Humanos de Satolep: da internet para os museus

Mostra conta com fotografias feitas para o Instagram. Foto: Fabrício Lemos

Por Júlia Gonçalves

Em meio ao evento Nacional da Primavera dos Museus, o Museu do Doce, patrimônio histórico da cidade Pelotas, recebe as mais recentes histórias dos Humanos de Satolep. Em 17 de setembro, o projeto deixou de estar apenas nas plataformas digitais e realizou a inauguração da sua primeira mostra fotográfica. A exposição traz o trabalho de profissionais e amadores, demonstrando as inúmeras culturas dos Humanos de Satolep (anagrama do nome de Pelotas).

Um dos idealizadores do evento, Gustavo Mansur conta sobre a importância de a exposição ser abrigada no Casarão: “É importante ressaltar o lugar em que estamos e agradecer à UFPel (Universidade Federal de Pelotas) por manter esse espaço preservado, porque em tempos onde um crime absurdo como a incineração do Museu Nacional acontece, é um privilégio estar em um lugar como este, e acho que ele deve estar aberto mais vezes à comunidade”, diz.

A consciência sobre preservação, não somente de espaços físicos mas da cultura que há na sociedade, foi algo lembrado por quem visitou a mostra. Isto contempla à ideia inicial do projeto, eles entendem ser necessário trazer à luz cidadãos que são por vezes invisibilizados no cotidiano da cidade.

De acordo com a economista Ivani Silva: “As mensagens que trazem essas fotos são as pessoas, e não os locais. Os indivíduos focam muito nas coisas e não no ser humano. A cidade é linda e histórica, mas existem pessoas com histórias aqui. Existem lendas e é isso que deve ser cuidado, mantido e resgatado”, relata a visitante.

Rafael Chaves é museólogo e tem suas fotos expostas. Foto: Fabrício Lemos

Na intenção de dar oportunidade de as pessoas narrarem suas próprias histórias, a página no Instagram recebe fotos de outros perfis que se tornam colaboradores através da hashtag #HumanosdeSatolep. É o caso do museólogo Rafael Chaves que tem algumas de suas fotos expostas. “Compartilhar o meu olhar com as outras pessoas é muito importante pra mim, também como museólogo que trabalho com patrimônios. Essa apropriação que as pessoas fazem do patrimônio no cotidiano de Pelotas”, diz. Rafael ainda conta que isso desperta o interesse de andar pelas ruas imaginando qual será o próximo registro.

A comunidade é convidada pelos organizadores à visitarem a exposição, que estará aberta até o dia 05 de outubro no Museu do Doce de terça a domingo das 14h às 17h. A entrada é franca.

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