Série “Them” e o racismo nos EUA dos anos 50

Por William Engel    

Episódios de terror têm causado polêmica por suas cenas violentas e chocantes

Suspense na época da imigração de famílias negras em busca de melhores condições de vida

Inspirado no fenômeno que vem sendo os filmes de Jordan Peele, sobre visibilidade a cultura negra nos EUA e no mundo, “Them” estreia com sua primeira temporada trazendo um suspense psicológico em paralelo com a história da segregação dos anos 50 nos EUA. A série, dirigida por Little Marvin, e lançada no dia 9 de abril na Amazon Prime, vem trazendo polêmicas ao demonstrar a realidade de negros que estavam migrando para outros estados em busca de novas oportunidades no século XX na América do Norte.

A trama lançada pela Sony é protagonizada pelos atores Deborah Ayorinde, Ashley Thomas, Alison Pill e Ryan Kwanten. A história se passa primeiramente na Carolina do Norte, onde a família Emory sofre uma tragédia já nos primeiros minutos. Após os acontecimentos, e contextualizando com a história dos EUA nos anos 50, diversas famílias de negros imigram para Califórnia procurando uma vida melhor. A série, além da situação do racismo nos EUA naquela época, ainda lida com diversos outros problemas importantes como o machismo do século passado e o início das mudanças nesses dois cenários. Além dos problemas que a pressão psicológica nos negros e nas mulheres poderia causar.

No desenvolver da série, os Emorys passam por dificuldades com os vizinhos que agem com terrorismo em relação aos novos inquilinos. Cenas como fogo no jardim, bonecas negras enforcadas, bullying na escola e no trabalho são retratados com o duro realismo da segregação nos EUA. Não menos importante, mas ainda pautado na série, há o machismo contra as mulheres que trabalham, assim como o cenário homofóbico.

Por se tratar de uma história tão impactante, a série vem sendo alvo de algumas críticas, justamente por contar com cenas tão fortes e temas tão delicados. O diretor e a produção alertam no início de algumas cenas fortes sobre o impacto que podem causar. Um exemplo dessas cenas o espectador verá no meio de série, em seu quinto episódio, em que a história sobre o que ocorre com o primogênito da família na Carolina do Norte é contada.

             A série é alvo de críticas por tratar com cenas fortes temas delicados      Fotos: Amazon Prime Vídeo/Divulgação

Um dos fatores responsáveis pelas críticas em torno da série são as passagens sobre a Bíblia  e seu nono episódio que conta a história do encontro de um personagem branco com uma família negra. Esse encontro é regado de fanatismo religioso. Os textos bíblicos são utilizados para mutilar e infligir mal aos passageiros que buscavam por ajuda da pequena vila cristã. O ponto questionado é o da história se utilizar das escrituras cristãs para fazer protesto ao racismo da época e por seu grafismo exagerado. Arthur Eloi, escritor do site Omelete, comentou: “Apesar de um ótimo elenco e excelente direção, ‘Them’ tropeça na própria noção de importância ao confundir exagero com ousadia, e entrega algo que não fica à altura do potencial que tem nas mãos. Os crimes e injustiças cometidos contra os negros, nos Estados Unidos e no mundo, nunca devem ser esquecidos ou perdoados, mas as produções modernas precisam ir além da tentativa de chocar através de representações gráficas.”

Com sua trama forte, ótimos atores e uma comunicação social muito forte, apesar das críticas e do grafismo da série, a produção de Little Marvin merece ser apreciada. Seu suspense é grandioso e digno de mais algumas temporadas. Afinal, não é sempre que se vê um contexto histórico tão bem contextualizado em um terror psicológico de várias facetas e em dia com seu contexto social.

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Mercado Municipal está no coração de Pelotas

Por Ronaldo Luis   

Espaço público histórico da cidade sofre dificuldades com a pandemia

O Mercado Público Municipal de Pelotas, “foi construído a partir de 1846, quando Dom Pedro II, em passagem pelo Estado, veio à cidade. Essa visita do monarca foi determinante para irradiar no povo pelotense o desejo de tornar a cidade desenvolvida e próspera. O local escolhido para a construção do Mercado era um terreno próximo à Praça da Regeneração (atual Praça Coronel Pedro Osório)”. Esta passagem do livro “Mercado Central de Pelotas 1846- 2014”, do jornalista Klécio Santos, evidencia a importância desta edificação que tem importantes significados simbólicos e históricos. Atualmente, não apenas a direção ou proprietários de bancas, mas também o povo pelotense vem enfrentando a pandemia do coronavírus, Covid-19, o que vem se refletindo nas atividades comerciais e culturais do Mercado.

Foto antiga com vista da edificação no Centro da cidade

Nosso Mercado sempre ofereceu atrações artísticas aos seus visitantes, hoje prejudicadas pelos constantes decretos municipais e estaduais em função da pandemia que vivemos. O local, além de exercer sua função de centro comercial, também proporcionava shows à população local. Infelizmente a pandemia zerou completamente essa prática cultural artística, deixando as empresas literalmente com as mesas vazias.  Os proprietários estão desesperados querendo trabalhar, mas entendem a importância da necessidade de distanciamento social. A hora não é propícia às aglomerações. “Aos poucos o Mercado está reagindo e talvez num breve momento tudo volte à normalidade e as mesas voltem a sorrir”, disse a cliente Margarida Prestes.

De janeiro de 2020 para cá, tudo foi fechado e os proprietários sujeitos às multas caso decidissem por reabrir e causar aglomerações.  Com isso as relações dos empresários com os músicos ficaram deterioradas. Hoje teriam dificuldade de contratar e pagar caso resolvessem recomeçar com atividades artísticas.

De acordo com o empresário Antonio Souza, ex-locatário de uma banca no Mercado, seu espaço comercializava produtos variados de várias partes do Brasil, como o queijo de Minas e o melado de Santa Catarina, além de alguns itens vindo do exterior, como bananas que vinham de Montevidéu devido sua qualidade. Quando aconteceu o início da pandemia, com o distanciamento social, fechou as portas do seu estabelecimento e nunca mais abriu a banca.

Espaço urbano em torno do Mercado é voltado para programações artísticas Foto: Ronaldo Luis

Construção e história

A população local considera o Mercado um símbolo de tradição histórica do povo pelotense, localizado no sul do País. Naqueles dias de áurea época social, a cidade começava a ser desenvolvida e próspera. Suas sucessivas administrações sentiram a necessidade de realizar obras dando estrutura para todo o comércio ribeirinho, as charqueadas, e o que vinha do interior trazendo insumos para a população e abastecimento dos navios que aqui vinham, em busca do charque, e seguiam rumo ao continente europeu.

Junto ao desenvolvimento local, o comércio também reivindicou um local para as trocas entre os produtores e vendas dos produtos. Surge assim a imponente construção iniciada em 1846 do Mercado Público de Pelotas.  Atendeu durante séculos às necessidades da população pelotense, que ali comercializava todos os produtos alimentícios. Junto a esse crescimento veio também o desenvolvimento regional com a formação populacional dos bairros em torno do centro da cidade de Pelotas.

As obras do Mercado foram finalizadas em 1852, sendo considerado por muitos viajantes que passaram pela cidade como sendo superior ao Mercado Público de Porto Alegre e Rio Grande, comparado ainda com o Mercado da Candelária no Rio de Janeiro. Atualmente a edificação é o mais antigo remanescente do País. No entanto, ao longo dos 170 anos de existência do local, o mesmo foi sofrendo degradações, tanto naturais como provocadas pelo descuido do ser humano.

Reformas acrescentam torre e farol

Em 1912, o Mercado sofreu a primeira grande reforma, na qual modificou a fisionomia do prédio, o projeto na ocasião foi do arquiteto Manoel Barroso Assumpção. No período de 1911-1914, o Mercado sofreu uma reformulação profunda em termos de plantas e fachadas, obras dirigidas pelo engenheiro Manoel Itaqui; nesta fase o prédio recebe, além de mudanças de acessos, a torre do relógio e o farol de ferro, importados de Hamburgo, na Alemanha, fazendo uma alusão à Torre Eiffel de Paris. Do farol emergia luz de uma poderosa luminária rotativa, que espargia raios para todos os quadrantes. Vista de longe, identificou a cidade por muitos anos. Contam moradores da Cascata e Três Cerros que, à noite, era possível ver o famoso farol do Mercado.

Torre foi acrescentada à edificação no início do século XX     Foto: Ronaldo Luis

Na planta anterior, os acessos eram apenas pelas esquinas em chanfro coroados por um frontão triangular. Já, na planta de 1914, o partido e a volumetria modificaram-se, tornando os acessos centralizados nas fachadas e torreões nas esquinas, com suas circulações internas em cruz, com um arcabouço central apoiado em 74 colunas de ferro, com tesouras ligadas por vigorosas vigas de ferro abertas em ogivas e com vitrais nas ogivas laterais.

Na planta de 1914  acessos são centralizados nas fachadas e torreões nas esquinas    Foto: Ronaldo Luis

O primeiro prédio é de linhas simples apresentando um ritmo de cheios e vazios marcados pelas vergas em arco pleno no vão das portas. No seguinte os torreões recebem na platibanda ornamentos com guirlandas de flores e frutas em relevo, em estilo Art-Nouveau. Contava com 120 lojas dos mais variados tipos. O relógio e o sino existem até hoje.

Degradação e reforma recente

O Mercado foi perdendo sua função como polo comercial, passando por péssimas administrações. Tornou-se então um espaço sujo, mal iluminado e inseguro. Terminou caindo em erros administrativos crassos que o tornaram um espaço desorganizado, cujos produtos comercializados desfocavam das atividades para o qual havia sido criado. As lojas comerciais e os restaurantes estavam ao lado das bancas de peixes, com o seu odor característico nada agradável.

Em face desta deterioração e tendo em vista se valor histórico e simbólico, o nosso Mercado Público foi avaliado e contemplado com o programa Federal denominado, “Monumenta”, em 2001. Esse projeto prometia a transformação do ambiente e consequente revitalização que foi finalizada em 2012.

Novos erros críticos foram cometidos pela administração que aprovou um projeto que transformaria o local do Mercado, até então construído para troca de gêneros alimentícios, num mini shopping com a criação de pequenas lojas e bares restaurantes ao longo de suas galerias internas.

Arquitetura embeleza paisagem urbana de Pelotas       Foto: Ronaldo Luis

Começava assim a atual história de um projeto que, mesmo modernizado, deixou de atender às necessidades da comunidade.  O local era muito frequentado pela comunidade e visitantes. Porém a população, comercial e consumidora, inicialmente recusou a obra, tendo o local passado por longo período sem a procura de locatários.

Com o tempo, a frequentação ao Mercado voltou gradativamente, tendo em vista os serviços comerciais e turísticos, além das suas atrações culturais especialmente aos fins de semana. O Mercado Público continua sendo um lugar de lazer e compras até hoje, sobrevivendo ao tempo apesar dos erros administrativos e das lojas concorrentes. Junto à beleza plástica da obra arquitetônica do empreendimento, é dada a devida importância para a cultura grega, onde momentos mágicos se manifestam ao contemplar a estátua do deus Mercúrio, localizada na entrada sul do prédio. O período pós-pandemia promete uma nova retomada do Mercado Público com um lugar especial para a cultura da região.

           Atuais instalações modernizadas do Mercado                Fotos: Ronaldo Luis

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Comédia promove empatia e reflexão  

Por Julya Bartz Boemeke Schemechel    

O diretor Vicente Villanueva lida com os transtornos compulsivos de maneira divertida

Quando optamos por assistir um filme de comédia, logicamente procuramos por uma que possa nos arrancar boas risadas do início ao fim. No filme “Toc toc” a história entrega comédia juntamente com uma reflexão sobre os Transtornos Compulsivos Obsessivos (TOC). O filme espanhol do diretor Vicente Villanueva (disponível na Netflix) é uma adaptação de uma peça francesa e foi lançado em 2017.  

No consultório, seis pacientes que possuem TOC aguardam impacientemente atendimento de um doutor muito requisitado e especializado na área. O primeiro paciente sofre da síndrome de Tourette e assusta os demais por conta de seu “tique”. Ao longo do filme, ele explica como funciona a síndrome e como é a sua rotina convivendo com ela. E isso acontece também com os outros pacientes, que cansam de esperar o doutor atrasado. Além da Tourette, o filme fala também sobre Aritmomania (transtorno no qual o indivíduo precisa contar tudo em sua volta repetidas vezes; angústia com os números), compulsão por limpeza, além do TOC de verificação, onde a pessoa precisa conferir inúmeras vezes se trancou a porta ao sair de casa, por exemplo. 

Personagens compartilham comicamente suas dificuldades na sala de espera do consultório    Foto: Divulgação

Em primeiro momento, a impressão que passa é que se trata de uma comédia apelativa, que recorre a palavrões para chamar a atenção. Mas conforme entramos na história e entendemos mais sobre os personagens, cada detalhe chama a atenção e é aí que o humor aparece. O filme busca mostrar os transtornos e suas dificuldades de uma maneira descontraída e ao mesmo tempo delicada. Graças a isso, o espectador consegue “entrar” na vida de quem possui TOC e entender melhor como o preconceito atrapalha e prejudica a vida dos mesmos. 

“Toc toc” transmite uma mensagem muito importante através de uma comédia respeitosa: os Transtornos Compulsivos Obsessivos são mais comuns do que imaginamos. E as pessoas que convivem com eles enfrentam batalhas diárias. Cabe a cada um buscar conhecer melhor sobre e respeitar. 

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Personagens de “Breaking Bad” perguntam sobre seu futuro

Por Matheus William Müller Ruckert   

Produção estadunidense lançada em 2008 tem como base princípios do mundo do crime e conceitos da química avançada

Se você é um daqueles poucos que não conhece nada a respeito da série de TV norte-americana “Breaking Bad”, lançada em 2008, e dirigida por Vince Gillian, bom você realmente está perdendo muito em não assistir esta obra. Afirmo isso pela pouca porcentagem de pessoas que dizem ter olhado e não terem gostado do que viram. Sua aceitação na Netflix é de 96%. A maioria abraça a série desde o início, apegando-se aos personagens e pela curiosidade e dúvida de querer saber o que irá acontecer com eles num futuro próximo ou distante.

Jesse Pinkman (Aaron Paul) e Walter White (Bryan Cranston) são os dois  personagens principais da série

Os dois personagens principais, Walter e Jesse, têm o papel de ditar o rumo da história, sendo eles os principais causadores e afetados dos eventos e problemáticas da narrativa. Walter White (Bryan Cranston) é um ótimo entendedor e professor de química, porém frustrado com sua vida atual, pois a condição financeira de sua família não estava indo bem. Para contornar a situação, ainda trabalhava numa lava jato para custear os gastos da sua família. E também tinha recém-descoberto um câncer que limitaria sua trajetória a apenas mais dois meses de vida restantes. Já Jesse Pinkman (Aaron Paul) é um ex-aluno de Walter, porém agora ele é pequeno traficante de metanfetamina. E os destinos destes dois se cruzam de uma maneira bem peculiar. É óbvio que você vai ter que assistir para saber já que isto é uma resenha e não um resumo da história.

Além destes dois personagens principais mencionados, ainda temos a participação de diversos outros coadjuvantes, como a família de Walter, sua esposa Skyler (Anna Gunn) e seu filho Walter White Jr (Rj Mitte), a família da irmã de Skyler, a Marie Schrader (Betsy Brandt) e seu marido oficial do departamento de narcóticos cunhado de Walter, Hank Schrader (Dean Norris). Toda a história é narrada em um total de cinco temporadas, com mais ou menos 12 episódios cada, tendo seu término lá em 2013.

               Os destinos destes dois personagens se cruzam de uma maneira bem peculiar             Foto: Divulgação  

Roteiro

Bom, esta é realmente é uma obra muito coesa e dramática, tendo como base princípios do mundo do crime e conceitos da química avançada. O roteiro aplica muito bem os seus personagens na trama e os usa com proficiência ao encaminhá-los a caminhos pouco prováveis, mas muito realísticos.  São condizentes com os acontecimentos ao redor. É tudo muito bem calculado e pensado com epifanias e reviravoltas todo o momento. Uma química incrível é formada ao nos aproximar dos personagens e de seus destinos e como isso vai se desenrolar. No fim, vai valer cada episódio assistido, até mesmo aquele da mosca cujo teve uma boa repercussão na época e não vou dizer o motivo.

“Breaking Bad” tem uma legião de fãs por todo o mundo e é, até hoje, considerado e visto como um dos melhores seriados de ação e investigação já feitos. Isso é muito pela perspectiva em que direciona os personagens. Nos apegamos mais como certos “vilões” da história, mas jamais negligenciando e esquecendo as suas motivações e porque fazem o que fazem. Já o caráter e a personalidade de cada personagem vão ditar como estes irão atuar para que o roteiro vá para frente. São desenvolvidas tramas e reviravoltas chocantes, que nos fazem ficar vidrados nos acontecimentos ao longo da narrativa.

Bom, quando quiser e tiver curiosidade e tempo, disponha para assistir esta série, que é tanto linear quanto megalomaníaca. Essas são qualidades que definem bem o rumo do roteiro, que é cheio de acordos, tiros, tramas familiares e muita, mas muita metanfetamina, para vender e usar. Tudo depende de que local e papel os personagens estarão designados a estar e cumprir em cada momento, pois, sim, cada momento aqui importa e é relevante, isto é “Breaking Bad”.

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Mostra “Cinema Coletivo” ocorre até dia 24 de junho

Por Danieli Schiavon e Luíza Mattea    

Evento promovido pelo Cine UFPel acontece quinzenalmente sempre às quintas-feiras pelo canal no Youtube do projeto

Card de divulgação da Mostra                 Imagem: Reprodução / Facebook

Até o dia 24 de junho, o Cine UFPel está promovendo a Mostra “Cinema Coletivo: diálogos com funções motores do audiovisual”. O evento destaca os profissionais imprescindíveis na execução de filmes, mas que nem sempre estão presentes nos tradicionais debates. Os diálogos são abertos à comunidade e ocorrerão quinzenalmente, nas quintas-feiras, a partir das 19h30min, no canal no Youtube do projeto. Ao longo da programação, cada convidado vai indicar um filme que colaborou e o link da obra será disponibilizado ao público durante sete dias antes da data marcada. Os debates serão mediados por um professor do curso de Cinema e Audiovisual da UFPel. 

O Cine UFPel é um projeto elaborado pelo curso de Cinema e Audiovisual, que desde 2015 exibe filmes de forma gratuita para a comunidade em geral. Atualmente, a equipe do Cine UFPel conta com a coordenadora Cíntia Langie e dois bolsistas, Leonardo da Rosa e Rebeca Franco dos Santos. Com a pandemia, o espaço físico do projeto, localizado na agência da Lagoa Mirim, em Pelotas, precisou ser fechado, uma vez que todo o ensino presencial foi paralisado. Devido ao distanciamento social da covid-19, o projeto passou a ter mostras on-line. Em 2020, além de uma mostra de curtas, foi realizado o evento “Cine UFPel convida”, que contou com filmes escolhidos por coletivos selecionados pelos participantes. 

“O que mais impactou o desenvolvimento do Cine UFPel foi o fechamento da nossa sala, onde tínhamos um controle da qualidade de exibição e podíamos transmitir as obras de forma coletiva. A sala de cinema era um encontro, uma possibilidade de ver um filme no telão grande, com todas as pessoas ao redor”. 

Assim, no início do semestre, os participantes do grupo fizeram uma reunião para decidir como seriam realizados os eventos de 2021. A ideia inicial veio de Leonardo, que sugeriu uma mostra focada em funções que nem sempre estão nos debates. A partir disso, a equipe começou a desenvolver melhor a programação, tirando os planos do papel. Entre os convidados, o grupo buscou profissionais que atuam no mercado de cinema no Brasil. 

“O objetivo é dar visibilidade para essa tradição, essa peculiaridade coletiva da profissão. Cinema se faz com coletividade e existem funções que são fundamentais, mas que nem sempre são valorizadas. Mais do que isso, as pessoas nem sempre conhecem o que faz um platô, por exemplo. Por isso, buscamos trazer uma perspectiva diferente, para variar um pouco do modelo já tão desgastado na pandemia de apenas exibir filmes e debates”, conta Cíntia. 

A mostra foi pensada para ser realizada durante a pandemia, com um formato totalmente on-line. A programação escolhida tem o intuito de diminuir as barreiras geográficas, convidando para o debate pessoas de diferentes lugares do Brasil. O processo de organização da mostra foi realizado por meio de e-mails, além da criação de um grupo no WhatsApp com a pessoa que vai estar no debate, o mediador e a equipe para facilitar as decisões e trocar informações. O material de divulgação é feito pelos bolsistas do projeto. Card, texto, publicação no Instagram e Facebook, envio por email. Os encontros são marcados sempre meia hora antes, a fim de gerar um engajamento entre os participantes. Assim, quando os debates iniciam, os convidados já estão mais à vontade para conversar e compartilhar ideias.

 Primeiro debate ocorreu no dia 22 de abril       Foto: Reprodução / YouTube

“Estamos tendo que lidar a partir das telas, que são as janelas para o mundo. A nossa divulgação sempre foi uma divulgação espontânea, gratuita e virtual, então a gente já tinha essa expertise de fazer divulgação via Facebook, via Instagram, o que não muda muito com a pandemia, porque a gente se fala pelo WhatsApp, combina o que tem que fazer e lança nas redes sociais”, explica Cíntia.  

Programação

O primeiro dia de evento, que ocorreu na data de 22 de abril, contou com a participação de Carolina Silvestrin, assistente de direção, roteirista e diretora no mercado de cinema. Ao longo da conversa, a profissional contou sobre sua experiência como assistente de direção no longa “Legalidade”, dirigido por Zeca Brito, em 2019. 

No final do mês, dia 29 de abril, foi a vez de Eloisa Soares, assistente de câmera, e o Nicolau Saldanha, video assist, abordarem o longa “Domingo”, de Clara Linhart e Fellipe Gamarano Barbosa, produzido em 2018. Durante o debate, a dupla falou um pouco sobre sua experiência no decorrer do filme, além de destacarem também trabalhos anteriores.  

Já no dia 13 de maio, a programação contou com Clara Trevisan, que falou sobre sua experiência como assistente de animação no filme “Subsolo”, de Erica Maradona e Otto Guerra, de 2020. Ao longo da conversa, a profissional também falou sobre sua trajetória em outros trabalhos.

No dia 27 de maio, a conversa foi com o platô e assistente de produção, Marcos Perello, que participou da construção do filme “Beijo no Asfalto”, de Murilo Benício, lançado em 2018.

Take do documentário “Democracia em Vertigem”, indicado ao Oscar em 2020     Foto: Divulgação

No dia 10 de junho, o debate foi com Jacqueline Almeida, assistente de montagem que participou do filme “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, lançado em 2019. O documentário retrata os bastidores  do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o julgamento do ex-presidente Lula e o pleito que elegeu o presidente Jair Bolsonaro. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem.

A programação da Mostra se encerra com o bate-papo com os assessores executivos e gerentes de lançamento, Letícia Santinon e Bernardo Lessa. No último debate, a temática terá um destaque especial à distribuidora Vitrine Filmes. Mais informações podem ser encontradas no Facebook do Cine UFPel.

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Obsessão de um homem com personalidade dupla na série “You”

Por Josimara Megiato Rodrigues   

Série do suspense psicológico revela as duas faces de um gerente de livraria entre a bondade e o crime

A série “You”, da Netflix, conquistou muitas pessoas por sua trama de suspense psicológico. A produção é desenvolvida por Greg Berlanti e Sera Gamble e baseada no livro romance de 2014 de mesmo nome de Caroline Kepnes. O personagem Joe Goldberg, interpretado por Penn Badgley, narra a sua vida, no cotidiano em que parece ser um simples e pacífico gerente de livraria em Nova York. Sua personalidade, aparentemente, é de um simples homem apaixonado por livros, que parece ser simpático e gentil. 

          Personalidade e estratégias de Joe são desvendadas ao longo dos episódios                      Foto: Divulgação

Primeira Temporada

Na primeira temporada, Joe conhecerá a aspirante a escritora Guinevere Beck (Elizabeth Lail). Rapidamente começa a perseguir a moça, e torna-se obcecado por ela. A partir disso, começa o enredo da história, e a saga de Joe para conquistar, ou melhor, manipular Beck. 

Seguir alguém nas redes sociais, é algo comum de nossa prática diária, mas junto a isso, às vezes, há também a prática doentia de “stalkear” outra pessoa. Aparentemente, pode não ser nada de mais, além de uma curiosidade sobre a vida do outro. Mas não é o caso que o personagem de Penn mostra na produção. Joe, logo que se apaixona por Beck, começa a segui-la nas redes sociais e fazer uma espécie de “pesquisa” sobre sua vida. Estuda desde quem são as pessoas próximas de sua amada, até mesmo detalhes da sua personalidade. Ao longo da trama, sua paixão se revelará uma grande e perigosa obsessão, e a moça nem desconfia do verdadeiro perfil do gerente de livraria. Joe alimenta sua obsessão pela escritora pelas redes sociais, rastreando-a e eliminando qualquer um que fosse capaz de atrapalhar seu romance. Ao final da primeira temporada, Beck começará a desconfiar da verdadeira identidade de seu amado, e a consequência disto será alta. 

Pensar em narrativas que transformam um homem perigoso, com rosto de um bom moço, pode ser, muitas vezes, olhar para a nossa realidade. Além disso, o que faz algum telespectador sentir atração e/ou gosto por um personagem com níveis de psicopatia? O que se viu nas redes sociais, além de uma grande revolta pelo personagem de Joe, foi também, em contrapartida, muitas mulheres considerando-o um homem interessante. Joe é inteligente, simpático, sedutor, e, ao mesmo tempo, consegue transmitir um ar de paz e bondade. Cenário perfeito para seduzir as mulheres.   

Em seu perfil do Twitter, o ator Penn Badgley  bateu um milhão de seguidores já na primeira temporada. Ele publicou, então, um vídeo no Instagram. Afirmou em tom de brincadeira: “Eu não sei o que dizer, porque só precisei começar a matar pessoas (na série). Saiam Daqui”. Penn falou alegando que seu personagem era para ser odiado, já que é um obcecado e psicopata, e não para ser amado.  Para a crítica, a série se tornou um thriller psicológico sobre a toxicidade masculina, violência contra a mulher e a psicopatia.

Segunda Temporada

Na segunda temporada, a produção investiu em cenas pesadas, como assassinatos, além de englobar assuntos polêmicos, entre eles, a violência contra a mulher. Joe se mudará para Nova York com uma nova identidade, a fim de escapar de seu passado. Na mentalidade do personagem, ele ia focar para que não se apaixonasse novamente, mas o gerente de livraria não terá grandes mudanças, bastava uma oportunidade para iniciar uma nova obsessão. A vítima da vez será Love (Victoria Pedretti), uma mulher atraente que também se interessou pelo rapaz. Joe consegue “acreditar na própria mentira”, porque ele se considera um bom homem apesar das inúmeras ações que configuram crime.

Durante o enredo dessa temporada, ele irá criar novas amizades perigosas, como, por exemplo, um esperto jornalista que chega ao ponto de finalmente desvendar a verdadeira identidade do personagem de Penn. Apaixonado, mas obcecado, com altos sinais de psicopatia.  Logo que isto acontece, Love se torna prisioneira do homem. Joe comete homicídio de inúmeros personagens que estão à volta de sua amada Love, em uma tentativa alucinante para que ninguém atrapalhe seu novo romance.

Joe e Love prometem reações surpreendentes na segunda temporada        Foto: Divulgação Netflix

A grande surpresa da segunda temporada, ficará por conta da reação e do comportamento de Love, que descobre a psicopatia de Joe, e reage de maneira inusitada. O que parece completamente incompreensível, talvez possa ser explicado pelo fato da existência de uma alienação sobre a psicopatia de algum indivíduo, neste caso a moça já estava sob total encantamento com Joe, e se sentia na obrigação de tê-lo por perto para ser feliz. Além disto, outro argumento interessante a se considerar, é o fato de a personagem entender o real perigo de Joe, e “entender” que o melhor seria tê-lo ao seu lado, e não contra. 

A plataforma de streaming Netflix divulgou no final do ano passado que a série ganhará a terceira temporada, que deve chegar às telinhas no final de 2021.

“You” se transforma em um thriller psicológico sobre a psicopatia, toxicidade masculina e a violência contra a mulher.

Thrillers da série “You”

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“Pretos Unidos”: passo importante na jornada de Isaque Acosta

Por Nathalia Farias Borges    

Jovem artista rio-grandino lança videoclipe apesar das dificuldades durante a pandemia

Com a mensagem poderosa de “Pretos Unidos”, Isaque Acosta, artista rio-grandino de 21 anos, deu um passo importantíssimo na sua jornada dentro da indústria musical em meio a um cenário pandêmico. Em uma cidade pequena com pouco incentivo cultural, lançou o seu primeiro videoclipe. Mas a história de Isaque com a música é antiga e seus sonhos e objetivos são grandes.

Isaque está trabalhando no processo de finalização do seu primeiro EP       Foto: Divulgação

O cantor explica que o envolvimento com a música inicia já na infância e, principalmente, com a relação com a igreja. “Eu venho de uma família majoritariamente evangélica em que a música sempre foi muito presente. Minha avó materna tem um CD gospel de músicas autorais no qual meu avô, algumas tias e minha mãe cantam junto”. Isaque também menciona a importância do hip hop para suas raízes: “Tenho um primo que participou do Estrela Meiaumtres, um grupo que ganhou alguma expressão no cenário Hip Hop da capital, inclusive tendo gravado clipes com a RapBox”.

Mesmo com as influências familiares, o artista também conta sobre os desafios com os quais lutou e continua enfrentando para perseguir esse sonho. Ele destaca as adversidades que mais o marcaram foram a relação com as igrejas que frequentou durante sua vida inteira e as difíceis condições econômicas e incentivos financeiros que o cenário atual oferece a artistas. Mesmo assim, ele não se deixou levar e conseguiu ultrapassar os obstáculos.  Em março de 2020 foi demitido. Com todos os direitos rescisórios do comércio em que trabalhava, começou a investir na música. “Em relação a igreja, resolvi servir a Deus aqui fora”, diz Isaque.

O primeiro clipe “Estilo de Marca” foi lançado em 21 de janeiro de 2021, produção de SnakeBytte e direção de Ah Nanse, e conta com o protagonismo de vários artistas negros da cidade. “Estilo de Marca foi um desafio íntimo proposto pelo meu amigo diretor fotográfico Ah Nanse, também negro. Foi difícil para mim expor estas pautas, pois seria um discurso partindo de uma boca preta e gay. Referência de estilo para poucos”, o cantor explica. Quanto a mensagem da música, Isaque salienta a importância da família e do empoderamento para o crescimento dele, como homem e como artista: “Eu sempre me achei muito. Tenho a sorte de pertencer a uma família unida, onde 90% das pessoas são pretas retintas e que, nos seus limites, me ensinam, me encorajam, me empoderam. Sou bem acompanhado. Cantei o que eu vivo. Deste meu cenário é que consegui entender a importância da união e do empoderamento. Pessoas pretas precisam cada vez mais se enxergar em discursos para que alcancem a autoestima que verdadeiramente merecem”.

O artista explica ainda todo o processo de preparação e produção para que o projeto saísse do papel e fosse para rua. “Foi um tanto complicado pela falta de apoio financeiro. Batalhamos por dias para encontrarmos um local, por exemplo. Tivemos muito bloqueio por parte dos empreendedores rio-grandinos. Contudo, artista independente tem que fazer acontecer. A música foi gravada e preparada colaborativamente pelo produtor Snake, meu colega. Uma das dançarinas, também minha amiga, a Amanda, conseguiu o local pra gente três dias antes da gravação também com um amigo. Somos todos amigos. O clipe só existiu com a colaboração de todos e pelo poder da amizade”.

Isaque conta com a colaboração de vários artistas rio-grandinos na gravação de seus clipes

Isaque trouxe boas notícias.  Foi recentemente contemplado seu segundo edital financiado pela Lei Aldir Blanc. “Tem sido, por enquanto, a única forma de retorno financeiro e investimento para minha arte. Contudo, tenho usado este tempo para refletir o momento, estudar, me planejar e executar coisas que darão fruto quando este mau tempo passar”, desabafa.

Quando questionado sobre projetos futuros e próximos passos, Isaque já tem “spoilers”. “Eu estou no processo de finalização do meu primeiro EP. Será um trabalho bem pessoal, cujo lançamento será em breve. Tenho certeza, quem me acompanha irá se orgulhar.

Decidi trazer neste projeto três sons que remetem à minha busca incessante por liberdade, pois, por muito tempo, correntes me privaram de ser quem sou. No momento em que me encontro, começando carreira, é crucial para mim que eu use e abuse da minha liberdade para alcançar meus objetivos. Precisamos nos fazer livres para amar, para sonhar, para aproveitar nossa caminhada e para conquistar nossos objetivos. Espero que a mensagem aqueça corações!”, finaliza.

Veja o clipe “Sonhos”.

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Lindo texto! Que legal o espaço que foi dado a um artista iniciante. Parabéns! E ao Isaque, você tem talento para isso.

Queithi Valente

Expectativa do retorno às atividades do Theatro Sete de Abril

Por Victoria Dutra e Victoria Meggiato     

Reabertura da sala de espetáculos restaurada deve valorizar trabalho dos artistas de Pelotas

Como falar na cultura de Pelotas sem citar o Theatro Sete de Abril? O local foi o primeiro teatro construído no Rio Grande do Sul e é um dos mais antigos do País. Foi inaugurado em dezembro de 1834 durante o Ciclo Econômico das Charqueadas, na época em que Pelotas era uma das cidades mais prósperas do Brasil. O local possui características do estilo colonial, sendo um prédio coberto por telhado com beiral, projeto do engenheiro alemão Eduard van Kertchmar e execução de José Vieira Vianna. O nome foi dado como uma homenagem ao Dia da Abdicação de D. Pedro I ao seu trono, em favor de seu filho, que alguns liberais mais exaltados consideravam a verdadeira data de Independência do Brasil. Mas apesar de tamanha importância para a cidade, o teatro está fechado desde 2010 em razão de uma restauração completa, e a reinauguração, prevista para o segundo semestre deste ano, tem causado grande expectativa no público e artistas pelotenses.

As obras de restauro iniciaram em 2019 e tiveram uma pausa de apenas 22 dias no ano passado, por conta da pandemia do coronavírus. A reabertura do Theatro Sete de Abril promete grandes mudanças, valorizando os artistas locais e a cultura de Pelotas. A ideia é que a casa seja transformada em um espaço para a comunidade artística local e que seja acessível a todos os segmentos culturais.

O ex-secretário de cultura, que atualmente faz parte da diretoria do Sete de Abril, Giorgio Ronna, contou um pouco sobre como será o funcionamento: “O Sete de Abril estará sempre de portas abertas para a comunidade artística pelotense. Uma novidade será a abertura do teatro para um Programa de Residências, permitindo que nossas companhias de Circo, Dança e Teatro possam ensaiar  espetáculos ali, ou mesmo iniciar processos de investigação artística”.

Como equipamento cultural público, Giorgio Ronna destaca ainda que o teatro “estará disponível também para as apresentações culturais da Rede Municipal de Ensino”. “E, claro, colocaremos o Sete de Abril de volta ao circuito estadual e nacional de shows, concertos e espetáculos assim que tivermos segurança sanitária para esse retorno”, continua.

                       Theatro Sete de Abril deve retomar atividades no segundo semestre deste ano                                       Foto: Gustavo Vara – Prefeitura de Pelotas

 Previsão de atividades

O Theatro, que está fechado há mais de 10 anos, já tem previsão para a volta de algumas atividades, como oficinas de dramaturgia, as quais serão oferecidas para a formação de novas artistas, ainda este ano, como esclarece Giorgio Ronna. ”Precisamos enxergar o Sete não apenas como a magnífica casa de espetáculos que é, mas sobretudo como um lugar de prática artística e de formação e profissionalização das novas gerações. A partir de julho reativaremos o teatro a partir dos Núcleos de Dramaturgia, Cenografia e Dança, oferecendo cursos e oficinas ao longo do segundo semestre”.

Através de uma parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC), até o momento a casa já tem programação para os meses de julho e setembro deste ano. As primeiras oficinas confirmadas acontecerão através de uma parceria com o SESC Dramaturgias. No momento estão programadas a Oficina de Dramaturgia Escrita, com Diones Camargo, de Porto Alegre, em julho, e a Oficina de Dramaturgia da Iluminação Cênica, com Guilherme Bonfanti, de São Paulo, para setembro.

“O tradicional programa Sete ao Entardecer retornará ao seu palco original com gravações e transmissões realizadas no palco do Sete de Abril, entre outras atividades que estamos preparando junto aos Cursos de Teatro e Dança da UFPel”, informa Ronna.

Nestes anos em que o Sete de Abril esteve fechado, houve muita pressão da população pelotense e da comunidade artística através de atos públicos, pela reabertura do local. Segundo Giorgio, agora que a previsão de reabertura do Theatro é para o segundo semestre de 2021, as expectativas são as melhores possíveis.

“Sabemos o carinho que o povo de Pelotas tem por seu teatro e contamos também com a curiosidade de todos que jamais ingressaram em seu interior por causa da interdição que demorou tantos anos. Ao longo desse ano, pude perceber no diálogo com diretores, dramaturgos, coreógrafos, atores, músicos, assim como gestores de Instituições, o grande potencial de esperança e inspiração que um teatro possui em sua reconstrução”, destaca.

As atividades que serão ofertadas ao público, através da parceria do Sete de Abril com o SESC, vão ser em formato virtual por conta da pandemia do novo Coronavírus. Em breve, as inscrições e as datas das oficinas serão divulgadas.

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Pandemia inspira série “Sweet Tooth” no streaming  

Por William Engel    

Fantasia lida de maneira simbólica com as dificuldades vividas no momento

Cartaz apresenta personagens principais           Foto: Divulgação

O serviço de streaming Netflix lançou sua mais nova série fantasiosa, “Sweet Tooth”, inspirada nos quadrinhos de mesmo nome de Jeff Lemire. Traz uma visão de um mundo diatópico e pós apocalíptico em que a população passa por grandes desafios. Há uma mudança no sistema global depois de uma onda viral, no mesmo momento em que os povos são surpreendidos por híbridos metade humano, metade animal.

Esta série é a primeira a contextualizar uma história, levando em conta o cenário em que vivemos no mundo de hoje com o vírus da covid-19. Apesar de se tratar de um tema que ainda traz uma tensão, “Sweet Tooth” dá leveza à realidade ao criar um mundo fantasioso, em que a natureza tomou as rédeas da situação e mais uma vez resolve se reinventar.

A história começa com o Gus (Christian Convery), uma criança de 10 anos, híbrida, metade humano, metade cervo, e seu pai Pubba (Will Forte), no momento quando eles vão se abrigar na floresta para fugir da destruição ocorrida na cidade. Segundo as palavras do responsável por transformar a história em quadrinhos em série, Jim Mickle, essa criação do personagem, cercada de floresta e animais, traz uma leveza e uma certa ingenuidade que acaba moldando seu personagem na série.

Situação de crise é tratada com leveza na história        Foto: Divulgação

“Sweet Tooth” apresenta oito episódios, mas podemos notar uma intensa preocupação e simpatia com o protagonista desde seu primeiro episódio. A série, além de agradar os fãs, tem o prestígio dos principais sites de crítica especializada em cinema e cultura, obtendo notas prévias como 3,5/5 no site brasileiro Adoro Cinema, 8,3/10 no Internet Media Database (IMDB) americano e, até mesmo, alcançou grandes notas no Rotten Tomatoes, site especializado em críticas, conseguindo aprovação de 91% e 100% no ranking de audiência, além de 98% e 100% no ranking do site.

A série encontra-se na Netflix e é super recomendada para quem quer se distrair um pouco sobre esse caos que vivemos na nossa sociedade nos dias de hoje e mergulhar nesse mundo lindo e utópico de “Sweet Tooth”.

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Fascínio de um ídolo na vida e morte de John F Donovan

Por Ana Rodrigues   

Longa do diretor canadense Xavier Dolan é uma opção no mês do orgulho LGBTQ+

Diretor Xavier Dolan ao lado de Emily Hampshire e Kit Harington, que interpretam casal Amy e John

O longa do ator e diretor canadense Xavier Dolan, “A vida e Morte de John F Donovan”, traz em duas horas a experiência de ser fã de um jovem ator em ascensão. É de se perguntar se Dolan colocou uma parte da sua própria experiência na tela, tanto como fã quanto ídolo. Da mesma forma que o personagem menino, o consagrado Dolan escreveu cartas enquanto criança para um dos seus ídolos.

O elenco mistura atores conhecidos com nomes novos, incluindo Kit Harington, Natalie Portman, Kathy Bates, Michael Gambom e Jacob Tremblay entre os principais nomes. O roteiro é de Dolan junto a Jacob Tierney. A direção de fotografia, de André Turpin (que já trabalhou com Denis Villeneuve anteriormente) e a direção de arte, de Pierre Perrault (“A Orfã”).

O diretor, que é fã assumido da franquia Harry Potter, conseguiu a todo custo adicionar Michael Gambon ao seu elenco em talvez uma das cenas mais coerentes do filme todo. O ator interpretou Alvo Dumbledore a partir do terceiro filme da saga de Potter.

O longa se dedica a retratar a ascensão de John F. Donovan como ator, interpretado por Kit Harington. Mas o cenário começa a mudar quando a imprensa descobre que o ator troca correspondência com uma criança de onze anos. O pequeno, que vê em Donovan um sonho inocente, traça um paralelo das suas vivências e a vida do jovem ator durante o filme todo.

Recheado de música pop, close-ups e cenas de drone intrigantes, “A vida e Morte de John F. Donovan” traz em seu enredo as dores de se esconder. Dolan, que dedica a sua carreira a explorar temas envolvendo a temática queer e as relações familiares, traz em seu sétimo filme as angústias de não assumir a própria homossexualidade e as consequências de uma vida dupla fora dos holofotes.

Para o mês do orgulho LGBTQ+, Xavier Dolan pode ser uma boa opção na hora de escolher filmes sobre a temática. A vida e Morte de John F Donovan não é um longa exclusivo sobre ser LGBTQ+, mas é principalmente sobre se inspirar em um modelo no caminho do autoconhecimento. Este e outros filmes de Xavier Dolan estão disponíveis no MUBI

Kit Harington interpreta o personagem protagonista em “A Vida e Morte de John F Donovan”

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Interessante! A arte servindo como uma forma de representar quem pode estar na mesma situação ou em situação parecida!

Fábio