Canguçu sedia Geração e Distribuição da Chama Crioula 2022

Por Jéssica Timm  

Evento acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto na 21ª Região Tradicionalista

 

Na 73ª Geração e Distribuição da Chama Crioula do Rio Grande do Sul, o destino sede será o município de Canguçu, 21ª Região Tradicionalista. Previsto para ocorrer nos dias 12 e 13 de agosto, o evento está sendo organizado pela Comissão Executiva de Evento e pelo Departamento de Cultura de Canguçu.

O acendimento da Chama Crioula, marco de abertura dos Festejos Farroupilhas no Rio Grande do Sul, percorre as principais regiões tradicionalistas. É carregada por grupos de cavaleiros, que espalham o fogo em símbolo da coragem, a união dos povos e o amor do gaúcho pela sua terra.

Centelha da Chama Crioula chegando em 2019 em Canguçu               Fotos: Jéssica Timm

Conforme informado pela coordenadora do Departamento de Cultura, Roberta Oliveira, a expectativa para a realização do evento de Geração e Distribuição da Chama Crioula em Canguçu é grande, tendo em vista, que houve o seu adiamento por dois anos consecutivos, em 2020 e 2021, devido à pandemia de Covid-19.

“Esperamos proporcionar um grande espetáculo aos presentes. Assim, como planejávamos fazer em 2020, quando foi necessário adiar as festividades devido à pandemia. Em 2021, houve a mesma questão e um novo adiamento. Agora, graças ao avanço da vacinação, estamos finalmente próximos de realizar esse importante evento tradicionalista em Canguçu”, destacou.

No dia 12 de agosto, além do acendimento da Chama Crioula, haverá ainda o espetáculo “Liberdade, pelas asas do Gavião”, que contará a história do canguçuense, Joaquim Teixeira Nunes, o coronel Gavião, grande líder dos Lanceiros Negros Farrapos. A apresentação será realizada no Parque Turístico Nossa Senhora da Conceição, de forma aberta e gratuita ao público.

“Estamos trabalhando muito para possibilitar que o evento seja realizado com a sua devida proporção. Passamos por dois adiamentos em razão da pandemia e, agora, estamos com uma perspectiva positiva de que Canguçu, enfim, conseguirá realizar a geração e distribuição da Chama Crioula”, declarou o prefeito de Canguçu, Vinicius Pegoraro.

Prefeito de Canguçu, Vinicius Pegoraro, projeta um grande evento

No momento, a Comissão Executiva está em tratativas para definir os roteiros da Chama e os locais de acampamentos. No último mês, o presidente da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul (ORCAV), Ildo Wagner, esteve na cidade para acompanhar essas definições e o planejamento do evento.

A previsão é que Canguçu receba cerca de mil cavaleiros e mais de 4 mil pessoas nos dias de evento, fator que aquecerá os setores como hotelaria, alimentação, entidades tradicionalistas, entre outros setores da economia.

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Rapper, polidancer e mãe: A sociedade está preparada?

Por Júlia Koenig    

Liddia Krolow fala da experiência de ser rapper e, ao mesmo tempo, exercer a maternidade

A figura materna é cercada de crenças e estereótipos que, apesar de muitas vezes ultrapassados, atravessam a vida das mulheres e mães contemporâneas das mais diversas formas. Para fomentar o debate sobre as dificuldades de ser uma mãe que não corresponde exatamente às expectativas da sociedade, convidamos Liddia Krolow, rapper e polidancer para uma conversa aberta sobre suas vivências como mãe e profissional do âmbito artístico.

Liddia e sua filha nos bastidores do clipe “Luz”             Fotos: Acervo pessoal da artista

Arte no Sul – Trabalhar no meio do rap por sí só já traz na vivência a questão do machismo quase que diariamente, lidar com o machismo de forma tão intensa te afeta como mulher, mãe e profissional?

Liddia – Antes de eu entrar no meio do rap, achei que seria acolhida, mas quando estamos inseridos no meio é que começamos a ver onde está o machismo nosso de nada dia, né. E comigo não foi diferente. Os caras, quando estão trabalhando no rap, só precisam se preocupar com o trabalho deles. Normalmente, os meios são muito mais acolhedores para eles que são homens. Já nós mulheres enfrentamos o machismo e, se não cuidar a cabeça, tu te afetas mesmo, porque é questão de menosprezo, de não ter oportunidade para trabalhar, de sofrer assédio nos estúdios. Ou seja, quando somos mulheres, além de fazer o nosso trabalho, ainda temos que driblar todos os assédios e o fato de nos subestimarem. E, como mãe, obviamente me afeta porque eu tenho que ensinar a minha filha a se defender. E não tem como eu dizer que ela está cem por cento segura em qualquer meio que ela esteja.

Arte no Sul – Eu observei nas suas redes sociais que não há publicações com a tua filha. Isso é porque tu buscas não expor a tua vida privada ou tem relação com assédio? E uma tentativa de protegê-la da exposição?

Liddia – A gente não divulga muita coisa assim porque temo o histórico de pessoas que me assediaram e assediaram a ela também. Sempre tem aquele comentário assim “ah tua mãe é mó gostosa”. E, se ousarem falar pra mim, “ah tua filha é mó gostosa”, eu já nem converso mais, porque acho isso de uma deselegância. Então, a gente optou por ser um pouco mais seletiva e não é por causa nossa. O mundo não é um lugar muito confortável, não é muito seguro pra nós mulheres. Por eu já ter sido muito ameaçada, inclusive de estupro, de espancamento e de morte, eu tento evitar. Recentemente tem acontecido muitas coisas que eu não estou levando a público nas minhas redes sociais, para não dar margem para outras pessoas pegarem como exemplo. Mas tem gente batendo na minha porta, me seguindo no trabalho, às vezes, sofro ameaças. Então, é melhor evitar por causa dos caras.

Gravação do clipe “Badbitch”: sem medo de dizer o que pensa

Arte no Sul – As mulheres são bombardeadas de estereótipos por todos os lados, por trabalhar rap e também com sensualidade, tu sofres ou já sofreu ataques no sentido de não ser uma “boa mãe”?

Liddia – Não só de não ser uma boa mãe, mas como de não ser um exemplo, né, porque as pessoas querem te ver como um exemplo quando tu estás exposta publicamente. Mas eu não quero isso, eu sempre deixo muito claro nas minhas redes sociais que eu não estou aqui para ser exemplo. Estou aqui para contar a minha história antes que alguém conte errado, e é óbvio que a minha palavra vai ser colocada em jogo porque eu me exponho, exponho meu corpo, exponho o que eu penso [pausa]. Então eu tento lidar com as coisas da melhor maneira possível, tento ser a mais verdadeira possível ali, naquele momento, e criar uma identificação com o público. O que eu acho que é legal eu repasso. E o que acho que não é legal, às vezes, repasso também, porque a gente não é só coisa boa, somos um combo de coisas ruins e boas. Acho que a gente tem que aprender a falar sobre tudo e não ter vergonha disso.

Arte no Sul – Através das tuas redes sociais, tu transmites uma imagem de mulher forte, empoderada, dona de si. Essa é a mulher que tu escolheste ser ou a que precisou ser?

Liddia – Eu não escolhi não. Nasci um pouco assim, tem relatos na família de que eu já era assim. Lembro de muita coisa de quando era criança. Acho que acabei ficando assim por conta de tudo que eu tive que passar. Não sei se chegou a ser uma escolha ou necessidade, acho que mais necessidade do que escolha porque foi meio que sem pensar muito. Quando eu me dei conta, já era assim. Eu nunca engoli muito o conformismo com o machismo. Ouvi muito na minha família que “os homens são assim mesmo”. E eu nunca gostei disso, nunca aceitei e nunca vou aceitar! Eu sempre fui considerada uma mulher à frente do seu tempo e isso dói pra caralho, tá?! Não é uma coisa que nos deixa cem por cento do tempo satisfeita, dói bastante.

Fotos das gravações do clipe “Luz”

Arte no Sul – Os ataques e assédios que tu sofres já te fizeram pensar em desistir?

Liddia – Todos os dias tem alguma coisa que me faz pensar em jogar o rap pro alto e, ao mesmo tempo, todos os dias tem alguma coisa que me puxa de volta. Isso saiu até em umas cartas minhas. Eu pensava em desistir muitas vezes porque às vezes é foda, é horrível. São os próprios “amigos” do cara, sabe? Coisas que a gente vai notando, coisas que a gente ouve e, se a gente ratear, desiste mesmo. Mas acho que isso não é uma exclusividade do rap. Em todas as profissões que são majoritariamente compostas por homens, vai ter uma mulher que vai parar uma hora e vai pensar “meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?”. Mas aí a gente acaba pensando que, se não formos nós a fazer isso, quem vai fazer?

Arte no Sul – Nesses momentos que tu pensaste em desistir, o que te manteve firme?

Liddia – Ter certeza de que eu estava certa, de que isso é uma coisa mutável, o comportamento humano e a sociedade em geral levam tempo, mas mudam com o passar dos anos. Então, eu me mantive firme por conta dessa certeza que eu carrego de que eu estou fazendo o que eu tenho que fazer.

Arte no Sul – Você tem algum recado para as mães e mulheres que, assim como tu, sofrem com estigmas em relação ao trabalho ou à forma como levam a vida?

Liddia – Tenho, se tem uma coisa que eu desejo para nós mulheres é resiliência, porque vontade de desistir nós vamos ter, mas temos sempre que voltar mais fortes. Eu acho que, independente da profissão que a gente escolhe, independente dos caminhos para que a vida leva a gente, a gente tem que se manter firme e procurar ter certeza do que a gente quer. Só quando temos certeza do que queremos é que a gente consegue chegar a algum lugar. Tem uma frase que gosto muito: “eu não posso parar o que eu estou fazendo para cada cachorro que latir para mim durante o meu caminho”.  Não tenho como parar, entendeu? Tem coisas muito mais importantes em jogo para uma mulher do que ela ficar ligando para a opinião alheia ou para alguém que está dizendo que ela não pode fazer determinada coisa.

Rapper deve lançar novo clipe em breve

Arte no Sul – A pergunta que não pode faltar, o que podemos esperar agora? Tem algum trabalho para ser lançado nas próximas semanas?

Liddia – Estou terminando um clipe agora, montei um podcast também e gravando som. Então, estou trabalhando bastante, trabalhando quietinha e podem esperar bastante trampo nesse ano.

Veja neste link o clipe “Luz”

Clipe “Badbitch”

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A volta aos tablados nos CTG’s

Por Vivian Domingues Mattos   

A retomada das danças nos Centros de Tradição Gaúcha canguçuenses no pós-pandemia

                      O Grupo Sentinela das Coxilhas promove cultura e música gaúchas na cidade de Canguçu           Fotos: Vivian Domingues Mattos

A integração e o contato entre colegas, presenciado nas danças tradicionalistas dos Centros de Tradições Gaúchas (CTG’s) do Rio Grande do Sul, esteve paralisado temporariamente pela pandemia de Covid-19. Agora, após as flexibilizações sanitárias permitirem maior contato, as atividades foram retomadas gradualmente e, no município de Canguçu, não foi diferente.

Incluído na 21ª Região Tradicionalista, Canguçu é uma terra que culturalmente mantém viva as tradições gaúchas e campeiras, principalmente as que envolvem as atividades em entidades tradicionalistas. Assim, o retorno das atividades dos CTG’s aconteceu de forma gradual, seguindo os protocolos indicados pelo município.

O Grupo Sentinela das Coxilhas é um dos oito CTG’s em atuação no município

Retomada gradual das atividades

Conforme levantamento da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura da Prefeitura, o município de Canguçu tem ao todo oito CTG’s ativos. O retorno das atividades ocorreu de forma sucessiva e contou com a elaboração do Programa Municipal de Retomada das Entidades Tradicionalistas pós-pandemia.

Entre as realizações de fomento cultural do folclore gaúcho, como declamação, canto e rodeio, estão as danças tradicionalistas que envolvem esforço e condição física ao serem realizadas.

O dançarino de 19 anos, integrante da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Diego Chico da Silva, comenta que a retomada dos ensaios foi estranha inicialmente e desconfortável. “Logo no começo nós cansamos bastante pelo uso da máscara, era difícil de interpretar e complicou bastante”, descreve.

O CTG Joaquim Paulo de Freitas pratica atividades do folclore gaúcho como as danças tradicionalistas

 

O peão de 24 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Henrique dos Santos Romel, explica que no início existia uma ansiedade sobre poder retornar ou não e que a pandemia mudou a vida em muitos aspectos, principalmente, quando ocorre o contágio por Covid-19 com algum integrante do grupo. “Sempre teve aquela dúvida de se vamos poder retornar ou não? Também é um momento de desafios e de uma vida nova, já que a pandemia mudou tudo, não só no sentido sanitário, mas como ser humano. A gente passou a pensar em cuidar mais do próximo, tentar evitar tantas aglomerações no início e se colocar mais no lugar do outro”, diz.

A prenda de 20 anos do CTG Joaquim, Joana Kohls, comenta que o uso de máscara atrapalhava a respiração e contribuiu para um maior cansaço nos ensaios. “Dançando e se movimentando nós acabamos suando muito o rosto, mas, como é algo que gostamos de fazer, não nos impedia de dançar”, lembra.

A integrante de 15 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Tahuana Bertinetti, despertou a paixão pela dança na infância e para alguém acostumada ao ritmo de ensaios, apresentações e concursos, retornar é uma experiência diferente, mas recompensadora. “No começo foi estranho voltar e me adaptar de novo à rotina, passei um pouco mal no início, até me acostumar, mas amo dançar, sempre foi algo que gostei. Toda experiência é sempre gratificante, sabe?”, destaca.

Os instrutores Karine Schwartz Gehrmann e Mauricio Gomes  estão à frente dos ensaios do CTG Sentinela das Coxilhas

 

A paralisação das danças para quem vive dela

O amor pelo tradicionalismo é algo em comum para o casal de ensaiadores Karine Schwartz Gehrmann e Mauricio Gomes. Dividindo a vida e os palcos, ambos os instrutores têm a dança como a principal forma de trabalho e, dentre suas turmas, estão à frente dos ensaios do CTG Sentinela das Coxilhas.

Há cerca de 10 anos atuando como instrutora, Karine comenta que a pandemia foi um período desafiador. No trabalho diário, ela mantém um contato frequente com crianças, adolescentes e adultos, que durante o isolamento, deu lugar à distância. “No início, nós tentamos fazer aulas remotas e não deu certo, porque a dança é o contato, né? É estar junto, tu estares presente, pegares na mão e ensinar, já não era a mesma coisa”, comenta.

Durante a pandemia, Karine engravidou de sua filha, Ana Clara, agora com dois anos de idade. Ela comenta que a gestação contribuiu para aliviar os sentimentos no período. “Ela veio para amenizar um pouco a dor que é estar longe das pessoas que a gente gosta. Por isso, digo que não foi tão difícil, mas foi um momento que eu rezo muito todos os dias para não retornar”, diz.

O companheiro e instrutor, Maurício, reforça que a pandemia foi uma quebra de rotina e de convívio. Ele comenta que principalmente na categoria juvenil, os relatos de aumento de ansiedade e desmotivação eram mais frequentes. “A gente esperava todos os dias um avanço. Tínhamos aquela esperança, de que iria melhorar, mas vinha uma onda, depois a outra onda, então foi bem angustiante, principalmente nos primeiros meses”, descreve.

Atualmente, ambos retornaram com o ensaio dos grupos, recomeçando com turmas maiores do que antes do período de isolamento.

A rotina de ensaios do CTG Joaquim Paulo de Freitas foi interrompida  durante a pandemia

 

A dança como equilíbrio emocional

Há cerca de um ano e seis meses, a prenda do CTG Sentinela das Coxilhas, Bruna Riemer Silveira, explica que foi diagnosticada com depressão, ansiedade e transtorno de pânico. Para ela, a dança é uma forma de apoio à saúde mental e os aprendizados são um ponto de calma durante a rotina. “É como se quando eu colocasse meus pés nesse salão e ligasse a música, todos os sentimentos baixassem, deixando espaço para concentração e uma sensação de bem-estar. A dança é a única coisa que eu penso naquele momento”, comenta.

Já para o peão de 19 anos, integrante da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Gabriel Nunes, a dança gera uma rotina de ensaios e uma dedicação diária que foi quebrada durante a pandemia. Dançarino há mais de dez anos, ele comenta que foi um período difícil para paralisar repentinamente uma atividade que é sua paixão. “A dança em si me traz tranquilidade, uma paz e alegria. Senti falta do companheirismo com o grupo e tentava procurar isso em outras atividades, mas não é a mesma coisa”, diz.

Tradição que envolve gerações

No envolvimento e encontro com a cultura gaúcha nos CTG’s, muitos integrantes acabam tendo contato com a dança ao apoiar um familiar que está inserido neste cenário, transmitindo a paixão pelo tradicionalismo.

A prenda de 37 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Fabrine Simões Nunes, ingressou na dança por conta de seu filho, acompanhando-o nos ensaios. Por conta de seu envolvimento na atividade, aceitou um convite para ingressar como dançarina na invernada adulta. “Sempre gostei da dança, sempre foi um sonho, mas nunca tive oportunidade. Meu filho, que agora tem 14 anos, foi convidado para dançar e consequentemente nos levou para o CTG”, diz.

Fabrine acompanhava o filho nos ensaios e apresentações, contudo, ainda não havia tido a experiência de participar de um grupo de dança. “No início eu fiquei meio receosa, com medo, mas depois que eu comecei, foi a realização de um sonho e, ainda melhor, podendo dançar junto com meus filhos”, afirma.

No período de isolamento social, Fabrine comenta que a ausência dos ensaios fez falta na rotina. Ao retornar, ela explica que as reuniões feitas antes na sede campeira do CTG Sentinela da Coxilhas, próxima à sua casa, foram adaptadas agora para a cidade, devido ao aumento de membros na região. Mesmo assim, ela se propôs a continuar na atividade pelos filhos e por si mesma,

Já para o peão de 36 anos, também do CTG Sentinela das Coxilhas, João Dolizete Maia Ferreira, sua história como dançarino é semelhante à de Fabrine. No início, Dolizete acompanhava suas filhas nos ensaios e criou, assim, afinidade com a atividade. O envolvimento com as filhas no CTG despertou a vontade de dançar e o incentivou a participar como dançarino na categoria adulta.

Para Dolizete, a paralisação das atividades foi a quebra de um ritmo, tornando a retomada um pouco difícil para alcançar o mesmo andamento que o grupo tinha antes. “Os ensaios e apresentações criam um envolvimento. Tu ficas sempre em uma correria na rotina. Chegas do trabalho, tomas um banho, acompanhas os horários para chegar aqui e começar as atividades com o grupo. Fica mais complicado para começar a reagir de novo, mas é tudo muito gratificante”, diz.

Laços criados pelo ritmo

O convívio diário e a construção de harmonia com o grupo, gera relações de amizade e companheirismo entre os colegas, sendo um dos aspectos ressaltados como uma falta durante o período de isolamento na pandemia de Covid-19.

O peão de 27 anos da invernada adulta do CTG Sentinela das Coxilhas, Guilherme Costa, tem a dança como uma forma de contato com os amigos e foi incentivado pelos seus atuais instrutores a pisar pela primeira vez no tablado, assim, partilhando um compromisso e os acompanhando onde for preciso. “O que eu mais estranhei nessa época de pandemia foi me afastar dos meus amigos. Com o passar dos anos eu criei muitas amizades dentro dos CTG’s e senti falta do convívio com o pessoal”, diz.

A prenda de 17 anos da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Bibiana Quintana Mattos, comenta que sentiu falta do convívio e ensaios com o grupo no período de isolamento. “Às vezes, o nosso patrão do CTG enviava alguns vídeos no grupo e rever os nossos ensaios aumentava a saudade”, exclama.

Desde cedo, o peão de 19 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Renan Neitzke Munsberg, esteve envolvido com o tradicionalismo em sua vida e, após um período afastado das danças, a identificação com o grupo foi o incentivo que precisava para retornar. “Eu sempre tive vontade de voltar a dançar, sabe? Eu me identifiquei muito com o pessoal do grupo e me senti acolhido por eles, por isso, escolhi voltar”, relata.

No momento, as entidades tradicionalistas estão focadas na retomada de ritmo para as futuras apresentações e ansiosas pela volta aos tablados.

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Vozes do Silêncio: a invisibilidade do indivíduo negro no sul do Brasil

Por João Pedro Cardozo Macedo    

Artista pelotense roteiriza curta-metragem que apresenta seu novo álbum musical

                         Zudizilla é considerado principal rapper gaúcho da atualidade               Foto: Divulgação 

Março de 2022 foi um período de muitos lançamentos para o rapper pelotense Zudizilla, com o álbum “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)”, segundo da trilogia Zulu, processo que ele vem trabalhando desde 2019. O filme curta-metragem “Vozes do Silêncio” complementa o álbum lançado este ano e tem como tema a invisibilidade da negritude no Rio Grande do Sul, pauta muito abordada pelo artista em suas obras.

Roteirizado pelo próprio Zudizilla, o curta conta com o apoio da Natura Musical e foi financiado pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, com inúmeros artistas no elenco e com a participação especial da pesquisadora Winnie Bueno. O filme conta com poucos diálogos e com closes fechados, o que valoriza muito o trabalho dos atores Agnes Mariá, Dona Conceição, Faylon Lima e Lucas Khallid. Temas como violência policial, desigualdade social e ser reconhecido em seu espaço foram pautas bastante aprofundadas no curta.

Apesar de ser um filme complemento do álbum, a trilha sonora foi feita apenas com instrumentais das músicas da obra, com a voz de Zudizilla sendo ouvida apenas no final do curta, o que acabou gerando certo impacto negativo, já que as letras ajudariam a fortalecer a ideia do filme. Muitas simbologias utilizadas também são pontos importantes da obra, como quando é falada a frase “Só não tinha preto” em determinada cena. Esta frase é colocada no mudo quando dita, podendo ser reconhecida apenas pelo movimento da boca e pela legenda do filme, e não há nada mais explicativo do que tornar a invisibilidade do povo preto no Sul como algo que não pode ser ouvido.

Outra cena que chama bastante atenção é a de uma mão deixando cair um prato com quindim no chão e o prato se quebrando. Logo após esta cena, os personagens de Agnes Mariá e Faylon Lima acabam discutindo sobre Pelotas, a cidade do doce e que, de doce, ela não tem nada. Agnes ainda faz uma crítica ao quão importante é ela estar no meio de manifestações do povo preto, afinal ela ainda tem necessidades e precisa de dinheiro para sobreviver. É interessante citar os nomes dos personagens falados neste diálogo: Zulu, César e Maninho. Separados no curta, eles fazem parte do indivíduo Zudizilla, que dá um pouco do seu modo de ser a cada um deles.

O filme é um curta que merece ser visto mais vezes para ser melhor entendido, e de preferência é bom ouvir “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)” para ter uma ideia melhor do que significam estas obras. No final do filme, os personagens chegam a uma conclusão do que fazer para serem reconhecidos em meio a um espaço que os invisibiliza, e a mensagem deixada é a mesma que inicia o filme: “A gente TEM que sair daqui”.

Sobre Zudizilla

Zudizilla é um rapper, designer, roteirista e artista gráfico pelotense que para poder viver da música teve que se mudar para São Paulo. Com um repertório vasto de três álbuns bem aclamados pelo público: “Faça a Coisa Certa”, “Zulu, Vol. 1: De Onde Eu Possa Alcançar o Céu Sem Deixar o Chão” e “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)”, o rapper nascido e criado no bairro Guabiroba sempre procura trazer suas origens para a música com pautas que precisam ser ditas e ouvidas pela sociedade. O artista é um dos maiores nomes artísticos hoje no Rio Grande do Sul, sendo reconhecido por grandes nomes da música e do rap nacional, como o rapper de São Paulo, Emicida, com quem já tem uma música em parceria.

Ele e sua esposa, a cantora baiana Luedj Luna, vivem em São Paulo com seu filho Dayo. Mesmo assim, Zud sempre procura pelo menos uma vez ao ano aparecer em Pelotas e fazer um show para a sua gente. O artista já está trabalhando no último álbum da trilogia Zulu e espera-se que mais uma obra-prima seja feita pelo rapper pelotense.

Veja o filme neste link

Ouça o álbum neste link

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“The Love Hypothesis”: Romance e Ciência

Por Evelise Goulart Soares    

Complicações amorosas no meio científico fazem de obra literária sucesso nos Estados Unidos

Neurocientista e professora, Ali Hazelwood também escreve romances           Foto: Divulgação

“The Love Hypothesis” é o primeiro livro de romance publicado pela autora Ali Hazelwood. Lançado em setembro de 2021, pela Berkley Books, o livro é um dos best sellers destacados pelo jornal estadunidense New York Times. Em pouco tempo, tornou-se um fenômeno no TikTok. Sua versão traduzida será publicada ainda em 2022 pela editora Arqueiro no Brasil.

O livro conta a história de Olive, uma estudante de Biologia, em seu terceiro ano de PhD, e Adam Carlsen, o professor mais severo de Stanford. A jovem não acredita muito no amor, e tem várias hipóteses sobre isso. O problema dela é sua amiga Ahn, uma romântica incurável. Ahn é apaixonada por Jeremy, ex-namorado de Olive, mas as duas têm uma regra, nunca namorar o ex da outra.

Sabendo que Jeremy e Ahn são perfeitos um para o outro, Olive decide mentir, e dizer para a amiga que não tem interesse em Jeremy e que eles podem ser um casal, porque ela já está namorando outra pessoa. O que ela não esperava é que Ahn fosse precisar de provas.

É isso que faz com que ela beije um completo estranho em um momento de pânico nos corredores do laboratório. Para o seu desespero, esse homem não é ninguém menos que o Dr. Carlsen, o professor mais ranzinza de toda Stanford.

E é aqui que o romance começa, depois de muita discussão, os dois entram em um acordo, fingir estar em um relacionamento. Olive faz isso para convencer a amiga e Adam, bom, ele tem seus próprios motivos.

Capa faz do livro uma atração nas redes sociais

Quando se depara com as pessoas no TikTok falando sobre esse livro, o que mais chama atenção é a capa. Sim, não devemos julgar um livro pela capa, mas esse tem a capa mais fofa. E mesmo que a beleza não seja tudo, deve-se dar uma chance e, pasmem, é, sem dúvida, uma das melhores leituras que o booktok já indicou. As pequenas definições das hipóteses no começo de cada capítulo são simplesmente perfeitas.

Mesmo sendo uma leitura leve e engraçada, a autora aborda temas importantes como o tratamento das mulheres no meio científico, mostrando o quão difícil e preconceituoso o contexto dos e das cientistas consegue ser. Mas também o que a persistência e a força de vontade podem alcançar.

O livro tem conteúdo para todos os gostos, romance slowburn, com o envolvimento entre as personagens aumentando aos poucos, relacionamento falso, uma pitadinha de conteúdo adulto, uma protagonista demisexual (quando a pessoa só sente atração por quem ela já tem algum tipo de ligação emocional ou intelectual), romance, romance e mais romance. Porém vale a pena ressaltar que, além de toda a parte divertida, também aborda temas como assédio, morte e violência. Então, se você é sensível a algum desses conteúdos, esteja avisado.

O romance é muito bem construído, toda a história em si é muito bem pensada, os personagens são cativantes, fazendo com que o livro não gire apenas em torno dos protagonistas, dando uma certa profundidade à história, o que acaba realmente prendendo o leitor. Se prepare para sofrer com Ahn, rir muito com Malcolm e, é claro, apaixonar-se junto com Olive e Adam. Enfim, esse livro vai te fazer rir, chorar e corar de vergonha. É, sem dúvida, uma das experiências mais divertidas e faz jus à fama que tem.

Além disso, Ali Hazelwood merece toda o hype em cima do seu trabalho, afinal além de ser neurocientista e professora, no seu tempo livre, ela ainda escreve livros de romance sobre garotas empoderadas que conquistaram seu lugar no meio científico. E, não só isso, como também encontraram o amor sem precisarem abrir mão dos seus sonhos. Afinal as garotas podem, sim, ter tudo.

Saiba mais sobre a autora e sua obras neste site na língua inglesa.

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Feira do Livro da FURG celebra a literatura

Por Rayla Ribeiro e Vitor Porto    

Comunidade prestigiou evento que durou 12 dias e atraiu mais de 50 autores  

Foi realizada entre os dias 4 e 15 de maio, na Praça Didio Duhá, no Cassino, a 48° Feira do Livro da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Foram 12 dias repletos de atividades literárias, artísticas e culturais, palestras e sessões de autógrafos, com a presença de mais de 50 autores. A edição foi marcada pelo reencontro da comunidade rio-grandina, que compareceu em peso para prestigiar o evento e superar as expectativas dos organizadores.

                  Evento é retomado após período de isolamento da pandemia                 Foto: Rayla Ribeiro

O pró-reitor de Extensão e Cultura da FURG, professor Daniel Prado, ressalta a importância da retomada do evento de forma presencial para a instituição. “A Universidade teve novamente, mesmo dois anos sem a Feira do Livro e sem atividades cem por cento presenciais na universidade, a capacidade de reorganizar os vários atores e apoiadores que fazem a Feira do Livro acontecer”.

O evento também é muito significativo para a comunidade, já que esta edição da Feira tem um “papel simbólico de retomada”. Voltou ao encontro dos rio-grandinos que prestigiam a “promoção da cultura, tecnologia, ações extensionistas, renovação e criatividade que se produzem dentro da universidade para a comunidade”, descreve o pró-reitor.

A estudante da FURG, Valéria Vaz, emocionou-se ao reencontrar a Feira que frequenta desde que era criança. “Eu fiquei muito feliz que a Feira do Livro voltou, eu venho desde que era criança com meus pais e senti muita falta nesses últimos dois anos de pandemia”.

Autores locais foram prestigiados pela Feira        Foto: Rayla Ribeiro

Escolas na Feira do Livro

Uma das peculiaridades da edição deste ano foi a grande presença de escolas municipais e estaduais. Tradicionalmente, a feira ocorre no mês de fevereiro, durante a temporada de veraneio no Balneário Cassino, mas esse ano, devido à pandemia, ela aconteceu pela primeira vez no outono, durante o ano letivo. E as escolas marcaram presença neste ano.

Durante os 12 dias de evento, mais de 4500 crianças e cerca de 30 escolas da cidade circularam pela Rua das Crianças e nas atividades culturais. A organização preparou uma programação especial para os estudantes, focando principalmente nos alunos das séries iniciais e da educação infantil.

Feira é estímulo para jovens descobrirem prazer da leitura Foto: Rayla Ribeiro

48ª edição tem sucesso na venda de livros mesmo após pandemia

“O Boto Charlie”, de Ivonei Peraça, é um dos mais vendidos

Durante todo o evento foram vendidos 8.449 exemplares de livros nas bancas da feira, segundo o Sistema de Bibliotecas da FURG. Os livros de desenhar e colorir foram os queridinhos dessa edição. Abaixo você confere os cinco títulos mais vendidos no evento de acordo com a Universidade Federal do Rio Grande.

1º – Livros de colorir/desenhar (diversas editoras)

2º – Histórias em quadrinhos / Mangá

3º – Histórias em quadrinhos de heróis – Marvel/DC Comics

4º – Recomeçar – Wagner Passos

5º – O Boto Charlie – Ivonei Peraça

Jornalista rio-grandino

O jornalista e apresentador de TV rio-grandino Marcelo Cosme foi a principal atração do último dia do evento. Marcelo participou de uma sessão de autógrafos de seu último livro, “Talvez Você Seja… Desconstruindo a LGBTfobia que Você nem Sabe que Tem”. O jornalista traz uma coletânea de relatos pessoais e entrevistas para lançar uma nova perspectiva sobre o tema da LGBTfobia.  “Este é um livro que nos permite discutir um pouco sobre a sociedade em que vivemos, os preconceitos que ainda estão por aí e que precisamos derrubar, para que possamos viver um mundo mais harmônico e respeitoso”, descreve o autor.

Marcelo Cosme marcou presença

Show de encerramento

Para fechar a 48° Feira do Livro com chave de ouro, o “Baile da Tamborada” fez uma apresentação que agitou o público. Uma mistura de afrosamba com toques de músicas gauchescas na arena cultural. O grupo apresentou uma nova cara para a música tradicionalista, com representação de diversas culturas que construíram a região sul do Brasil.

Na cerimônia de encerramento, o vice-reitor da FURG, Renato Duro Dias, não escondeu a emoção e já deixou o convite para o próximo ano. “Esta foi a feira dos reencontros e dos abraços. Sentimos uma mescla de alegria e gratidão, pois nesse momento crescente da volta das atividades presenciais, podemos realizar nossa feira. Espero nos reencontrarmos na 49ª Feira do Livro”.

O pró-reitor de Extensão e Cultura da FURG ainda fala sobre o futuro do evento e deixa em aberto possíveis realizações fora do veraneio. “O importante foi termos realizado a Feira, e temos indicadores para tomarmos as decisões. Uma série de questões serão ponderadas a partir de agora”.

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Documentário denuncia irresponsabilidade de empresa aérea ao priorizar lucros

Julya Bartz Boemeke Schmechel        

Filme “Queda livre” surpreende telespectador ao retratar tragédia e ganância nos dois acidentes da Boeing em 2018 e 2019 

O documentário “Queda livre: a tragédia do caso Boeing” lançado em fevereiro deste ano, na Netflix, revoltou muitos telespectadores. O título reúne depoimentos de jornalistas, especialistas aeronáuticos, políticos, pilotos e familiares das vítimas envolvidas nos acidentes que ocorreram em 2018 e 2019 com um mesmo modelo de avião: o Boeing 737 Max. Com pouco mais de uma hora e meia de duração, o documentário acompanha a luta das famílias em busca de esclarecimento e a devida responsabilização da Boeing pelos trágicos acidentes.

Conhecido como o meio de transporte mais seguro do mundo, o avião atravessa mares e continentes, levando pessoas a diversos lugares diariamente. Segundo a matéria publicada pela revista Superinteressante em 2018, existem mais de 33 mil aviões comerciais no mundo, pertencentes a 1.016 empresas aéreas. E a Boeing sempre foi a empresa de maior prestígio no setor aeroespacial. Fundada em 1916, o primeiro voo realizado pela empresa foi em 1919, com o Boeing B-1. Há um velho ditado na aviação que diz: “Se não for Boeing, eu não vou”. 

O repórter Andy Pasztor, repórter há mais de 20 anos no Wall Street Journal, reforça em sua participação no documentário que a Boeing possui uma posição marcante na indústria.

Tudo começou a mudar em 1996, no entanto, quando ocorreu a fusão entre Boeing e McDonnell Douglas (fabricante de aviões norte-americana), como uma tentativa de se manterem competitivos no mercado. A partir desta fusão, a reputação da Boeing começou a desmoronar. Ex-funcionários explicam que o diretor executivo da McDonnell Douglas acabou ocupando o mesmo cargo na Boeing e tudo começou a girar em torno de dinheiro e rentabilidade. 

Os líderes da McDonnell aceleraram o processo de transformar a Boeing em uma empresa centrada nos lucros. Assim, todos os aviões precisavam ser fabricados a custos mais baixos.

Quando a concorrente Airbus começou a deslanchar com a qualidade de seus modelos, a Boeing encontrou-se em um cenário extremamente competitivo e pressionou ainda mais a produção de aviões. Com isso, o foco absoluto em segurança, que era tradicional da Boeing, foi comprometido.

O modelo 737 Max surgiu com a intenção de superar a Airbus. O modelo não era novo: somente foi feita uma adaptação em um modelo já existente, para economizar tempo e dinheiro, já que um novo projeto de avião leva anos para ficar pronto. O desespero para ultrapassar (ou pelo menos acompanhar) a concorrente, resultou no “nascimento” do 737 Max.

                      Modelo Boeing 737 Max surgiu como projeto para superar a concorrência                                   (Imagem: Melhores destinos)

JACARTA, INDONÉSIA – 2018

Em 29 de outubro de 2018, um Boeing 737 MAX da companhia Lion Air, caiu 13 minutos após sua decolagem em Jacarta. O modelo era novo, a empresa havia o recebido em agosto, apenas dois meses antes da queda. O avião contava com 189 pessoas a bordo e a culpa pela queda caiu sob o piloto, Bhavye Suneja.

Segundo John Cox, especialista em aviação, “O gravador de dados de voo mostra que logo após a decolagem, houve uma pane no indicador de ângulo de ataque da esquerda. É um sensor localizado nos dois lados do avião, que mede o ângulo do nariz durante o voo”. Na ocasião, ninguém pensou que o problema fosse no avião, principalmente por ser um modelo Boeing. 

Teria ocorrido um problema com o estol, que significa perda de sustentação. Acontece quando o avião não consegue mais se sustentar no ar e excede o ângulo de ataque crítico O ex-piloto, Sully Sullenberger — conhecido mundialmente por efetuar um pouso forçado bem sucedido em outro voo no rio Hudson —, explica sobre a pane no avião:

“Quando os sensores defeituosos enviaram dados errados para os sistemas do avião, o stick shaker ao lado do comandante vibrou bem alto sua coluna de controle avisando sobre um estol iminente. Mas foi um aviso falso. O avião não estolava, estava voando.”

Na época, a Boeing lançou um comunicado comum, afirmando que não sabia exatamente o que havia acontecido e desejando condolências às famílias. A falta de sensibilidade com os familiares, especialmente por parte do então atual diretor executivo, CEO da empresa, Dennis Muilenburg, mostra muito sobre a postura da Boeing. 

DUAS SEMANAS APÓS A QUEDA

O MCAS significa Maneuvering Characteristics Augmentation System (em português, Sistema de Aumento de Características de Manobra ou Sistema de Estabilização Automática). Trata-se de um software conectado aos sensores de ângulo de ataque.

Por causa das características do novo Boeing Max, quando certos ângulos de ataque eram atingidos a certas velocidades, o avião tendia a estolar. Então o MCAS automaticamente empurrava o nariz do avião para baixo. Ele deveria funcionar em segundo plano, abaixando o nariz do avião suavemente cada vez que detectasse que o ângulo de ataque era alto demais. No caso da companhia Lion Air, um sensor de ângulo de ataque estava quebrado, ativando o MCAS indevidamente.

Em 11 de novembro de 2018, a Boeing publicou um comunicado explicando que, aparentemente, o MCAS havia sido ativado erroneamente. Na ocasião, todos questionaram sobre o que se tratava o MCAS. Somente com o esclarecimento do significado da sigla é que a verdade começou a surgir.

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          Explicação básica do ângulo de ataque entre corda do aerofólio e linha representando fluxo relativo do ar          (Imagem: Blog Aviões & Músicas)

A Boeing disse que a tripulação não respondeu de forma esperada ao não desligar o sistema. O problema é que a Boeing nunca disse aos pilotos que o MCAS estava na aeronave.

O repórter Andy Pasztor, ao entrevistar um executivo sênior da Boeing, ouviu: “Nós nunca informamos os pilotos sobre o MCAS. Nunca explicamos o sistema a eles, porque não queríamos sobrecarregá-los com informações. Tentamos não sobrecarregá-los com informações desnecessárias”.

A declaração chocou o mundo e, ainda assim, a Boeing optou por não parar os aviões de mesmo modelo, afirmando que o avião era seguro e confiável. Afinal, a empresa tinha prestígio para dizer “confiem em nós”.

10 DE MARÇO DE 2019

Apenas cinco meses após a queda do avião da empresa Lion Air, no dia 10 de março de 2019, houve o acidente com o avião da Ethiopian Airlines, que contava com 157 pessoas a bordo. O avião saiu de Addis Ababa e caiu logo após a decolagem.

Além da investigação que estava sendo feita pelo Congresso, as famílias começaram a pressionar para que a Boeing fosse devidamente responsabilizada. Após o segundo acidente, a Boeing reconheceu que o MCAS falhou, mas estava tentando culpar a tripulação etíope, que não teria feito o que devia. 

Logo após o início das audiências, o jornalista Andy Pasztor recebeu mais informações sobre o que aconteceu na cabine da Ethiopian. A FAA (Federal Aviation Administration – Agência Federal de Aviação) informou que a tripulação identificou que o MCAS havia sido acionado e fez o que a Boeing instruiu em um treinamento posterior ao acidente na Indonésia. E mesmo tomando as devidas providências, o avião caiu. 

                     Famílias das vítimas na audiência do Senado em 2019                     (Imagem:Sarah Silbiger/Reuters)

Após negar por muito tempo em colaborar com o Congresso, a Boeing finalmente entregou os documentos requisitados. Através deles, ficou comprovado que a empresa sabia da necessidade de uma reação rápida ao acionamento automático do MCAS. Nos documentos, ficou explícito que os pilotos deveriam identificar o problema e reagir em até 10 segundos, para evitar uma fatalidade. Porém, para evitar gastos com treinamentos extras aos pilotos para explicar sobre o funcionamento do MCAS, a Boeing optou por omitir informações até mesmo sobre a existência do dispositivo.

Após esta descoberta, o Boeing 737 Max ficou sem voar por 20 meses. Neste período, o sistema MCAS foi revisado e em novembro de 2020, a FAA liberou o avião para voar novamente. 

Em janeiro de 2021, o Departamento de Justiça dos EUA acusou a Boeing de conspiração criminosa para enganar a Agência Federal de Aviação. A Boeing concordou em pagar US$ 2,5 bilhões em multas e indenizações. O acordo permitiu que a empresa não fosse processada criminalmente. 

O acordo não proporcionou a justiça que os familiares das vítimas buscavam, mas a comprovação da irresponsabilidade da Boeing entrou para a história e abalou a reputação da “queridinha” do setor aeroespacial.

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“Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”: mentiras, traição, preconceito e amor

Por Ana Beatriz Assunção Garrafiel    

A história envolvente de uma diva do cinema e seus sacrifícios para chegar ao topo

A vida de Evelyn Hugo poderia facilmente ser a história de qualquer estrela do cinema que conhecemos, como Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe ou Meryl Streep. E é justamente essa realidade honesta e cruel que fascina e nos prende ao longo das 360 páginas do livro. Escrito por Taylor Jenkins Reid e lançado originalmente em 2017, a narrativa conquistou diversos admiradores pelo mundo e agora prepara-se para virar filme na Netflix.

A atriz Elisabeth Taylor é uma das prováveis inspirações para a trama

‘’Os Sete Maridos de Evelyn Hugo’’ conta a história de, obviamente, Evelyn Hugo, fenômeno das telinhas e queridinha da América durante os anos 1960, conhecida por filmes clássicos e, principalmente, por ter sete casamentos no currículo. No livro, a personagem, já próxima dos 80 anos, decide contar sua história de vida para o mundo, através de uma biografia. Para isso, ela escolhe Monique Grant, jornalista que trabalha na renomada Vivant, para contar a todos a sua verdade, quem ela realmente é. De primeira, a sinopse pode soar simples e até meio tediosa, mas ao entrar no mundo da protagonista, nos envolvemos e descobrimos uma trama inesperada, cheia de reviravoltas, tragédias, mentiras e amores.

       Capa do livro lançado em 2017           Imagem: Divulgação

Evelyn Hugo desde criança teve uma realidade pobre e de miséria. Filha de uma imigrante cubana moradora dos Estados Unidos, ela testemunhou a morte da mãe aos 11 anos, vítima de uma pneumonia, e foi obrigada a ficar com o pai, que a via mais como uma figura sexual. Evelyn sempre soube que a vida não seria fácil para ela e que, se quisesse conquistar algo, teria que dar tudo de si para os outros. Tudo mesmo, incluindo seu corpo, atributo que ajudou muito na formação de sua fama. Foi por causa deste que Evelyn conseguiu uma viagem à Hollywood ainda com 15 anos, onde deu seus primeiros passos em direção ao estrelato.

O livro divide-se em sete partes, cada uma levando o nome de um marido e contando uma parte da vida da personagem. Assim, podemos crescer e evoluir juntamente com Hugo, acompanhando suas dificuldades, o início da fama, seus sacrifícios pela mesma e as consequências que a estrela teve de enfrentar por conta de suas escolhas. Ao mesmo tempo que voltamos para a década de 60, no começo da carreira de Evelyn, também acompanhamos a escrita de sua biografia junto de Monique Grant, nos dias atuais. O livro faz essa mescla de tempo na narrativa de uma forma muito bem estruturada e que não confunde o leitor.

Taylor Jenkins Reid, autora do livro, também escreveu Forever, Interrupted (2013), After I Do (2014), Em outra vida, talvez? (2015), One True Loves (2016) e Daisy Jones & The Six (2019)         Foto: Divulgação

Além da leitura fácil e envolvente, “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” encanta por tratar de problemas reais e que até mesmo as pessoas mais famosas do mundo enfrentam. Agressões no relacionamento, homofobia, sexualização infantil, assédio, traição, ciúmes, inveja e mentira. São temas da vida real, porém considerados tabus, e muitas vezes acobertados, escondidos, ignorados.

O livro nos mostra uma realidade crua, porém verdadeira, onde somos obrigados a encarar tais assuntos e refletir sobre eles. Mais do que isso, a história nos faz pensar em como julgamos e apontamos o dedo, quando cometemos erros iguais ou até piores que os da personagem. Evelyn, ao contar sua história, nos mostra que, para muito além de queridinha do cinema, de ícone mundial, ela é um ser humano com defeitos e imperfeições, que errou muito, teve atitudes egoístas e tóxicas, magoou quem mais amava e, por muitas vezes, colocou a fama e o dinheiro acima de sentimentos. Porém, ao mesmo tempo, nos mostra seus motivos e razões, que fez o que fez sempre pensando em proteger a si mesma e seus amores. Com isso, nos vemos refletidos na personagem, pois todos já estivemos pelo menos uma vez em tal situação. Afinal, como a própria Evelyn cita em certo ponto do livro, ninguém é totalmente bom ou ruim.

Perspectiva jornalística

O livro também traz um ponto de vista de uma jornalista, embora em uma história de ficção, que se vê com a missão de escrever uma biografia importante, tendo como fonte a própria biografada. Ao passar dias ao lado da personagem Evelyn Hugo, escutar detalhes de sua vida – muitos deles desconhecidos pelo restante do mundo – Monique Grant torna-se outra personagem que se envolve com a narrativa e pela figura contadas, dando opiniões e tomando lados perante as situações escutadas. Isso quebra a ideia de que jornalismo tem que ser imparcial e objetivo.

Claro que, em sua essência, o jornalismo preza pela objetividade e clareza das informações, sem tomar lados escancaradamente. Mas isso por vezes pode deixar a profissão mais fria, como se por trás de toda reportagem não houvesse um ser humano, com sentimentos, pensamentos e opiniões. Ao apegar-se a Hugo e sua narrativa, Monique demonstra que, sim, há parcialidade no jornalismo em certos casos, e não podemos encarar todo tema com a mesma visão. Às vezes um pouco de sentimento e calor é capaz de trazer mais vida e mais humanidade ao texto.

Por fim, “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” nos faz refletir sobre diversos temas reais e cotidianos, bem como sobre nós mesmos como pessoas e nossas atitudes, tudo através de uma escrita clara e envolvente, com uma narrativa bem estruturada e uma trama recheada daquilo que todo leitor ama: romance, plot twists, personagens para odiar e uma protagonista problemática, cheia de defeitos e imperfeições, porém, acima de tudo, verossímil.

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Bom, seu ponto de vista é olhar jornalístico, traz a qualidade da escrita. Perfeitamente como no livro, parabéns!

Clarice Silva

 

Luiz Geraldo Telesca lança livro de poemas parnasianos

Por Vivian Domingues Mattos      

Escritor canguçuense cria versos que seguem características rítmicas e harmônicas do movimento literário do século XIX

Obra apresenta 113 poemas inspirados pelo período difícil da pandemia

Apresentando uma obra literária com o uso estruturado e harmonioso das palavras, o escritor e advogado canguçuense, Luiz Geraldo Telesca Mota, lança seu novo livro intitulado “Achados Poéticos Parnasianos”, com 113 poemas escritos durante a pandemia de Covid-19.

A inspiração do autor para compor os poemas aflorou de acordo com seus sentimentos e pensamentos no decorrer do isolamento social no período pandêmico. As páginas do seu livro trazem versos sobre política, economia, injustiça social, morte, contentamento e demais assuntos que percorrem o cotidiano do escritor.

A publicação possui uma estrutura com versos variados, mas que seguem as características do movimento literário exclusivamente poético do Parnasianismo, popular em meados de 1880 no Brasil e característico em padrões de rima, ritmo e métrica. O escritor Luiz Geraldo, explica brevemente sobre sua escolha e as características do gênero. “É uma forma de poesia muito esquecida atualmente e que eu gosto muito por ter rima, harmonia e ritmo … que são a base na poesia parnasiana”, explica.

O livro contou com a participação do advogado José Luis Marasco Cavalheiro Leite para a escrita do prefácio e consiste em uma leitura proveitosa para os apreciadores de poesia.

Luiz Geraldo Telesca já publicou vários livros

Sobre o autor

Advogado há mais de 50 anos, o escritor e ex-vereador, Luiz Geraldo Telesca Mota, reside no município de Canguçu no Rio Grande do Sul e tem vínculo forte com a leitura em sua vida, incentivando o fomento ao conhecimento para aqueles ao seu redor.

Dentre outras obras de Luiz Geraldo, estão “A Sabedoria dos Adágios” (2018), “Depressão: Minha Experiência” (2018) e  “Covid-19: Um Breve Estudo” (2020).

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“Pachinko” marca sucesso de filmes com temas sul-coreanos

Por Andrea Cardoso da Silva      

O país vem difundindo sua arte nos últimos anos e em 2021 investiu cerca de R$ 31 bilhões em cultura, turismo e esporte

A série retrata a paixão proibida vivida entre Sunja e Hansu e suas consequências                  Foto: Divulgação.

Há dez anos, em 2012, o cantor sul-coreano PSY emplacou o hit musical “Gangnam Style”, e desde então, as produções do país começaram a cada vez mais fazer parte do dia a dia do público em geral. Hoje, em 2022, a Coreia do Sul vem conquistando a todos, com filmes como “Parasita”, vencedor do Oscar de 2020, e séries como “Round 6”, e mais recentemente “Pachinko”, da Apple TV+.

Não é de hoje, no entanto, que o país percebeu que investir em cultura poderia ser algo poderoso. Segundo uma matéria da Istoé Dinheiro, a Coreia do Sul vem injetando grandes quantidades de dinheiro em suas produções culturais desde 1990, o que explica como o Produto Interno Bruto (PIB) do país triplicou entre 2000 e 2018, passando de U$ 500 bilhões para U$ 1,5 trilhão, de acordo com dados do governo coreano.

Conforme o Ministério de Economia da Coreia do Sul, o país investiu R$ 31 bilhões em cultura, turismo e esporte em 2021. Enquanto isso, no Brasil, no mesmo período, segundo o Ministério de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o investimento foi apenas de R$ 2,2 bilhões.

“Pachinko”

Mesmo que Pachinko” seja, na verdade, uma produção norte-americana, é uma prova que os investimentos sul-coreanos na cultura estão dando certo, com a difusão mundial de sua história, arte e artistas, no caso representados pelo cinema e literatura. Criada por Soo Hugh e dirigida por Kogonada e Justin Chon, todos ásio-americanos, a série é uma adaptação do livro homônimo de Min Jin Lee, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca. A produção estreou em 25 de março e sua primeira temporada foi finalizada com oito episódios, de cerca de 55 minutos de duração cada.

A série conta a história de várias gerações de uma mesma família coreana, que imigrou para o Japão no início do século XX. A trama gira em torno de Sunja, uma adolescente humilde que se envolve com um homem mais velho, o misterioso Koh Hansu. Dessa paixão, a jovem engravida, mas ao descobrir que Hansu é casado, ela o renega e acaba se casando com Baek Isak, um pastor que chega doente na pensão que ela e sua mãe gerenciam. Sunja então parte para o Japão, para tentar uma vida melhor, mas acaba tendo que lutar para sobreviver a manter sua família.

A produção traz um elenco de peso e traz a vencedora do Oscar, Youn Yuh Jung, como a versão idosa de Sunja, e a atriz estreante Kim Min-ha como sua versão jovem. Além das duas, Lee Min-ho, um dos atores mais famosos da Coreia do Sul, encarna com perfeição Koh Kansu, e Anna Sawai, de “Velozes e Furiosos”, interpreta Naomi. “Pachinko” é contada em três línguas, coreano, japonês e inglês, e, em seu elenco, há atores de todas as nacionalidades, passando por diversos períodos e anos, como 1910, 1923 e 1989.

Ao longo da história, vamos descobrindo mais sobre a Coreia e o Japão, e a difícil relação entre os dois países. O Japão anexou a Coreia em 1910, que permaneceu como uma colônia japonesa até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. A ocupação japonesa na Coreia foi muito violenta, como mostra tanto a série quanto o livro, e culminou na separação do país entre Coreia do Sul e Coreia do Norte, após o final da guerra.

A Apple TV+ confirmou, logo após a exibição do último capítulo, que a série foi renovada para uma segunda temporada. Essa notícia já era esperada por aqueles que leram o livro, pois os oito episódios da primeira temporada não dão conta das mais 500 páginas da história original. “Pachinko” é realmente uma adaptação, pois não é totalmente fiel ao livro em muitos pontos de sua narrativa, o que pode ter incomodado um pouco os leitores que estavam esperando ansiosos por ver Sunja e sua família nas telas.

Min Jin Lee escreveu uma preciosidade e o livro foi um best-seller entre os maiores índices de venda apontados pelo jornal The New York Times, além de ter figurado na lista de melhores livros lidos pelo ex-presidente Barack Obama em 2019. Mesmo tendo uma qualidade audiovisual impecável, a série de Soo Hugh não consegue dar conta da complexidade da obra original, entretanto a produção se aprofunda em alguns pontos interessantes que não são abordados no livro, e é possível perceber o cuidado dos historiadores que se envolveram com a produção da série.

Investimentos em cultura

A Coreia do Sul vem investindo em cultura desde os anos 1990, e, de lá pra cá, a chamada “onda coreana”, ou “Hallyu”, ganhou muito força e se consolida cada vez mais com produções de qualidade. “Pachinko” é apenas um dos exemplos de como o país conseguiu “estourar a bolha” com suas produções, que agora, além de fazerem sucesso no mundo todo, também estão sendo produzidas em outros países, como os Estados Unidos. Dessa forma, histórias tão importantes, como a saga das famílias coreanas que imigraram e sofreram no Japão, ganham luz.

Infelizmente, a realidade brasileira é muito diferente, e mesmo tendo um mercado cultural riquíssimo, que poderia ser consumido pelo mundo inteiro, os investimentos em cultura são muito baixos. Recentemente, no dia 4 de maio, o presidente Jair Bolsonaro vetou a nova lei Aldir Blanc de incentivo a cultura, alegando que o projeto é “inconstitucional e contraria ao interesse público”. A lei previa o repasse anual de R$ 3 bilhões, da União para estados e municípios, para o fomento à cultura.

Assista o trailer:

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