Uma universidade sem fronteiras para o conhecimento

Viajar para outro país, passar uma longa temporada fora do Brasil estudando e conhecendo a cultura de um ou de vários países: para muitos, um sonho. Para outros, uma aventura que nem passa pela cabeça, mas que só de ouvir falar, desperta uma vontade de arriscar.

por Carina Reis, Larissa Moraes e Matheus Garcia

Desde que adotou programas de intercâmbio, a Universidade Federal de Pelotas já enviou mais de 700 alunos para o exterior. Este número teve um aumento de 12 vezes após a adesão ao programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal, em 2012. A faculdade possui convênio com 69 universidades de 25 países, entre eles: Itália, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, Colômbia, Portugal e México. O aluno pode optar entre cinco programas ofertados para concorrer à bolsas de intercâmbio. Além do CsF, são eles: IPB – Portugal, U.D.C.A – Colômbia, BRACOL, Programa de Bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidades e Programa de Bolsas Ibero-americanas Santander, segundo dados da Coordenação de Relações Internacionais da UFPel.

O sonho de criança das estudantes Luciana Lima, do curso de Engenharia Hídrica, e Victória Renner, do Bacharelado em Jornalismo, era fazer intercâmbio. Quando ingressaram na Universidade e souberam das oportunidades de bolsas que a UFPel oferecia para seus respectivos cursos, elas resolveram tentar a sorte e, felizmente, foram selecionadas. Luciana passou um ano na Espanha, pelo Ciência sem Fronteiras e Victória, seis meses em Portugal, graças à Bolsa Luso-Brasileira do Santander.

Luciana em seu intercâmbio. Imagem: Arquivo pessoal

Luciana em seu intercâmbio, na cidade de Sevilla, na Espanha.
Imagem: Arquivo pessoal

“Fui em agosto de 2012 e retornei em agosto do ano seguinte. Morei na província de Jaén, que pertence à comunidade de Andalucía, sul da Espanha. Estudei na Universidade que leva o mesmo nome do município e no final do período do meu intercâmbio, fiz um estágio em uma agência do meio ambiente em Sevilla, capital da Andalucía. Escolhi a Espanha por causa da facilidade que tenho com o idioma e pela familiaridade com a cultura, já que minha mãe é argentina. No início, morei com outros intercambistas dividindo apartamento e no final, fui morar na casa de amigos da minha família. Embora eu sentisse falta de casa, a receptividade do povo foi ótima. Eram muito alegres e festeiros. E também foi mais tranquilo meu intercâmbio pelo fato d’eu conviver com pessoas conhecidas e com outros estudantes que estavam passando pela mesma experiência que eu.”, afirma Luciana.

Já Victória estudou na Universidade do Porto, na cidade de Porto, em Portugal e alega que escolheu o país por causa da proximidade do idioma e também por ser o país de origem de seus antepassados. A universitária nos contou sobre a recepção dos portugueses e suas experiências culturais pelo continente europeu.

“A cidade era maravilhosa! Rica em cultura e história, mas os moradores recebiam os estrangeiros de forma mais fechada e com um pouco de preconceito, ainda mais se descobrissem que você era brasileiro. Falta aquele contato de proximidade que estamos acostumados. Não dá para generalizar, claro, pois morei com um português e fiz duas amigas na faculdade que eram de Portugal e eles me acolheram super bem. Tive também a oportunidade de conhecer outros países da Europa, como França, Inglaterra, Irlanda, Holanda e Alemanha, onde fui melhor recebida. Realizei um sonho da vida ao conhecer Paris com a minha mãe, que passou uma temporada comigo lá, ajudando a amenizar a falta de casa, já que nunca tinha saído do Brasil nem morado fora. Isso tudo graças à facilidade de locomoção que a Europa proporciona.”, conta Victória.

A aluna Victória em seu intercâmbio em Portugal. Imagem: Arquivo pessoal

A aluna Victória visitando Londres, na Inglaterra.
Imagem: Arquivo pessoal

Ambas ressaltam sobre a estrutura das universidades em que estudaram ser ótima independente do curso e afirmam que o ensino nestes países é mais rigoroso e exigente. Os professores não têm um contato mais próximo com o aluno e agem apenas como emissores de conteúdo, deixando para o discente o aprofundamento maior no conhecimento, diferenciando-se do método de ensino brasileiro. Mas falam que para um lado isso era bom, pois fazia com que fossem mais a fundo em pesquisas em suas graduações.

As universitárias dizem também que o intercâmbio proporcionou a elas, além da bagagem acadêmica, experiências culturais e de vida que possivelmente não serão esquecidas. Tanto Victória quanto Luciana incentivam os demais acadêmicos a participarem das seleções para bolsas e fazerem intercâmbio. As duas dão a dica para quem se interessa pela oportunidade: fiquem sempre atentos aos sites e editais dos programas de bolsas para não perderem os prazos.

“Essa é uma experiência única em nossas vidas! Eu indico para todo mundo fazer intercâmbio. É uma bagagem e tanto que você adquire. Não só pelos estudos, mas pelas vivências, experiências e trocas entre as pessoas, lugares e culturas que você vai conhecendo. Você também se descobre  melhor como pessoa e aprende que é mais forte do que imaginava. E o intercâmbio pode ir além do que você esperava. Eu, por exemplo, arrumei um noivado e um negócio com essa ida para Portugal (risos)… Então vale muito a pena tentar!”, finaliza Victória.

Os critérios de seleção variam de programa para programa e de edital para edital. Mas basicamente são: ter de 20% a 80% do curso concluído, maioridade de acordo com as leis do país de destino, assim como fluência no idioma do mesmo e não possuir reprovações em seu currículo. Para o Ciência sem Fronteiras, além desses requisitos, é obrigatório o uso da nota do ENEM. Para mais informações, como o valor de cada bolsa, acesse a página da CRInter.

Fonte de dados: Coordenação de Relações Internacionais da UFPel – CRInter.

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