O frio do Rio Grande para quem vem de fora

Por Eduardo UhlmannMariana Dias

(Foto: Mariana Dias)

(Foto: Mariana Dias)

As manchetes dizem: frente fria se aproxima. Termômetros marcam temperaturas menores que 0ºC. O estado do Rio Grande do Sul é conhecido pelo inverno rigoroso – combatido por nós, gaúchos, com um bom chimarrão, uma “lagarteada” no sol acompanhada de bergamotas, casacão, manta e bota como proteção. Se para os habitantes dessa região o frio já assusta, pra quem vem de longe e não está acostumado com essas temperaturas baixas, o choque é ainda maior.

Há quem goste do cenário gelado do nosso estado. A Serra Gaúcha, principalmente as cidades de Gramado e Canela, vira ponto turístico nessa época do ano. O motivo principal é a expectativa de ver a neve cair, porque nesses locais a altitude é maior e a temperatura ainda menor.

Por mais incrível que pareça, existem pessoas que são apaixonadas pelo frio. Maria de Lurdes D’ávila, de 52 anos, é uma dessas pessoas. Há 18 anos em Pelotas, se mudou de uma cidade chamada Oliveira, no estado de Minas Gerais. A mudança ocorreu para acompanhar o esposo, que veio dar aulas na Universidade Federal de Pelotas. Conta que adora o clima do sul e prefere o inverno ao verão. “Primeira vez que eu estive aqui foi em junho de 1997, eu lembro que estava muito frio. Fui passear a noite no Laranjal e amei. Fiquei apaixonada de primeira pela cidade e pelo clima daqui.”

Com as novas formas de ingressar nas universidades, como o ENEM e o ProUni, pessoas de todas as partes do Brasil se encontrem em uma mesma cidade, além daqueles que se mudaram de suas cidades natais por outros motivos. As culturas se misturam e quem vem estudar no sul e não conhecia o frio, passa a conviver com ele diariamente. Essas pessoas de diferentes sotaques e etnias se deparam com a necessidade de usar quatro camadas de roupas, três cobertores de lã na cama e a vontade de tomar um café bem quente para espantar o frio.

Murillo Bernardo, de 19 anos, se mudou de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, para estudar Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas. Ele afirma que, por ter chegado à cidade no verão, teve a impressão de que aqui não fazia frio. “Fui contrariado algumas semanas depois, quando a temperatura baixou para 7ºC na madrugada, o que pra mim já era muito frio.” Há 4 meses morando na cidade, diz que já se acostumou e hoje em dia acha normal os termômetros marcando menos de 5ºC. “Hoje em dia, os gaúchos sentem mais frio que eu”, brinca.

Apesar do susto causado pelo frio, tanto pra quem é daqui, quanto pra quem vem de fora, uma coisa é certa: o inverno tem seu lado bom. Tomar chocolate quente, comer fondue, pinhão, sopas e passar um tempo na frente da lareira fazem a estação ficar mais gostosa e mais fácil de “sobreviver”.

 

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