Moda Pelotas fecha com emoção e história

O tradicional evento que marca o lançamento das coleções de primavera-verão de lojas, estilistas e ateliês locais encerrou os seus 30 anos de desfiles no último dia 10

MP30: A última edição do Moda Pelotas. (Foto: Sarah Oliveira)

Por Maria Clara Morais Souza e Sarah Oliveira / Em Pauta

Para celebrar a última edição do Moda Pelotas em grande estilo, o desfile deste ano aconteceu em volta do chafariz da Praça Coronel Pedro Osório e contou com as coleções de marcas como Pompéia, Mahaca, Lecarv, Rosa Limão e muitas outras. O produtor do desfile, André Guerra, fez um discurso agradecendo a parceria de todos os envolvidos no evento que marcou a moda pelotense por 30 anos. Antes de iniciar as apresentações, Guerra também comentou sobre moda não ser só comercialização e agradeceu pelas parcerias e amizades feitas em todas as edições. O desfile foi variado contendo marcas de fast fashion, slow fashion, upcycling e outros formatos de moda.

A primeira marca a entrar na passarela foi a varejista gaúcha Pompéia, trazendo as cores azul, rosa, laranja e verde em evidência com tons vibrantes numa perspectiva colorida do verão. Alguns looks também continham tons de areia, já que a marca de fast fashion é conhecida por misturar todos os tipos de gostos em suas araras. 

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Uma das marcas que se destacou foi a Mahaca, marca de design ecológico e slow fashion. A dona da marca, Mariana Hammes, afirma que “essa questão do design ecológico foi primordial” na criação de suas peças. Nascida em Pelotas, enquanto desenvolvia a ‘Mahaca’, Mariana fez questão que a produção fosse 100% pelotense por confiança na cidade e no seu cenário fashion. Os tecidos também são 100% brasileiros, mas o que leva um fator de choque à passarela é a forma como as peças se transformam e permitem mais de um uso, tal qual um vestido que pode virar um cropped e saia. As cores trazem uma ideia de oceano que, segundo Mariana, foi proposital: E a questão do oceano, está muito em evidência, a questão ambiental, que traz a questão das cores que envolvem a participação oceânica”.

A ecologia e o oceano dominam a nova coleção da Mahaca no MPN30. (Foto: Sarah Oliveira)

Lecarv foi outra marca que brilhou no ‘MPN30’ com peças jovens e atuais. O uso de jeans colorido num tom vibrante brilha na passarela com uma pegada muito contemporânea. A idealizadora das roupas e dona da loja, Aléxia Carvalho, diz que começou a marca na faculdade e decidiu seguir por amor ao mundo da moda. Seu propósito é simples e tocante: “Eu quero que todas as pessoas se sintam bem, dependendo de qual tamanho elas estão e dos tipos de corpos”.

Lecarv traz cor e brilho para a sua primavera-verão. (Foto: Maria Clara Morais Sousa)

Também celebrando mais um ano dedicado à moda, a Rosa Limão completa os seus 20 anos com a apresentação da coleção primavera-verão de 2023 no ‘MP30’. Com foco no público infanto-juvenil, a Rosa Limão trouxe fluidez e diversidade de estilos em suas peças, demonstrando que conversa com o seu público alvo da maneira mais coesa possível. Desde o estampado lúdico e brilhante até as modelagens clássicas e contemporâneas, a marca equilibra o lado divertido de ser criança com o jeito único e empolgante de ser jovem em uma só coleção.

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Os alunos do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) do curso de Design de Moda também mostraram as suas obras na noite do dia 11. Com modelos inspirados nos festivais de música – como o Lollapalooza e The Town – e nas trends atuais entre os jovens tanto nas redes sociais, quanto na vida real, os looks feitos pelos alunos transmitem uma mensagem clara: uma coleção de jovens, feita para jovens. “Nós pegamos tendências que estão a ser lançadas no… Agora, para o próximo semestre do ano, a gente pegou dali e foi filtrando algumas coisas que chamavam mais a nossa atenção, que faziam mais o nosso estilo. E aí, a partir disso, a gente foi montando uma coleção com o estilo de cada um dos alunos, para que assim fizesse um pouco mais de sentido e ao mesmo tempo, cada um tivesse a sua identidade dentro das peças.”, afirma Camila Vechiato, estudante do IFSul.

Além de surpreender na passarela, os alunos do curso de Design de Moda também surpreenderam nos bastidores. Além de conter peças construídas através do upcycling, para poder criar os trajes com a melhor precisão, os designers criaram as roupas do zero e customizaram cada look em sua respectiva modelo, dando um toque ainda mais pessoal para cada peça. 

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Por fim, a última marca a andar o chafariz foi a Atelier Eliza Andrade, com uma coleção repleta de cores vibrantes – como o laranja, amarelo e vermelho – junto ao branco e tons arenosos adornados com colares longos. Com o encerramento feito pela drag queen Lorena – ou LoreDrag -, o atelier mostrou que a modelagem solta e confortável é o tema para o verão.

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Rafaela Goulart Pedra, Larissa Moura e Ana Júlia Nachtigal foram algumas das modelos que cruzaram a passarela do Moda Pelotas na sua última edição, que, coincidentemente, também foi a primeira participação de uma alguns modelos do evento. É incrível (desfilar) porque também é o meu primeiro Moda Pelotas. Ah, maravilhoso! Eu não sei se é o primeiro e o último, mas tá tudo.”, afirma Rafaela Pedra. Ao descrever a sensação de poder fazer parte da história do evento, a modelo Larissa Moura diz que tudo foi “(…) emocionante, assim, porque é a minha cidade e é um evento que eu sempre quis participar e eu só pude participar do… passado e desse agora, mas é isso eu acho, está sendo indescritível a sensação de estar na cidade, principalmente aqui em Pelotas, em um momento lindo, que é aqui o Chafariz.”.

Em relação ao processo de preparação para o evento, a modelo Ana Júlia Nachtigal conta que, o processo de produção de um modelo para o desfile é “muito divertido, porque tudo com as gurias do casting e com o André sempre é”. Já sobre os preparativos dos looks, Ana Júlia conta que algumas marcas criam as suas roupas conforme a modelo e o seu corpo, tal como foi feito pelos alunos do IFSul. Para além das roupas, a escolha do local para o desfile final foi considerado o encontro perfeito entre a riqueza cultural da cidade e a importância do evento. “ (…) Pelotas é uma cidade muito cultural, né? E principalmente aqui no centro da cidade, eu acho que vai fechar tudo.”, afirma Rafaela durante o intervalo entre os blocos.

No encerramento da edição, os modelos, designers, estilistas e donos das lojas se juntaram ao produtor André Guerra e aos parceiros que ajudaram a realizar o último desfile do Moda Pelotas. Com muita emoção, Guerra agradeceu tanto ao público, quanto aos envolvidos no ‘MPN30’ pelo trabalho e apoio ao evento durante todos estes anos. Ao falar sobre o encerramento do evento e da edição, Guerra diz que tudo foi “um momento de muita realização, de muita emoção. Foram muitos anos de trabalho, de dedicação, de luta pela causa da moda. Encerrar com chaves de ouro, como eu disse hoje, essa noite incrível.”. O produtor Roberto Caballero também expressou a sua satisfação em fazer parte do time que idealizou o último desfile: “(É) uma emoção muito grande. Um trabalho que há muito tempo está aí. E eu sou da velha guarda, então eu acho muito legal.”

O fim do Moda Pelotas também não significa o fim da moda pelotense. Segundo o produtor, há muito mais desfiles e eventos para serem iniciados e continuados pela cidade e pela região sul: “Os próximos passos são os eventos que vêm grandes pela frente (…) seguir o que nós já começamos esse ano. (…) Então é outro momento de trabalho, mas (que) não para nunca.”. Terminar o desfile que está no calendário da região Sul há 30 anos não foi uma decisão fácil, porém, assim como todo ciclo ou momento, ele possui início, meio e fim – e, assim foi para o Moda Pelotas.  

A despedida final do Moda Pelotas. (Foto: Maria Clara Morais Sousa)

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