O Regresso

por Graça Siqueira

Sinopse:
“Em 1822 Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é um guia que parte para o oeste americano com homens dispostos a ganhar dinheiro caçando e comercializando peles. Atacado por um urso é seriamente ferido. Seus companheiros partem e o deixam com seu filho e John Fitzgerald (Tom Hardy). Seus problemas apenas tinham começado. Com toda adversidade, Glass sobrevive e busca por vingança.”

Já li muitas coisas sobre esse filme. Que é maravilhoso, fantástico e um “filmaço”. Sabe aquela história de que quando ouvimos muitos elogios nos desiludimos? Pois pode até ser verdadeira.

Dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñarritu, concorre a 12 estatuetas do Oscar 2016. Além de ter recebido três estatuetas na premiação do Globo de Ouro.

Baseado em fatos reais e adaptado do livro de Michael Punke, a história sobre o homem que foi com o filho, mestiço de índio, guiar um grupo de caçadores que comercializavam peles, é uma tortura.

Glass se afasta do acampamento para caçar e é atacado por uma enorme ursa mãe que cuidava dos filhotes. A cena é realmente estarrecedora. Seus companheiros fazem tudo para salvá-lo, embora até desconfiem que sobreviva. Mas a maca em que o conduziam atrasava o grupo. Então, ameaçados pela presença de índios, os homens resolvem partir e deixá-lo com o filho e um dos homens.

Casualmente esse é o homem que menos gosta de Glass. Tão logo ficam a sós ele pensa em uma maneira de se livrar daquele estorvo, que Glass se tornou. Mas ainda há o jovem que está por perto.

Para resumir, Glass é, na sequência, sufocado, enterrado vivo, cai de um enorme penhasco, é baleado, esfaqueado, perseguido por índios, quase congela, enfrenta a neve, um rio com águas tortuosas, passa fome e sede e fica frente a frente com a morte inúmeras vezes.

Sim, o filme é sufocante. Muita violência, sangue e desespero. Quase tudo sem efeitos especiais. Mas tem uma fotografia maravilhosa. A natureza em todo seu esplendor e fúria preenche o filme. E, sim, Leonardo DiCaprio está ótimo. São 156 minutos em que você espera que algo de bom aconteça.

O diretor de fotografia, Emmanuel Lubezki, já premiado por Gravidade e Birdman dá um show de imagens. Embora as cenas de contemplação sejam mais do que as de ação, nesse aspecto é inegável a beleza que vemos na tela.

Outro ator que está em ótimo desempenho é Tom Hardy, que pela primeira vez é indicado como ator coajuvante. Quase irreconhecível por trás da barba do personagem, Tom não é desta vez o herói Mad Max, em Mad Max: Estrada da Fúria, mas também impressiona.

O trabalho de figurino e direção de arte são de tirar o chapéu. A caracterização dos personagens é tão perfeita, que passei o filme inteiro esperando chegar a hora em que Glass pudesse, enfim, tomar um banho. Quem assistir entenderá o motivo.

A câmara que acompanha DiCaprio chega a poucos centímetros de seu rosto. É possível até perceber sua respiração embaçando a lente. Trabalho irretocável. Mas tenho que ser sincera e admitir que o filme é, sim, um pouco cansativo. É tenso. Tem cenas selvagens demais. Reais demais.

Talvez por isso a gente levante da poltrona com um peso nos ombros. E, ao observar as pessoas que saiam do Cineflix do Shopping Pelotas, percebi que não só eu me sentia assim.

Agora é aguardar a noite do Oscar 2016 e ver o que acontece.

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Link para o trailer: https://youtu.be/S4PpYv9n0ko

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