Os Rotary Clubs e a importância social

Por Henrique König

Você sabe o que são os Rotary Clubs? Sabe qual a relevância dos mesmos em causas humanitárias em nível mundial? Em entrevista com o professor da Universidade Federal de Pelotas, José Carlos Volcato, a agência Em Pauta conversou sobre os principais projetos dos rotarianos. Quem sabe você não busca saber mais e se envolve em projetos futuros?

De acordo com o site Rotary Brasil, o Rotary International é a maior e mais respeitável organização não governamental (ONG) da humanidade. Rotary Club é o nome dado a cada uma dessas associações de voluntários, com os objetivos de empreender projetos humanitários locais e internacionais e ações para melhorias sociais, através de campanhas que beneficiam entidades necessitadas, combatem a fome e doenças e realizam outras formas de serviços voluntários.

Mundialmente, os números são realmente impressionantes: são mais de 207 países representados, com mais de 33 mil clubes e mais de 1 milhão e 200 mil sócios. Tudo começou em Chicago, nos Estados Unidos, com o fundador Paul Harris e três companheiros, no longínquo ano de 1905.

As organizações passaram a se expandir pelos mais distantes locais do planeta, focando em causas sociais, por exemplo, na África e no Oriente Médio, lugares de problemas remanescentes e conflitos. Os encontros com líderes dos Rotary e membros do mundo todo são realizados anualmente. O evento de 2015, em sua 106ª edição, foi recebido no Brasil, em acontecimento sediado no Anhembi, em São Paulo, entre os dias 6 e 9 de junho.

Professor de Língua Inglesa e Literaturas de Língua Inglesa da Universidade Federal de Pelotas, atuando no Centro de Letras e Comunicação e ainda em outros cursos, tais como o de  Relações Internacionais, José Carlos Marques Volcato participou da cerimônia de abertura e acompanhou os quatro dias dessa experiência única para troca de ideias e apresentações para um mundo melhor. Ele já havia participado da edição do ano de 2009, em Birmingham, na Inglaterra.

O lema presidencial para o ano de 2014-2015 foi “Faça o Rotary Brilhar”. A abertura do evento ocorreu com a presença de uma tocha que havia percorrido todo o planeta como comemoração dos indianos. O professor explica o motivo da simbologia da chama. Para tal entendimento, porém, é necessário voltar no tempo e compreender um antigo objetivo estabelecido pela associação global.

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

No ano de 1985, a erradicação da poliomielite passou a ser pauta no Rotary International. Naquele momento, a doença ainda era endêmica em 125 países e cerca de 350 mil novos casos ocorriam por ano. O Brasil conseguiu erradicar a doença já em 1994. Com o avanço da vacinação e o anúncio da erradicação na Índia em 2014, atualmente, apenas três países endêmicos concentram a luta para eliminar a pólio: Nigéria, Afeganistão e Paquistão.

Volcato afirma que a resistência dos Estados com cultura mais fechada e os problemas sociais, como tratamento de água e esgoto, são os fatores que complicaram o controle nos países citados. Ao mesmo tempo, ele comemora ao relatar que os Rotary Clubs são responsáveis pela incrível marca de mais de 2,5 bilhões de crianças imunizadas, com bilhões de dólares de investimentos realizados.

Recentemente, a Índia conseguiu erradicar a doença, o que justifica a presença da tocha na cerimônia do Encontro em São Paulo, com uma simbologia forte aos hindus, até pelos rituais de cremação, como conta o professor. Já entre as outras três nações, a Nigéria completará, em 24 de julho, um ano sem casos registrados. Se completar três ciclos anuais, assim como a Índia alcançou, estará no mapa dos países que erradicaram a poliomielite. No mundo todo, houve 359 casos em 2014 e só 27 casos em 2015: 24 no Paquistão e 3 no Afeganistão. A perspectiva é que a erradicação definitiva em todo o mundo possa ocorrer até 2017 ou 2018.

São parceiros no amplo projeto pelo extermínio da pólio: Organização Mundial da Saúde (OMS), UNICEF, CDC (Estados Unidos), Cruz Vermelha, fundação Bill e Melinda Gates, entre outros. As iniciativas do combate à doença são do Rotary Internacional, inclusive com o dia mundial de combate à poliomielite, focado no dia 24 de outubro.

 

(Foto: Divulgação)

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Além da importante e incessante luta contra doenças, como a pólio, outras ações sociais foram pauta no Encontro dos rotarianos. As plenárias, palestras e workshops contaram com a presença de vários líderes mundiais, tais como o ganhador do Prêmio Nobel, Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica; a ex-presidente do Equador, Rosalía Arteaga; e Kátia Dantas, diretora de políticas públicas para a América Latina e Caribe do Centro Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas. A abertura do evento recebeu os discursos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do prefeito Fernando Haddad e do presidente do Rotary Internacional, Gary Huang, de Taiwan.

Estima-se a participação de cerca de 16 mil rotarianos na convenção mundial realizada em São Paulo. A injeção na economia da capital paulista ultrapassa os R$ 183 milhões. Com isso, o evento mostra-se imponente tanto para as causas humanitárias e trocas de experiências pessoais e profissionais, quanto para fomentar o turismo na localidade de sua ocorrência.

Professor José Carlos Volcato afirma que, culturalmente, o encontro gerou várias apresentações culturais, como exibição de orquestras, escolas de samba e até um show da cantora Ivete Sangalo. Após os dias inesquecíveis às delegações da mais de uma centena de países representados, os portais oficiais já focam na realização de 2016, que será na Coréia do Sul.

(Foto: Divulgação)

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Pelotas no mundo dos Rotary Club

O professor José Carlos Volcato é atuante no Rotary desde 2005, em Porto Alegre. Começou em Pelotas em 2008 e, neste 2015, especial por ter participado do encontro internacional, completa uma década de lições de vida e de projetos rotarianos. Ele pertence ao Rotary Club de Pelotas Princesa do Sul e ocupa o cargo de Governador Assistente no Distrito 4680.

“Claudete Sulzbacher, do Rotary Club de Santa Cruz do Sul, e eu participamos da cerimônia da Chama do Rotary em São Paulo devido ao nosso envolvimento no projeto da Maior Refeição do Mundo, que é uma iniciativa que apoia doações feitas à Fundação Rotária, visando o programa PólioPlus do Rotary International”, dialoga o professor sobre a viagem a São Paulo.

Em relação especificamente à cidade pelotense, Volcato orgulha-se dos investimentos que foram conseguidos para o Hospital-Escola, que é 100% SUS e só conta com um banco de olhos graças a um projeto da Fundação Rotária de Rotary International encaminhado em parceria com um clube rotário do Arizona pelo Rotary Club de Pelotas Princesa do Sul. Ele afirma haver seis clubes na cidade da zona sul e que não faltam vagas e oportunidades a quem estiver interessado em participar.

“O Rotary oferece várias bolsas através da Fundação Rotária. Por exemplo, há bolsas anuais de mestrado e outras pós-graduações curtas na área de estudos da paz e resolução de conflitos. Em Pelotas, são seis oportunidades de bolsa por ano. O contato pode ser feito diretamente com os Rotary da cidade”, explica o atuante.

Ele atesta que as Relações Internacionais têm tudo a ver com os objetivos das bolsas no exterior, oferecidas em universidades como a de Brisbane, na Austrália, e Bangcoc, na Tailândia. Apesar disso, profissionais e estudantes de outras áreas podem se envolver na temática que visa a paz e a resolução de conflitos internacionalmente.

E você, gostou de conhecer um pouco sobre os rotarianos? Gostaria de aprender ou se informar mais sobre as bolsas e as oportunidades de troca de experiências? Entre em contato com o professor Volcato pelo e-mail: zaeca1@gmail.com

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