Não é apenas um romance adolescente

Com nova trama e elenco, a segunda temporada de Cruel Summer mostra como a mistura de amor e amizade pode ter efeitos desastrosos.

Por Isabela Spieker / Agência Em Pauta

 

Após dois anos do lançamento da temporada de estreia, a série antológica Cruel Summer retorna para um novo capítulo. Seguindo a fórmula da temporada anterior, a trama conta a história de Megan (Sadie Stanley), típica jovem norte-americana, que tem sua vida virada de cabeça para baixo pela chegada de Isabella (Lexi Underwood), uma misteriosa intercambista que passará o ano vivendo em sua casa.

Além de acompanhar a amizade das garotas, a narrativa explora o surgimento de um triângulo amoroso formado por elas e Luke (Griffin Gluck). Isso, pelo menos, até o desenrolar de uma tragédia, capaz de colocar uma amiga contra a outra e mudar o destino de todos os personagens.

Divulgação do elenco da série. Imagem: Frank Ockenfels/Freeform.

Diferente de outras produções adolescentes, Cruel Summer não configura apenas um romance. É um envolvimento de suspeitas, emoções e questionamentos. Por se enquadrar no gênero de drama e mistério, a trama cativa um público amplo, tornando-se intrigante à diversas faixas etárias.

O ponto alto da série está centrado em seu formato não-linear, com saltos temporais que circulam entre o verão e inverno de 1999 e verão de 2000. Por marcarem diferentes situações na vida dos personagens, as três épocas são diferenciadas pelo uso de filtros coloridos. A primeira época não utiliza os filtros, a fim de capturar a essência feliz e inocente dos jovens. Já o inverno recebe tons azulados e escuros, atribuindo um ar sério para a narrativa, que passa a evidenciar problemas e momentos de tristeza. Enquanto o último verão conta com um toque amarelado, que, embora represente o calor provocado pela estação, amplia a sensação de derrota e exaustão enfrentadas pelos personagens.

Paralelamente à mudança na fotografia, percebe-se uma alteração no comportamento e aparência dos personagens, especialmente ao tratar de Megan. No primeiro momento, a menina assume uma postura nerd, retraída e inocente, alternando seu tempo entre os estudos e o trabalho. Após se aproximar de Isabella, a jovem passa a viver a adolescência de forma mais intensa, tomando riscos e atitudes que sua antiga versão jamais tomaria. Quando Chatham é assolada por uma tragédia em que a garota é tida como suspeita, Megan muda completamente de aparência e postura, adquirindo visuais góticos e comportamentos raivosos.

A escolha de filtros faz parte da contação de histórias. Imagem: Reprodução/Freeform.

A escolha do elenco é um destaque da produção. Em grandes sucessos da TV adolescente, como The Vampire Diaries, Riverdale ou Elite, nos deparamos com atores na casa dos 30 anos interpretando jovens de ensino médio. Cruel Summer acerta no casting, escalando jovens por volta dos 20 anos de idade, que realmente parecem estudantes pré-universitários. A química entre as atrizes Sadie Stanley e Lexi Underwood também deve ser realçada. As meninas fizeram um trabalho impecável ao retratar a ascensão e a queda de uma grande amizade.

Por se passar no final dos anos 1990 e início de 2000, a trama resgata os principais acontecimentos e febres musicais da época. Escândalos da cultura pop, como o vazamento da sex tape de Pamela Anderson e Tommy Lee, são utilizados como plano de fundo para situações da série. No âmbito musical, Spice Girls, No Doubt, The Goo Goo Dolls e Lenny Kravitz são alguns dos grupos e artistas que a série menciona e adiciona à trilha sonora.

A escolha dos figurinos também ajuda a escrever a narrativa. As protagonistas femininas, especialmente Isabella, chamam a atenção pelo uso de tendências ousadas da época, popularmente conhecidas como Y2K. Calças de cintura baixa, blusas cropped, peças de paetê e cintos grandes são alguns dos elementos mais percebidos entre as vestimentas. A personagem também se destaca pelas maquiagens diferentes, uma vez que a era Y2K é famosa elo uso de sombras coloridas, principalmente em tons pastéis ou metálicos.

A escolha do figurino faz jus à clássica estética dos anos 2000. Imagem: Justine Yeung/Freeform.

Assim como na primeira temporada, a série cumpre a proposta de levar mistério, dúvida e desconfiança para os telespectadores. No entanto, a temporada de estreia conta uma história bem mais original e surpreendente, com plot twists que realmente fazem o queixo cair. De qualquer forma, o programa continua sendo uma ótima opção de entretenimento para diversas faixas etárias, produzindo uma narrativa adolescente que explora não apenas o romance, mas também os desafios de uma amizade.

Para quem quiser garantir uma dose de suspense e questionamentos, ambas as temporadas de Cruel Summer estão disponíveis no Amazon Prime Video.

Comentários

comments

Você pode gostar...