Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos (CCQFA) protesta por melhores estruturas

Por Andressa Machado

Professores, alunos, ex-alunos e funcionários dos cursos de Química de Alimentos e Tecnologia de Alimentos da UFPel protestaram na manhã de hoje (03) por melhores condições de trabalho e de estruturas. O protesto ocorreu no Campus Capão do Leão, tendo seu início no prédio 04 -o qual é motivo principal da manifestação- e contou com a presença de cartazes, apitos, narizes de palhaço e muito barulho.

As causas do protesto

Há muito tempo, o CCQFA pede por reformas no prédio 04 por motivos de goteiras, esgoto, afundamentos no piso, rachaduras nas paredes, invasão de morcegos, dentre outros problemas, e até hoje, estas não foram realizadas. Já haviam sido feitas requisições de melhorias na estrutura para antiga gestão da reitoria, e esta garantiu então que iria fazer a mudança dos cursos para o Campus Porto, juntamente com o curso de Nutrição. Todavia, quando a nova gestão assumiu, a mudança foi cancelada, pois as estruturas do Campus Porto também não são adequadas para as exigências da Área.

Embora a transferência tenha sido cancelada, a reitoria prometeu então que faria a reforma no prédio 04 e o adequaria para a demanda dos cursos. Toda a estrutura que os cursos teriam no Campus Porto seria então construída no Campus Capão do Leão, o que implica na remodelação da área, criação de novos laboratórios, melhoria na rede elétrica, dentre outros. Entretanto, a única parte executada da reforma foi o começo da desconstrução do prédio. No final de 2013, o prédio foi isolado na metade e se começou a demolição das paredes e estruturas já existentes para fazer a adequação à nova planta. Porém, em virtude das exigências da obra, a Prefeitura – da Universidade – não executa este tipo de trabalho, então ela apenas começou a demolição.

Parte demolida do prédio 04 / Foto: Andressa Machado

Parte demolida do prédio 04 / Foto: Andressa Machado

Dessa forma, ambos os cursos precisaram procurar novas instalações para suas aulas. No prédio 04, ficaram apenas o Laboratório de Análise Sensorial e Microbiologia, para Físico-química está sendo usado um espaço no prédio da Farmácia e o Laboratório de Processamento e a Planta de Panificação estão utilizando o espaço da antiga Cafeteria do Campus. Já as demais aulas estão sendo dadas no prédio 33, que pertence à Engenharia Agrícola.

Para que a reforma aconteça, é preciso de uma empresa para executá-la, e para isso é feita uma licitação pela reitoria e, então, se espera que apareçam interessados em fazê-la. Mas, já foram feitas duas licitações para a reforma do prédio 04 e não apareceram interessados em executá-la. Portanto, os cursos estão solicitando que a reitoria avalie se é possível fazer uma dispensa de licitação para contratar uma firma para fazer a reforma. Nas reivindicações também está disposto que no prédio 04 funcionem apenas os laboratórios e o espaço dos professores. Já as aulas seriam ministradas no prédio 05 e no aulário, que está sendo construído no Campus Capão do Leão.

Com o resultado negativo da segunda licitação de reforma, que saiu no final do mês de fevereiro, e a proposta da reitoria que os cursos fossem transferidos para o prédio 35 -atualmente servindo de depósito para biodiesel e em piores condições do que o prédio 04 – para caso a reforma fosse feita, o descontentamento foi inevitável. Sendo assim, a professora Angelita Moreira, do curso de Química de Alimentos, contatou os colegas e demonstrou sua insatisfação. Na sequência, os alunos e funcionários foram convidados para uma assembléia, na qual todos decidiram então por fazer o protesto e chamar a atenção do reitor Mauro Del Pino para a situação. “O protesto foi organizado também pelas redes sociais e por e-mail, os alunos também entraram em contato com ex-alunos, então hoje temos a presença de um número bem expressivo de ex-alunos, que por já terem passado por essa situação se sentem sensibilizados com a causa”, comenta Angelita.

Prédio 35 servindo de depósito / Foto: Laura Vilanova

Prédio 35 servindo de depósito / Foto: Laura Vilanova

A insatisfação dos alunos

O desgosto com a situação não parte só dos professores, muitos alunos também não estão contentes com o estado de seus cursos. A aluna de Química dos Alimentos, Kennia Prietsch demonstra sua insatisfação com a estrutura: “O lado bom é que os professores são maravilhosos, eles explicam muito bem… E, na realidade, quem te motiva a estar no curso são eles, porque pela estrutura tu não tens vontade nem de entrar no curso. A gente fica bem desmotivado e com vontade de desistir às vezes, porque tem muita coisa que a gente não consegue fazer. As nossas aulas práticas, a maioria delas são adaptadas, e como a gente vai fazer uma aula prática adaptada se na nossa realidade não vai ser assim?”. Daiane Nogueira, aluna de Tecnologia dos Alimentos, complementa: “Além disso, eles (professores) nos ensinam as condições de higiene, como deve ser para preparamos um alimento para que ele não ofereça riscos à saúde do consumidor, e a gente chega ao laboratório e não tem o mínimo de higiene”.

Protesto em frente ao prédio 04 /Foto: Andressa Machado

Pós-protesto

Angelita diz que o efeito esperado pós-protesto é a mobilização rápida e imediata do reitor. “Há uma promessa de que talvez ele venha aqui no Campus terça-feira. Na verdade, ele já visitou o nosso prédio e está ciente da realidade, então nós esperamos agora que ele faça algo concreto e nos instale em um lugar digno e adequado para realizarmos nossas atividades práticas com alimentos, pois não podemos trabalhar com alimentos em um lugar insalubre e contaminado”, conclui.

Veja mais fotos do protesto e da situação atual das instalações.

Comentários

comments

Você pode gostar...