram as telas do cinema. E não poderia faltar aqui a resenha do grande filme do diretor Anthony Maras, “Atentado ao Hotel Taj Mahal” (“Hotel Mumbai”). A história do filme acontece na capital indiana e traz a trama de um atentado real ocorrido no Grande Hotel Mumbai e, consigo, o encontro de duas grandes culturas do oriente.

A trama começa com a trajetória de Arjun, vivido pelo grande ator indiano Dev Patel, conhecido pelo seu protagonismo em “Quem Quer ser um Milionário” e “Lion – Uma Jornada para Casa”. O personagem, garçom no Grande Hotel, se vê no meio do atentado. A cultura indiana é vista como um afronte ao islamismo e ele tem de resgatar e salvar pessoas do mundo todo que se encontram hospedadas no famoso hotel indiano.

Arjun (Dev Patel) e David (Armie Hammer) protagonizam a história

No decorrer do suspense, o diretor lhe coloca no meio de situações de tensão. Alguns personagens tomam o protagonismo. Um casal, David (Armie Hammer) e Nararin Boniadi (Zahra) é separado de seu filho pequeno que se encontra com outra hóspede, sua parente. Esse mix de tensão aumenta quando o espectador se depara com os atiradores rondando todo hotel e matando os hóspedes um por um, andar por andar.

A narrativa, além de trazer uma visão de como funciona um pedaço de uma das capitais mais exóticas do mundo, nos mostra também a visão do islamismo radical e de como meninos são levados a cometer atos hediondos através de promessas de riqueza e conforto para suas famílias. Ao trazer no filme esse cenário de pobreza e promessas de vida melhor, Maras, com sua trama excepcional, tenta explicar o porquê dos ataques terem ocorrido e de como os jovens são manipulados a cometerem esse tipo de atentado por adultos.

Pode-se ver em “Atentado ao Hotel Taj Mahal” um paralelo de realidades, com um retrato de duas culturas pobres e, ao mesmo tempo, com grandes diferenças. O filme garante aos cinéfilos, amantes de histórias reais, um grande suspense. A cada cena o espectador torcerá para que os hóspedes e funcionários do hotel sejam resgatados com vida e que o casal protagonista se reencontre dentro ou fora dos grandes muros do hotel, de preferência vivos.

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Este filme é excelente, thriller, drama e ação, tudo no mesmo enredo.

Paulo Eduardo Cajazeira

 

Artistas enfrentam dificuldades na pandemia

 Por Victoria Dutra e Victoria Meggiato

 

  A atriz Karol Mendes e o cantor Felipe Stigger experimentam novas alternativas de atuação

A pandemia do coronavírus foi e continua sendo um momento de muita preocupação e ansiedade para todos. Para os artistas locais, a situação não é diferente. A crise sanitária provocada pela doença mudou drasticamente a vida desses profissionais, que tiveram que se readaptar ao momento.

Cantores, atores, pintores, bailarinos e outros artistas, dos mais diversos segmentos, têm enfrentado dias de bastante dificuldade e apreensão. Os eventos culturais de pequeno e grande porte, que em tempos normais movimentam a economia dos municípios, não acontecem há mais de um ano, o que prejudicou muito a vida de quem depende disso para sobreviver.

É o caso de Karol Mendes, atriz local e graduanda do curso de Teatro pela Universidade Federal de Pelotas, que mantinha uma rotina de ensaios e apresentações artísticas constantes antes da chegada da pandemia. Até o momento, ela trabalha somente como atriz, e, quando viu que o isolamento social ia permanecer por mais tempo do que o esperado, acabou se preocupando.

“Como a maioria das pessoas, eu não esperava que o caos da pandemia durasse tanto tempo. Quando finalmente absorvi a gravidade da situação e percebi que não voltaríamos à normalidade, começou então um zigue-zague de sensações. Por um lado, a preocupação por não saber como lidar com o que está acontecendo, e, por outro, a vontade de não ficar estagnada e seguir adiante com o meu trabalho da melhor maneira possível. Confesso que tem sido difícil”.

 

Karol Mendes mantinha rotina de apresentações antes da pandemia        Foto: Roberto L. Avila

 

Novos formatos e desafios

Desde março do ano passado, Karol passou a trabalhar de casa. Mas as dificuldades são muitas, já que a prática teatral é um trabalho que exige uma presença física e um contato maior com as pessoas. “A situação desde o início da pandemia tem sido difícil. O trabalho foi afetado de diferentes formas, tanto física (pelo isolamento, distanciamento e suspensão das atividades artísticas em geral) quanto psicologicamente (já que toda essa situação causa um desgaste emocional muito grande, de forma a afetar a produtividade). Tem sido difícil tentar manter a rotina, agora de uma forma tão diferente ao habitual, já que trabalhar em casa não é tão fácil quanto pode parecer. Mas a gente segue tentando, sempre se adaptando da melhor forma possível”, relata.

Com o período do distanciamento social, alguns artistas tiveram que se reinventar. Karol conta que o formato de peças, intervenções e performances mudou bastante “Desde 2020 a classe vem trabalhando através de vídeo-cenas/video-performances, o que aproxima ainda mais o teatro do cinema, por exemplo. Atrizes e atores, agora, além de atuar, também fazem as vezes de editores, técnicos, diretores, tudo ao mesmo tempo e, muitas vezes, com poucos recursos, como o celular e o computador. É uma reinvenção da arte teatral, digamos assim.”

Em junho do ano passado, uma lei foi sancionada para destinar R$3 bilhões para o setor cultural, a Lei Aldir Blanc, uma homenagem ao compositor e escritor que morreu em maio de 2020, vítima do coronavírus. O auxílio também ofereceu o pagamento de três parcelas de R$600 para os artistas informais. Apesar disso, a ajuda a esses profissionais demorou a sair do papel e o valor custou a chegar, o que prejudicou ainda mais a vida dos artistas. “Infelizmente não tem sido suficiente e nem 100% eficaz (como todo o resto feito pelo governo durante a pandemia). A lei Aldir Blanc demorou a sair do papel e, com isso, tanto o auxílio aos artistas quantos os editais profissionais acabaram demorando a chegar às pessoas. O que resta para a maioria é um ajudar o outro, como temos visto por todos os lados do país”, afirma Karol.

Programação de shows interrompida

Conhecido por seus shows nos eventos de Pelotas e região, o cantor Felipe Stigger, de 23 anos, é outro artista que teve sua carreira afetada pela pandemia do novo coronavírus. Pouco tempo antes de começar o isolamento social, o cantor tinha inúmeros shows e eventos marcados. Felipe conta que quando foi decretado o fechamento das casas de shows, o mais assustador para ele foi o fato de ser por tempo indeterminado.

“No início nós não sabíamos que proporção tudo isso ia ter, depois que o tempo foi passando, e me dei conta de quanto tempo iria demorar para as coisas voltarem ao normal, foi um pouco assustador. Não só pela parte financeira, que foi totalmente afetada, mas também por não poder estar fazendo o que eu mais amo, que é cantar”.

Felipe Stigger em um de seus últimos shows em contato direto com público        Foto: Acervo Pessoal do Cantor

Apesar disso, o cantor diz que é privilegiado, pois mesmo sua renda vindo toda de seus shows, ele mora com os pais e pode contar com esse suporte financeiro. O que não é a situação da sua banda, que foi muito afetada pela pandemia. “Está bem complicado para várias pessoas que eu conheço do meio artístico e, inclusive, para parte da minha banda, que dependia bastante da renda dos eventos. Para mim está sendo mais tranquilo, pois eu ainda moro com meus pais e os shows eram uma renda extra, mas estou fazendo o máximo para ajudar as pessoas que estão passando por essa dificuldade”, relata.

Assim como outros músicos, Felipe também entrou na moda do início do isolamento social e produziu duas lives. As lives tiveram um papel importante para o cantor, tanto para retomar o contato com o público e ajudar a divulgar o seu trabalho, quanto no papel social, já que suas lives arrecadaram alimentos e dinheiro. “ As lives foram bem importantes porque eu consegui matar a saudade do público. Mas, além disso, o mais importante foi o papel social que a live teve, pois eu consegui arrecadar três toneladas de alimentos que foram doados para entidades de caridade aqui de Pelotas e também para as pessoas que trabalhavam na noite e estavam passando por necessidades”, conta Felipe. 

Na pandemia, o que mais tem afetado Felipe são duas coisas: a saudade dos palcos e a angústia de não saber quanto tempo vai levar para as coisas voltarem à normalidade de antes. “ O que mais me deixa apreensivo é que eu não tenho ideia do quanto pode demorar para eu poder voltar a minha rotina normal de cantor, não poder fazer o que a gente ama é muito difícil. E, além de tudo isso, pesa bastante saber que os eventos e os shows serão as últimas coisas de todas a serem liberadas novamente”, analisa

Visite a página de Felipe no Youtube.

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Projeto #TeatroMunicipalAgora movimenta cultura de Rio Grande

 Por Gabriel Teixeira de Barros

 

Projeto da Secretaria da Cultura em parceria com o Teatro Municipal muda experiência teatral com apresentações virtuais

Espetáculos e eventos comunitários rio-grandinos agora têm versões on-line

O projeto #TeatroMunicipalAgora, concebido na colaboração entre a Secretaria da Cultura de Rio Grande, a diretoria do Teatro Municipal  e a empresa Vetorial Net, está definindo uma nova maneira de promover espetáculos artísticos e incentivo à cultura local.

A proposta cultural foi lançada no dia 21 de janeiro. Já foram produzidos 15 espetáculos até o 9 de abril, quando foi realizada uma homenagem aos 99 anos da Escola de Belas Artes Heitor de Lemos. Com amplo repertório e diversidade artística, as apresentações buscam cativar os mais diferentes gostos da comunidade rio-grandina, contemplando os vastos campos das artes da dança, teatro e da música.

Segundo a atual diretora do Teatro Municipal de Rio Grande, Alzira Paiva, o projeto veio como uma tentativa de suprir a lacuna deixada pela pandemia. No decorrer do período de isolamento necessário, os artistas rio-grandinos têm ficado sem locais para apresentação, enquanto o público não tem tido muitas opções de lazer, arte e cultura. Este projeto busca uma solução para ambos, começando por oferecer toda a infraestrutura para os artistas se apresentarem on-line, sejam eles de uma banda, uma peça teatral, ou um espetáculo de dança.

A diretora também expressou como existe o cuidado e o apreço pela preservação da experiência de estar em um teatro, através das cordialidades e o respeito com o artista e com o espetáculo, antes e durante uma apresentação.

Em meio a um período tão difícil e inquietante, o projeto reanima a esperança do público rio-grandino amante de cultura e reacende a chama da oportunidade para o cenário local. Toda a renda captada pelos ingressos vendidos on-line é distribuída ao artista. Este projeto nos presenteia com a bela oportunidade de apoiar e apreciar toda semana um espetáculo artístico diferenciado.

As apresentações da iniciativa #TeatroMunicipalAgora ocorrem regularmente as quintas-feiras, às 20h30min. São ofertados cerca de 300 ingressos por espetáculo, que são disponibilizados no site Sympla e as taxas de preço iniciam a partir dos R$15,00. No dia 6 de maio, acontece o espetáculo “Comédias, 20 anos de sucesso”, com a Cia Teatral Sobrinhos de Shakespeare. Para o dia 13 de maio, está programado o VI Festival Rap Conta o Frio.

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Julie reinventa sua música nas redes sociais

Por Danieli Schiavon e Luíza Mattea

Cantora pelotense enfrenta cenário da pandemia com outras formas de interagir com seu público

                 Julie Schiavon gravou novo single no ano passado                  Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

“A arte não é uma escolha”, é esse lema que a cantora, compositora e dançarina, Julie Schiavon, adotou para a sua vida quando se trata da sua relação com a música. Em 2019, começou a construir uma rotina de shows e eventos periódicos, juntamente com a produção de novas canções. Mas com a chegada da pandemia, ela precisou se reinventar. E foi nesse momento que encontrou nas redes sociais um refúgio de interação, passando a se dedicar para a produção de conteúdo no Instagram.

Desde muito nova envolvida com a arte, a pelotense vê essa conexão como algo vital, que iniciou ainda na infância. “Foi exatamente esse sentimento de amor incondicional que sempre me ‘disse’ que meu propósito de vida era ser artista”, comenta. Julie canta desde os 11 anos, mas foi em 2017, aos 20, que começou a trabalhar profissionalmente com música e lançou seu primeiro single, “The Fear”, composto e interpretado por ela. A cantora atribui sua inspiração principalmente a artistas internacionais, visto que muitas de suas composições são em inglês.

Desde então a música representa para Julie muito mais do que um hobby. “Atualmente, a arte é meu trabalho de fato, eu dedico a maior parte do meu tempo em planejamentos e estudos, buscando sempre aprimorar o que eu puder”, define. A artista entende que o processo de estabelecer disciplina para definir algo que se ama como um compromisso é uma tarefa bastante difícil, pois se dedicar a isso exige mais foco, esforço e responsabilidade. “Sair da zona do ‘eu amo fazer isso’ para o ‘como fazer o que eu amo’ foi – e diariamente está sendo – um processo de muita aprendizagem, experiências e autoconhecimento”, complementa.

Por conta da pandemia, os shows e eventos previstos no calendário precisaram ser adiados. Porém, mesmo diante de diversas dificuldades, os artistas continuaram buscando novas formas de expressão, reformulando seus projetos. Para quem trabalha com a música, essa renovação surgiu por meios de lives, que substituíram as apresentações presenciais. Com o incentivo de amigos, a cantora pelotense decidiu enfrentar suas inseguranças e aceitar o novo desafio. “Desde a idealização da live até a realização, eu me aventurei bastante e estudei muito para conseguir propor minha arte da melhor forma possível e fiquei muito realizada”, conta.

Nem mesmo a pandemia foi motivo suficiente para que as produções da artista tivessem uma pausa. Para ela, compor sempre foi uma terapia, um espaço para relacionar o que sente na vida com as músicas. E em um cenário de isolamento, vivenciar a dor foi inevitável, principalmente para trazer mais verdade às canções. Assim, surgiu a necessidade de reinventar o rumo da produção, com o intuito de respeitar o momento que o mundo estava passando e, ao mesmo tempo, amenizar a situação com a magia proporcionada pela música.

Seu mais novo clipe, gravado em 2020, foi para a música “Mulher”, que fala sobre as angústias e desafios enfrentados pelas mulheres no dia a dia. A proposta inicial era contar com a participação de diferentes figuras, fortalecendo a representatividade. Mas para que a ideia fosse para o plano da ação, Julie precisou pensar em alternativas relevantes para o vídeo, sem envolver muitas pessoas. O resultado foi um trabalho interpretado inteiramente por ela, produzido de forma criativa e singular.

                  Shows da artista pelotense eram frequentes antes da pandemia                 Foto: Reprodução / Instagram

Para a divulgação, a artista apostou nas ferramentas disponíveis no Instagram. A partir daí, criou estratégias de engajamento com o público, que estava mais presente nas redes sociais. Por meio de fotos, stories e vídeos no reels – ferramenta de vídeo curtos, com efeitos sonoros e visuais, disponibilizada pela plataforma, passou a cultivar uma relação de proximidade com quem já a acompanhava e atraiu novos seguidores. Além de conteúdos como músicas e danças interpretadas por ela, Julie também compartilhou os bastidores da gravação, trazendo descontração e leveza ao perfil.

“Logo que a pandemia surgiu, o público estava muito atento e disposto a interagir com os conteúdos. O ano de 2020 foi o que mais cresci em termos de números e de conexões. Foi desafiador me expor mais e buscar superar minhas inseguranças para compartilhar meu amor pela música e minhas crenças, mas foi muito positiva e significativa toda essa construção”, ressalta.

Desde o lançamento do seu primeiro single, a evolução da cantora foi notória. Ao analisar sua trajetória até o momento, ela afirma enxergar sua arte com mais confiança e autonomia, percebendo cada mudança como um grande passo. Para ela, o mais importante são os caminhos traçados após os imprevistos, assim como as lições compreendidas diariamente. “Sempre busco enxergar os sinais de que meu caminho continua sendo esse e que eu devo seguir me esforçando para merecer as pequenas realizações que constituem meu sonho”, finaliza.

Visite a página no Instagram da cantora.

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Gratidão demaiiis pela oportunidade e pela matéria linda!

Julie Schiavon

Minissérie expõe feridas raciais

Por Nathalia Farias

História retoma questões antigas que continuam mais vivas do que nunca

Personagem dos quadrinhos é reverenciado por outros heróis da ficção e do mundo real

A questão racial nos Estados Unidos deve ser um dos temas principais de “Falcão e o Soldado Invernal” (“The Falcon and the Winter Soldier”), a minissérie criada para o Disney+ por Malcolm Spellman, baseada nos personagens da Marvel Comics Sam Wilson/Falcão e Bucky Barnes/Soldado Invernal. A primeira temporada foi lançada no dia 19 de março. A produção não só coloca um dos (poucos) heróis negros como protagonista – Anthony Mackie como Sam Wilson/Falcão – como discute essa pouca representatividade no próprio roteiro.

 

Atores Sebastian Stan e Anthony Mackie fazem os personagens protagonistas         Imagem: Divulgação

No segundo episódio, um personagem que foi criado nos quadrinhos, justamente como uma crítica a esse ponto, foi apresentado à trama. O personagem Isaiah Bradley, vivido por Carl Lumbly, lutou na Segunda Guerra Mundial. Buscando recriar o super soro que transformou Steve Rogers no Capitão América, o exército norte-americano selecionou 300 soldados negros como cobaias. Para acobertar os testes, o governo americano executou o pelotão inteiro, do qual retirou os soldados e informou às famílias nos EUA que todos – incluindo aqueles que passariam pela experiência – morreram em combate. Entre esses selecionados, apenas cinco sobreviveram aos experimentos, incluindo Isaiah, com o soro causando deformidades em alguns deles.

 

O personagem Isaiah Bradley lembra o triste episódio do estudo de Tuskegee               Imagem: Divulgação

O enredo é inspirado em um episódio real: o Estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee, um experimento médico que envolveu 600 homens negros e foi conduzido sem o benefício do consentimento informado dos pacientes – e muitos inclusive tiveram danos cerebrais devido à pesquisa. Em 1932, o Serviço de Saúde Pública e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA firmaram parceria com o Instituto Tuskegee, uma universidade predominantemente negra, para testar os efeitos prolongados da sífilis em homens negros. Seiscentas pessoas foram selecionadas para o estudo de Tuskegee, sendo 399 infectadas sem saber pela sífilis, com 201 homens não infectados servindo como grupo-controle. Eles foram usados como cobaias para monitoramento e o estudo só foi encerrado nos anos 1970.

Nos quadrinhos, Isaiah se torna uma lenda na comunidade negra. Heróis negros personificados como Luke Cage, Pantera Negra e Tempestade o reverenciam. Personalidades das áreas política e cultural do mundo real, como Malcolm X, Mandela, Angela Davis e outros também. Outros super-heróis e produções também já fizeram duras críticas nesse sentido: Luke Cage, outro super-herói do universo da Marvel, ganha seus poderes na cadeia por meio de experimentos com o mesmo soro.

Por irônica coincidência e para nossa infelicidade como brasileiros, no mesmo dia em que Isaiah foi apresentado na série, a apresentadora e cantora brasileira Xuxa declarou que era favorável a usar pessoas encarceradas como cobaias para experimentos de remédios e vacinas pois “pelo menos eles serviriam pra alguma coisa”.

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