Os Sete Maridos de Evelyn Hugo: no fundo, só são maridos

Reprodução da capa do livro – Amazon.com/EmPauta

Por Victória Silva/Em Pauta

Uma jovem cubana. Um objetivo. A velha Hollywood. Sete casamentos envoltos em escândalos. A vida de Evelyn Hugo, a grande estrela de Os Setes Maridos de Evelyn Hugo, à primeira vista, é puro glamour. No entanto, no decorrer das 360 páginas, somos apresentados a uma existência marcada pela violência doméstica, LGBTQIA+fobia e pelo abuso de poder e sexismo.

Os Setes Maridos de Evelyn Hugo (2017), da norte-americana Taylor Jenkins Reid, autora do também best-seller Daisy Jones e The Six (2019), é aclamado pelas comunidades literárias no Twitter, TikTok e Instagram. Recentemente, a plataforma de streaming Netflix anunciou a adaptação do livro, que será dirigida por Liz Tigelaar. Não há atualizações sobre a produção até o momento em que esta resenha está sendo publicada.

Diante de todo o hype em torno da obra, e após o anúncio da Netflix, não pude deixar de pegar Os Setes Maridos de Evelyn Hugo para tirar minhas próprias conclusões. E, bem, posso adiantar que não estou nem um pouco arrependida.

A trama se inicia com Monique Grant, uma jornalista na faixa dos trinta anos e que está com a carreira empacada. Seu casamento está em ruínas, o que só piora sua insegurança consigo mesma. Mas uma grande oportunidade surge, de repente: Evelyn Hugo, a lendária atriz de cinema, quer falar. E quer que seja Grant a responsável pela entrevista. Contudo, logo a proposta se torna ainda mais surpreendente: Evelyn Hugo quer uma biografia.

Acompanhar as primeiras páginas na visão de Monique exigiu de mim um pouco de paciência, apesar da escrita fluída de Reid. Talvez a falta de profundidade da personagem tenha pesado nesse ponto. Depois de vinte páginas, felizmente, a narrativa se desenvolve melhor quando Evelyn enfim entra em cena e passa a ser, em algumas partes, a voz da narração. Também há colunas de fofocas intercalando a narrativa, o que contribui para nos dar uma visão de como a atriz era vista na época dos acontecimentos.

De fato, a melhor parte desse livro é Evelyn Hugo. Ela está longe de ser uma pessoa perfeita: ela mente, manipula e faz o que for preciso para chegar ao topo. Mas também faz o possível (e impossível) pelas pessoas que ama. É corajosa, dona de si, tem consciência da própria força. Apesar de não concordar com algumas de suas atitudes, me vi torcendo por sua felicidade. Não me envergonho de dizer que fui às lágrimas durante a leitura.

Reid trabalha assuntos delicados, abordando problemas que infelizmente ainda fazem parte da nossa realidade. Acredito que a autora soube pontuar as problemáticas e trouxe valiosos ensinamentos sobre amor, intimidade e poder.

Ao final do livro, o grande mistério da trama (Por que Evelyn Hugo escolheu Monique Grant para escrever sua biografia?) é um plot twist que certamente deixará os leitores de queixo caído.

Então, o que posso concluir sobre Os Setes Maridos de Evelyn Hugo? Evelyn Hugo pode ter chamado a atenção dos tabloides por conta de seus sete casamentos, mas esse livro, esse livro é sobre A EVELYN, é sobre vencer os obstáculos, amar e perder, se descobrir. Acredite: a última coisa de que você irá querer saber mais é dos maridos. Como a própria Evelyn diz, “eles só são maridos”.

Nota da colunista: 4,5/5

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