O Lobo Atrás da Porta

Texto de Luis Otávio Languer Schebek –

DVD Crítica

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Com um inicio direto e empolgante, o filme O Lobo Atrás da Porta (2013) parece nos entregar sua história logo em seus primeiros dez minutos, mas quando a história começa a rolar, entendemos que o desaparecimento da filha de Bernardo (Milhem Cortaz) e Sylvia (Fabíula Nascimento) é apenas um plano de fundo para um enredo muito mais envolvente do que aparenta. Ao se iniciarem os depoimentos, somos apresentados a principal suspeita pelo sumiço da criança, a carismática Rosa, vivida por Leandra Leal.

As cenas conjugais entre Bernardo e sua esposa se aproximam muito de um drama comum das histórias de novelas brasileiras as quais já estamos acostumados, entretanto, os momentos entre ele e Rosa nos mostram o quanto a personagem de Leandra Leal foge do estereótipo de uma amante comum. A atriz consegue transitar entre a mulher sensual e a manipuladora de uma forma sutil e muito envolvente, fazendo que o público torça por ela em muitos momentos da história.

As partes do interrogatório, com um delegado desbocado (Juliano Cazarré), entram no território da comédia, mostrando aqui toda a inteligência do diretor Fernando Coimbra em conseguir transitar por tantos estilos diferentes sem estragar o resultado final. Oscilando entre a seriedade e a descontração, o filme avança em seu roteiro de acordo com os depoimentos: à medida que os personagens fornecem suas versões e álibis, flashbacks ilustram cada ponto de vista.

As histórias não se “batem”, o que revela ao espectador diversas mentiras de pessoas com muitos segredos a esconder. E é nesta questão que o filme ganha seu maior ponto. A construção de seus personagens é lenta, todos parecem ser inofensivos, e quanto temos alguma cena violenta ou misteriosa, o espectador sente o impacto que aquele momento queria causar.

O filme não possui um julgamento moral ou uma lição, é apenas o conto de pessoas comuns lidando com seus sentimentos e suas frustrações, sem pensarem nas consequências de seus atos. A brasilidade do filme é outra questão a ser ressaltada. Seus personagens e suas cenas possuem tons comuns do cotidiano de muitas cidades do interior do país. Os momentos em pequenos bares, os copos de cachaça, as cenas em ambientes abertos, como ruas mal asfaltadas ou parquinhos de bairro são coisas tipicamente comuns no cotidiano brasileiro.

Literalmente, não é um filme para “gringo ver”. A produção foi dirigida e escrita por Fernando Coimbra, conhecido dos festivais de curtas-metragens, e conta com nomes de peso como Milhem Cortaz, Leandra Leal, Fabiula Nascimento e Juliano Cazarré em seu elenco.

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