Spotlight: Segredos Revelados

por Graça Siqueira

Sinopse:

“Baseado em uma história real, o drama mostra um grupo de jornalistas, em Boston, que reúne milhares de documentos capazes de provar diversos casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso transferindo os padres de região, ao invés de puni-los pelos casos.”

Mais um ótimo filme baseado em fatos reais, Spotlight trata da investigação jornalística sobre os casos de pedofilia na igreja. O fato aconteceu no início dos anos 2000 e o grupo de jornalistas do Boston Globe ganhou o Prêmio Pulitzer.

Dirigido por Tom McCarthy, do recente Trocando os Pés, é um drama envolvente, que te prende na poltrona de tal forma que os 128 minutos passam muito rápido.

A começar pelo elenco que é excelente. Michael Keaton foi até morar perto de Walter Robinson para que seu desempenho fosse perfeito. Walter ficou perplexo com a sua imitação.

Mark Ruffalo não deixou por menos e teve a constante companhia do repórter investigativo Michael Rezendes, com quem treinava as falas para que ficassem idênticas. E ficaram. Atores e personagens se relacionaram realmente.

Não espere por tiros, perseguições automobilísticas ou violência. Na realidade a violência está implícita no texto, quando repórteres começam a descobrir do que alguns padres da igreja católica são capazes.

Spotlight, que significa holofote, é o nome de uma das equipes do jornal Boston Globe. Ela se limita a reportagens investigativas especiais. Por essa razão o grupo é pequeno e trabalha em total sigilo. Os repórteres são: Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty Carroll (Brian d’Arcy James).

Os três respondem ao editor e repórter investigativo, Walter Robinson (Michael Keaton). Juntos eles trabalham por meses até conseguirem fontes e provas suficientes para que, enfim, uma reportagem possa ser publicada. O que pode se chamar de luxo para poucos jornais.

A história é adaptada do livro escrito pelos próprios jornalistas. Que nunca viram limites de horário para o trabalho. Após o início não param até a conclusão.

Eles são apresentados ao caso pelo novo editor chefe, jornalista judeu transferido de Miami para Boston, Marty Baron (Liev Schreiber) – atentem à voz do ator- que logo na primeira reunião pergunta por qual motivo o Globe não investigou melhor as acusações contra o padre John Geoghan. Esse teria molestado mais de 80 meninos enquanto era responsável por uma paróquia, entre 1970 e 80.

Então todos saem a pesquisar clippings daquele período e o que encontram são denúncias contra um padre. Mais uns dias e descobrem que são três padres, para logo a seguir serem apresentados a mais de 13 padres molestadores.

Eu sou jornalista e me senti dentro da redação, portanto sou suspeita, mas o filme tem essa mágica de incluir os espectadores na trama, acompanhando tudo, minuto a minuto, descoberta a descoberta.

O trabalho de campo dos repórteres, a busca por fontes confiáveis, travando uma luta contra o poder da igreja é maravilhoso. Você chega a sentir o motivo que leva um jornalista a escolher essa profissão.

A trama se passa em 2001 e consegue se desviar da paranoia que tomou conta dos americanos. E nos passam muito bem a hipocrisia que fez parte de um segmento da igreja católica daquela época e até onde seu poder se infiltrava.

Outro ator que faz parte desse estupendo elenco é Stanley Tucci no personagem do advogado das vítimas, Mitchell Garabedian. Insistentemente perseguido pelo repórter Rezendes, que permanecia por horas a sua espera e, invadindo sua sala, exigia respostas.

O que veremos a seguir é o grupo desvendando uma rede de abusos contra crianças menos favorecidas socialmente, o que foi ocultado por advogados especializados em esconder e desaparecer com os processos contra os padres.

A conclusão todos nós conhecemos de antemão, pois assistimos à queda da credibilidade da igreja católica: centenas de vítimas, apenas em Boston, com cerca de 90 padres envolvidos.

No final do filme somos apresentados a inúmeros nomes de cidades e seus respectivos países que, aos poucos, foram denunciados por milhares de pessoas que, enfim, se sentiram livres para acusar à igreja pela omissão de condenação dos culpados. É possível ver, nesta relação, que pela quantidade de nomes passa rapidamente, a cidade de Mariana (MG), no Brasil. E, mais tarde pesquisando, descobri que também aparece o nome da cidade de Franca (SP).

Spotlight foi apresentado no 40º Festival Internacional de Cinema de Toronto, foi vencedor como Melhor Filme no SAG Awards 2016, prêmio do Sindicato de Atores dos Estados Unidos, em 30 de janeiro. Além disso, o sindicato escolheu o elenco como o melhor do ano. Concorre ao Oscar 2016 em seis categorias.

Estou torcendo que levem muitas estatuetas para casa. O filme realmente merece todo o sucesso.

Quer mais? Vá correndo assisti-lo no Cineflix do Shopping Pelotas.

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Link para o trailer: https://youtu.be/I7TYGRwZbE4

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