Insegurança cibernética, criptomoedas e perdas: conheça mais sobre as pontes blockchain e as consequências da falta de criptografia

Análise de Rafael Penning, discente bolsista PIBIC/CNPq do curso de Relações Internacionais da UFPEL e membro do LabGRIMA.  Projeto O Discente e Análise da Realidade Internacional.

Com os avanços tecnológicos, a digitalização,a nova “territorialidade” cibernética e o Metaverso,  o mercado de criptoativos desenvolve-se  por meio  de produções de valor  com conversão de moedas hegemonicamente comercializadas, como é o caso do dólar estadunidense. Para realizar aplicações ou investimentos em moedas virtuais em criptocarteiras as corretoras mais populares são: Bitget, Bybit, Binance Exchange, Coinbase, Crypto.com, FTX, Kucoin Exchange e a OKX.

O Consumer News and Business Channel (CNBC, 2022) noticiou a perda de cerca de US$ 1.4 bilhão de dólares que resultam de violações e crimes perpetrados nas cadeias intermediadoras denominadas pontes blockchain jogadores do Axie Infinity mantinham suas quantias da criptocarteira Ronin, ponte que intermedia os pagamentos no jogo e os mantém sob tutela até que os jogadores requisitem a retirada ou insiram mais dinheiro. Acontece que, segundo a particularidade e a segurança trazida ainda predispõe os usuários a riscos, principalmente quando trata-se de cibercrimes, onde há uma incidência de golpes e invasões com o objetivo de capturar ativos e valores.

Para breve contextualização, blockchain pode ser compreendido como uma rede descentralizada de informações financeiras, um sistema baseado em cadeia de blocos que permite a transferência e a preservação aprofundada das informações financeiras dos usuários. Lembrada pela ausência de autoridades reguladoras, a rede blockchain desempenha um papel diferente das instituições financeiras “tradicionais”, sendo marcada pela imutabilidade de dados, trazendo o controle das ações aos seus usuários assim unificando o escopo das transações no mercado de criptomoedas.

Quando falamos de blockchain, podemos apresentá-lo como uma estrutura de dados complexa que desdobra-se de informações codificadas a cada inserção de maneira seriada, ou seja, um bloco de transações em uma criptomoeda como o Bitcoin (BTC) é armazenada e mantida sob criptografia preenchendo bloco a bloco todos esses valores envolvidos na transferência. Mas e as pontes intermediadoras blockchain? Trata-se resumidamente de um método que adiciona outro processo entre a transação e a destinação, como método facilitador de pagamento, já que a estrutura de pagamentos blockchain demanda da disponibilidade dos tokens e etapas por parte do usuário. Portanto, uma intermediadora permitiria o consumo de produtos mais facilmente no metaverso e assim possibilitaria uma taxa transacional inferior, por exemplo.

Os usuários que optam por intermediar suas transações por pontes blockchain acabam colocando-se em exposição e ficando desprotegidos, já que a criptografia é garantida pelas carteiras digitais mas não sobre essas plataformas de transação descentralizada. Quando o usuário faz uso dessas pontes, que são um software que permite que uma pessoa envie tokens de uma rede blockchain e os receba em outra cadeia separada, também delimitando o conceito de blockchain como sistemas de contabilidade que sustentam as criptomoedas e são distribuídos, não centralizados. 

Por meio da troca de um token de uma cadeia para outra, isto é, quando você troca uma criptomoeda para outra, um investidor deposita os tokens em um código no blockchain que permite a troca sem uma intervenção humana, esse dado é criptografado novamente e você recebe um token no qual pode negociar novamente, desde que a rede esteja disponível para isso. Portanto os montantes transferidos e a quantidade de tráfego nessas pontes tornam-se um ponto de vulnerabilidade e uma oportunidade de ataque. No caso apresentado anteriormente relacionado à Ronin, os hackers conseguiram retirar as quantias em transferência após passar por cinco dos nove validadores em rede para lograr acesso à criptografia bloqueada no sistema.

O Federal Bureau Investigation emitiu recentemente um aviso aos consumidores sobre aplicativos que enganosamente alegam e apresentam criptografia mas colocam os usuários em situação de vulnerabilidade, em outubro de 2021 estima-se que 244 vítimas perderam cerca de US$ 42 milhões de dólares nessas transações (CNBC, 2022). Os serviços são comumente oferecidos através do contato com investidores de criptomoedas e que apresentam possibilidades vantajosas para o usuário e que na verdade, são maneiras de predispor aquele investidor a ser vítima de cibercrimes, dificilmente prováveis no contexto criptografado e não regulado nacionalmente.

Em síntese, para que se tenha a captura e a recuperação de ativos, há uma necessidade de colocar-se os criptoativos em condição de troca e câmbio, ações reguladas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América e o Federal Bureau Investigation são realizadas sempre quando os cibercriminosos tentam acessar as quantias auferidas por plataformas que são reguladas pelo governo estadunidense direta ou indiretamente sobretudo quando há uma conversão de criptomoeda para moeda, já que há a prevalência do dólar estadunidense como moeda comercial.

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