Feira completa dois anos

– Reportagem de Michel Corvello Martins –

O Mercado das Pulgas comemorou o aniversário em maio – 

O público da cidade e visitantes desfrutam do clima agradável que ocorre todo o sábado

O público da cidade e visitantes desfrutam do clima agradável que ocorre todo o sábado                                                                                                                                                                                                            Foto: Marcel Ávila

A feira de antiguidades ao ar livre, o Mercado das Pulgas, ocorre semanalmente aos sábados no Largo Edmar Fetter, junto ao Mercado Central de Pelotas. Já comemora dois anos de história e virou tradição na cidade. Também ganhou duas edições em um único final de semana, sábado e domingo passados, devido à programação cultural da Prefeitura em comemoração aos 204 anos do município.

O Mercado das Pulgas, fundado em maio de 2014 em Pelotas, é um museu a céu aberto e apoiado pela Prefeitura de Pelotas desde sua fundação. Ali são comercializadas antiguidades e diversos objetos como talheres, móveis, louças, discos de vinil, moedas, medalhas, esculturas, objetos decorativos, artesanato, roupas e  livros, entre outros.

Quando completou dois anos, dia 28 de maio, a feira também realizou uma edição comemorativa, recebendo uma homenagem da Prefeitura. Os comerciantes foram presenteados com um certificado de reconhecimento pela importância e papel cultural, econômico e social desempenhado no município durante esse tempo existente. Nesse dia, mais de 60 expedidores estavam presentes. O evento também contou com o show musical do Clube do Choro, tocando o melhor do samba de raiz.

O público pelotense lota o espaço do Mercado Central nos sábados de tempo bom, tornando o lugar lúdico. O sucesso do Mercado das Pulgas, que tem várias versões em diversas cidades do mundo, dá-se por um conjunto de combinações, desde os casarões do entorno, o encanto que o próprio local possui e o gosto de seus habitantes pelo consumo de cultura e culinária, assim como eventos ao ar livre.

A Secretaria Municipal de Cultura tem convidado o público para que curta a página do Mercado das Pulgas no Facebook. Também sugere que sejam compartilhadas fotos pessoais e familiares, acrescentando a frase #EucurtooMercadodasPulgasdePelotas.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

 

Eventos movimentam Rio Grande

– Reportagem de Ananda Danielle de Oliveira Vergara –

Município sedia a 38ª Feira de Artesanato do Rio Grande (Fearg) e a 21ª Feira de Comércio, Indústria e Serviços (Fecis) 

Até o dia 17 de julho ocorrem a 38ª Feira de Artesanato do Rio Grande (Fearg) e a 21ª Feira de Comércio, Indústria e Serviços (Fecis) na cidade de Rio Grande. A programação contará com vários shows. A atração nacional será o cantor Projota, que se apresenta na sexta-feira, dia 15 de julho. Também participam o Grupo do Bola, no sábado, dia 9 de julho,  e o humorístico Guri de Uruguaiana, sábado dia 16 de julho. Grandes atrações são contudo os produtos típicos da região. Neste ano, as feiras  homenageiam a cultura polonesa.

Marília Zuchoski Neves e Gabryel Muniz Bertoldi são o casal de embaixadores

Marília Neves e Gabryel Bertoldi são casal de embaixadores

Os eventos ocorrem no estacionamento do Praça Shopping Rio Grande, no bairro Rural. A coordenadora das feiras, Ivone da Rosa, informou que a diretoria do centro comercial está muito otimista com a inovação. Para a coordenadora, o público terá um conforto maior e segurança no espaço estruturado para a montagem das feiras. A vantagem será unificar o ambiente lojista com a estrutura dos eventos, atraindo um público maior para a visitação.

Participam ao todo 365 expositores. As promoções visam atender públicos diversificados, com a intenção de ofertar diversas mercadorias, como, por exemplo, a venda de eletroeletrônicos, produtos relacionados à atividade física e meios de mobilidade ecológicos e sustentáveis.

As feiras são tradicionais na cidade de Rio Grande e a cada ano destacam uma etnia para a sua representação. Nesse ano, a etnia polonesa será representada na feira pelo casal de embaixadores, descendentes de poloneses, Gabryel Muniz Bertoldi, de 21 anos, e Marília Zuchoski Neves, de 16 anos.

O evento é de grande importância para a cidade porque incentiva expositores pequenos a expor seus produtos numa feira que tem grande circulação de pessoas. Nela são ofertados produtos locais como a Jeropiga da Ilha, produzida nas ilhas dos Marinheiros e na do Leonídio. Rendeiras e indígenas, que costumam vender seus produtos nas praças da cidade, também estarão presentes com seus produtos.

A cultura, através das artes expostas em quadros, produtos artesanais, passeios culturais e shows locais e nacionais motiva o público participante a sair de casa nos dias de inverno no litoral gaúcho. A feira também oferta conhecimento aos jovens e adultos sobre economia, desenvolvimento sustentável e ainda na área da saúde, tudo isso acontece através de estandes culturais. Pinturas a mão, cinema 4D, teatro, shows, apresentações de danças típicas e o parque de diversões são apenas algumas das diversas atrações que a feira proporciona. Os ingressos para os shows são vendidos nas lojas Multisom e pelo site MyTicket.com.br.  Veja a programação completa no Facebook.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

Maestria do ballet russo

– Reportagem de Patrícia Tanaka –

Com mais de três décadas de existência, a companhia apresentou duos e solos – 

O State Russian Ballet trouxe mais uma vez a excelência do ballet russo para o Rio Grande do Sul.   A companhia tem mais de 30 anos de estrada, e conta com bailarinos das mais prestigiadas escolas de dança do país, incluindo a aclamada Bolshoi.

Em sua segunda vez em Pelotas, no dia 10 de junho, o ballet da Rússia trouxe o espetáculo “Stars of Russian Ballet”, com as mais famosas coreografias contemporâneas e clássicas, dando prioridade aos solos e duos. Os bailarinos apresentaram a exuberância do balé clássico em movimentos perfeccionistas.

A bailarina Maria Menshikova abriu o espetáculo com "A Morte do Cisne"

A bailarina Maria Menshikova abriu o espetáculo com “A Morte do Cisne”

Na sua primeira parte, o programa contou com “A morte do cisne” (Maria Menshikova), “Carmen” (Adel Kinzikeev e  Viktoriva Dymovka), “A bela adormecida” (Marta Lutko e Artem Koroshilov), “The lady and the Hooligan” (Ivan Sitnikov e Maria Menshikova), “O Quebra Nozes” (Aleksandr Petrichenko e Idaliya Nazmutdinova) e “Romeu e Julieta” (Adel Kinkikeev e Viktoriva Dymovka).

O segundo ato teve as apresentações de “Sheherazade” (Ivan Sitnikov e Maria Menshikova), “Lago dos Cisnes” (Marta Lutko e Artem Koroshilov), “O corsário” (Aleksandr Petrichenko e Idaliya Nazmutdinova) e “Spartacus” (Adel Kinzikeev e Viktoriva Dymovka). E o “Gran Finale” teve a participação de todos os bailarinos, que foram aplaudidos calorosamente pela plateia.

O diretor da turnê na América Latina, Augusto Stevanovich, trabalha no segmento de produções de grandes espetáculos internacionais há mais de trinta anos. Desde 1996, atua com exclusividade em vários segmentos culturais da Rússia para o Brasil,  trazendo espetáculos de dança, teatro, música e circo.

Desde a criação do grupo BRICS (que estabelece cooperação entre o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil faz parte de uma grande programação. Todos os anos, grandes talentos realizam apresentações em vários estados do País, com apoio do Ministério da Cultura da Rússia.

Já está confirmado a apresentação do espetáculo completo “Quebra nozes” em Pelotas, em 2017. Na internet, há um site voltado para o balé russo. O State Russian Ballet também apresenta imagens dos espetáculos no Instagram (@BalletDaRussia2016) e na sua página do Facebook.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

Vivências no Brasil

– Reportagem de Manuela Soares –

Professora russa fala sobre diferenças culturais entre o Brasil e seu país natal –

Natalya Victorovna Malskaya é russa, tem 40 anos, é graduada no curso russo tradução inglês na National University of Kharkiv, é casada e tem um filho. Há 15 anos, Natalya mora no município de Rio Grande. Atualmente, trabalha como professora de inglês na Top Way English School e é acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

 Ao longo de sua trajetória, Natalya já morou na Rússia, Bulgária, Alemanha, França, Inglaterra, Canadá, Ucrânia, Peru e na Colômbia. Com o acúmulo destas experiências, tornou-se poliglota e fala oito idiomas fluentemente.

Natalya vive há 15 anos no Brasil

Em meio a estas vivências Natalya aprendeu muito sobre a cultura dos diversos países em que morou. Adquiriu novos costumes, aprendeu conhecimentos variados e refletiu sobre o cotidiano em seu país natal, a Rússia. Natalya conta que a realidade brasileira é muito parecida com a que os russos viviam no período em que ela morou no país, em que a Rússia ainda fazia parte da União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS). “Analisando o cotidiano, posso dizer que são realidades parecidas, tínhamos rotinas de trabalho similares a dos brasileiros”, salienta.

Relacionando com suas memórias, a professora diz que os problemas de se viver no Brasil são a falta de lugares públicos para aproveitar a natureza e fazer piqueniques com a família. Ela percebe que no Brasil toda terra é particular e há poucos parques. Questiona a falta de lugares para assistir apresentações culturais, tais como teatros e óperas.  Lamenta a supervalorização dada pelos veículos de comunicação do País à cobertura do futebol, utilizando muitas vezes o espaço que deveria ser destinado para a divulgação de informação de utilidade pública. “Futebol é entretenimento, não deveria ser notícia e sabemos que não é, mas, fazer o quê, a mídia serve para manipular e tirar nossa atenção das questões verdadeiramente relevantes”, ressalta.

Em relação às vantagens de morar no Brasil, a entrevistada atribui considerável importância ao “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas, o que pode ser compreendido pelos estrangeiros como um modo menos tenso de lidar com os problemas. Outro ponto salientado pela entrevistada, é a possibilidade que os brasileiros têm de sair e ir a vários lugares para fazer refeições, como indo a restaurantes, pubs e shoppings, fato que quase nunca pode ser realizado pelos russos, devido aos elevados preços destes estabelecimentos no país.

Abordando a questão da cultura gaúcha, Natalya manifesta empatia pela cultura do chimarrão, pois toma a tradicional bebida com erva mate com os amigos na universidade. A entrevistada afirma que “gosta do compartilhamento que é realizado com o chimarrão e a integração que ele proporciona”. Em relação aos Centros Tradicionalistas Gaúchos (CTG), a entrevistada salienta que “as danças e cantos apresentados por estes centros são muito importantes como parte da cultura do Estado”. Natalya incentiva a ideia de que a cultura tradicionalista é algo que tem que ser desenvolvido, pois acredita que devemos agir de forma ufanista em relação ao que foi deixado por nossos ancestrais.

Sobre a temática dos costumes religiosos, Natalya conta que foi ensinada a ser ateísta quando fez o ensino fundamental e médio em escolas russas. A religião foi proibida por 60 anos na URSS e, com isso, as crianças aprendiam que era vergonhoso frequentar igrejas, porque as escolas ensinavam que religião servia para manipular as pessoas e contar mentiras.

Quanto à educação, Natalya aponta diversas semelhanças entre as universidades russas e brasileiras. Segundo a entrevistada, “ambas proporcionam diversas facilidades para os alunos, incentivando a sua escolarização no nível superior”. Na Rússia, as universidades são públicas, o governo proporciona moradia e uma bolsa para que o aluno tenha condições de estudar e se dedicar integralmente aos estudos. No Brasil, os alunos têm muitos direitos, existe a vantagem da prática da negociação entre alunos e professores, o ensino não é rígido demais, o que contribuiria positivamente para a formação dos alunos.

Para finalizar, a professora Natalya comenta como foi o acolhimento pelos brasileiros com ela e com outros imigrantes que conhece. “Nunca me senti tão acolhida nos demais países em que morei”, ressalta. Evidencia a ideia de que os brasileiros não a tratam de forma preconceituosa por ela ser russa e que respeitam as diferenças culturais das diferentes etnias que se estabeleceram no País.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

Piquenique da arte e cultura

– Reportagem de Carina Reis e Lucas Pereira –

Evento reúne diversas manifestações artísticas e comemora seis anos –

A música pelotense ganha espaço em um dos eventos de maior popularidade em Pelotas

A música pelotense ganha espaço em uma das promoções de maior popularidade na cidade

O Piquenique Cultural é um dos eventos com maior número de visitantes no cenário cultural pelotense. Criado em 2010, por Aline Maciel e Pedro Silveira, chegou para suprir a necessidade de congregar as artes, depois do fechamento Casa do Joquim, que era um espaço artístico de integração cultural.

 O evento recebe centenas de pessoas e ocorre quase mensalmente. A edição de junho ocorreu dia 26, domingo passado, na Praça da Rodoviária, comemorando a trigésima terceira edição do evento.  Além de apresentar shows de bandas da cidade, o evento tem algumas exposições e vendas de objetos artesanais ou artísticos.

A coordenadora Aline Maciel explicou como são as exposições no evento: “Sempre primamos pela liberdade de mostrar produtos criativos no evento, temos um grupo no Facebook que agrega expositores e onde trocamos algumas ideias. Nosso intuito não é fortalecer o lucro pelo lucro e sim criar redes colaborativas de trabalho, sendo a geração de renda um meio e não um fim em si. O Piquenique seria uma grande vitrine, um espaço de diálogo entre os que criam e os que buscam conhecer coisas diferentes e autorais.”

Vitória Martinez destaca a importância do evento para a cultura pelotense: “Eu já participei de umas cinco edições, é muito importante, pois além do lazer e de encontrarmos diversos amigos, é um lugar feito para o pelotense, pois os artesanatos e as músicas são locais.”

Aline Maciel ressalta que fica muito feliz com os ganhos do piquenique e com a proporção que o evento ganhou nesses seis anos: “Fico muito feliz de ver o nosso trabalho reconhecido, pois ele é fruto de muita doação laboral, financeira, fraternal. Somos um evento independente, que conta com apoio comunitário, mas teve pouquíssimos patrocínios em sua trajetória. Então temos consciência de que fizemos nossa parte mostrando aos artistas e aos agitadores culturais que era possível manter-se íntegro e forte com trabalho duro e incansável. Fico emocionada quando vejo as pessoas interagindo na praça, a diversidade que o Piquenique agrega, gente de todas as idades, ideologias, cores, níveis sociais. O Piquenique é mais um ato de fé do que qualquer outra coisa.”

Centenas de pessoas comparecem aos domingos à tarde durante o pequenique

Centenas de pessoas comparecem aos domingos à tarde durante o pequenique

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

O fascinante universo de Jéssica

– Reportagem de Calvin Cousin e Gabriela Schander –

Arte e representação feminina na cena artística pelotense – 

 

Jéssica Porciúncula trabalhando em seu ateliê: o próprio quarto

Jéssica Porciúncula trabalhando em seu ateliê: o próprio quarto

Pintora, serigrafista, escultora, desenhista, tatuadora, poetisa, canceriana com ascendente em Áries, feminista e mulher artista. Jéssica Fernandes da Porciúncula, 23 anos, é um universo inteiro em uma pequena porção – ela mesma conta que seu sobrenome tem esse significado. E não é para menos: sua inspiração é a poética e a paixão pelo que faz transborda aos olhos.

Estudante do nono semestre do curso de bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas e atualmente participante do coletivo ArtCidade Criativa (rua Padre Anchieta, 949), a interiorana de São Luiz Gonzaga respira a arte desde menina – seu pai é artesão e sua mãe pinta tecidos. Explorando a linguagem na arte, Jéssica reflete em seu ofício o infra-ordinário: uma porta vira mesa, seu corpo vira poesia, sua arte vira exposição. Assim, Jéssica retrata seu pequeno mundo de porções extraordinárias. Confira a entrevista que fizemos com a artista.

Arte no Sul: Como surgiu teu interesse pela área da arte?

Jéssica Porciúncula: Desde criança eu sempre gostei de arte. Durante o colegial, eu cheguei a trabalhar em alguns estúdios de fotografia, na cidade onde eu morava, além de desenhar sempre em casa. Mas eu nunca tinha pensado na arte como uma profissão. Eu sempre gostei de ler, escrever e desenhar então esse perfil acabou se criando na infância, esse gosto pelo fazer mais manual, mais poético, mais artístico.

AS: E tu costumas trabalhar com quais materiais?

JP: Eu trabalho com vários materiais. Sempre procuro experimentar ou aprender uma coisa nova, mas a essência, para mim, é o papel e caneta, eu estou sempre desenhando. Qualquer outro trabalho que eu vá fazer, mesmo que seja um móvel, por exemplo, antes eu vou desenhar nos meus cadernos. Então, eu tenho um apego muito forte com o desenho e com a escrita, mas fora isso eu trabalho com madeira, xerox, colagem, estêncil, gravura, alguns trabalhos em cerâmica e também estou começando um estúdio de tatuagem.

AS: Quais temas tu costumas abordar no teu trabalho? Tens alguma inspiração?

JP: Eu não sei se eu tenho uma grande inspiração, eu vejo mais como uma poética, alguma coisa em comum no meu trabalho que eu já percebi que acaba sendo comum em vários outros trabalhos meus de forma inconsciente. Eu gosto muito de relacionar coisas com o universo, que dão a entender o quão pequeno nós somos diante dele e, ao mesmo tempo, o quão grande são as nossas decisões e o quanto elas afetam o mundo assim como ele nos afeta. Também gosto de ir ao significado das palavras, tenho um apego muito forte com a linguagem e com o que as palavras podem significar em certos contextos.

AS: Como tu enxergas o cenário em Pelotas para os artistas independentes?

JP: A gente tem que correr atrás, pois a cidade em si não dá suporte para os artistas. O que sustenta a cultura, nesse ponto de vista, é a universidade, mas universitário vem pra cá, fica quatro ou cinco anos e vai embora. Eu vim para cá em 2012, já passei desses quatro anos, então já dá pra ver a movimentação do pessoal que fazia o cenário cultural. As pessoas vão embora e surgem, aos poucos, outros grupos, outros coletivos e fica sempre assim, como se fosse uma maré.

AS: Tu participas do coletivo cultural ArtCidade Criativa. Podes explicar como ele funciona?

JP: O ArtCidade é um coletivo que existe há uns quatro anos, eu entrei nele faz quatro meses. Ultimamente a gente tem produzido mais eventos aqui dentro da casa, antes eram mais eventos de rua. A ideia é produzir eventos numa casa aberta com uma pegada mais política, social e que seja de graça. Vivemos fazendo oficinas, de estêncil, de mobiliário sustentável, de origami, etc. Além disso, sempre deixamos aberto para outros grupos realizarem eventos aqui. Queremos que as pessoas utilizem esse espaço, pois às vezes elas têm a ideia de produzir alguma coisa, mas não podem fazer isso na rua por questões de infraestrutura ou não têm recursos para fazer em outro lugar, então a casa está sempre aberta para esse tipo de proposta.

A exposição “Mesma” pode ser vista no ArtCidade Criativa

A exposição “Mesma” pode ser vista no ArtCidade Criativa

AS: Quais eventos que já aconteceram no ArtCidade ou que vão acontecer em breve?

JP: Nessa nova sede, a primeira exposição que teve foi a minha, “Nebulosa”, e agora é uma exposição coletiva, “Mesma”, sobre a representação feminina, que deve ficar por uns dois ou três meses. Depois, nós vamos chamar um artista independente para expor, pois pra quem é artista a exposição individual tem um peso muito grande no currículo e queremos dar a oportunidade pra quem está aqui em Pelotas ter essa oportunidade.

AS: Qual tu acreditas que seja a importância do empoderamento feminino na arte?

JP: Historicamente, mulheres vêm sendo oprimidas e desde sempre temos homens no poder. Ser alguém que acredita, que age e que promove oportunidades para mulheres se expressarem é conseguir quebrar um pouco o machismo da sociedade. Na história da arte a gente só estuda sobre homens e tudo o que a mídia nos apresenta é uma ideia de mulher que não é real, uma mulher que foi escrita e pintada por homens que apresenta como devia ser nossos corpos e como deveríamos viver. Esse empoderamento é dar a voz para que uma mulher fale e faça por si. É colocar mulheres no cinema, no jornalismo, no teatro, enfim, em cargos de poder.

Desenho inspirado no termo "infitesimal"

Desenho inspirado no termo “infinitesimal”

Dicionário Porciunculês

O trabalho de Jéssica vai para além da poesia – ela mistura linguagem, contextos e significados que produzem sentido às suas criações. Relacionando o universo com a natureza ínfima das situações cotidianas, a artista tem uma gama de palavras que ela toma como norte para retratar sua realidade. A seguir, selecionamos algumas dessas palavras que são a essência dos trabalhos de Jéssica e pedimos que ela desenhasse alguma delas, suscitando com papel e caneta sua arte.

INFRA-ORDINÁRIO – algo que está tão intrínseco à rotina que passa despercebido. É como aquele desenho na parede do trabalho ou uma pichação num muro pelos quais as pessoas passam todos os dias e não percebem.

INFINITESIMAL – termo matemático para se referir aos objetos que têm corpo de massa tão pequeno que não podem ser medidos, porém é maior que zero.  É algo tão pequeno que não há como medir, porém sabemos que esses objetos de fato existem.

PATAFÍSICA – área da ciência que estuda as exceções. É a ciência do imaginário porque de certa forma não se faz ideia por que que existem certas exceções. Um exemplo seria o besouro. Anatomicamente, seu corpo não é aerodinâmico, impossibilitando que o animal voe. Porém, ele voa.

PORCIÚNCULA – termo para definir o diminutivo de porção. É a parte menor de algo.

Contato

 O ArtCidade Criativa é um coletivo que funciona desde 2012 e procura fomentar o debate sobre economia criativa e cidades criativas por meio de oficinas, palestras, rodas de conversa e outras atividades, priorizando o caráter gratuita das iniciativas. A sede está localizada na Rua Padre Anchieta, 949 e tem uma página no Facebook. Especificamente os trabalhos de Jéssica Porciúncula também podem ser acompanhados na rede social.

PÁGINA INICIAL

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS:

Festa contra o desperdício

 

– Reportagem de Diogo Funari, Gislene Farion e Luís Otávio Schebek –

Disco Xepa e Comida de Rua reúnem pelotenses e turistas no Largo da Estação Férrea

Centenas de pessoas prestigiaram o evento que destaca a consciência ecológica e social

As atividades da segunda edição do Festival de Gastronomia da Fenadoce movimentaram o sábado, dia 12 de junho, no Largo da Estação Férrea, em Pelotas. Os eventos simultâneos Disco Xepa e Comida de Rua fazem parte de uma programação nacional do movimento Slow Food, o qual incentiva o reaproveitamento dos alimentos e ajuda na redução do desperdício.

Jussara Dutra, coordenadora do Festival de Gastronomia, faz o alerta que cerca de 40% de todo alimento produzido no planeta vai para o lixo, levando em conta desde a produção até a mesa do consumidor. “A nossa própria geladeira é um bom exemplo de quanto desperdiçamos, ao não dar um destino adequado para esses alimentos”, ressalta.

Combinando música e gastronomia, o Disco Xepa acontece em diversos estados do Brasil e caracteriza o Disco Xepa Day. Foram nove horas de programação (das 12h às 21h). Confraternizou pelotenses e visitantes, chamando a atenção para uma alimentação mais eficiente.

A edição pelotense do evento contou com a organização de um grupo de cozinheiros simpatizantes do movimento Slow Food, além do apoio da Secretaria Municipal de Cultura. A feira de Comida de Rua também esteve à disposição do público visitante com a participação de restaurantes locais e food trucks que comercializaram pratos, cervejas artesanais, sucos de frutas nativas e doces de Pelotas a preços acessíveis.

Um dos destaques foi a distribuição de uma refeição gratuita feita pela chef Regina Tchelly, do projeto carioca Favela Orgânica. Ela preparou um arroz colorido com cascas de abóbora, de batata e de cenoura. “É muito bom, além de ser super saudável e sem gordura,” garante. Foram usados alimentos descartados por supermercados e pela “xepa” de feiras, o que chamou a atenção do público.

Pratos deliciosos também podem ser econômicos

Ana Soares, estudante de psicologia e apreciadora das atividades que restaurantes e bares organizam nas ruas da cidade, ficou surpresa com o objetivo do evento. “Eu nunca tinha parado pra pensar que muito mais que pratos bonitos e saborosos, esses eventos podem ser grandes aliados nessa luta contra o desperdício. Acompanhei a produção do prato que estão distribuindo e comecei a me dar conta do quanto podemos fazer na nossa própria casa pra contribuir com isso.”

Além de comida boa, o Largo da Estação Férrea foi tomado por muita música durante todo o evento. Os DJ’s Micha, Tainá e Helô foram os responsáveis por animar o público presente. “Nada melhor pra essa tarde fria do que muita variedade de comida com esse som bacana” comenta o visitante Leonardo Moreira.

Segundo a Guarda Municipal, cerca de 400 pessoas estiveram presentes. Apesar das baixas temperaturas durante as nove horas de programação na Estação, o público prestigiou os restaurantes e aproveitou o sábado para reunir os amigos e fazer parte da história de um evento com importância à nível mundial, o Disco Xepa Day.

ALGUMAS DICAS

O que é Sloow Food? É uma associação internacional sem fins lucrativos, fundada em 1986, como resposta aos efeitos padronizantes do Fast Food. O movimento conta com mais de 100 mil associados de 150 países, conjugando o prazer e a alimentação com consciência ambiental e responsabilidade social.

O que é Disco Xepa? É um evento do movimento Slow Food sobre desperdício e consumo responsável. São mais de 200 eventos realizados, em 75 cidades e 15 países. Os franceses iniciaram a ideia com a “Disco Soupe“. A experiência começa na feira (ou local onde houver desperdício), com a coleta de alimentos que deixaram de possuir valor comercial. A missão do Disco Xepa é sensibilizar o público em geral do desperdício de resíduos alimentares, apresentando meios simples e dinâmicos para agir no combate a essa problemática.

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS:

Cursos de Desenho e Fotografia

– Reportagem de Ananda Danielle de Oliveira Vergara –

Projeto terá aulas em Rio Grande  e convoca artistas para eventos no final do mês –

O projeto Agenda Cultural da Mundo Moinho em parceria com a Co place, em Rio Grande, promove os cursos de Desenho e Fotografia para os interessados de toda a região, a partir de amanhã, dia 14 de junho. Os organizadores também convocam os artistas da região para a 38ª Feira de Artesanato do Rio Grande (Fearg) e a 21ª Feira de Comércio, Indústria e Serviços (Fecis), que ocorrem no final do mês.

O curso de desenho é uma oportunidade para quem quer começar a arte de desenhar com o apoio de ilustradores Foto: Everton Cosme

As aulas são uma oportunidade para quem quer começar a arte de desenhar com o apoio de ilustradores                                                                                                                                                                                                                                                                                           Foto: Everton Cosme

O curso de desenho visa explorar técnicas gráficas e possibilidades de aplicação na prática. Sem necessidade dos alunos terem o domínio da arte de desenhar, as aulas serão oferecidas para o público geral. A intenção do curso é proporcionar a chance das pessoas se expressarem através do desenho, e, com isso, estimular o desenvolvimento gráfico e sensorial de cada participante.

As aulas serão ministradas pelos ilustradores Alisson Affonso, Everton Cosme e Luciano Lima, nos dias 15, 16, 22, 23 e 24 de junho, no período da tarde, das 15h às 17h. Também ocorrem à noite, nos dias 14, 15, 16 e 17, das 19h às 21h30. As inscrições ocorrem somente na Co place, que fica na rua General Câmara, 435, em Rio Grande.

O curso de fotografia, com a fotógrafa Dida Moraes, é oferecido para alunos iniciantes que queiram aprender os recursos para fotografar com qualidade. Serão ensinadas técnicas para melhorar a qualidade das fotografias. Os participantes aprenderão modos de cena e formas de armazenamento e organização das imagens, além dos tamanhos adequados de impressão e tratamento das fotos. As aulas serão no sábado, dia 18 de junho, na Co Place em Rio Grande, às 9h. As inscrições serão feitas no local, no dia anterior ao curso.

MUNDO MOINHO, A CASA DAS ARTES

A Mundo Moinho, em parceria com outras empresas, busca sempre trazer inovações relativas à arte e a cultura na cidade de Rio Grande, contribuindo sempre para manter uma agenda cultural permanente na região. Sua visão é atrair o maior número de artistas para participar dos eventos ocorridos na cidade.

A Coordenadora do Núcleo Literário da Mundo Moinho, Andréia Pires, estará organizando mais um evento na cidade que será realizado junto à 38ª Feira de Artesanato do Rio Grande (Fearg) e a 21ª Feira de Comércio, Indústria e Serviços (Fecis), que tem início dia 30 de junho. A ideia da produtora artística é compartilhar o espaço que terá dentro da feira com os artistas locais, durante os 18 dias de evento, propondo uma interação entre o público e os artistas.

Essa iniciativa trará três projetos ao público, a Estante Coletiva, o Varal Fotográfico e o Varal de Ilustração. Esses projetos servem para incentivar e reunir os autores, ocupando o estande da Produtora na Feira, de modo que todos tenham a mesma condição de exposição dos seus trabalhos. A participação dos artistas será organizada por escala, sendo aberta a todos os interessados.

Durante a exposição, os autores participarão do evento. Os contatos podem ser feitos pelo e-mail contato@mundomoinho.com.br até o dia 17 de junho.

Durante todo o ano, a produtora Mundo Moinho procura estabelecer uma ligação cultural entre o público e os artistas, esse diálogo atrai e aproxima pessoas que não tinham oportunidades de conhecer a cultura local. A inovação artística e o intercâmbio cultural aumentam cada vez mais o conhecimento da população.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS:

 

Paixão pelas tradições lusitanas

– Reportagem de Manuela Soares –

Rio-grandina realiza trabalho social ensinando cultura portuguesa –

Anna Dias Lucia Morrison é rio-grandina, graduada no curso de Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e neta de portugueses, fato que a fez aprender muitas das tradições típicas lusitanas, tais como a arte, gastronomia, artesanato, música e a religião.

 

Anna Morrison lançou o seu primeiro livro, A Ilha dos Três Antônios, em 2003 Fotos: Manuela Soares

Anna Morrison lançou seu primeiro livro, A Ilha dos Três Antônios, em 2003, na cidade portuguesa de Águeda                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            Fotos: Manuela Soares

 

Após seu casamento, que ocorreu aos seus 20 anos de idade, Anna mantinha sua dedicação apenas aos assuntos do lar. Com uma vida tranquila, treinava canto e realizava apresentações culturais em clubes, apresentando fados. Usava considerável parte de seu tempo para cozinhar pratos tradicionais da culinária portuguesa. Mas a tranquilidade não durou muito tempo, após sentir uma série de sintomas, Anna foi diagnosticada com câncer de mama.

Edição da revista Décima Ilha Açoriana

Edição da revista Décima Ilha Açoriana

 A doença fez com que Anna fizesse sessões de quimioterapia semanalmente em Porto Alegre. Um dia, quando estava retornando de uma de suas sessões, pediu a Deus que se sobrevivesse iria dedicar parte de sua vida a ajudar os outros. Lendo uma edição do jornal Zero Hora, Anna observou uma reportagem da jornalista, Angela Bastos, sobre os costumes praticados na semana santa na Ilha dos Marinheiros, localizada em Rio Grande. Este momento foi marcante em sua vida, pois foi com isso que Anna, no ano de 1993, iniciou um trabalho social e cultural na Ilha dos Marinheiros.

O trabalho iniciou com a realização de entrevistas com todas as famílias que residem na Ilha dos Marinheiros, no propósito de realizar um resgate dos costumes deixados pelas famílias portuguesas naquela localidade. A entrevistada explica que “muito do que foi deixado na Ilha é típico da cultura portuguesa, alguns exemplos disso seriam as capelas, arcos de romaria, graspa e a gastronomia típica”. Este trabalho deu origem ao primeiro livro de Anna, “A ilha dos três Antônios”, editado e publicado pela gráfica Artipol – Artes tipográficas de Águeda, Portugal, no ano de 2003.

O lançamento do livro foi incentivado pelo governo português e, atualmente, Anna tem mais dois livros sobre cultura que também foram encaminhados a Portugal para serem publicados. São os títulos “Alma Lusa” e “Jogos e brincadeiras da cultura portuguesa”. Com a produção de textos sobre cultura portuguesa para seus livros, Anna também passou a ser uma das colaboradoras da revista Décima Ilha Açoriana, produzida pelo Instituto Cultural Português, de Porto Alegre.

Anna no seminário “Atividades associativas, desafios e sugestões no associativismo da diáspora” como diretora cultural do Centro Português Rio Grande no Encontro das Comunidades Portuguesas e Luso-descendentes do Cone Sul, que aconteceu na Casa de Portugal de Porto Alegre.

Anna esteve no Encontro das Comunidades Portuguesas e Luso-Descentes do Cone Sul,  como diretora cultural do Centro Português Rio Grande,  na capital

Além da escrita, Anna criou um projeto social na qual ela realiza aulas de cultura portuguesa nas escolas Dolores Garcia e Renascer de Rio Grande. Nas aulas, leva artigos portugueses para as crianças conhecerem, explica a questão da colonização portuguesa no município e ainda mostra a importância das origens e o quanto elas interferem em nossas vidas. Após diversos professores terem conhecimento sobre seu trabalho, Anna foi convidada a realizar uma aula especial na Escola Álvares de Azevedo, que atende apenas estudantes cegos. Na aula levou trajes típicos da região portuguesa do Minho para que os alunos pudessem tocar e sentir o relevo das costuras nos tecidos e ter a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre esta cultura.

Outro trabalho social e cultural que Anna realiza em benefício da comunidade é a realização de oficinas que mostram como podem ser de confeccionadas Marafonas, bonecas típicas, originárias da região portuguesa do Alentejo, que são realizadas a partir de práticas utilizadas por artesãs portuguesas. Nestas oficinas, Anna sempre salienta que “portuguesas confeccionavam estas bonecas para celebrar a fertilidade e a felicidade conjugal e que a tradição também advém da festividade das cruzes, que é realizada em Portugal no dia 3 de maio”. As oficinas já foram efetuadas em Encontros das Comunidades Portuguesas e Luso Descendentes do Cone Sul, no clube Centro Português Rio Grande e em parceria com a Secretaria de Cultura de Rio Grande, com o intuito de ensinar práticas artesãs da cultura portuguesa e mostrar o artesanato como uma fonte alternativa de geração de renda.

Em relação ao incentivo financeiro para desenvolver seus trabalhos, Anna conta que sempre foi em busca, mas que “é muito difícil e na maioria das vezes não teve êxito em suas tentativas, mas se mantém perseverante e não desiste”.

Sobre a questão política, acredita que “o Estado necessita incentivar a profissionalização da cultura” e conta que sua grande inspiração é o prefeito da cidade portuguesa Águeda, Gil Nadais, que “tem uma proposta diferenciada, mostrando a arte e cultura portuguesa por todos os lados da cidade, motivando o turismo e o desenvolvimento econômico”.

Anna participando do lançamento da revista “Viva mais Cultura” da Secretaria de Cultura de Rio Grande, ao seu lado o prefeito de Águeda, Gil Nadais

Anna participou do lançamento da revista Viva mais Cultura, da Secretaria de Cultura de Rio Grande, ao seu lado o prefeito de Águeda, Gil Nadais

No ano de 2016, Anna continua com todos os seus projetos em andamento e permanece trabalhando voluntariamente para a valorização e o aprendizado da cultura em Rio Grande contabilizando 33 anos de trabalho com a disseminação de conhecimentos e pesquisa sobre a cultura portuguesa. Em seu mais novo projeto, Anna trabalha com os Centros de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinela e Farroupilha mostrando as contribuições fornecidas pela cultura portuguesa para a criação da cultura gaúcha, a semelhança entre as danças, costumes e trajes.

Uma frase que a entrevistada deixa de incentivo para as pessoas que também trabalham com cultura é “o trabalho é bem difícil, mas vale muito a pena, pois isso é o que deixamos para contribuir com o conhecimento das futuras gerações”.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

Coletivo valoriza negritude

– Reportagem de Paulo Renato Ienczak –

O Centro Cultural Marrabenta inspira-se na música e dança de Moçambique –

O Centro Cultural Marrabenta surgiu a partir da vivência de um dos seus fundadores, Vinicius Britto Moraes, que passou um período de cinco meses em Moçambique. No seu retorno para o Brasil foi logo tratando de reunir pessoas envolvidas com o movimento negro e produção cultural negra, para assim viabilizar a criação de um coletivo, um centro cultural, em contato direto com o país que ele havia conhecido e pelo qual havia se encantado. A comunicação foi facilitada pelo fato de Moçambique ter também o português como linguagem oficial, por ser tratar de uma ex-colônia de Portugal, assim como o Brasil. Marrabenta é um gênero musical e um estilo de dança muito tradicional em Moçambique.

Marrabenta compartilha seu espaço e dá suporte para diversas causas                                          Fotos: Divulgação

No dia 21 de março, foi inaugurado o espaço cultural, exatamente na esquina das ruas Coronel Alberto Rosa com Três de Maio, na zona central de Pelotas, mas já quase no Porto. Entre coordenadores, colaboradores e realizadores são quase 20 pessoas trabalhando para que o espaço funcione. A maioria divide seu tempo com outras atividades profissionais, estudantis e familiares. A verdade é que a experiência de se trabalhar em conjunto por uma causa em comum exige uma relação de confiança, e então o grupo de trabalho acaba também se tornando a segunda família daqueles que ali convivem.

Marielda Barcelos Medeiros, 50 anos, professora, coordenadora do coletivo Marrabenta e militante do movimento negro desde os 14 anos, leva sua filha para muitas das atividades desenvolvidas no local. Marielda possibilita, assim, que sua filha tenha a mesma vivência que ela, envolvida desde cedo com os movimentos sociais negros. Entre as diversas parcerias com outros coletivos e movimentos, o Marrabenta cede o seu espaço e dá suporte para eventos de diversas causas. O foco de suas atividades semanais se mantém na produção e discussão da cultura negra. “O espaço se propõe a trabalhar pra essa cultura que é tão desvalorizada, e que às vezes chega pra gente de maneira distorcida, então o compromisso do espaço é estar mesmo trabalhando com essa questão da cultura negra”, ressalta a coordenadora.

Nas terças-feiras, ocorre a Terça do Improviso, evento em parceria com o movimento Hip Hop local. Promove improvisação de rimas, poesias, debates e o encontro dos diversos poetas e admiradores da palavra improvisada, e da poesia livre. Ocorre em algumas quartas feiras à noite também a Rap Session, promovido pelo Dasmina, um coletivo composto por mulheres, visando a promoção da cultura, o debate do feminismo e o combate do machismo dentro do movimento Hip Hop. Também nas quartas-feiras ocorre o Black Cine, um clube de cinema com a temática exclusiva do cinema negro, que aborda temas como a experiência do negro na sociedade, sua história e cultura, bem como o cinema produzido no continente africano.

Todas as quintas-feiras no Marrabenta ocorrem os encontros do Grupo de estudos de Filosofia Africana, buscando o conhecimento e aprofundamento do pensamento do continente negro no contexto global.

Nas sextas, para começar bem o final de semana, sempre tem muita música com o Marrablues, sendo o Blues um dos pilares da música negra estadunidense, e símbolo da resistência negra no mundo.

Além das atividades periódicas no Marrabenta, existem muitas outras atividades paralelas. Há também a promoção de eventos nos bairros- o MarraVila- visando atingir a população periférica e a comunidade negra de Pelotas, que na sua maioria vive afastada do centro e da zona das universidades. Em Pelotas, muitos que vêm de fora nunca chegam a (re)conhecer a sua comunidade negra, que carece de iniciativas culturais.

A violência em Pelotas está presente tanto no Centro quanto nos outros bairros, de diferentes formas. A cultura é uma maneira de discutir essa realidade social em que o problema da criminalidade está diretamente ligado à desigualdade social e ao racismo. Todos nós sonhamos com um mundo melhor, com menos desigualdade e violência, e com mais música, mais consciência, mais cultura. Por essa causa também luta e resiste o Marrabenta, que dois meses depois de sua inauguração já contabiliza dois arrombamentos, que dificultam ainda mais o equilíbrio das contas e o pagamento do aluguel do espaço. No entanto, já conta também com dezenas de encontros, apresentações, rodas de conversa e eventos bem-sucedidos, além de muitos corações tocados e mentes modificadas.

Que esses dois meses se tornem dois anos, duas décadas, e que esse lindo trabalho acabe marcando a história do movimento negro em Pelotas. E que o futuro seja mais ameno.

PRIMEIRA PÁGINA

Voltar

Sua mensagem foi enviada

Aviso
Aviso
Aviso

Atenção.

COMENTÁRIOS

 Excelente texto, ótimo de ler.

Marina Fonseca Silveira