Future-se é debatido no Campus Porto

Alunos, professores e técnicos administrativos participaram de uma assembleia a respeito do programa proposto pelo Governo Federal.

Por Julia Vilas Boas

No fim da tarde da última quarta-feira (28) os alunos, professores e técnicos administrativos do Campus Porto da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) participaram de assembleia sobre o Future-se, programa proposto pelo Governo Federal. No evento, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), foram discutidos temas como a Universidade Federal e as consequências do programa sobre seu funcionamento, o posicionamento dos sindicatos ligados à educação superior e a possibilidade de um plebiscito a respeito do programa, a fim de rejeitá-lo ou apoiá-lo.

Abertura da assembleia que aconteceu no Campus Porto da UFPEL. Imagem: Julia Vilas Boas

No debate houve a participação de sete professores, diretores, coordenadores e membros de sindicato e organizações que lideraram a conversa sobre o programa. Após a apresentação da assembleia, a palavra foi passada para Isabel Rasia, diretora da Faculdade de Administração e Turismo (FAT). Ela comentou sobre as reformas propostas dentro do Future-se e a credibilidade de gestão dos programas. A professora também ressaltou a inviabilidade do projeto e o fato de ele não seguir o Plano Nacional de Educação (PNE). 

Em seguida, Luciano Agostini, membro do Grupo de Arquiteturas e Circuitos Integrados (GACI), do Grupo de Pesquisa em Tecnologias de Vídeo (ViTech) e professor da Ciência da Computação, ressaltou os vários questionamentos que devem ser feitos a respeito do projeto, principalmente os pontos sobre legitimidade e procedência. Agostini também destacou a importância do diálogo sobre a universidade. “Esse projeto só tem um ponto positivo, que é um ponto positivo colateral e não esperado quando proposto, que é justamente unir as pessoas para discutir universidade”, disse. O professor Paulo Ferreira, também da área de Ciência da Computação, pontuou que muitas das propostas apresentadas descrevem projetos já existentes dentro da UFPel e que é preocupante o destino dos professores uma vez que eles correm o risco de passarem a ser contratados por meio de CLT e não mais por concurso público. 

Tiago Collares, diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec), reforçou a importância da discussão sobre a universidade e comentou sobre o plebiscito que foi proposto. Já João Hirdes, representante dos técnicos administrativos, da Faculdade de Nutrição, e membro da ADUFPEL, Associação dos Docentes da UFPel, fez uma fala mais alongada que os demais. Segundo ele, o projeto não cita os técnicos e está sempre em constante mudança, sempre acrescentando emendas. Hirdes afirmou que “a universidade entende que a educação deve ser pública”. Em sua fala, ele levantou a possibilidade de a universidade deixar de ser gratuita caso o Future-se entre em vigor, uma vez que o projeto abre precedente para cobrança de mensalidade.

Uma das últimas falas dos convidados foi feita por Vanessa Damasceno, diretora do Centro de Letras e Comunicação, que considerou o projeto uma forma de aniquilação da educação. Ela também ressaltou o trabalho feito pelo CLC durante seus 35 anos de funcionamento. A última convidada, Larissa Dall’Angol, apontou que a militância estudantil está anestesiada perante o projeto e informou que o Governo está disposto a fazer medidas para que a homologação do Future-se seja feita o mais rápido possível. 

Após a fala dos convidados, a organização liberou o microfone para outras pessoas. A aluna Rosana Sacco dos Anjos, aluna de Gestão Pública e formada em Direito, acusou o governo de estar “trabalhando para o rentismo”. Em seguida, a aluna Pietra Dolamita, de Artes Visuais, opinou contra o plebiscito e cobrou um posicionamento do Conselho Universitário (CONSUN) a respeito do Future-se. Depois, mais estudantes se posicionaram em tom de discussão e discordância sobre a realização ou não de um plebiscito entre a categoria. 

A assembleia durou cerca de 2 horas e 40 minutos e contou com diversos alunos do campus Porto. Na quinta-feira (29) houve outra assembleia com os estudantes do Centro de Letras e Comunicação onde foi votado o apoio ao projeto e se o CONSUN deveria ou não se pronunciar sobre ele o mais rápido possível. Os resultados foram de rejeição ao Future-se e de pressionar o Conselho Universitário a respeito do programa.

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