O que você quer ser quando crescer?

Alunos e professores de ensino médio e estudantes universitários discorrem sobre o processo de escolha do que cursar na faculdade.

 

Por Giorgia Ossanes *

 

É uma verdade conhecida por todos que o ensino médio é um momento de inúmeras escolhas, talvez uma das mais importantes seja a decisão do que cursar na faculdade. Os jovens no último ano do ensino médio precisam lidar com a pressão do vestibular e, além disso, têm que escolher o curso que irão seguir. Decidir o que fazer “para o resto da vida” quando se tem dezessete anos pode ser difícil e apavorante. É comum, inclusive, ver pessoas mais velhas que não sabem o que desejam fazer e a taxa de desistências de cursos de graduação é uma amostra da dificuldade da decisão.
“Acho que nós temos que escolher muito cedo o que queremos ser ‘para o resto da vida’”, disse Rebeca de Angelis (19) estudante de odontologia na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Muitos adultos no mercado de trabalho não têm certeza da área em que realmente desejam trabalhar, então não é surpresa que os jovens se encontrem na mesma situação.
Marlon Costa (17) estudante do terceiro ano do ensino médio, ainda não decidiu o curso que irá seguir. Marlon disse que acreditava não ter aptidão para qualquer profissão. Encontrou na dança uma paixão, embora ainda não tenha certeza absoluta. “Não quero ser daquelas pessoas que sonham com o fim de semana e odeiam as segundas”, disse o estudante.
Luiza Caldeira (18) não tem certeza sobre o curso que deseja, mas já descobriu a área em que deseja atuar. “O que mais gosto é cuidar das pessoas”, explica seu gosto pela área da saúde. “Meus pais querem que eu insista em medicina, mas dizem que vão me apoiar no que eu quiser fazer”, falou.
Thierri Silveira (17) já fez sua escolha. “Sempre curti ‘me vestir bem’”, explica por que decidiu cursar moda. “Fui vendo meus gostos, pensando sobre e quando pesquisei sobre o curso vi que a maioria das matérias são práticas e isso fez eu me encantar mais ainda”, afirmou o estudante.
A opinião da família nesse momento pode ter um grande peso para os estudantes. Ela tem poder para fazer os jovens se perguntarem se estão tomando a decisão certa ou para fazer com que se sintam mais confiantes em suas escolhas.
Marlon cogita a ideia de cursar dança, mas “a minha família não aceitaria de jeito nenhum”. Thierri disse que sua família o apoia em sua decisão, “sempre falam que só querem a minha felicidade, então isso conta bastante”. Isabela Couto (17), que está dividida entre química, inglês e enfermagem disse que seu pai não gosta de suas opções, “acha que eu devo escolher algo que eu tenha certeza que vá ter um bom rendimento financeiro”.
Julia Sedrez (17) quer cursar odontologia. A estudante disse que sempre quis atuar na área da saúde, mas nem sempre soube que esse era o curso que realmente queria. Julia contou que pesquisou e leu alguns livros sobre e se apaixonou por odontologia.
“Em alguns momentos eu me questionei se era mesmo o que eu queria, mas parece ser a única coisa que me identifico”, contou Isadora Reyes (16) que pretende cursar psicologia.
De modo geral, os estudantes tendem a se inclinar para cursos que estejam nas áreas de conhecimento em que se saem melhor na escola ou que se encaixem em seus gostos. Matheus Barcelos (19) estudante de sistemas para internet no Instituto Federal Sul−Rio−Grandense (IFSUL) disse que sempre gostou da área de computação e informática. “Fiz um curso técnico em informática e lá tive um módulo voltado para programação, que foi a parte que mais me identifiquei na informática”, disse o estudante.
Matheus Ávila (16), pretende cursar engenharia do petróleo. O estudante disse que a área das engenharias o agrada por ser bom em exatas e “o fato de ser a do petróleo foi porque não é um curso muito disputado”. Matheus pensa também na parte financeira da profissão, “dá uma boa renda porque o petróleo tende a valorizar”, disse o jovem. Carolina Ebersol (16) contou que gostaria de cursar veterinária por causa do amor que sempre teve pelos animais, “meu pai é veterinário e temos uma chácara com muitos animais”.
Gabriel Marten (17) pretende cursar ciência da computação, disse que sempre gostou dessa área e que desde cedo teve muito contato com jogos eletrônicos. Luana Barros (16), em dúvida entre relações internacionais e psicologia, contou que chegou a essa conclusão levando em consideração “a área de conhecimento que eu sou mais apta e a área de atuação depois da faculdade”.
O que fazer após a graduação é um ponto levado em consideração pelos jovens na hora de pensar no curso em que seguir. Raphaela Leite (17), estudante de engenharia química na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), disse que um dos motivos para ter escolhido o curso é que existem várias opções de mercado. Durante o ensino médio cogitou cursar conservação e restauração de bens culturais móveis, medicina e arquitetura. Raphaela disse que gosta que o curso não exija que escolha imediatamente o campo de trabalho em que atuará porque “até hoje não sei muito bem o que fazer na minha vida”.
Vanessa Xavier (37), pós−graduada em linguística aplicada no ensino, disse que sempre soube que seria professora de português. “Desde a brincadeira de sala de aula quando criança, eu sempre soube que seria professora, nunca pensei em outra profissão”, disse a professora de língua portuguesa e redação. Vanessa contou que vê muita indecisão entre seus alunos quando o assunto é faculdade. Grande parte dessa indecisão é causada por medo da reação dos pais frente ao curso escolhido. A outra parcela dos estudantes indecisos, por serem muito jovens, simplesmente não tem maturidade para essa decisão tão importante. A professora disse ainda que percebe vários de seus alunos pensando nas questões financeiras, “vejo eles muito preocupados com dinheiro”.
Vanessa disse que em um momento de indecisão entre cursos é sempre muito importante pensar “em qual profissão tu te vê acordando todos os dias às seis horas da manhã para ir trabalhar?”.

 

*Notícia produzida para a disciplina de Produção da Notícia especial para o Em Pauta.

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