Acusações marcam último debate dos presidenciáveis antes das eleições

Por Gabriel Bresque

Na noite de ontem, os sete principais candidatos à presidência do Brasil participaram do debate na Rede Globo, o último antes das votações do primeiro turno, que acontecem domingo (05). Entre fortes acusações de diferentes lados e visões, os presidenciáveis tiveram sua última oportunidade de convencer o povo brasileiro no programa dividido em quatro blocos.

No primeiro bloco, os candidatos trocaram perguntas entre eles, com temas livres. Na primeira disputa da noite, a candidata do PSOL, Luciana Genro, questionou a presidente Dilma, candidata do PT, sobre a corrupção no país e sobre as denúncias em volta da Petrobras. Defendendo que demitiu o ex-diretor da empresa, envolvido em esquemas de desvios de verba, a Petista deu o primeiro passo para a discussão que seguiu durante todo o bloco.

O debate também teve inovação na dinâmica e cenário da Rede Globo.  Foto: Reprodução (http://goo.gl/4SmQB1)

O debate também teve inovação na dinâmica e cenário da Rede Globo. Foto: Reprodução (http://goo.gl/4SmQB1)

O tema corrupção se fez presente também na segunda disputa da noite. Pastor Everaldo, do PSC, indagou Aécio Neves, do PSDB, sobre os boicotes aos correios que, segundo o candidato, teriam deixado de repassar a propaganda da oposição. Negando pela primeira as falas da atual presidente da República, Neves concluiu dizendo que Paulo Roberto não foi demitido pelo governo, mas sim, pediu desligamento do cargo. Seguiu na linha ofensiva ao PT, disse que a luta contra a corrupção da atual gestão é uma luta de todo o país.

Porém, o momento mais quente desse primeiro bloco não foi feito por um dos principais candidatos nas pesquisas. Eduardo Jorge, do PV, relembrou e lamentou os comentários homofóbicos de Levy Fidelix no debate de segunda-feira, feito na Record. Irritado, Fidelix disse que Eduardo Jorge não “tem moral nenhuma para me falar disso,” pois, segundo o candidato do PRTB, Jorge faz apologia ao crime por levantar causas como o aborto e a legalização das drogas. A resposta de candidato do PV foi confirmar que Fidelix envergonhou o país. Ainda claramente consternado, o representante do PRTB disse que Luciana Genro não tem palavra e a questionou se ela também seria uma presidente sem palavra. Mais lúcida e calma, a gaúcha apontou que os comentários de Fidelix deveriam render prisão. O bloco terminou com Luciana Genro afirmando que o PSOL luta com “crianças que tenha educação para a tolerância.”

Candidato do PV, Eduardo Jorge confronta o candidato Levy Fidelix, do PRTB acerca do tema "homofobia". Foto: Reprodução (http://goo.gl/8MHbzm)

Candidato do PV, Eduardo Jorge confronta o candidato Levy Fidelix, do PRTB acerca do tema “homofobia”. Foto: Reprodução (http://goo.gl/8MHbzm)

O segundo bloco ofereceu temas fixos para cada uma das perguntas. Nele, cada candidato podia ser questionado duas vezes e os candidatos que lideram as pesquisas pontuaram praticamente todas as disputas. Em um debate direto, Aécio Neves voltou a afirmar que o povo brasileiro tem vergonha das denúncias de corrupção no governo do PT. Em réplica, Dilma afirmou que o PSDB do rival é o partido que privatizou o Brasil e criou o mensalão. Na pergunta seguinte, sobre o Banco Central, Marina Silva, do PSB, indagou se a presidente que estava na frente dela era a “das eleições ou a da convicção?,” após afirmar a mudança de opinião sobre a liberdade dos bancos. Dilma pontuou a diferença entre autonomia e independência, e considerando a resposta confusa, Marina disse que a Petista chegou a presidência sem nem ter sido vereadora, sem experiência.

Novamente em destaque, Levy Fidelix chamou Luciana Genro e questionou ela sobre a questão das drogas. Pontuou as relações dela com o governo cubano. Genro afirmou mais uma vez a importância do governo abandonar a guerra às drogas, pois o modelo atual errou. Afirmou que busca uma polícia que defenda o direito humanos. Novamente irritado, Fidelix disse que “você está incitando o uso das drogas.” A candidata do PSOL perguntou a Marina Silva sobre a segurança pública, questionando a relação dela com a nova política e do plano dela, próximo do PSDB na parte econômica. Marina defendeu o combate contra a violência e pede a segurança pública em todo o país. Na réplica, Luciana Genro disse que Marina precisa ter firmeza para contrariar os poderosos, pontuando, relembrando a mudança no quadro dos LGBT no programa da rival após reclamações do Pastor Silas Malafaia. Irritada, a candidata do PSB atacou Genro, dizendo que o discurso dela era eleitoreiro e que a agressão era proposital naquele cenário.

A candidata Luciana Genro (PSOL) enfrenta a candidata Marina Silva (PSB). Foto: Reprodução (http://goo.gl/ain4Q5)

A candidata Luciana Genro (PSOL) enfrenta a candidata Marina Silva (PSB). Foto: Reprodução (http://goo.gl/ain4Q5)

Logo na primeira questão do terceiro bloco, mais um embate entre um dos principais candidatos e Luciana Genro. Ela questionou como Aécio Neves pode falar tanto da corrupção do PT se são do PSDB as principais acusações nesse tema. O representante desse partido afirmou que “no tema livre você faz seu espetáculo” sobre o questionamento da Gaúcha. Defendeu as evoluções econômicas do Brasil no governo FHC e em sua tréplica acusou Genro de ser leviana e disse que ela ainda não estava preparada para ser presidente da república. O bloco ainda teve dois confrontos entre Dilma e Aécio. Na primeira, o candidato do PSDB afirmou que pretende melhorar os programas sociais do PT. Na seguinte, Dilma apontou todos os problemas do governo do PSDB nos anos 1990 e perguntou se ele se considerava capaz de sair dos erros do seu partido. Aécio pontuou que o governo do partido dele revitalizou a economia brasileira e voltou a colocar o país entre os principais do mundo.

No quarto bloco, com temas definidos, as discussões ficaram mais brandas e os três candidatos principais trocaram algumas discussões. Foram tratados temas como sustentabilidade e direitos trabalhistas. Nesse último, Aécio Neves e Marina debateram a discussão sobre a manutenção desses direitos. Ela defendeu a manutenção completa e disse que em seu governo, o trabalhador terá mais suporte e que o fator previdenciário será repensado.

O último debate da noite foi entre Dilma Roussef e Luciana Genro. A representante do PSOL pediu esclarecimento sobre as políticas sociais do governo atual e cobrou mudanças fortes a favor do cidadão. Dilma afirmou que no governo dela todas as políticas sociais avançaram e que o Brasil melhorou para as baixas rendas. Na réplica, Luciana disse que é impossível solucionar a fome com 70 reais por mês para uma família e que a Petista era presa pelos interesses dos grandes bancos do país.

Um debate com alguns momentos altamente tensos e acusativos marcou a última reunião entre os presidenciáveis antes do primeiro turno. É com essa sensação de forte disputa que os candidatos esperarão o resultado das urnas no domingo.

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