Poder e disputa na eletrizante guerra familiar de “Succession”

Por Milena Schivittez            

Série conta a vida conflituosa de um empresário de mídia e seus quatro filhos

Kendall (interpretado por Jeremy Strong), o primeiro da linha sucessória, e o patriarca Logan Roy (Brian Cox)

 

Polêmicas, intrigas e reviravoltas não são tão incomuns em dramas familiares, principalmente naqueles que abordam uma disputa por poder. Essa premissa básica pode exemplificar diversas séries televisivas, desde produções históricas até enredos mais contemporâneos. Mas afinal, o que torna “Succession” esse fenômeno de crítica e audiência?

À primeira vista, “Succession” apresenta uma trama muito comum aos olhos daqueles que cresceram assistindo novelas e dramalhões televisivos, recheados de personagens ricos, herdeiros, esnobes e pouco confiáveis. A família Roy, com as figuras centrais do enredo, não é nada diferente destes personagens, porém bem mais intragável.

Criada por Jesse Armstrong, a série da HBO acompanha Logan Roy (Brian Cox), um empresário de sucesso, dono de um conglomerado de mídia, e seus quatro filhos: Connor Roy, o filho mais velho do primeiro casamento que vive às custas do pai e sem nenhuma perspectiva; Kendall Roy (Jeremy Strong), o primeiro filho do segundo casamento e o principal nome para suceder Logan no comando da organização; Roman Roy (Kieran Culkin), o filho irresponsável, mas que almeja um lugar importante nos negócios da família; Siobhan Roy (Sarah Snook), a filha preferida de Logan que trabalha como coordenadora de campanhas políticas.

A trama começa a partir de um momento decisivo para a empresa de mídia e entretenimento Waystar Royco e para a família Roy, responsável pelo conglomerado. Logan Roy, fundador e CEO da empresa, decide finalmente deixar o comando e nomear o seu sucessor, seu filho Kendall. Contudo, o patriarca volta atrás e acaba lançando uma verdadeira disputa entre seus filhos e os funcionários. Até mesmo ele é desafiado para saber quem finalmente ficará no comando.

Com um texto muito afiado, diálogos pertinentes e alternando com perfeição entre o humor e o drama, a sátira apresenta personagens cruéis, que não medem esforços para apunhalar uns aos outros pelas costas, fazendo com que o próprio telespectador fique confabulando para saber de quem será o próximo golpe. O público é levado a torcer para que um deles finalmente consiga chegar ao tão cobiçado poder.

O que acaba tornando “Succession” uma das melhores séries atualmente no ar é justamente a forma fria, crua e direta na qual Armstrong decide construir e apresentar ao público essa família. Ela é completamente disfuncional, brigando por uma empresa que a cada dia se afunda mais perante os acionistas, ao governo e a opinião pública. Tudo em “Succession” é uma bomba relógio, prestes a explodir, que acaba nos deixando presos para saber quem vai restar no final desta guerra familiar.

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A resistência do cinema gratuito da UFPel

Por Gabriella Cazarotti   

Espaço universitário para filmes artísticos funciona desde 2015 voltado à comunidade

Projeto tem a missão de levar a produção cinematográfica relevante para toda a sociedade

A Sala Universitária de Cinema da UFPel é motivo de orgulho para Cíntia Langie. Professora dos cursos de Cinema e Audiovisual e de Cinema de Animação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ela também coordena o projeto de extensão Cine UFPel.

O Cine UFPel é uma sala de cinema que foi constituída por iniciativa dos docentes do Colegiado dos cursos de Cinema do Centro de Artes através de um projeto de extensão.

No período pandêmico vivido coletivamente pelo planeta, a sala de cinema precisou se adequar às exigências de distanciamento social, portanto permaneceu fechada durante vários meses. Mas o que uma sala de cinema coletiva e pública representa não pode ser esquecido, e a história do Cine UFPel merece ser contada. Para isso, entrevistamos a professora Cíntia Langie. 

Arte no Sul: Como surgiu o Cine UFPel?

Cíntia: Em 2012, a gente sentiu a necessidade e o mundo estava confluindo para que fosse possível ter um laboratório de exibição. Era uma necessidade ampliada de ter um espaço para que os estudantes pudessem entender como funciona a exibição em uma sala de cinema de verdade: uma sala escura, com pisos inclinados, poltronas reclináveis, paredes pretas, telas grandes e som bom.

Arte no Sul: As exibições começaram imediatamente em 2012?

Cíntia: Em uma universidade pública, nem sempre todas as coisas são prontamente atendidas, então ficamos de 2012 a 2015 nessa gestão interna, entre diálogos com reitoria e a participação de alunos confabulando esse projeto. A sala mesmo passou a operar em 2015, na nossa primeira exibição.

O Cine UFPel existe desde essa época no mesmo espaço físico, sempre com a mesma meta: oferecer cinema de qualidade, tanto de produção quanto de programação. Além da qualidade, a gratuidade. Isso é muito importante quando se fala de extensão. O objetivo é levar cinema de graça para o público interno e a comunidade externa, que carecem de um espaço para discutir um cinema artístico.

Arte no Sul: O cinema e a arte dependem muito das pessoas, da coletividade. Como o Cine UFPel enfrentou o período de pandemia?

Cíntia: Essa é a parte complicada. Tem sido tenso esse momento geral no mundo inteiro, não só com a pandemia, mas também com essas ondas desses governos neofascistas. Há não só um descaso, mas um projeto de desmanche da educação e da cultura no Brasil.

Para as salas de cinema, esse período de pandemia foi um horror. A crise do setor é imensa. No projeto do cinema, tivemos que nos adaptarmos para seguir com os projetos culturais, e seguir a tendência geral da pandemia: realizar ações on-line

Se é que tem alguma coisa que a gente podia aproveitar do on-line, é trazer pessoas que não poderiam vir por serem de outras cidades. Então fizemos mostras de cinema com convidados de diferentes partes do Brasil. [Houve a Mostra Cinema Coletivo, a Mostra Virtual e o Festival Levante durante a pandemia.]

Mostras e encontros virtuais foram solução encontrada para o período da pandemia

 

Arte no Sul: Como ocorreram essas mostras?

Cíntia: Teve uma mostra com ex-alunos. Então os nossos alunos se formam aqui na UFPel e voltam para suas cidades, seja São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia ou Recife. A gente fazia mostras com curtas e realizava debates com eles.

Depois tivemos uma mostra voltada para Pelotas, o Cine UFPel Convida. A gente trouxe alguns coletivos da cidade para que eles escolhessem o filme. Convidamos a Usina Feminista, Bem da Terra, Grupo Também. Então a gente teve coletivos de cunho social da cidade que escolhiam os filmes e depois nós debatíamos sobre o filme. 

Arte no Sul: Como você interpreta o papel de um projeto de arte como o Cine UFPel para a comunidade?

Cíntia: É uma dupla missão. Fazer a arte chegar ao público brasileiro. As pessoas hoje vivem dentro de uma bolha de produtivismo, há uma dificuldade em manter-se no mundo capitalismo e elas não têm hábito, cultura ou tempo para usufruir de bens culturais, e isto é um problema histórico no nosso país. Essa é nossa grande missão, fazer a arte chegar ao grande público, não só àqueles que já gostam de cinema.

A segunda missão é entender cada vez mais o perfil da universidade que leva seus saberes para a comunidade de uma forma mais ampla. São coisas difíceis, pois é uma questão estrutural. A universidade ainda é elitista, muitas pessoas não se sentem pertencentes em alguns espaços. A população em geral, muitas vezes, passa no Theatro Guarany ou no Theatro 7 de Abril e, mesmo que houvesse algum espetáculo gratuito, não se sente convidada a entrar nesse espaço. É uma missão para a vida toda.

Links

As Mostras de Cinema do Cine UFPel podem ser assistidas pelo Youtube e as atividades da sala podem ser acompanhadas pelas redes sociais do projeto.

Conheça, por exemplo, a importância da parte elétrica na produção de filmes no debate com a chefe eletricista Carol Zimmer, na Mostra Cinema Coletivo #4. 

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“Pessoas Normais”: sutileza, desconforto e realidade nas relações afetivas

Por Milena Schivittez        

Segundo livro da irlandesa Sally Rooney desperta incômodo pelo não dito na trajetória de Marianne e Connell

A obra da autora Sally Rooney, é caracterizada pelas sutilezas que ficam nas entrelinhas dos seus textos   Foto: Divulgação

 

Marianne e Connell vivem vidas completamente diferentes. Connell é popular, Marianne é solitária. Connell tem uma origem humilde, Marianne vem de uma família rica. Connell gosta da atenção que recebe, Marianne preferia passar despercebida. Connell, a princípio, não entende Marianne, já Marianne entende Connell até demais.

Em qualquer outro livro, essa seria uma história sobre como os opostos se atraem. Mas esse não é o caso de “Pessoas Normais”.

Marianne e Connell se conhecem desde a escola, mas não são amigos. A única interação que os dois tiveram por muito tempo acontecia apenas quando Connell ia buscar sua mãe, que trabalhava como diarista na casa da família de Marianne. A troca de meia dúzia de palavras evolui para uma relação física e conturbada entre os dois, já que Connell pede para manter tudo em segredo.

Eventualmente, a insensibilidade de Connell e a necessidade de manter a fachada para os amigos acabam machucando Marianne, que decide terminar o relacionamento. O livro, que é inteiramente construído com passagens de tempo, avança para Connell e Marianne já na universidade. Desta vez, a história é diferente.

Connell chega na Trinity College e não conhece ninguém e ninguém o conhece. Ele enfrenta dificuldades com o mundo acadêmico, começa a conviver com pessoas ricas, enquanto ele tem que batalhar para se manter na capital irlandesa e não se encaixa em lugar nenhum. Até que ele reencontra Marianne, cercada de pessoas, o centro das atenções, aparentemente vivendo a melhor época da vida dela.

Não demora muito para que os dois comecem a se relacionar novamente, pois a atração que sentem um pelo outro é inegável. Entre idas e vindas, Marianne e Connel vão aos poucos construindo uma relação realmente plausível. Também vão se construindo como pessoas e se reconhecendo no mundo, possibilitando uma identificação com os leitores.

“Pessoas Normais”, antes de ser um romance entre dois jovens no início da vida adulta, é um livro desconfortável pelo não dito. O sutil, o que está nas entrelinhas, é o que caracteriza a obra de Sally Rooney, desde a estrutura ao não utilizar travessões ou aspas para indicar falas, aos movimentos, indicações e atitudes dos personagens que falam muito mais do que uma mera descrição.

Em nenhum momento Rooney entrega com todas as letras o que está acontecendo ou o que se passou com os personagens. E isso acaba nem sendo o importante, o leitor entende e sente sem precisar dos detalhes. Não é à toa que a autora é um dos maiores nomes da literatura contemporânea, tendo recém-lançado seu terceiro livro.

Por último, Sally Rooney nos mostra que o futuro de Connell e Marianne não é o essencial na história, mas sim a jornada que levou os personagens até onde eles chegaram. Mas por quê? Simples, a trajetória dos dois é nada diferente da minha, da sua, da autora ou de qualquer outra pessoa. É o que torna a história tão real e plausível.

No final, nada mais são do que pessoas normais.

Desenho sugere abordagem complexa das relações amorosas feita na obra literária       Imagem: Divulgação

 

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Músico lourenciano Miguel Lima inspira com sua trajetória

 

Julya Bartz Boemeke Schmechel   

Cantor e compositor começou a sua carreira artística aos 14 anos de idade

 Miguel Lima: “O que me inspira desde sempre é a alegria mesmo, sabe? A positividade”

A música é um dos meios culturais mais cativantes que existem. Ela está presente em todos os lugares e tem o poder de acalmar, divertir e principalmente inspirar. E, quando feita com entusiasmo, ela se torna ainda mais especial. E essa paixão pode ser sentida e ouvida através das músicas de Miguel Lima, musicista lourenciano que inspira jovens com sua trajetória.

O contato de Miguel com a música começou cedo: aos 14 anos ele participou de uma aula de violão gratuita para começar a tocar na igreja. Ele conta que não possuía violão para participar da aula e que Mário Freitas – artista de São Lourenço do Sul que Miguel carinhosamente chama de “padrinho musical” – disponibilizou um de seus violões para que ele pudesse participar das aulas. Na sequência, Miguel começou a compor e cantar e nunca mais parou. Esse amor foi ganhando mais espaço em sua vida e seu coração, até se tornar parte do músico. Hoje, Miguel é quem compõe todas as suas músicas. 

Quando questionado sobre as suas influências e inspirações na música, Miguel explica que nem sempre são as mesmas: “Sabe que isso é muito de época pra mim? Tem coisas que me inspiraram e hoje já não inspiram mais. E tem coisas que vão ser sempre inspiração”. Miguel cita Charlie Brown Jr.: “Essa banda sempre vai ser uma inspiração pra mim, principalmente as melodias e claro, as letras.”. Miguel também cita o cantor Vitor Kley como uma forte inspiração em sua carreira, o qual conheceu antes da fama e o descreveu como “uma pessoa simpática e acessível”. Lembra que, mesmo depois de conquistar o sucesso de público, Vitor seguiu sendo uma pessoa muito humilde, e que estas atitudes são muito inspiradoras.

Em 2017, ambos os artistas tiveram a oportunidade de conversar, pois dividiram o mesmo camarim no Facool Festival, que ocorreu em Pelotas. Após esse encontro, Miguel Lima e banda ficaram responsáveis por abrir o show de Vitor Kley que ocorreu em São Lourenço do Sul, no ano de 2018.

Vitor Kley e Miguel Lima em show de 2018 que marcou  a amizade entre os dois músicos

Além de outros artistas, o músico conta que os sentimentos também são uma forma de inspiração para ele: “O que me inspira desde sempre é a alegria mesmo, sabe? A positividade, a energia boa. Até se eu tiver que escrever uma música triste, eu tenho que estar feliz, tenho que estar bem”.

Hoje, aos 33 anos, seu currículo conta com músicas carregadas de sentimentos e com letras para lá de especiais. Suas duas últimas músicas, “Linda”  e “Teu sorriso”  tocam na Rádio Atlântida e Rádio Gaúcha e conquistam cada vez mais pessoas. Miguel conta que “Teu sorriso” foi escrita quando ele tinha apenas 14 anos e foi gravada em 2020, quando ganhou um clipe super especial, que mostra os diversos tipos de amor, como o amor entre avó e neta, mãe e filho e entre seres humanos e pets. 

Miguel e produtor Rick Bonadio, em workshop no estúdio paulista Midas em  2018

Entre suas atividades paralelas, Miguel é professor de violão há 10 anos e ensina o modo básico pessoal para todas as idades. Dá aulas particulares, mas já ministrou aulas nas escolas, através de projetos da Prefeitura de São Lourenço do Sul, nos quais conta que viveu momentos muitos bonitos com os alunos.

Apesar de ser um artista do interior, de um município pequeno, Miguel afirma que não vivencia obstáculos em relação ao seu trabalho, principalmente dentro do seu nicho, que é o estilo pop. “Eu não sinto essas barreiras, porque o trabalho autoral, através da internet, chega em qualquer lugar”. Um forte exemplo disso é o fato de que todos os seus clipes já foram transmitidos na televisão em canais como, RedeTV, SBT, Play Tv, entre outros. Esse é o resultado de anos de dedicação e comprometimento com a música, que tornam Miguel Lima um músico excepcional.

Miguel conta que seu maior sonho é que suas músicas atinjam cada vez mais gente: “Quero que elas atinjam o coração das pessoas, quero emocionar, quero fazer as pessoas serem felizes, pularem, cantarem, se emocionarem com as minhas músicas…”. E, com certeza, esse é só o começo da carreira do músico lourenciano, que possui enorme potencial de conquistar o Brasil.

Para acompanhar e conhecer mais sobre o trabalho de Miguel Lima, além do canal no Youtube, ele está no Spotify e no Instagram.

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Sex Education: Personagens amadurecem na terceira temporada

 

Por Vitória de Góes     

Série voltada para o público jovem trata da sexualidade sem preconceitos

A terceira temporada chegou ao streaming no dia 17 de setembro      Foto: Divulgação/Netflix

 

Seguindo a linha de dramas adolescentes, mas com uma temática totalmente diferente, é que chegou à Netflix a série “Sex Education”, de Laurie Nunn. Como o próprio título diz, ela aborda o sexo sem tabus entre personagens adolescentes que estão em fase de descobertas. A série, que recentemente lançou a sua terceira temporada, conquista o público por levantar temas bastante discutidos atualmente como assédio, a necessidade de educação sexual nas escolas e o preconceito de gênero e identidade.

Na terceira temporada, esses assuntos ganham mais força quando a escola Moordale recebe uma nova diretora, a Hope, e ela se mostra conservadora e preconceituosa. Os alunos, então, que já entendem a necessidade de falar sobre sexo de forma séria e sem tabus, unem-se para lutar contra as regras impostas.

Personagens principais como Otis, filho de uma terapeuta sexual, e Mave, uma adolescente que cresce sozinha devido aos problemas da mãe com drogas, também passam por amadurecimentos durante os episódios e exploram o amor e a empatia. Além disso, essa nova fase também é a que traz mais cenas sexuais e de pegação, mas tudo isso de forma ainda leve e que não anula as principais reflexões da série.

Eric e Adam descobrem a si mesmos enquanto constroem um relacionamento     Foto: Divulgação/Netflix

Outra personagem que ganhou o carinho do público na última temporada é Aimee. Agora, ela segue uma jornada para reencontrar e aceitar o corpo após o assédio sofrido no ônibus, o que ensina muito a construção de amor-próprio e restabelecimento de segurança. Mais uma história de vida que motiva a audiência é a de Adam. Ele iniciou a série como um rapaz violento e homofóbico e, ao longo da trama, descobre-se homossexual e assume um relacionamento com o irreverente Eric.

Mesmo em seus momentos mais leves, a série deixa claro que as conversas entre os personagens estão cada vez mais complexas, demonstrando o amadurecimento de cada um. A trama e, ainda mais, a terceira temporada, mexe com os sentimentos dos jovens que estão assistindo. Também o público adulto está se descobrindo entre os erros e acertos vividos nos episódios. “Sex Education” é uma série para maratonar, divertir-se e também se emocionar com a história de cada personagem e sua busca por se identificar em um mundo plural.

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Uomini Rispettati:  “Frank Sinatra está Resfriado”

Por Milena Schivittez  

Problema para fazer reportagem da revista Esquire deu origem a um texto célebre

Serendipitoso. Adjetivo masculino. Pessoa com capacidade de fazer descobertas úteis ou felizes.

Gay Talese: expoente do Novo Jornalismo

Essa é a forma como Gay Talese se descreve, serendipitoso. E teria como descrevê-lo de outra forma? Foi a serendipidade de Talese que o levou a escrever uma reportagem que se tornaria um marco do Jornalismo Literário, um perfil de Frank Sinatra, sem Frank Sinatra.

Em 1965, Gay Talese ficou encarregado de entrevistar Frank Sinatra para um artigo da revista Esquire que seria capa da edição. Na época, Sinatra estava prestes a fazer 50 anos, ia protagonizar um especial de Natal para a televisão e tinha um documentário sobre sua vida prestes a estrear.

Talese ia escrever um perfil de Sinatra, explorar um pouco mais essa figura tão conhecida da música estadunidense. Contudo, Sinatra desistiu de conceder uma entrevista. Estava resfriado. Em uma situação dessas, qualquer outro jornalista diria “a pauta caiu”, viraria as costas e iria embora.

Talese, dotado de serendipidade, resolveu que iria produzir o perfil mesmo assim.

Sinatra era uma pessoa pública e, como toda pessoa pública, tinha sua vida exposta para seus admiradores e críticos. Seus affairs saíam nas colunas de fofoca, seus fãs o perseguiam na rua e nos estabelecimentos, sabiam por onde ele passava e corriam para encontrá-lo. Ele concedia entrevistas, seus filhos eram reconhecidos, era difícil encontrar um americano que não soubesse pelo menos um detalhe da vida de Sinatra, quiçá impossível.

O que tornaria “Frank Sinatra está resfriado” um símbolo?

Impossibilitado de entrevistar Sinatra, Talese resolveu traçar um perfil de Sinatra através das pessoas ao redor dele. Quem era o Frank Sinatra pai? Chefe? Amigo? Filho? Companheiro? Faces até então desconhecidas por aqueles que só conheciam um, o Sinatra artista.

É destrinchando as relações com o Rat Pack (como era conhecido seu grupo de amigos artistas), sua família e seus funcionários, coletando testemunhos e entrevistas dos mais próximos do cantor que Gay Talese vai construindo uma imagem de um Sinatra diferente e até mesmo dicotômica.

Sinatra era poderoso, irreverente, fiel aos seus chegados e eles ainda mais fiéis àquela figura que Gay descreve, muitas vezes, como Il Padrone. Era sensível e implacável. Era generoso, mas sabia ser difícil quando contrariado. Era alguém que todos respeitavam, desde seus familiares até seus adoradores. Suas vontades estavam acima de qualquer coisa e todos estavam a postos para que ele não fosse incomodado com nada além do necessário.

As pessoas queriam estar ao redor de Sinatra de qualquer forma, era impossível vê-lo sem sua “gangue” em volta. Em um certo momento, Talese relata uma situação na qual só havia um lugar na fileira de Sinatra, para assistir uma luta em Las Vegas, e o cantor Joey Bishop deixa a mulher para trás para poder sentar-se próximo do artista.

Artigo criou perfil biográfico de Sinatra através de depoimentos daqueles que conviviam com o cantor

Esse era o Frank Sinatra que Gay Talese nos apresentou. Sinatra além das baladas românticas, do charme, de Hollywood e da fama. 

Aos poucos, Talese vai construindo, destruindo e reconstruindo essa imagem quase santa de Sinatra, na qual seus companheiros são devotos fervorosos. Mesmo cheio de defeitos, é quase impossível não sentir Frank Sinatra como uma figura imaculada através das descrições feitas pelo jornalista. É assim que todo mundo o enxergava, talvez tenha sido a única forma de enxergá-lo.

Talese conseguiu captar os diferentes Sinatras presentes em um único astro, como se mesmo sem conhecê-lo diretamente, o entendesse. E é possível dizer que sim, ele o entendia. Gay e Frank têm origens próximas, são ítalo-americanos, filhos de imigrantes e excepcionais em suas áreas. São uomini rispettati, homens de respeito, grandiosos, brilhantes.

É de forma crua e direta e ao mesmo tempo com uma estrutura narrativa próxima de um romance de ficção, que Gay Talese vai nos apresentando o artista de um jeito nunca visto antes, fazendo de “Frank Sinatra está resfriado” uma aula de Jornalismo Literário, uma expressão da arte não-ficcional. Um astro pelas palavras de um ícone.

O texto completo pode ser lido na coletânea “Fama e Anonimato”, lançada no Brasil pela editora Companhia das Letras.    

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Áudio séries: novo estilo de podcast faz sucesso no Brasil

Por Helena Isquierdo      

Por que não experimentar o formato que relembra as antigas radionovelas?

Podcasts trouxeram  para o público uma outra forma de consumir os mais diversos conteúdos

No dia 21 de outubro, é comemorado no Brasil o Dia do Podcast. A data é uma homenagem ao primeiro podcast postado em território brasileiro, além de ser uma ótima iniciativa para divulgar o meio – que há alguns anos ainda não era tão popular.

O formato, que hoje já se tornou uma febre no mundo inteiro, trouxe para seus ouvintes uma outra forma de consumir conteúdos: através de áudios disponibilizados em plataformas de streaming.

Essa forma de comunicação abrange assuntos sobre absolutamente qualquer área. Jornalismo, educação, cinema, cultura, atualidades, esportes, entrevistas… São inúmeros os formatos de podcasts que estão disponíveis atualmente. Entre esses nichos, há um que vem ganhando força e destaque recentemente: as áudio séries. Essa possibilidade foi bem aceita pelo público, e cresceu durante a pandemia.

E uma das mais conhecidas e faladas nos últimos meses é Paciente 63, do Spotify Studios, disponível de forma gratuita na plataforma.

A trama é narrada pelas vozes de Seu Jorge e Mel Lisboa, nos papéis de Pedro Roiter e Dra. Elisa Amaral. Ele, um possível viajante no tempo nascido na “geração entre pandemias”, e ela, uma médica responsável por atender pacientes internados em um hospital psiquiátrico. Os dois se encontram em outubro de 2022, em um mundo pós-pandemia da Covid-19.

Gravação do Podcast Paciente 63 com Mel Lisboa (Elisa) e Seu Jorge (Pedro)               Foto: Bruno Poletti

 

O personagem Pedro veio do ano de 2062 para evitar uma catástrofe mundial ainda pior do que a pandemia de 2020, responsável por destruir grande parte do Planeta Terra. E, para salvar a humanidade, ele afirma precisar da ajuda da terapeuta. Inicialmente, Elisa acredita que o homem precisa de ajuda médica, mas aos poucos se envolve na história. Os personagens, que começam com uma relação de paciente e terapeuta, acabam criando laços improváveis e intensos ao longo dos episódios.

A áudio série possui 10 episódios, que se tornam mais envolventes a cada minuto. O roteiro de ficção faz até mesmo quem não é fã do gênero não conseguir parar de escutar.

Todos os episódios estão disponíveis de forma gratuita na plataforma do Spotify.

A ideia das séries em formato de podcast ainda não é tão popular no Brasil, mas, sem dúvida, Paciente 63 é uma ótima escolha para quem procura um entretenimento rápido, inteligente e muito intrigante. É o tipo de história que faz você pensar em dezenas de teorias…

A produção é uma adaptação da áudio série chilena “Caso 63”, de Julio Rojas. E, para quem gostar do formato, já estão disponíveis diversas áudio séries para maratonar nos principais serviços de streamings.

Brasil passou a ocupar neste ano a quinta posição no ranking de países que mais produzem no formato

O que é podcast?

Não há dúvidas que o formato de mídia nunca esteve tão em alta no Brasil como agora, mas como os podcasts nasceram?

O termo apareceu pela primeira vez em 2004, em uma publicação do jornal The Guardian. A palavra é uma junção de “iPod” (dispositivo da Apple de reprodução de áudio), e “broadcasting”, termo que significa transmissão.

Mas o primeiro podcast só surgiu, de fato, alguns meses depois, através de Adam Curry (ex-VJ da MTV). Já o programa pioneiro no Brasil foi o “Digital Minds”, criado pelo programador Danilo Medeiros, também em 2004.

Em 2019, de acordo com uma matéria publicada no site da Associação Nacional de Jornais (ANJ), existiam mais de dois mil programas ativos no país. Na época, a pesquisa analisou que quatro em cada dez brasileiros já tinham consumido algum tipo de podcast.

Para a Geração Z e os Millennials, as preferências são conteúdos de humor e comédia. A Geração X opta por notícias e temas relacionados à saúde. Já os Baby Boomers buscam por notícias e documentários.
Imagem: Pexels

O Brasil passou a ocupar em 2021 a quinta posição no ranking de países que mais produzem no formato. O estudo realizado pela Globo em parceria com o Ibope também constatou que cerca de 57% dos brasileiros começaram a ouvir podcasts durante a pandemia do Covid-19. É possível dizer que essa foi uma das principais alternativas encontradas pela população para driblar a solidão do isolamento social.

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Superação e representatividade em uma fantasia de Brigid Kemmerer

Por Sabrina Borges    

Livro “Sombria e Solitária Maldição” apresenta uma mulher com deficiência que é exemplo de resistir

Obra literária de ficção  é o primeiro volume da série “Cursebreakers”          Foto: Sabrina Borges

 

“Sombria e Solitária Maldição” conta a história de Harper, Rhen e Grey. A jovem Harper vive algumas dificuldades. O pai dela se envolveu com agiotas, afundou a família ainda mais em dívidas e fugiu deixando a esposa e os filhos com a obrigação de pagar a conta. A mãe da menina está em um estágio terminal de câncer e o irmão realiza “trabalhos” no mundo do crime, a fim de garantir um tempo a mais para pagar o débito da família.

A trama inicia quando Harper está de tocaia observando um dos trabalhos do irmão. Ela está escondida e percebe um homem sequestrando uma mulher, que está desacordada. Ela não consegue fingir que não viu nada e parte para cima do homem, batendo nele com uma chave de roda. O sequestrador é rápido e, sem muito esforço, consegue imobilizar Harper no chão. No momento em que ela acha que vai ser agredida, tudo fica escuro e ela é transportada para o reino de Emberfall.

Ela se vê presa em um castelo com o seu sequestrador, soldado da guarda real, chamado Grey e com o príncipe herdeiro de Emberfall, Rhen. No castelo vazio, em meio à música e acontecimentos mágicos, Harper tenta fugir de várias formas e acaba sempre ajudando alguém no seu caminho de fuga ou encontrando algum perigo.

Durante a trama ela descobre que o reino está amaldiçoado há mais de 300 anos. O príncipe precisa que alguém se apaixone por ele para que a maldição seja quebrada. Depois de ter tentado com centenas de mulheres, ele desacredita que a maldição seja quebrada e que ele seja digno de amor.

Ao decorrer da história, Harper cria um relacionamento de amizade e companheirismo, tanto com o príncipe, quanto com o guarda real. O romance é algo trabalhado de forma mais sutil, deixando o leitor muito mais familiarizado com a fantasia em si. Nesta obra, todos os personagens perderam muito. Todos têm um passado desafiador e precisam lidar com as consequências de suas escolhas. E, em meio a tudo isso, existe um monstro terrível que massacrou quase o reino inteiro e um país vizinho, tentando invadir e tomar as terras de Emberfall.

Mesmo que existam algumas questões que poderiam ser problematizadas na história, como o sequestro. A narrativa demonstra uma evolução na construção da personagem, que vai contra tudo o que esperam dela, por ter deficiência e ser mulher. Ela é destemida, é um exemplo de líder, é a salvadora da história toda. Ela toma para si os papéis do príncipe, do guerreiro e do irmão, que poderiam assumir os créditos por resolver os conflitos da história.

O livro físico de “Sombria e Solitária Maldição” tem 504 páginas e foi publicado pela editora Plataforma 21 em 2020. Escrito por Brigid Kemmerer, a obra é avaliada pelos usuários do Google como uma boa leitura. Ainda, segundo o “Google Books”, 96% das pessoas que realizaram a leitura gostaram. De acordo com as avaliações da rede social Skoob, as estatísticas mostram que 41% das pessoas que realizaram a leitura deram cinco estrelas, 38% avaliaram com quatro estrelas, 17% classificaram o livro com três estrelas, e os outros 5% ficaram divididos entre uma e duas estrelas.

Brigid Kemmerer é uma escritora americana de ficção para jovens adultos

Sobre a autora

A escritora nasceu em Nebraska, nos Estados Unidos. Enquanto crescia, mudou-se com os pais diversas vezes, e, assim, conheceu muitos lugares diferentes do território americano. Desde o deserto de Albuquerque, no Novo México, na região sudoeste, ao lago Erie, em Cleveland, no estado de Ohio, na parte norte do país.

Suas obras são dedicadas aos jovens e elogiadas pela crítica. Brigid Kemmerer vive em Maryland (EUA) com o marido e os filhos. A autora já publicou “Aos perdidos, com amor” e “Mais do que palavras podem dizer”. “Sombria e solitária maldição” é o primeiro volume da série “Cursebreakers”.

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Academia de História resgata memórias de Canguçu

Por Jéssica Griep Timm     

Instituição ACANDHIS busca resgatar passado da cidade com a participação de estudiosos

A Academia Canguçuense de História, a ACANDHIS, é um importante patrimônio da cidade de Canguçu. Constituída em 13 de setembro de 1956, pelo coronel canguçuense Cláudio Moreira Bento, tem como principal objetivo resgatar as memórias de Canguçu, através de livros, depoimentos, documentos e registros de fatos históricos.

Cláudio Moreira Bento é um historiador e militar do Exército Brasileiro. Atual presidente da Academia Canguçuense de História e da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil. Formou-se pela Academia Militar das Agulhas Negras, na qual passou a dedicar-se a estudos e pesquisas sobre Canguçu, onde deparou-se com um cenário de poucos registros. Diante disso, o coronel passou a trabalhar no resgate da história do município e convidou acadêmicos e pesquisadores para fazer parte do processo, dando assim, os primeiros passos para a estruturação da ACANDHIS.

 

O historiador e militar Cláudio Moreira Bento é atual presidente da Academia Canguçuense de História

Com a realização de muita pesquisa e da reunião de uma série de documentos colecionados pelo seu pai, o historiador conseguiu escrever dois volumes sobre a História de Canguçu. No entanto, a publicação do seu primeiro exemplar nomeado “Canguçu, reencontro com a História – um exemplo de reconstituição comunitária”, só ocorreu em 1983, devido à dificuldade de conseguir apoio na época.
 
Apesar de iniciar o trabalho de estruturação da Academia Canguçuense de História no ano de 1956, oficialmente, a Academia está em funcionamento efetivo desde 1988, estando localizada ao lado do Cine Teatro Municipal de Canguçu, na Praça Dr. Francisco Carlos dos Santos.

Instituição resgata passado de Canguçu

O coronel Bento revelou que a instituição é “como a casa da memória canguçuense”. Tendo a participação em outras organizações voltadas à história brasileira e internacional, ele reconhece que a Academia de História de Canguçu é uma das mais belas e completas do Brasil. “Hoje, Canguçu talvez tenha a cidade brasileira com a história mais bem resgatada, com uma das instalações mais bonitas, simpáticas e mais acolhedoras de todas que eu já frequentei”, elogia.

O coronel ainda enfatizou que hoje, graças à ACANDHIS, é possível saber tudo sobre a história do município e que, além do papel histórico, essa preservação possui grande valor social e cultural. “É importante a história para conhecer o passado, entender o presente e então ter subsídios para construir um futuro de pés no chão.”

Neste ano, a Academia completou 33 anos de atividade. Em sua biblioteca, localizada junto à sua sede, é possível encontrar mais de mil exemplares de livros com temáticas históricas. Além disso, em referência a Canguçu, já são mais de 30 livros disponíveis para consulta.

Aos visitantes interessados em conhecer o local ou os seus materiais, a Academia recebe visitações mediante agendamento. Contatos podem ser feitos através da página do Facebook da instituição.

Biblioteca da Academia conta com mais de mil livros com temáticas históricas

 

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Leveza, otimismo e esperança na série Ted Lasso

Por Milena Schivittez        

Primeira temporada da Apple TV+ conquista telespectador com jeito de ser fora dos padrões de técnico de futebol

                  Ao longo dos episódios, os personagens passam de desacreditados para esperançosos                 Foto: Divulgação

Eu acredito em acreditar. Talvez essa não seja a frase mais comum a ser dita por um técnico de futebol antes de uma partida decisiva, ainda mais quando o time está prestes a ser rebaixado. Talvez essa frase não seja comum a ser dita em nenhum momento dentro do vestiário. Mas esse é o jeito Lasso de enxergar o esporte, o trabalho e a vida. Com muito otimismo e sensibilidade, Ted Lasso é uma série que ninguém sabia, mas que todos precisavam. 

Original do Apple TV+, Ted Lasso teve um lançamento modesto em agosto de 2020. A comédia dramática idealizada e escrita por Jason Sudeikis, que também dá vida ao personagem principal, junto com Brendan Hunt (o “Coach Beard”), Bill Lawrence e Joe Kelly, foi criada a partir de um comercial para promover a cobertura da Premier League pela emissora NBC.

O formato é de mocumentário, que faz paródias de eventos famosos. O comercial “An American Coach in London” apresenta um treinador de futebol americano, Ted Lasso, que foi convidado para comandar um time de futebol inglês. O problema é que Lasso nunca treinou um time de futebol, muito menos conhece o esporte. E é com essa premissa que a série começa.

Lasso é chamado para treinar o AFC Richmond, um time medíocre da primeira divisão, mas que é a paixão dos moradores do distrito. Ele enfrenta resistência por parte do time, dos jornalistas e dos torcedores, que não entendem o motivo pelo qual foi contratado o treinador sem experiência. Isso, porém, não desanima Lasso, até porque falta de otimismo não parece ser possível para ele.

Dotado de uma animação e simpatia incomparável, e de uma esperança incomum, ele vai, em 10 episódios, conquistando um por um, dos mais emocionados aos mais céticos, chegando, claro, no próprio público. Ao longo da temporada, fica cada vez mais improvável que Richmond consiga fugir do rebaixamento, mas o “Lasso way” contagia os telespectadores, nos levando a torcer no jogo final como se fosse o nosso próprio time do coração.

Desafiando os padrões do esporte e da própria figura do técnico, Ted Lasso apresenta uma verdadeira aula de como encarar os desafios através da empatia e da sensibilidade. Sempre citando que, para ele, o resultado não é o principal e, sim, fazer com que os jogadores acreditem neles mesmos.

Nesse sentido, a série se mostra muito mais que uma comédia sobre futebol, mas sobre as relações entre os personagens apresentados. Eles passam de desacreditados para esperançosos. A chegada de Lasso impacta positivamente em cada um dos funcionários, jogadores e, principalmente, na vida de Rebecca Welton (Hannah Waddingham), diretora do AFC Richmond.

   Donnie Campbell, treinador de basquete em uma escola estadunidense que adotou o projeto Lasso                      Foto: Reprodução/Vahe Gregorian

O Projeto Ted Lasso no cotidiano de uma escola estadunidense

Não é à toa que a série, em sua primeira temporada, foi um dos grandes destaques do Emmy 2021, levando o prêmio de Melhor Série de Comédia, junto com os prêmios de atuação para Jason Sudeikis, na categoria principal, e Hannah Waddingham, como atriz coadjuvante. Além disso, o impacto foi tanto que muitas escolas e times estadunidenses adotaram o “Lasso Way” em seus ginásios e salas de aula, promovendo o esporte e o ensino por meio do incentivo, do apoio e do otimismo.

Ted Lasso foge do cinismo e ceticismo característico das comédias dramáticas atuais, apresentando a dosagem certa entre os momentos cômicos e emocionantes, sendo um sopro de leveza e uma surpresa boa para quem assiste. No final, não há como não se apaixonar pelo jeito Lasso de ser.

 

 

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