Espaço para arte independente

Reportagem de Beatriz Coan Peterle –

Desde 2013, o Sofá na Rua contribui para que novas produções tenham visibilidade – 

O evento passou a ser um símbolo da livre expressão e de um novo modo de compartilhar o espaço público

O evento é símbolo da livre expressão e de novo espaço para as artes

O evento Sofá na Rua, criado pelo coletivo Casa Fora do Eixo, se tornou um espaço reconhecido no município de Pelotas para bandas e artistas independentes. Em 2013, o coletivo, que já possuía suas portas abertas, decidiu expandir, levar às ruas o ambiente cultural que existia na casa, com a proposta de estimular e fomentar a cadeia cultural da cidade.

A casa abrigava diversas pessoas, que trabalhavam com diferentes linguagens artísticas e entendiam todas as dificuldades no município para desenvolver eventos culturais. Havia falta de espaço, com o fechamento do Theatro Sete de Abril, a inviabilidade de alugar locais para abrigar eventos e a dificuldade de obter investimentos e aprovação de projetos. Surgiu a ideia de “tomar a rua”, fazer uso de um espaço público, entendendo-o como um ambiente democrático, onde as pessoas têm acesso à cultura de forma gratuita, levando então o sofá para a rua.

Através de parcerias com outros coletivos culturais, sociais e ambientais, produtores, artistas e demais colaboradores, o evento começou a se desenvolver, criar forma. Inicialmente faltavam instrumentos e equipamentos, que por meio de troca de trabalho foram supridos. Uma estrutura base foi montada para realizar o Sofá na Rua que foi crescendo através do diálogo construtivo com a cidade e também pela mídia alternativa e independente feita na internet.

Os produtores o consideram um evento que vai além do entretenimento, mas que também estimula a reflexão, transformação e consolidação de diversas maneiras. Traz espaço para bandas independentes e autorais, já foi palco de lançamento de discos, artistas de outras regiões e responsável pelo surgimento de fãs. E também deixa aberto o microfone para reflexões, pensamentos e questões a serem discutidas, entendendo que ali está a voz das ruas.

Ao longo dos seus três anos, o projeto Sofá na Rua cresceu e se tornou uma rede. Surgiram edições em diversas cidades e estados, chegando até mesmo na região Nordeste do país. Em Pelotas o evento tomou corpo e forma, atingindo um público de duas mil pessoas. Devido ao encerramento da Casa Fora do Eixo em Pelotas e da reativação da zona portuária, que trazia a discussão dos benefícios e malefícios que isso traria, o Sofá na Rua fez parceria com o então Galpão do Rock (atual Galpão Satolep), e mudou de local. Saindo da Rua Almirante Tamandaré, indo para a Rua José do Patrocínio, onde se localiza o Galpão Satolep.

O local, pertencente ao produtor cultural Manoval, já era conhecido por se envolver em atividades culturais na cidade, que abriam espaço para bandas autorais e locais. Entendendo que a cultura não é só entretenimento, mas também uma luta por qualificação local, a parceria com o Sofá na Rua foi entendida como óbvia e aconteceu facilmente.

O evento já abriu espaço para mais de 200 pessoas de diversos lugares da América Latina, sempre priorizando o trabalho autoral. E também conta com bancas de economia alternativa, o que se tornou essencial para os vendedores, que muitas vezes conseguem pagar as contas do mês ou incrementar o orçamento através de venda de alimentos e outros trabalhos.

Hoje o Sofá na Rua é um evento que reúne artistas autorais de diversas regiões, vendedores ambulantes e um público sedento por cultura e entretenimento de qualidade. Ele é responsável por trazer oportunidade de crescimento econômico e principalmente cultural para Pelotas.

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