A Copa do Mundo das Zebras

Por Mateus Bunde

Zebra, mamífero herbívoro, membro da família dos equídeos, a mesma dos cavalos. Oriundo da África, a pelagem deste animal consiste num conjunto de listras alternadas nas cores marrom-escuro e branco. Para os mais leigos talvez esta fosse a definição da palavra “Zebra”, mas, para os apreciadores do futebol e, sobretudo dos acompanhantes desta Copa do Mundo, a palavra zebra se encaixa perfeitamente ao que está acontecendo ao torneio realizado no Brasil.

Zebra, no dicionário “futebolês”, significa aquela equipe que surpreende. Os considerados fracos que acabam vencendo os grandes favoritos. A Copa do Mundo é um torneio que tem se caracterizado nos últimos anos pela presença dessas surpresas.

Zebra terciária

Foto: Hassan Ammar

Foto: Hassan Ammar

Chile

Apesar de não ser plenamente considerada uma total surpresa por passar de fase em seu grupo, o Chile não pode ser excluído da lista de “pequenos imprevistos” que ocorreram na Copa no Brasil. No grupo A, ao lado de Holanda, Espanha e Austrália, a equipe chilena conquistou sua vaga nas oitavas de final na segunda colocação do grupo, com seis pontos ganhos.

Cair num grupo com Espanha e Holanda, campeã e vice, respectivamente, da edição anterior da Copa do Mundo, pode ter sido considerado uma tragédia para a Austrália, por exemplo, mas não para o Chile. Com uma equipe postada num 3-5-2, com os volantes de sustentação, Aranguíz e Vidal, e um ataque muito veloz com Alexis Sanchéz e Vargas, a equipe chilena venceu seus dois primeiros jogos (2×1 contra Austrália e 2×0 contra Espanha), e garantiu a classificação à próxima fase, com uma rodada de antecedência, e o direito de enfrentar o Brasil nas oitavas de final.

Com seu estilo de jogo muito rápido, o Chile deu trabalho ao Brasil, que saiu na frente com um gol de David Luiz. Não demorou muito para Alexis Sanchéz marcar o gol de empate, após bate-cabeças da zaga brasileira. Com uma presença mais ofensiva, o Chile se aproximou mais do gol durante todo o tempo normal. Já na prorrogação, cansada, a equipe sucumbiu em esperar o Brasil no seu campo de defesa, assustando a meta do goleiro Júlio César apenas no último minuto da partida, após arremate de Maurício Pinilla, que acertou o travessão.

Nos pênaltis, Júlio César pegou dois, e o zagueiro chileno Jara mandou o Chile de volta para Santiago, após estourar a bola na trave esquerda do goleiro brasileiro. Acabava ali, a Copa para o vizinho sul-americano.

 

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A “marmelada alemã” em 1982 

O comentarista Paulo Vinícius Coelho, dos canais ESPN, relata em seu blog sobre a superioridade do Chile sobre a equipe brasileira

Costa Rica vence Grécia nos pênaltis e avança para sua inédita participação nas quartas de final 


Zebra secundária

Foto: http://footballup.com

Foto: http://footballup.com

Argélia

Os Argelinos chegaram como quarta força num grupo com a favorita Bélgica, a forte equipe da Rússia e a Coréia do Sul, que já esteve presente em uma semifinal de mundial. Após um empate com os russos por 1 a 1, além de uma vitória por 4 a 2 contra os sul-coreanos (num dos considerados melhores jogos da Copa), a Argélia conquistou seu direito de enfrentar a Alemanha, numa espécie de “vingança” por 1982.

Entenda o Caso:

A Argélia enfrentou o Chile, no dia 24 de junho de 1982, pela terceira rodada da fase de grupos daquela edição. No dia seguinte, alemães ocidentais e austríacos fechariam o grupo. Um empate ou uma vitória da Áustria classificariam argelinos e austríacos. Uma vitória da Alemanha Ocidental, por três ou mais gols de diferença, passaria alemães e argelinos à próxima fase. O único resultado que serviria para passar as duas equipes europeias, seria uma vitória alemã por 1 ou 2 gols de diferença. Foi o que ocorreu. A Alemanha fez 1 a 0 aos 10 minutos de jogo e apenas um chute a gol, aos 80 minutos de partida, foi o que restou para a chamada “marmelada alemã”.

Como roteiro de um filme hollywoodiano, a Argélia enfrentou seu algoz, a Alemanha, pelas oitavas de final da Copa, 32 anos depois. Tudo parecia encaminhar para uma vingança, após um primeiro tempo superior da equipe africana. Com o cansaço de 90 minutos corridos sem nenhum gol, a Argélia acabou batendo de frente com suas limitações, e a pressão alemã na prorrogação foi inevitável. Com gols de Schürrle e Özil, e um gol de desconto de Djabou (o gol mais tardio da história das Copas, aos 121’), a Argélia voltou para casa, de uma fase onde não imaginava chegar.

Zebra primária

Foto: Pedro Ugarte/AFP

Foto: Pedro Ugarte/AFP

Costa Rica

Com certeza foi a equipe “quebra-bolão” desta Copa do Mundo.  Em diversas casas de aposta, a equipe costarriquenha fora a menos apostada, por consequente, era considerada a pior seleção da competição. No primeiro grupo da história da Copa do Mundo que contou com três campeões mundiais, a equipe do técnico colombiano, Jorge Pinto, surpreendeu a todos por conseguir a classificação, ainda mais por ser a primeira colocada.

Vitórias sobre o Uruguai e a Itália por 3 a 1 e 1 a 0, respectivamente, a equipe do caribe conquistou sua vaga na segunda rodada da competição. Sob o comando dos atacantes conhecidos mundialmente, Bryan Ruiz e Joel Campbell, a seleção mostrou solidez no seu 4-2-3-1, que isola o habilidoso Campbell e aproxima o capitão Ruiz do camisa 9 costarriquenho. Com seu meio-campo marcador, com Tejeda e Borges revezando na cabeça de área e saída de jogo, a Costa Rica possui uma parede de volante protegendo sua zaga. Com uma defesa sólida, com dois zagueiros postados em linha com o lateral-esquerdo (possibilitando a subida do lateral direito Gamboa para o ataque), além do goleiro Navas, eleito um dos melhores da sua posição na primeira fase, a Costa Rica sofreu apenas 1 gol em toda a competição, até o momento.

Num enfrentamento bastante truncado contra a retrancada Grécia, que só se resolveu nas disputas por pênaltis, a Costa Rica conseguiu seu passaporte para enfrentar a Holanda, na Arena Fonte Nova, em Salvador, no dia 5 de julho.

Veja o vídeo do goleiro Navas treinando com bolas de tênis:

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