Uma vitória para a verdadeira cultura dos EUA

Por Vinícius Pereira Colares

Moby Dick; A Sangue Frio; Um Bonde Chamado Desejo; Walden.

Entre tantos outros, os donos das obras citadas acima eram todos seres humanos. Eram, inegavelmente, gênios. E eram homossexuais.

A Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou hoje, dia 26 de junho, o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país. Uma decisão histórica que faz com que os 13 estados que ainda barravam o casamento entre homessexuais não possam mais interferir em suas liberdades. A produção cultural norte-americana agradece.

Truman Capote: um dos grandes nomes da literatura nos EUA (Foto: Divulgação)

Truman Capote: um dos grandes nomes da literatura nos EUA (Foto: Divulgação)

Todos nós devemos agradecer. Não tenho dúvidas de que cada um dos autores – clássicos ou não – da história da arte nos EUA foram afetados por uma cultura de preconceito (quase palpável) no cotidiano norte-americano. Entre racismos, sexismos e etnocentrismos, a homofobia faz parte de uma lista de ignorância repetitiva – nada invejável – nos Estados Unidos, historicamente. O mesmo cidadão que defende a liberdade individual acima de todas as forças e brada o direito ao american dream deveria olhar melhor para a história de sua produção cultural.

Difícil pensar uma literatura moderna norte-americana, por exemplo, sem considerar os títulos do início do texto. Missão tão complicada quanto: encontrar um estudo sobre poesia nos Estados Unidos que não fale na Elizabeth Bishop; ou um artigo sobre teatro nos EUA que não lembre Tennessee Williams. O cidadão norte-americano é crítico em relação à capacidade de seus autores clássicos. O homossexualismo sempre foi um tema presenta na produção literária do país. Isso serve para cinema e música, igualmente.

Meu anseio é para que esse passo dado pela Suprema Corte dos EUA fique lembrado daqui a alguns anos como uma unanimidade. Como um movimento acertado. Esse é o tipo de decisão que não deveria sequer gerar discussão – quanto à validade. Os cinco votos contra quatro que marcaram a decisão mostram a incerteza em relação ao futuro, mas não mudam um fato. Foi dada à comunidade LGBT norte-americana o que lhes vem sendo tirado por décadas: o direito ao amor declarado.

Ao presidente Barack Obama e à Suprema Corte dos Estados Unidos, as congratulações no cumprimento de – nada mais que – sua obrigação.

 

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