Coral da UFPel retoma suas atividades com novos desafios

Projeto volta com ensaios semanais e participa do IV Encontro de Corais do Conservatório de Música neste domingo  na Catedral São Francisco de Paula

Por Gabriela Pereira    

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) possui diversos projetos que promovem arte e cultura para além do espaço acadêmico, expandindo para a população pelotense. O Coral da Universidade Federal de Pelotas retoma com os ensaios e demais atividades. Atualmente, o projeto é coordenado pelo professor Leandro Ernesto Maia do Centro de Artes, junto ao curso de Bacharelado em Música. Devido à pandemia do Covid-19, em 2020, as atividades presenciais foram suspensas e o coral seguiu ativo de forma on-line.

O coral da UFPel se apresenta neste domingo, dia 18 de setembro, no IV Encontro de Corais do Conservatório de Música, em comemoração aos 104 anos desta instituição artística. A programação inicia às 19h30min na catedral São Francisco de Paula (Praça José Bonifácio, 15. bairro Centro) com entrada franca. A população está sendo convidada a participar com um quilo de alimento para famílias carentes.

A Associação Amigos do Conservatório de Música (ASSAMCON) reúne na apresentação, além do Coral da UFPel, o Coral da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Grupo Vox, Coral da Sociedade Música pela Música e terá participação especial do Coral Infanto-Juvenil do Conservatório de Música, que fará a abertura do Encontro. A proposta é divulgar e incentivar a formação de novos grupos de canto coral, mantendo a tradicional cultura musical de Pelotas.

Vozes e história

Criado em 1973, o Coral UFPel foi fundado pelo maestro Romeu Tagnin com objetivo de estabelecer a música vocal coletiva como ferramenta de extensão universitária e instrumento de integração social. Sendo o projeto de extensão mais antigo, em atividade, seu papel é de extrema importância, bem como um grande representante de eventos artísticos e culturais da instituição.

Durante a história, muitas gerações de cantores e maestros passaram pelo grupo que se estabeleceu como referência na cidade, incentivando a participação de espetáculos, festivais, ensaios abertos e audições. O coral agora é composto por cantores da comunidade, alunos de graduação, técnicos e professores.

Coral volta em apresentação  presencial  neste domingo           Foto: Katia Helena/CCS-UFPel

A equipe de coordenação é composta pela Coordenador de direção musical e regência do coral da UFPel, Leandro Ernesto Maia; a preparadora vocal, professora Cristine Bello Guse e, por fim, a coordenadora do núcleo de preparação cênica e técnica de preparação vocal, professora Giselle Molon Cecchini. O grupo conta com cerca de 20 cantores, além dos novos membros, que já fizeram sua primeira apresentação de retorno durante a programação de reencontro da universidade, no dia 10 de agosto.

Repertório e trajetória

Além de reunir e harmonizar uma diversidade de vozes, o projeto busca apresentar um repertório bastante original. Segundo o coordenador Leandro, será apresentada como primeira música os “Três Cantos Nativos dos Indios Kraó”, em uma linguagem indígena e com composição de Marcos Leite. Em seguida, o grupo canta um arranjo adaptado das canções “Sorri”, uma versão de Djavan da canção “Smile”, do cineasta Charles Chaplin e seus parceiros, junto à música “O Sol Nascerá”, de Cartola. Depois é cantado um hino chamado “Cantares” do compositor brasileiro Ronaldo Miranda e, por fim, o espetáculo encerra com “Juízo final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares.

“Temos um repertório bastante original e único, algumas peças só a gente canta porque elaboramos as partituras”, comenta Leandro.

A trajetória do coral é contada no livro A Extensão Universitária nos 50 anos da UFPel, com o título “Vozes da extensão: 46 anos de música no coral UFPel”, escrito pelo coordenador Leandro. O material, divulgado em 2019, conta a história do projeto de extensão, processo de produção dos arranjos, sistema de trabalho e metodologia.

As atividades do Coral da UFPel e suas programações podem ser acompanhadas pelo Instagram do grupo. Também as apresentações do Conservatório de Música podem ser acompanhadas pelo Instagram.

                        

              Conservatório de Música da UFPel sedia projeto de extensão do Coral  da Universidade                  Foto: site do Centro de Artes UFPel

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Sessão de cinema paraguaio amanhã

Cine UFPel traz filmes inéditos no Brasil durante três semanas

 

Amanhã, dia 16 de setembro, às 17h, o Cine UFPel dá início à Mostra de Cinema Paraguaio. Durante o mês de setembro, o Cine UFPel irá proporcionar uma imersão na cultura deste país latino-americano, realizando sessões sempre às sextas-feiras focadas em filmes realizados por cineastas paraguaios. Serão três sextas-feiras (16, 23 e 30 de setembro) com filmes inéditos, que não estrearam no Brasil. O Cine está localizado na Rua Álvaro Chaves, esquina com a Rua Lobo da Costa, em Pelotas. No prédio da Agência da Lagoa Mirim (entrada pela Álvaro Chaves). As sessões têm entrada franca.

 

      Documentário retoma acontecimento e propõe discussão sobre o que ocorreu no dia de um massacre          Fotos: Divulgação

A mostra inicia com o longa “Fuera de campo” (Hugo Gimenez, 2014). Este documentário retoma o episódio ocorrido na cidade paraguaia de Curuguaty, palco de um massacre entre camponeses e forças do Estado paraguaio em junho de 2012.  Inspirado em duas fotografias publicadas nos jornais nos dias que se seguiram aos nefastos acontecimentos,  o filme pergunta sobre que aconteceu realmente. Como é hábito em todas as sessões, antes do longa, o Cine UFPel fará a exibição de um curta. Amanhã será o documentário do mesmo diretor “Sin felicidad” (Hugo Gimenez, 2015).

Serão apresentados amanhã dois filmes do cineasta Hugo Gimenez

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Questões femininas e antifascismo na obra de Isabel Allende

O livro “A Casa dos Espíritos” traz cotidiano familiar marcado pela opressão política    

Por Isabella Cardoso Barcellos  

Quando se fala em literatura latino-americana é quase impossível não citar o realismo fantástico enquanto subgênero. Se clássicos como “Pedro Páramo” (1955), “Cem Anos de Solidão” (1967) ou “Jogo da Amarelinha” (1963) oferecem mapas já bem orientados para esse novo jeito de guiar narrativas, Isabel Allende acrescenta a subjetividade feminina e o antifascismo como “trunfo” ao apresentar “A Casa dos Espíritos” (1982). Filha de pais chilenos e nascida no Peru em 1942, dedicou sua carreira primeiramente ao Jornalismo e depois à escrita de suas 26 obras já publicadas.

A obra prima de Allende retrata a trajetória da família Trueba em um país latino-americano indefinido ao longo das primeiras décadas do século XX. Clara, uma criança excêntrica e dotada de certa clarividência, perde sua irmã mais velha Rosa e por consequência se casa com o noivo dela, Esteban Trueba: um herdeiro abastado que tem grandes quantidades de terra ainda não exploradas. O casamento de Clara e Esteban guia a história em todos os seus detalhes. É a partir da diferença de caráter entre os dois que surgem conflitos e questionamentos, tanto deles quanto de seus descendentes.

Temas como desigualdade social, machismo estrutural, concentração fundiária e a ascensão de um governo ditatorial são trabalhados ao longo das páginas sem deixar de lado o desenvolvimento de cada personagem apresentado. A narração onisciente em terceira pessoa (em que acompanhamos a história “de fora”, mas com acesso ao que todos os personagens pensam) pode se tornar um pouco cansativa para aqueles que não estão acostumados com parágrafos longos e muitos devaneios existenciais. O realismo fantástico em si acaba se concentrando muito mais nas personagens femininas (Clara, Blanca e Alba, por ordem de nascimento), evidenciando o poder matriarcal nesta família.

A autora é sobrinha neta do ex-presidente chileno Salvador Allende

Conflitos do dia a dia

Acompanhar as três gerações desta família é comparável a acompanhar a vida de amigos ou familiares queridos. A riqueza de detalhes sobre as incoerências e as qualidades de cada personagem apresentado oferecem uma percepção de realidade para cada um. Quase como se fosse possível encontrá-los na rua ou entrar em contato com descendentes deles através das redes sociais. É preciso reconhecer quando alguém consegue conceber personagens tão complexos e ainda trabalhar uma narrativa coerente em torno de assuntos pertinentes.

Em entrevistas ao longo dos anos e em seu site oficial, Isabel afirma ter se inspirado em sua própria configuração familiar para escrever esta obra. Em entrevista à Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em 2010, revelou: “Eu não seria escritora se o golpe militar no Chile nunca tivesse acontecido”, reconheceu a autora, que considera o mundo atual muito diferente do de então, já que “não existe mais uma divisão tão grande entre esquerdas e direitas”.  Isabel Allende é sobrinha neta do ex-presidente chileno Salvador Allende, cuja morte foi o ponto de partida para os 17 anos de ditadura no país.

Sob a perspectiva de um Brasil em período eleitoral, ataques a lideranças políticas e velhos conflitos em curso, a leitura de “A Casa dos Espíritos” ainda se faz muito relevante após 40 anos de seu lançamento. E ainda que se enquadre aos (já citados) moldes do que é considerado realismo fantástico, o que realmente impressiona seu leitor atento são as semelhanças assustadoras com o que foi e ainda é vivido em países como o nosso além do continente americano.

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Jornal “A Alvorada”: A voz do negro pelotense

Livros recuperam história do periódico que trazia notícias de interesse da população negra e da classe operária   

Por Mariah Coi e Tais Carolina Pereira   

 

Dezenove anos após o fim da escravidão, em 1907, uma expressiva população de negros de Pelotas, no sul do Estado, viu surgir o jornal que viria a ser sua voz. Batizado de “A Alvorada”, que significa em latim “a primeira claridade”, o periódico virou espaço de luta para uma população que era proibida de frequentar diversos locais. A publicação existiu até 1965 e agora uma série de livros deverá recuperar a memória deste trabalho jornalístico.

De acordo com o historiador Lúcio Xavier, por conta das charqueadas, a então São Francisco de Paula caracterizou-se pela grande presença da mão-de-obra negra. Dessa forma, no pós-abolição, muitos negros ex-escravizados uniram-se para a criação de sindicatos, grupos e até mesmo de um jornal. Foi o caso dos intelectuais negros Antonio Baobab, Rodolfo Xavier, Juvenal e Durval M. Penny que, em 1907, insatisfeitos com a falta de representatividade nos espaços sociais, fundaram o periódico “A Alvorada”.

Capa do Jornal A Alvorada     Imagem: Acervo E-cult

No jornal, eram contadas histórias e notícias de interesse da população negra e operária, Denúncias ao racismo da época, tanto da comunidade pelotense como de todo o Estado, constavam nas páginas. A historiadora e professora Fernanda Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que o jornal traz, desde os seus primórdios, a defesa da comunidade negra. Um exemplo disso é a edição de 4 de abril de 1934, encontrada na Bibliotheca Pública Pelotense, que traz um editorial intitulado “Negro não é gente em São Leopoldo”. O texto questionava as novas medidas da prefeitura da cidade que proibiam a entrada de negros em uma praça.

Circulando até 1965, o jornal marcou um período de grande movimentação negra na cidade, sendo o porta-voz da Frente Negra Pelotense. Estudos apontam que esse foi o único movimento deste tipo criado no Estado na época. Por sua longa duração, o noticiário está até hoje na lembrança de muitos leitores, como de Rosalina Sacramento. A aposentada de 82 anos conta que ainda carrega recordações da infância e de seu pai levando o jornal para casa. “Como eu estava aprendendo a ler, eu gostava muito”, relembrou.

A Bibliotheca Pública Pelotense conta com exemplares do jornal no seu acervo

Para que a história não seja esquecida

Embora esteja na memória de alguns, parte da comunidade pelotense desconhece a existência do jornal. Fernanda afirma que isso se dá pelo não reconhecimento da importância dele para a cidade. Para mudar isso, neste ano, mais de 50 anos após o fechamento do jornal e na contramão do esquecimento, Jorge Penny, ilustrador e bisneto de Juvenal M. Penny, encontrou uma forma de perpetuar o legado dos fundadores.

Em sete livros, ele narra a trajetória do bisavô e do jornal. O objetivo é manter viva para as próximas gerações a história do periódico que foi alicerce da luta negra em Pelotas. “Mais que uma ideia foi uma necessidade. É importante destacar que a história do jornal ‘A Alvorada’, assim como a origem dos nossos antepassados, eram assuntos totalmente desconhecidos no meu núcleo familiar”, relata Jorge sobre o que motivou o surgimento dos livros.

E ele ainda complementa: “Um pouco por acaso, em 2019, resolvi buscar imagens do jornal ‘Alvorada’. Encontrei um grande número de investigações de historiadores, a maioria da UFPel, com informações valiosas. Em um trabalho da falecida professora Beatriz Ana Loner, estava a verdadeira origem da nossa família, e descobrir a história de Clarinda, minha tataravó, totalmente desconhecida para a família Penny”. Assim, através dos livros, o ilustrador retoma não só a história do jornal, mas também a dos seus antepassados.

A ideia de Jorge é seguir relatando quem foram os seus antepassados e quais foram os seus feitos, na Princesa do Sul. “O mais importante para mim é que as novas gerações da minha família saibam quem foi a tataravó Clarinda, o que aconteceu com o seu marido, que se suicidou por dívidas, e que os seus filhos foram fundadores e diretores do jornal negro mais longevo da história de Pelotas e do Brasil”, finaliza.

Os livros podem ser adquiridos neste link.

Capa de um dos livros    Ilustração: Jorge Penny

 

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Corpo desfeito: quantas crianças sofrem abuso dentro de casa?

História de três gerações de mulheres é contada pela escritora Jarid Arraes    

Por Roberta Muniz    

Em seu romance “Corpo Desfeito”, a autora cearense Jarid Arraes narra a história de uma família que vive no interior do Ceará, e na qual ocorre uma sequência de abusos. Três gerações de mulheres – avó, mãe e filha – sofrem dores particulares e se veem em uma situação de abuso, tanto físico quanto mental.

Dando voz à Amanda, uma menina de 12 anos, lemos em sua narração o cotidiano dessa família e o que levou aos abusos sofridos por essa neta. Ela viu a avó materna, Marlene, sofrer violência doméstica por parte do avô, que era alcoólatra, e o avô cometer violência psicológica contra a filha, sua mãe, Fabiana. Quando o avô falece, parece até que os problemas acabaram, mas não. A avó, que sofreu nas mãos dele, acaba cometendo abuso semelhante, tratando a neta com descaso e a filha com certo desprezo. Mas essa filha, mãe de Amanda, é uma mulher forte e batalhadora que vive para trabalhar e, quem sabe, conseguir dar uma vida melhor à filha, que tanto ama.

Porém, por uma fatalidade, Fabiana acaba perdendo a vida. Agora são só Amanda e a avó, que já não lhe tratava bem. E é nesse momento que é tirado o mínimo de paz que essa garotinha tinha. Afogada no luto, a avó não faz mais nada e Amanda é obrigada a aprender a se virar sozinha. Ela faz limpezas, paga as contas e cuida da avó, que só lhe faz chorar e ficar na cama. Mas, certo dia, a avó diz que teve um sonho e que, nesse sonho com a filha, ela lhe passava inúmeras regras.

O inferno começa. Marlene pira e os abusos contra a neta se intensificam e são humilhação atrás de humilhação, violência atrás de violência. E é tão doloroso de ler essa história. Amanda tem apenas uma amiga no mundo com que contar e, mesmo assim, ela pouco pode fazer, a não ser acolher e ouvir. O ciclo de sofrimento é intenso. E a sequela deixada em cada uma delas por conta dessas violências é palpável.

Uma escrita potente que provoca sentimentos diversos em seu leitor. É possível sentir raiva, angústia, dor, compaixão. Uma escrita com muitas camadas, com muitas provocações e muita reflexão deixada em quem lê essa história. Afinal, o amor familiar esperado nem sempre acontece. Às vezes, quem mais deveria cuidar e compreender é quem menos o faz. E quantas crianças não sofrem abusos dentro de suas próprias casas? É uma história que também serve de alerta.

Além disso, é uma escrita que nos insere realmente no interior do Ceará, com a cultura e linguajar do local sendo presentes. Um romance de poucas páginas, mas que devasta e arrebata. Lançado esse ano pela editora Alfaguarra, o livro de apenas 128 páginas mostra todo poder de Jarid como escritora. Uma potência da literatura contemporânea nacional.

    Em suas obras, Jarid Arraes trata de questões que afligem as mulheres brasileiras       Foto: Divulgação   

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Tradicional Semana Farroupilha retorna em Piratini

Em virtude da pandemia o município da zona sul do Estado não realizava o evento há dois anos

Por Douglas Duarte    

      Trevo de acesso alusivo à Semana Farroupilha recebe visitantes                     Fotos: Divulgação Prefeitura Municipal de Piratini

Parafraseando os versos do músico tradicionalista Elton Saldanha, Piratini está “se preparando pra Semana Farroupilha”. Após dois anos sem realizar as festividades em virtude da pandemia do novo coronavírus, o município volta a vivenciar a expectativa pelos 12 dias de música, dança, cultura e história do Rio Grande do Sul. Além de agitar a vida social dos moradores, o evento – que começa hoje e vai até o dia 20 de setembro – atrai turistas e movimenta a economia da cidade.

A festa em alusão à cultura tradicionalista do nosso estado e à Revolução Farroupilha (1835-1845) sempre fez parte da vida dos residentes da pacata cidade da zona sul do Estado. Com aproximadamente 20 mil habitantes e distante cerca de 100 km de Pelotas (a maior cidade da região), Piratini torna-se o centro das atenções e o destino de turistas e amantes da cultura gaúcha neste período. A calmaria cotidiana do município dá lugar para uma intensa movimentação de visitantes e da própria comunidade, animada por receber shows de grandes artistas do cenário musical gauchesco e tradicionalista.

Rodeios, shows e tertúlias estão entre as inúmeras atrações que celebram cultura gaúcha

 

“Estamos falando de um evento esperado não só pela comunidade local, e sim por toda a região”, salienta a secretária municipal de Cultura e Turismo, Ana Caroline Caetano. “Temos uma estimativa de cinco mil pessoas por dia, baseados em outras edições da festa, somados à excitação local que observamos”, complementa Caroline.

Ainda de acordo com informações da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, os recursos investidos na realização do evento são públicos e privados, tendo também a captação de valores junto à LIC (Lei de Incentivo à Cultura).

A secretária de Cultura e Turismo Caroline Caetano salienta a importância do evento

Atividades relacionadas

Os rodeios, shows e tertúlias geram o consumo de alimentos e bebidas. O comércio de artefatos tradicionais também intensifica-se (roupas, indumentárias, apetrechos para a montaria de cavalarianos, etc) nas lojas locais e nos estandes do Centro de Eventos Erni Pereira Alves (local onde concentram-se a maior parte das atividades). Naturalmente, tornam-se necessárias mais mãos e braços para atender ao público. Ou seja, a Semana Farroupilha é também a oportunidade que muitos esperavam para recolocar-se no mercado de trabalho (ou mesmo fazer uma renda extra nestes tempos de crise) através de um emprego temporário em bares, hotéis e restaurantes.

Programação

A festa começa hoje (dia 9 de setembro), com a abertura oficial no Palco do Rio Grande, às 19h30min, e vai até o dia 20 de setembro. Estas e muitas outras informações já estão disponíveis ao público nas plataformas institucionais da Prefeitura Municipal e na fanpage da Semana Farroupilha de Piratini.

Valor dos ingressos

Para quem pensa em acompanhar todos os shows e a programação da Semana Farroupilha de Piratini na íntegra, a melhor opção é a compra do pacote para os doze dias de festa no valor de R$ 60,00.

Quem só pretende ir ao Centro de Eventos Erni Pereira Alves em dias específicos, poderá comprar o ingresso unitário no valor de R$10,00, dando direito a acesso ao parque e toda a programação de shows do referido dia.

Conforme diretrizes federais, o município isenta todos aqueles que se beneficiam de descontos (como é o caso de estudantes) ou gratuidade (como os portadores de deficiência física). Nesta edição, em especial, foi destinada a isenção total do valor de acesso ao parque para toda a família que está inscrita no CADÚnico local. Para a comunidade em geral, o município ainda abrirá as portas do centro de eventos em três dias gratuitos, permitindo assim o acesso e inclusão de todos.

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Série “Better Call Saul” encerra ciclo criado em “Breaking Bad”

História do advogado Saul Goodman reaparece em uma narrativa profunda e eletrizante

Por Vitor Valente

                Saul Goodman e Kim Wexler vivem uma relação visceral com muitos altos e baixos             Fotos: Divulgação

A série “Breaking Bad” (2008-2013), produzida pela AMC, levou ao ar 62 episódios que formam um conjunto de cinco temporadas extremamente aclamadas. A combinação de personagens profundos e bem construídos, roteiro perfeitamente amarrado e uma estética que lembra as produções de cinema, faz com que a história de Walter White (Bryan Cranston) pareça insuperável para muitos. É importante contextualizar a magnitude desta série que antecedeu “Better Call Saul” (2015-2022), para que o feito da produção de Vince Gilligan seja devidamente estimado. O spin-off protagonizado por Bob Odenkirk alcançou um patamar de, no mínimo, igualdade em relevância e qualidade em relação à série original.

A premissa de “Better Call Saul” é contar a história do irreverente e trambiqueiro advogado Saul Goodman. O personagem foi apresentado na segunda temporada de “Breaking Bad” e foi um dos coadjuvantes mais influentes na história de Walter White, contribuindo diretamente na construção da persona do aterrorizante Heisenberg. A expansão desse universo passava a ideia de um personagem secundário, relegado às sombras da obra original. O drama criado por Vince Gilligan e Peter Gould, entretanto, superou as expectativas do público e da crítica em geral.

O primeiro episódio da série, lançado em 2015, apresenta uma versão diferente do Saul que conhecíamos em “Breaking Bad”. A diferença é tão grande que acaba despertando a curiosidade de entender como, o agora, Jimmy McGill se transformou no parceiro de crime de White. Não é apenas o nome que muda, mas também as motivações e intenções. A característica que não muda é a malandragem. O bem-intencionado e trabalhador Jimmy não resiste às oportunidades de utilizar artifícios moralmente questionáveis para atingir os objetivos próprios e de seus clientes.

O que é quase consenso é o fato de que Jimmy, apesar de controverso, mostra aspectos que o tornam o que chamamos de “bom malandro”. E são justamente estas características que geram tanta empatia e simpatia pelo advogado. Estigmatizado pelos erros de seu passado como Slippin’ Jimmy, um golpista barato que fora pego em meio aos seus pequenos delitos, é inevitável a sensação de envolvimento e torcida pelo sucesso do protagonista. Conhecer o outro lado de Saul, indo além da personalidade fanfarrona do coadjuvante de “Breaking Bad”, faz com que o público esqueça a gravidade dos crimes que o personagem possa cometer.

A seriedade nos negócios é uma marca de Gus Fring e Mike Ehrmantraut

Personagens evoluem na nova série

Outros personagens da produção original, como Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks) e Gus Fring (Giancarlo Esposito) ganham muito mais protagonismo, o que permite um aprofundamento sobre as suas histórias, razões e motivações para a vida no crime. Personagens muito fortes e relevantes na história de “Breaking Bad” se tornam ainda melhores conforme crescem em importância e tempo de tela. As participações de Mike e Gus mudam as percepções pré-existentes de suas figuras.

Além disso, “Better Call Saul” é brilhante na inserção de pessoas que não aparecem diretamente na série anterior. Os casos mais relevantes são os de Kim Wexler (Rhea Seehorn), Chuck McGill (Michael McKean), Howard Hamlin (Patrick Fabian) e Nacho Vargas (Michael Mando). Os três primeiros são ligados diretamente a Jimmy, enquanto Nacho tem maior importância nos núcleos de Mike e Gus Fring. As adições de personagens originais provocam curiosidade e desejo de conhecê-los e entender os motivos que os tiraram da trama de “Breaking Bad”.

Não há dúvida de que o ápice das tramas envolvendo Saul, Mike e Gus acontecem na série da AMC. Entretanto, o desenvolvimento de suas personalidades, os problemas enfrentados e as adversidades superadas pelo trio alteram a percepção sobre uma história que havia sido encerrada em 2013. Ao assistir “Better Call Saul”, fica fácil entender por que Walter White e Jesse Pinkman (Aaron Paul) pareciam bandidos tão amadores se comparados à velha guarda do crime organizado. O spin-off é perfeito na construção dos personagens, fecha todas as arestas do roteiro e magistralmente melhora o que já era quase perfeito, chegando ao ponto de superar “Breaking Bad”. É uma obra obrigatória para os fãs de televisão e de drama.

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Exposição celebra os 30 anos do coletivo feminista GAMP  

Grupo foi a primeira ONG do Estado e comemora três décadas de luta pelos direitos feministas

Por Ana Beatriz Assunção Garrafiel     

Uma casa que foi cenário de violência contra a mulher. Quadros retratando os abusos físicos e emocionais da violência de gênero, acompanhados de grandes banners alertando sobre a importância em combater esse tipo de situação. Esse é o cenário da exposição que celebrou os 30 anos do GAMP, Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas, ocorrida de 09 a 21 de agosto no Casarão 2 da Praça Coronel Pedro Osório. O grupo foi a primeira ONG feminista do Estado e, três décadas depois de sua criação, continua movimentando e unindo mulheres em torno da defesa dos direitos femininos.

O roxo presente na decoração representa o Agosto Lilás, conhecido como o mês da conscientização do pelo fim da violência contra a mulher. Apesar de o ‘’aniversário’’ oficial da ONG ser na data de 8 de março, agosto foi o mês certo para realizar a exposição, considerando que é também a data de celebração da instauração da Lei Maria da Penha. Segundo Diná Bandeira, uma das responsáveis pela organização, o objetivo da exposição é, além de celebrar as três décadas de luta do grupo, conscientizar e engajar a população na luta pelos direitos feministas. ‘’Levamos uma casa [para a exposição]. Não poderíamos falar sobre violência doméstica sem usar o ambiente que deveria ser o mais acolhedor para a mulher, e atualmente, em muitos casos, se torna o local mais perigoso para elas’’, explica Diná.

Retratos artísticos representam a violência contra a mulher      Foto: Ana Garrafiel

 

À primeira vista, as imagens e informações encontradas no local são fortes e incomodam. Mas é esse mesmo o propósito: causar revolta e indignação sobre um assunto tão grave e, infelizmente, atual. Fundado em 1992, o movimento iniciou as atividades em torno desse mesmo assunto, e permanece lutando pelo mesmo até os dias atuais.

A história do GAMP

Três décadas atrás, mais especificamente em janeiro de 1990, a professora municipal Luciety Saraiva foi vítima de feminicídio pelo ex-companheiro. O caso gerou revolta e diversas mulheres da cidade uniram-se pelo desejo de lutar a favor da vida e dos direitos feministas. Assim, formava-se o que futuramente seria o GAMP, um dos maiores grupos militantes do Rio Grande do Sul. 

Atualmente, a ONG é composta por profissionais das mais diversas áreas, como advogadas, professoras, psicólogas, jornalistas, estudantes e donas de casa, todas voluntárias. O desejo de ter uma sociedade mais fraterna e com mais equidade é o que sempre moveu e continua movendo o grupo. ‘’Que todas nós chegamos em um balcão, seja de que espaço for, e tenhamos as mesmas oportunidades, as mesmas ofertas, independente da raça, da classe ou do estágio intelectual. Todas nós devemos ter as mesmas oportunidades’’, comenta Diná.

                           Banners alertam sobre diferentes tipos de violência de gênero                  Foto: Ana Garrafiel

Perspectiva de crescimento

O GAMP sabe que a luta feminista está longe de acabar e, por isso, procura crescer e engajar cada vez mais mulheres, como explica Diná: ‘’Temos um planejamento estratégico até 2026; estamos muito estruturadas para nos manter atuantes. Vemos a importância cada vez maior de coletivos como o nosso […] para poder reduzir todos os indicadores desfavoráveis que se tem hoje’’.

Durante a pandemia, todas as integrantes do grupo capacitaram-se, procurando cursos e consultorias na área, para poder expandir ainda mais o grupo e ampliar a luta por políticas públicas eficazes e acolhedoras. ‘’Apesar da Lei Maria da Penha existir, ela ainda precisa ser apropriada por jovens que infelizmente replicam em seus relacionamentos alguns abusos. É uma luta longa ainda, muito longa’’, finaliza Diná.

Você pode conhecer um pouco mais do trabalho do GAMP pelo Instagram (@gampfeminista), pelo Facebook (GAMP – Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas) ou pelo blog do grupo.

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Filme independente nacional amanhã

O Cine UFPel apresenta o longa “A Mesma Parte de um Homem”

No elenco, estão Clarissa Kiste, Irandhir Santos e Laís Cristina          Foto: Divulgação

Amanhã, às 16h, o público pelotense vai ter o privilégio de ver a estreia do filme longa brasileiro  “A mesma parte de um homem”, com direção de Ana Johan, no Cine UFPel.  A entrada é gratuita e é obrigatório o uso de máscaras. O Cine está localizado na Rua Álvaro Chaves, esquina com a Rua Lobo da Costa. No prédio da Agência da Lagoa Mirim (entrada pela Álvaro Chaves).

O longa conta a história de Renata (Clarissa Kiste), que vive isolada no ambiente rural e afastado com a sua filha (Laís Cristina) adolescente e seu marido, tendo o medo como um sentimento comum. A situação muda com a chegada de um desconhecido que desperta nela um desejo por tudo aquilo que estava adormecido. Com Irandhir Santos no elenco, o longa é distribuído pela Olhar Distribuidora e representa a contribuição da nova safra do cinema brasileiro independente,  que não tem espaço nas salas comerciais. Antes do longa, será exibido o curta documental “Levante sua voz” (Pedro Ekman, 2009).

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Cine UFPel retorna com sessões às quintas e sextas

Projeto dos cursos de audiovisual divulga produção cinematográfica latino-americana

O documentário “Construção” estreou na mostra  31º Curta Kinoforum

As sessões do Cine UFPel voltam a acontecer amanhã, dia 12 de agosto, presencialmente, às 16h, com entrada franca. Acontece a sessão especial “De volta ao Cine – Calourada Cinematográfica”, com a exibição de três filmes curtas: “Axêro” (Doc, Maria Falkembach, 2022); “Construção” (Doc, Leonardo Santos da Rosa, 2020) e “O homem atrás da janela” (Animação, Naum Roberto Gomes, 2020). Toda sexta-feira, no mesmo horário irão acontecer as próximas edições. O projeto cineclube Zero4 passa a realizar sessões fixas nas quintas-feiras, no mesmo horário. Haverá estreias nacionais e muito cinema latino-americano. O Cine UFPel fica na rua Álvaro Chaves 65, próximo da esquina da rua Lobo da Costa, em Pelotas.

Foram dois anos de sessões on-line durante a pandemia, com muita diversidade e cinema engajado. Ocorreram a Mostra Cinema De Mulheres; a Sessão Etnomusicologia Afromusicalidades; a exibição do documentário “Alvorada”, pela luta contra o fascismo; o debate sobre o período da ditadura militar em parceria com o curso de História; a Mostra do Cinema Negro de Pelotas; lançamento do filme “Cães” (videodança sobre a masculinidade) e “Axêro” (curta sobre a história das raízes negras de Pelotas).

Houve também a pré-estreia do documentário “Quando Ousamos Existir”, com um acervo de relatos sobre a luta LGBTQIA+; sessões especiais para a terceira idade do projeto UNAPI – Universidade Aberta para Idosos. E ainda as sessões do Cineclube Zero4, com filmes de inovação e importantes clássicos da história do cinema. 

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