Festival Varilux volta a ocorrer em Pelotas

Até o dia 6 de julho vários títulos do cinema francês podem ser vistos no Cineflix do Shopping

                   A comédia “Papai Noel é um Picareta” é um dos filmes homenageados na edição deste ano                                                   Foto: Divulgação

As questões do mundo contemporâneo podem ser vistas entre os dramas e comédias do cinema francês no Festival Varilux, que volta a ocorrer no Cineflix do Shopping Pelotas, até o dia 6 de julho.  A programação traz os dramas lançados  recentemente “O Acontecimento” (de Audrey Diwan), tratando da questão do aborto; “Contratempos” (de Eric Gravel), sobre a vida de uma mãe afetada pelo desemprego; “O Destino de Haffmann”, retratando a perseguição aos judeus na época da II Guerra Mundial na França;  “Golias” (de Frédéric Tellier),  que representa conflitos entre ativistas ambientais; “Um Herói”  (de Asghar Farhadi), vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes de 2021, sobre um homem preso por uma dívida e que tenta libertar-se; “Os Jovens Amantes” (de Carine Tardieu), com um reencontro amoroso que desafia os limites da idade;  “Kompromat” (de Jérôme Salle), sobre a fuga de um intelectual francês preso na Rússia; “O Mundo de Ontem” (de Diastème),  com o desafio de uma presidente para que seu sucessor não seja o candidato de extrema direita;  “Peter von Kant” (de François Ozon), uma livre adaptação da versão “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, de Rainer Fassbinder;  “O Próximo Passo” (de Cédric Klapisch), sobre os desafios da vida de uma bailarina; “O Segredo de Madeleine Collins” (de Antoine Barraud), com a história de uma mulher que mantém uma vida dupla com maridos e filhos diferentes; e “Sentinela do Sul” (de Mathieu Gérault), tratando das dificuldades de um soldado que atuou no Afeganistão para retomar sua vida.

Para trazer um pouco de leveza, aparecem as comédias “Entre Rosas” (de Pierre Pinaud), apresentando uma crise envolvendo uma fazenda de flores;  “Esperando Bojangles” (de Régis Roinsard), sobre o cotidiano feliz de uma família até que eventos imprevisíveis acontecem; “Um Pequeno Grande Plano” (de Louis Garrel), com a história de crianças que lutam para salvar o planeta; e “Querida Léa” (de Jérome Bonnell), que tem como personagem um homem que sofre com a rejeição amorosa. No gênero “Aventura/Família” aparece “King Meu Melhor Amigo” (de David Moreau) sobre um filhote de leão traficado que consegue escapar e recebe a ajuda de dois adolescentes.

As edições do  festival Varilux têm homenageado sucessos da cinematografia do passado.  Neste ano, um dos escolhidos foi a comédia “Papai Noel é um Picareta” (1982), de Jean-Marie Poiré.  É uma adaptação da peça de mesmo nome realizada pela trupe Splendid em 1979. Outro homenageado é o drama romântico “As Aventuras de Molière” (2007), de Laurent Tirard. Comemora os 400 anos do dramaturgo francês Molière. Na história do filme, o escritor tem apenas 22 anos e insiste em escrever tragédias com as quais não alcança o sucesso. Em decorrência de suas dívidas, é perseguido.

Veja a programação completa neste link.

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28ª edição da Fenadoce encerra com sucesso

Por Elena Santos      

Evento favorece atividades econômicas e artísticas da região

                A Feira foi representada neste ano pelo trio de baronesas Elana Ávila da Silva, Julia Eisenhardt e Taila Freitas              Foto: Rafael Takaki/Divulgação

Após dois anos de restrições por conta da pandemia do coronavírus, houve a retomada da tradicional festa de Pelotas, a Fenadoce, em sua 28ª edição, que se estendeu até o último domingo, dia 19 de junho. Contou com a sua programação multicultural, trazendo várias atrações artísticas e o Festival de Gastronomia, incentivando o turismo e o mercado gastronômico de toda a região.

A festa, criada em 1986, é uma realização da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Pelotas, com apoio da Prefeitura e Câmara Municipal de Pelotas. Em 2022, trouxe o tema ” Doces (re)encontros ”, e homenageou os 210 anos do município.

A Fenadoce Cultural contribui para a criação e produção cultural de diferentes linguagens artísticas da região. O Espaço Arte do Doce foi o palco principal para as apresentações das artes cênicas. Com parceria de produtoras locais, houve a FenaShow, que trouxe shows nacionais para o público.

A feira é responsável por gerar cerca de três mil empregos diretos e indiretos, sendo considerada a vitrine do município. O evento gastronômico evidencia o valor turístico da cidade e promove a cultura doceira dessa localidade para todo o Brasil e exterior. Em 17 dias, foram 1.800.000 unidades de doces vendidos e 313.000 visitantes que passaram pelos pavilhões do Centro de Eventos. Essa edição também recebeu 735 excursões, além de um alto fluxo de carros, 30% acima dos outros anos, com placas de várias localidades, e as visitas de 45.000 alunos da rede pública de ensino da região de forma gratuita.

A Feira da Agricultura Familiar também registrou o maior número desde que é realizada no evento: foram mais de R$ 1 milhão em volume de vendas neste ano. O tema da Fenadoce 2022, “Doces (re)encontros”, também valorizou a retomada do evento e da esperança, mostrando o reflexo de sua importância para toda a região.

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Atypical: o típico por uma outra perspectiva

Por Luma Costa      

Série traz problemas de jovem autista e de comunicação em família em história divertida

 “Atypical” é uma comédia dramática que conta a história de Samuel Gardner, um adolescente de 18 anos com transtorno do espectro autista e os desafios que enfrenta para se encaixar socialmente, entretanto se engana quem espera mais um drama infanto-juvenil clichê. Mais do que abordar dramas cotidianos da adolescência, como sexualidade, relacionamentos e dúvidas em relação ao futuro desconhecido, “Atypical” traz em seu enredo a vida comum de uma família com problemas de comunicação.

A série estadunidense estreou em 2017, teve sua quarta e última temporada lançada em 2021 e se tornou, sem dúvida nenhuma, um dos clássicos da plataforma de streaming Netflix.

O núcleo principal da trama é formado por Sam, sua irmã mais nova Casey, sua mãe Elsa e seu pai Doug, e a história tem início quando Sam decide que está na hora de começar a namorar, uma decisão que desencadeia uma reviravolta na estrutura e rotina familiar.

                 Os protagonistas da história são  Sam (Keir Gilchrist), sua irmã mais nova Casey (Brigette Lundy-Paine)                    Foto: Divulgação

Os personagens principais são todos bem construídos em suas tramas individuais e coletivas, e se desenvolvem ao longo das quatro temporadas ao lidarem com questões (por vezes complexas) do cotidiano, como adaptação, rejeição e estereótipos. “Atypical” foge do senso comum de mocinhos e vilões e nos apresenta personagens reais, com qualidades, defeitos e dificuldades.

Talvez o que conquiste o público seja exatamente isso: a sensibilidade com que a obra trata e traz à tona assuntos e discussões pertinentes, introduzindo-os às rodas de conversa do público jovem sem torná-los massantes. Desta forma, desde os amantes de comédia romântica até os aficionados por drama, “Atypical” é uma obra para todos os públicos.

Ao longo das temporadas, nos apaixonamos pelos Gardner’s, vibramos a cada conquista de Sam, torcemos por Casey, e, principalmente, entendemos os erros e acertos dos personagens. Inevitavelmente, uma hora ou outra, nos identificarmos com suas questões.

Em relação à representatividade, a série chegou a ser criticada em suas temporadas iniciais pela falta de inclusão, mas buscou sanar o problema realizando alterações no roteiro e adição de novos núcleos, além de inserir pessoas com autismo na produção e elenco da obra.

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Probabilidade estatística do amor à primeira vista

Por Luma Costa        

Livro aborda o romantismo presente nas situações que ocorrem por acaso

E se? E se pegarmos um outro caminho que não o de costume hoje? Se nos atrasarmos quatro minutos por esquecer a chave de casa, ou por nos distrairmos com a vitrine de uma loja? Um simples acaso pode mudar totalmente o rumo de nossas vidas, é nisso que se baseia o livro “A probabilidade estatística do amor à primeira vista”, da autora Jennifer Smith, publicado em 2011 pela editora Galera Record.

Este romance infanto-juvenil brinca com o poder das coincidências e acasos. O enredo começa quando a protagonista Hadley acaba se atrasando quatro minutos e perde um voo para Londres, fato que a leva a trocar de voo e, consequentemente, viajar em uma poltrona ao lado de Oliver, um britânico que ela conhece no aeroporto.

Como se espera, o livro tem enredo relativamente previsível, e durante a viagem os personagens descobrem afinidades que os levam a uma conversa longa que dura o voo todo. Entretanto, por mais que o eixo central do livro seja um romance clichê, a história também aborda questões como mágoa, abandono e perdão, ao retratar a relação de Hadley com o pai, que está se casando novamente após um divórcio conturbado, motivo pelo qual a personagem está indo para Londres, vale ressaltar, contrariada.

Toda essa ambientação, a falta de vontade de Hadley de viajar, a perda do primeiro voo, as primeiras impressões que ela tem de Oliver ainda no aeroporto, reforçam o sentimento de acaso/destino que são a temática do livro. E, mesmo se tratando de uma história juvenil, nos fazem refletir sobre todos os acasos que nos trouxeram até onde estamos hoje, e todos os que ainda vão nos levar por caminhos inimagináveis.

O livro é leve, agradável e de leitura rápida. Não se aprofunda em nenhuma questão complexa, mas cumpre a função de entreter. Pode ser uma boa indicação para leitores iniciantes, adolescentes, que são nitidamente o público-alvo da história, ou até mesmo para quem busca uma leitura de fim de semana.

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Entrevista: festival rio-grandino Rap Contra o Frio completa dez anos

Por Brígida Sodré      

Idealizador e responsável pelo projeto, André Dizéro, conta em detalhes tudo sobre evento musical em julho

André Dizéro durante o festival Rap Contra o Frio do ano passado         Foto: Stephany Borges

O festival Rap Contra o Frio surgiu em 2012, por meio da iniciativa do rapper André Dizéro. A ideia nasceu depois que o artista foi convidado a participar de uma ação social, promovida pela igreja que sua mãe frequentava, cujo objetivo era entregar um sopão para pessoas em situação de rua. Durante o trabalho voluntário, André se surpreendeu com a quantidade de cidadãos que eles encontraram nestas condições.

Diante deste cenário e do frio rigoroso que fazia no inverno daquele ano, Dizéro decidiu unir a cultura hip-hop e a música para promover um evento beneficente com objetivo de arrecadar agasalhos. Como os envolvidos no projeto não tinham recursos para realização, eles buscaram e conseguiram a estrutura do Teatro Municipal do Rio Grande. Foi assim que ocorreu a primeira apresentação do festival que ficou conhecido como Rap Contra o Frio.

“Desde então, a gente vem realizando como um compromisso em todos os invernos para contribuir e utilizar o que o Hip-Hop tem de melhor, que é ser uma ferramenta social”

Em comemoração à data, a edição deste ano traz muitas novidades. A começar pela ampliação da agenda. Graças ao patrocínio da Natura Musical, o evento contará com quatro dias de programação. Assim, a celebração está prevista para ocorrer de 21 a 24 de julho, com diferentes atividades espalhadas pelo município de Rio Grande.

O Arte do Sul procurou Dizéro para saber em primeira mão como estão os preparativos para o festival. Confira abaixo a entrevista e ao final a programação completa.

Arte no Sul – Este ano o projeto será patrocinado pela Natura Musical. Como foi o processo para conseguir esse apoio?

André Dizéro – Eu me escrevi mesmo sabendo da dificuldade, porque o edital recebeu mais de quatro mil inscrições e apenas 32 projetos foram contemplados. Eu sabia que era muito difícil, mas escrevi com o coração, com muita vontade de ter essa oportunidade. Não só para o Rap Contra o Frio, mas também para a cidade de Rio Grande.

Temos muitos artistas, uma história muito longa com música. Mas a gente tem dificuldade de despertar esse olhar para as grandes marcas, empreendimentos de fora da cidade e fora do Estado para apostarem aqui em Rio Grande. Quando a gente consegue ser contemplado, tendo essa atenção, a empresa Natura não está só apostando no Rap Contra o Frio. Ela está investindo na cidade de Rio Grande, que é um berço de grandes artistas.

Arte no Sul – E qual é a importância deste patrocínio para realização do festival?

André Dizéro – Ter sido contemplado foi importante para a galera perceber que é possível. Para outras pessoas de outros lugares perceberem que a cidade de Rio Grande tem muitos artistas.

Foi um processo em que eu fiquei muito feliz. Acredito que contemplou toda a nossa caminhada e a nossa história até o dia de hoje. A gente está com bastante expectativa de realizar um grande trabalho à altura do projeto e do fomento da Natura. Que seja um evento que dê luz para os artistas e que a gente também consiga cumprir com o nosso papel social.

Arte no Sul – Além do patrocínio, quais são as novidades para o festival deste ano?

André Dizéro – A gente tinha um sonho, uma vontade, um desejo de ampliar o nosso festival.  De ganhar mais dias e de ter outras atividades, além de shows artísticos. Então, a gente vai conseguir realizar neste ano. A grande novidade é que o festival passa de apenas um dia para quatro dias, nos quais vamos ter workshops de grafite e de produção musical, além dos pocket shows e das apresentações de costume no Teatro Municipal. As inscrições para os workshops serão realizadas pela web. Então, sigam o Instagram do Rap Contra o Frio para não perderem.

Além disso, será lançada uma música em um videoclipe com o tema oficial do festival deste ano e a participação de artistas da cidade. Também haverá palestras dentro da programação. As atividades serão distribuídas em diferentes espaços do município com acesso gratuito e promovendo a doação de alimentos e de agasalhos. Eu espero que a galera participe de tudo, curta bastante e que seja ótimo para todo mundo.

Arte no Sul – Quais são os artistas envolvidos nesta edição?

André Dizéro – A gente conta com uma grande equipe de pessoas que vão trabalhar no evento, desde fotógrafos, videomakers, assistentes de palco, até o coordenador artístico. Por meio deste festival, será possível gerar renda para cerca de 20 pessoas que estarão recebendo a oportunidade de trabalhar neste projeto.

É importante não só para o meio artístico, para o meio social, mas também para a geração de renda entre outros artistas da cidade. A gente sabe que a galera produz e nem sempre consegue receber. Então, a gente vai ter a oportunidade de gerar emprego e renda de forma direta e indireta.

Arte no Sul – Qual é a meta deste ano em relação às doações?

André Dizéro – Nos últimos anos, a gente vem focando mais nos alimentos do que nos agasalhos, por entender que é uma necessidade primordial. A meta é arrecadar uma tonelada de alimentos durante os quatro dias de evento. Além de mil peças de agasalhos.

Como vamos iniciar a campanha somente no final de julho. A nossa expectativa para os agasalhos é que as pessoas que tenham roupas de frio para doar, já realizem essa doação para outros lugares que estejam recolhendo desde agora. É uma iniciativa muito importante.

Confira a programação:

21/07 – Abertura do Festival

Local: Cidec-Sul da FURG

Aberto ao público com arrecadação de alimentos e agasalhos.

Atrações:

– Palestra do Rafa Rafuagi, que é idealizador do museu do Hip Hop de POA e da Casa de Cultura de Hip Hop de Esteio/RS;

– Lançamento da música oficial do Rap Contra o Frio desta edição no evento e na web;

– Batalha de rimas promovida pela Batalha do Cassino.

22/07 – Segundo Dia

Local: Laboratório de informática da FURG

Com arrecadação de alimentos e agasalhos.

Atração:

– Oficina de produção musical e beatmaker com 808 Luke.

Serão abertas 30 vagas com inscrições gratuitas por meio de formulário online.

23/07 – Terceiro Dia

Local: Espaço Lambe, Balneário Cassino

Aberto ao público com arrecadação de alimentos e agasalhos.

Atrações:

– Workshop de grafite com Gui Gerundo;

– Pocket Shows: Mallua, Miranda e DJ Luan.

24/07 – Show principal como encerramento do Festival

Local: Teatro Municipal do Rio Grande

Aberto ao público com arrecadação de alimentos e agasalhos.

Atrações: Bem Black DJs – DJ Micha e DJ Magreen, MR Diones, Miistica, Quality Sul, Isaque Acosta, Malakos e Baby.

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Canguçu sedia Geração e Distribuição da Chama Crioula 2022

Por Jéssica Timm  

Evento acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto na 21ª Região Tradicionalista

 

Na 73ª Geração e Distribuição da Chama Crioula do Rio Grande do Sul, o destino sede será o município de Canguçu, 21ª Região Tradicionalista. Previsto para ocorrer nos dias 12 e 13 de agosto, o evento está sendo organizado pela Comissão Executiva de Evento e pelo Departamento de Cultura de Canguçu.

O acendimento da Chama Crioula, marco de abertura dos Festejos Farroupilhas no Rio Grande do Sul, percorre as principais regiões tradicionalistas. É carregada por grupos de cavaleiros, que espalham o fogo em símbolo da coragem, a união dos povos e o amor do gaúcho pela sua terra.

Centelha da Chama Crioula chegando em 2019 em Canguçu               Fotos: Jéssica Timm

Conforme informado pela coordenadora do Departamento de Cultura, Roberta Oliveira, a expectativa para a realização do evento de Geração e Distribuição da Chama Crioula em Canguçu é grande, tendo em vista, que houve o seu adiamento por dois anos consecutivos, em 2020 e 2021, devido à pandemia de Covid-19.

“Esperamos proporcionar um grande espetáculo aos presentes. Assim, como planejávamos fazer em 2020, quando foi necessário adiar as festividades devido à pandemia. Em 2021, houve a mesma questão e um novo adiamento. Agora, graças ao avanço da vacinação, estamos finalmente próximos de realizar esse importante evento tradicionalista em Canguçu”, destacou.

No dia 12 de agosto, além do acendimento da Chama Crioula, haverá ainda o espetáculo “Liberdade, pelas asas do Gavião”, que contará a história do canguçuense, Joaquim Teixeira Nunes, o coronel Gavião, grande líder dos Lanceiros Negros Farrapos. A apresentação será realizada no Parque Turístico Nossa Senhora da Conceição, de forma aberta e gratuita ao público.

“Estamos trabalhando muito para possibilitar que o evento seja realizado com a sua devida proporção. Passamos por dois adiamentos em razão da pandemia e, agora, estamos com uma perspectiva positiva de que Canguçu, enfim, conseguirá realizar a geração e distribuição da Chama Crioula”, declarou o prefeito de Canguçu, Vinicius Pegoraro.

Prefeito de Canguçu, Vinicius Pegoraro, projeta um grande evento

No momento, a Comissão Executiva está em tratativas para definir os roteiros da Chama e os locais de acampamentos. No último mês, o presidente da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul (ORCAV), Ildo Wagner, esteve na cidade para acompanhar essas definições e o planejamento do evento.

A previsão é que Canguçu receba cerca de mil cavaleiros e mais de 4 mil pessoas nos dias de evento, fator que aquecerá os setores como hotelaria, alimentação, entidades tradicionalistas, entre outros setores da economia.

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Rapper, polidancer e mãe: A sociedade está preparada?

Por Júlia Koenig    

Liddia Krolow fala da experiência de ser rapper e, ao mesmo tempo, exercer a maternidade

A figura materna é cercada de crenças e estereótipos que, apesar de muitas vezes ultrapassados, atravessam a vida das mulheres e mães contemporâneas das mais diversas formas. Para fomentar o debate sobre as dificuldades de ser uma mãe que não corresponde exatamente às expectativas da sociedade, convidamos Liddia Krolow, rapper e polidancer para uma conversa aberta sobre suas vivências como mãe e profissional do âmbito artístico.

Liddia e sua filha nos bastidores do clipe “Luz”             Fotos: Acervo pessoal da artista

Arte no Sul – Trabalhar no meio do rap por sí só já traz na vivência a questão do machismo quase que diariamente, lidar com o machismo de forma tão intensa te afeta como mulher, mãe e profissional?

Liddia – Antes de eu entrar no meio do rap, achei que seria acolhida, mas quando estamos inseridos no meio é que começamos a ver onde está o machismo nosso de nada dia, né. E comigo não foi diferente. Os caras, quando estão trabalhando no rap, só precisam se preocupar com o trabalho deles. Normalmente, os meios são muito mais acolhedores para eles que são homens. Já nós mulheres enfrentamos o machismo e, se não cuidar a cabeça, tu te afetas mesmo, porque é questão de menosprezo, de não ter oportunidade para trabalhar, de sofrer assédio nos estúdios. Ou seja, quando somos mulheres, além de fazer o nosso trabalho, ainda temos que driblar todos os assédios e o fato de nos subestimarem. E, como mãe, obviamente me afeta porque eu tenho que ensinar a minha filha a se defender. E não tem como eu dizer que ela está cem por cento segura em qualquer meio que ela esteja.

Arte no Sul – Eu observei nas suas redes sociais que não há publicações com a tua filha. Isso é porque tu buscas não expor a tua vida privada ou tem relação com assédio? E uma tentativa de protegê-la da exposição?

Liddia – A gente não divulga muita coisa assim porque temo o histórico de pessoas que me assediaram e assediaram a ela também. Sempre tem aquele comentário assim “ah tua mãe é mó gostosa”. E, se ousarem falar pra mim, “ah tua filha é mó gostosa”, eu já nem converso mais, porque acho isso de uma deselegância. Então, a gente optou por ser um pouco mais seletiva e não é por causa nossa. O mundo não é um lugar muito confortável, não é muito seguro pra nós mulheres. Por eu já ter sido muito ameaçada, inclusive de estupro, de espancamento e de morte, eu tento evitar. Recentemente tem acontecido muitas coisas que eu não estou levando a público nas minhas redes sociais, para não dar margem para outras pessoas pegarem como exemplo. Mas tem gente batendo na minha porta, me seguindo no trabalho, às vezes, sofro ameaças. Então, é melhor evitar por causa dos caras.

Gravação do clipe “Badbitch”: sem medo de dizer o que pensa

Arte no Sul – As mulheres são bombardeadas de estereótipos por todos os lados, por trabalhar rap e também com sensualidade, tu sofres ou já sofreu ataques no sentido de não ser uma “boa mãe”?

Liddia – Não só de não ser uma boa mãe, mas como de não ser um exemplo, né, porque as pessoas querem te ver como um exemplo quando tu estás exposta publicamente. Mas eu não quero isso, eu sempre deixo muito claro nas minhas redes sociais que eu não estou aqui para ser exemplo. Estou aqui para contar a minha história antes que alguém conte errado, e é óbvio que a minha palavra vai ser colocada em jogo porque eu me exponho, exponho meu corpo, exponho o que eu penso [pausa]. Então eu tento lidar com as coisas da melhor maneira possível, tento ser a mais verdadeira possível ali, naquele momento, e criar uma identificação com o público. O que eu acho que é legal eu repasso. E o que acho que não é legal, às vezes, repasso também, porque a gente não é só coisa boa, somos um combo de coisas ruins e boas. Acho que a gente tem que aprender a falar sobre tudo e não ter vergonha disso.

Arte no Sul – Através das tuas redes sociais, tu transmites uma imagem de mulher forte, empoderada, dona de si. Essa é a mulher que tu escolheste ser ou a que precisou ser?

Liddia – Eu não escolhi não. Nasci um pouco assim, tem relatos na família de que eu já era assim. Lembro de muita coisa de quando era criança. Acho que acabei ficando assim por conta de tudo que eu tive que passar. Não sei se chegou a ser uma escolha ou necessidade, acho que mais necessidade do que escolha porque foi meio que sem pensar muito. Quando eu me dei conta, já era assim. Eu nunca engoli muito o conformismo com o machismo. Ouvi muito na minha família que “os homens são assim mesmo”. E eu nunca gostei disso, nunca aceitei e nunca vou aceitar! Eu sempre fui considerada uma mulher à frente do seu tempo e isso dói pra caralho, tá?! Não é uma coisa que nos deixa cem por cento do tempo satisfeita, dói bastante.

Fotos das gravações do clipe “Luz”

Arte no Sul – Os ataques e assédios que tu sofres já te fizeram pensar em desistir?

Liddia – Todos os dias tem alguma coisa que me faz pensar em jogar o rap pro alto e, ao mesmo tempo, todos os dias tem alguma coisa que me puxa de volta. Isso saiu até em umas cartas minhas. Eu pensava em desistir muitas vezes porque às vezes é foda, é horrível. São os próprios “amigos” do cara, sabe? Coisas que a gente vai notando, coisas que a gente ouve e, se a gente ratear, desiste mesmo. Mas acho que isso não é uma exclusividade do rap. Em todas as profissões que são majoritariamente compostas por homens, vai ter uma mulher que vai parar uma hora e vai pensar “meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?”. Mas aí a gente acaba pensando que, se não formos nós a fazer isso, quem vai fazer?

Arte no Sul – Nesses momentos que tu pensaste em desistir, o que te manteve firme?

Liddia – Ter certeza de que eu estava certa, de que isso é uma coisa mutável, o comportamento humano e a sociedade em geral levam tempo, mas mudam com o passar dos anos. Então, eu me mantive firme por conta dessa certeza que eu carrego de que eu estou fazendo o que eu tenho que fazer.

Arte no Sul – Você tem algum recado para as mães e mulheres que, assim como tu, sofrem com estigmas em relação ao trabalho ou à forma como levam a vida?

Liddia – Tenho, se tem uma coisa que eu desejo para nós mulheres é resiliência, porque vontade de desistir nós vamos ter, mas temos sempre que voltar mais fortes. Eu acho que, independente da profissão que a gente escolhe, independente dos caminhos para que a vida leva a gente, a gente tem que se manter firme e procurar ter certeza do que a gente quer. Só quando temos certeza do que queremos é que a gente consegue chegar a algum lugar. Tem uma frase que gosto muito: “eu não posso parar o que eu estou fazendo para cada cachorro que latir para mim durante o meu caminho”.  Não tenho como parar, entendeu? Tem coisas muito mais importantes em jogo para uma mulher do que ela ficar ligando para a opinião alheia ou para alguém que está dizendo que ela não pode fazer determinada coisa.

Rapper deve lançar novo clipe em breve

Arte no Sul – A pergunta que não pode faltar, o que podemos esperar agora? Tem algum trabalho para ser lançado nas próximas semanas?

Liddia – Estou terminando um clipe agora, montei um podcast também e gravando som. Então, estou trabalhando bastante, trabalhando quietinha e podem esperar bastante trampo nesse ano.

Veja neste link o clipe “Luz”

Clipe “Badbitch”

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A volta aos tablados nos CTG’s

Por Vivian Domingues Mattos   

A retomada das danças nos Centros de Tradição Gaúcha canguçuenses no pós-pandemia

                      O Grupo Sentinela das Coxilhas promove cultura e música gaúchas na cidade de Canguçu           Fotos: Vivian Domingues Mattos

A integração e o contato entre colegas, presenciado nas danças tradicionalistas dos Centros de Tradições Gaúchas (CTG’s) do Rio Grande do Sul, esteve paralisado temporariamente pela pandemia de Covid-19. Agora, após as flexibilizações sanitárias permitirem maior contato, as atividades foram retomadas gradualmente e, no município de Canguçu, não foi diferente.

Incluído na 21ª Região Tradicionalista, Canguçu é uma terra que culturalmente mantém viva as tradições gaúchas e campeiras, principalmente as que envolvem as atividades em entidades tradicionalistas. Assim, o retorno das atividades dos CTG’s aconteceu de forma gradual, seguindo os protocolos indicados pelo município.

O Grupo Sentinela das Coxilhas é um dos oito CTG’s em atuação no município

Retomada gradual das atividades

Conforme levantamento da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura da Prefeitura, o município de Canguçu tem ao todo oito CTG’s ativos. O retorno das atividades ocorreu de forma sucessiva e contou com a elaboração do Programa Municipal de Retomada das Entidades Tradicionalistas pós-pandemia.

Entre as realizações de fomento cultural do folclore gaúcho, como declamação, canto e rodeio, estão as danças tradicionalistas que envolvem esforço e condição física ao serem realizadas.

O dançarino de 19 anos, integrante da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Diego Chico da Silva, comenta que a retomada dos ensaios foi estranha inicialmente e desconfortável. “Logo no começo nós cansamos bastante pelo uso da máscara, era difícil de interpretar e complicou bastante”, descreve.

O CTG Joaquim Paulo de Freitas pratica atividades do folclore gaúcho como as danças tradicionalistas

 

O peão de 24 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Henrique dos Santos Romel, explica que no início existia uma ansiedade sobre poder retornar ou não e que a pandemia mudou a vida em muitos aspectos, principalmente, quando ocorre o contágio por Covid-19 com algum integrante do grupo. “Sempre teve aquela dúvida de se vamos poder retornar ou não? Também é um momento de desafios e de uma vida nova, já que a pandemia mudou tudo, não só no sentido sanitário, mas como ser humano. A gente passou a pensar em cuidar mais do próximo, tentar evitar tantas aglomerações no início e se colocar mais no lugar do outro”, diz.

A prenda de 20 anos do CTG Joaquim, Joana Kohls, comenta que o uso de máscara atrapalhava a respiração e contribuiu para um maior cansaço nos ensaios. “Dançando e se movimentando nós acabamos suando muito o rosto, mas, como é algo que gostamos de fazer, não nos impedia de dançar”, lembra.

A integrante de 15 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Tahuana Bertinetti, despertou a paixão pela dança na infância e para alguém acostumada ao ritmo de ensaios, apresentações e concursos, retornar é uma experiência diferente, mas recompensadora. “No começo foi estranho voltar e me adaptar de novo à rotina, passei um pouco mal no início, até me acostumar, mas amo dançar, sempre foi algo que gostei. Toda experiência é sempre gratificante, sabe?”, destaca.

Os instrutores Karine Schwartz Gehrmann e Mauricio Gomes  estão à frente dos ensaios do CTG Sentinela das Coxilhas

 

A paralisação das danças para quem vive dela

O amor pelo tradicionalismo é algo em comum para o casal de ensaiadores Karine Schwartz Gehrmann e Mauricio Gomes. Dividindo a vida e os palcos, ambos os instrutores têm a dança como a principal forma de trabalho e, dentre suas turmas, estão à frente dos ensaios do CTG Sentinela das Coxilhas.

Há cerca de 10 anos atuando como instrutora, Karine comenta que a pandemia foi um período desafiador. No trabalho diário, ela mantém um contato frequente com crianças, adolescentes e adultos, que durante o isolamento, deu lugar à distância. “No início, nós tentamos fazer aulas remotas e não deu certo, porque a dança é o contato, né? É estar junto, tu estares presente, pegares na mão e ensinar, já não era a mesma coisa”, comenta.

Durante a pandemia, Karine engravidou de sua filha, Ana Clara, agora com dois anos de idade. Ela comenta que a gestação contribuiu para aliviar os sentimentos no período. “Ela veio para amenizar um pouco a dor que é estar longe das pessoas que a gente gosta. Por isso, digo que não foi tão difícil, mas foi um momento que eu rezo muito todos os dias para não retornar”, diz.

O companheiro e instrutor, Maurício, reforça que a pandemia foi uma quebra de rotina e de convívio. Ele comenta que principalmente na categoria juvenil, os relatos de aumento de ansiedade e desmotivação eram mais frequentes. “A gente esperava todos os dias um avanço. Tínhamos aquela esperança, de que iria melhorar, mas vinha uma onda, depois a outra onda, então foi bem angustiante, principalmente nos primeiros meses”, descreve.

Atualmente, ambos retornaram com o ensaio dos grupos, recomeçando com turmas maiores do que antes do período de isolamento.

A rotina de ensaios do CTG Joaquim Paulo de Freitas foi interrompida  durante a pandemia

 

A dança como equilíbrio emocional

Há cerca de um ano e seis meses, a prenda do CTG Sentinela das Coxilhas, Bruna Riemer Silveira, explica que foi diagnosticada com depressão, ansiedade e transtorno de pânico. Para ela, a dança é uma forma de apoio à saúde mental e os aprendizados são um ponto de calma durante a rotina. “É como se quando eu colocasse meus pés nesse salão e ligasse a música, todos os sentimentos baixassem, deixando espaço para concentração e uma sensação de bem-estar. A dança é a única coisa que eu penso naquele momento”, comenta.

Já para o peão de 19 anos, integrante da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Gabriel Nunes, a dança gera uma rotina de ensaios e uma dedicação diária que foi quebrada durante a pandemia. Dançarino há mais de dez anos, ele comenta que foi um período difícil para paralisar repentinamente uma atividade que é sua paixão. “A dança em si me traz tranquilidade, uma paz e alegria. Senti falta do companheirismo com o grupo e tentava procurar isso em outras atividades, mas não é a mesma coisa”, diz.

Tradição que envolve gerações

No envolvimento e encontro com a cultura gaúcha nos CTG’s, muitos integrantes acabam tendo contato com a dança ao apoiar um familiar que está inserido neste cenário, transmitindo a paixão pelo tradicionalismo.

A prenda de 37 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Fabrine Simões Nunes, ingressou na dança por conta de seu filho, acompanhando-o nos ensaios. Por conta de seu envolvimento na atividade, aceitou um convite para ingressar como dançarina na invernada adulta. “Sempre gostei da dança, sempre foi um sonho, mas nunca tive oportunidade. Meu filho, que agora tem 14 anos, foi convidado para dançar e consequentemente nos levou para o CTG”, diz.

Fabrine acompanhava o filho nos ensaios e apresentações, contudo, ainda não havia tido a experiência de participar de um grupo de dança. “No início eu fiquei meio receosa, com medo, mas depois que eu comecei, foi a realização de um sonho e, ainda melhor, podendo dançar junto com meus filhos”, afirma.

No período de isolamento social, Fabrine comenta que a ausência dos ensaios fez falta na rotina. Ao retornar, ela explica que as reuniões feitas antes na sede campeira do CTG Sentinela da Coxilhas, próxima à sua casa, foram adaptadas agora para a cidade, devido ao aumento de membros na região. Mesmo assim, ela se propôs a continuar na atividade pelos filhos e por si mesma,

Já para o peão de 36 anos, também do CTG Sentinela das Coxilhas, João Dolizete Maia Ferreira, sua história como dançarino é semelhante à de Fabrine. No início, Dolizete acompanhava suas filhas nos ensaios e criou, assim, afinidade com a atividade. O envolvimento com as filhas no CTG despertou a vontade de dançar e o incentivou a participar como dançarino na categoria adulta.

Para Dolizete, a paralisação das atividades foi a quebra de um ritmo, tornando a retomada um pouco difícil para alcançar o mesmo andamento que o grupo tinha antes. “Os ensaios e apresentações criam um envolvimento. Tu ficas sempre em uma correria na rotina. Chegas do trabalho, tomas um banho, acompanhas os horários para chegar aqui e começar as atividades com o grupo. Fica mais complicado para começar a reagir de novo, mas é tudo muito gratificante”, diz.

Laços criados pelo ritmo

O convívio diário e a construção de harmonia com o grupo, gera relações de amizade e companheirismo entre os colegas, sendo um dos aspectos ressaltados como uma falta durante o período de isolamento na pandemia de Covid-19.

O peão de 27 anos da invernada adulta do CTG Sentinela das Coxilhas, Guilherme Costa, tem a dança como uma forma de contato com os amigos e foi incentivado pelos seus atuais instrutores a pisar pela primeira vez no tablado, assim, partilhando um compromisso e os acompanhando onde for preciso. “O que eu mais estranhei nessa época de pandemia foi me afastar dos meus amigos. Com o passar dos anos eu criei muitas amizades dentro dos CTG’s e senti falta do convívio com o pessoal”, diz.

A prenda de 17 anos da invernada adulta do CTG Joaquim Paulo de Freitas, Bibiana Quintana Mattos, comenta que sentiu falta do convívio e ensaios com o grupo no período de isolamento. “Às vezes, o nosso patrão do CTG enviava alguns vídeos no grupo e rever os nossos ensaios aumentava a saudade”, exclama.

Desde cedo, o peão de 19 anos do CTG Sentinela das Coxilhas, Renan Neitzke Munsberg, esteve envolvido com o tradicionalismo em sua vida e, após um período afastado das danças, a identificação com o grupo foi o incentivo que precisava para retornar. “Eu sempre tive vontade de voltar a dançar, sabe? Eu me identifiquei muito com o pessoal do grupo e me senti acolhido por eles, por isso, escolhi voltar”, relata.

No momento, as entidades tradicionalistas estão focadas na retomada de ritmo para as futuras apresentações e ansiosas pela volta aos tablados.

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Vozes do Silêncio: a invisibilidade do indivíduo negro no sul do Brasil

Por João Pedro Cardozo Macedo    

Artista pelotense roteiriza curta-metragem que apresenta seu novo álbum musical

                         Zudizilla é considerado principal rapper gaúcho da atualidade               Foto: Divulgação 

Março de 2022 foi um período de muitos lançamentos para o rapper pelotense Zudizilla, com o álbum “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)”, segundo da trilogia Zulu, processo que ele vem trabalhando desde 2019. O filme curta-metragem “Vozes do Silêncio” complementa o álbum lançado este ano e tem como tema a invisibilidade da negritude no Rio Grande do Sul, pauta muito abordada pelo artista em suas obras.

Roteirizado pelo próprio Zudizilla, o curta conta com o apoio da Natura Musical e foi financiado pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, com inúmeros artistas no elenco e com a participação especial da pesquisadora Winnie Bueno. O filme conta com poucos diálogos e com closes fechados, o que valoriza muito o trabalho dos atores Agnes Mariá, Dona Conceição, Faylon Lima e Lucas Khallid. Temas como violência policial, desigualdade social e ser reconhecido em seu espaço foram pautas bastante aprofundadas no curta.

Apesar de ser um filme complemento do álbum, a trilha sonora foi feita apenas com instrumentais das músicas da obra, com a voz de Zudizilla sendo ouvida apenas no final do curta, o que acabou gerando certo impacto negativo, já que as letras ajudariam a fortalecer a ideia do filme. Muitas simbologias utilizadas também são pontos importantes da obra, como quando é falada a frase “Só não tinha preto” em determinada cena. Esta frase é colocada no mudo quando dita, podendo ser reconhecida apenas pelo movimento da boca e pela legenda do filme, e não há nada mais explicativo do que tornar a invisibilidade do povo preto no Sul como algo que não pode ser ouvido.

Outra cena que chama bastante atenção é a de uma mão deixando cair um prato com quindim no chão e o prato se quebrando. Logo após esta cena, os personagens de Agnes Mariá e Faylon Lima acabam discutindo sobre Pelotas, a cidade do doce e que, de doce, ela não tem nada. Agnes ainda faz uma crítica ao quão importante é ela estar no meio de manifestações do povo preto, afinal ela ainda tem necessidades e precisa de dinheiro para sobreviver. É interessante citar os nomes dos personagens falados neste diálogo: Zulu, César e Maninho. Separados no curta, eles fazem parte do indivíduo Zudizilla, que dá um pouco do seu modo de ser a cada um deles.

O filme é um curta que merece ser visto mais vezes para ser melhor entendido, e de preferência é bom ouvir “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)” para ter uma ideia melhor do que significam estas obras. No final do filme, os personagens chegam a uma conclusão do que fazer para serem reconhecidos em meio a um espaço que os invisibiliza, e a mensagem deixada é a mesma que inicia o filme: “A gente TEM que sair daqui”.

Sobre Zudizilla

Zudizilla é um rapper, designer, roteirista e artista gráfico pelotense que para poder viver da música teve que se mudar para São Paulo. Com um repertório vasto de três álbuns bem aclamados pelo público: “Faça a Coisa Certa”, “Zulu, Vol. 1: De Onde Eu Possa Alcançar o Céu Sem Deixar o Chão” e “Zulu: de César a Cristo (Vol. 2)”, o rapper nascido e criado no bairro Guabiroba sempre procura trazer suas origens para a música com pautas que precisam ser ditas e ouvidas pela sociedade. O artista é um dos maiores nomes artísticos hoje no Rio Grande do Sul, sendo reconhecido por grandes nomes da música e do rap nacional, como o rapper de São Paulo, Emicida, com quem já tem uma música em parceria.

Ele e sua esposa, a cantora baiana Luedj Luna, vivem em São Paulo com seu filho Dayo. Mesmo assim, Zud sempre procura pelo menos uma vez ao ano aparecer em Pelotas e fazer um show para a sua gente. O artista já está trabalhando no último álbum da trilogia Zulu e espera-se que mais uma obra-prima seja feita pelo rapper pelotense.

Veja o filme neste link

Ouça o álbum neste link

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“The Love Hypothesis”: Romance e Ciência

Por Evelise Goulart Soares    

Complicações amorosas no meio científico fazem de obra literária sucesso nos Estados Unidos

Neurocientista e professora, Ali Hazelwood também escreve romances           Foto: Divulgação

“The Love Hypothesis” é o primeiro livro de romance publicado pela autora Ali Hazelwood. Lançado em setembro de 2021, pela Berkley Books, o livro é um dos best sellers destacados pelo jornal estadunidense New York Times. Em pouco tempo, tornou-se um fenômeno no TikTok. Sua versão traduzida será publicada ainda em 2022 pela editora Arqueiro no Brasil.

O livro conta a história de Olive, uma estudante de Biologia, em seu terceiro ano de PhD, e Adam Carlsen, o professor mais severo de Stanford. A jovem não acredita muito no amor, e tem várias hipóteses sobre isso. O problema dela é sua amiga Ahn, uma romântica incurável. Ahn é apaixonada por Jeremy, ex-namorado de Olive, mas as duas têm uma regra, nunca namorar o ex da outra.

Sabendo que Jeremy e Ahn são perfeitos um para o outro, Olive decide mentir, e dizer para a amiga que não tem interesse em Jeremy e que eles podem ser um casal, porque ela já está namorando outra pessoa. O que ela não esperava é que Ahn fosse precisar de provas.

É isso que faz com que ela beije um completo estranho em um momento de pânico nos corredores do laboratório. Para o seu desespero, esse homem não é ninguém menos que o Dr. Carlsen, o professor mais ranzinza de toda Stanford.

E é aqui que o romance começa, depois de muita discussão, os dois entram em um acordo, fingir estar em um relacionamento. Olive faz isso para convencer a amiga e Adam, bom, ele tem seus próprios motivos.

Capa faz do livro uma atração nas redes sociais

Quando se depara com as pessoas no TikTok falando sobre esse livro, o que mais chama atenção é a capa. Sim, não devemos julgar um livro pela capa, mas esse tem a capa mais fofa. E mesmo que a beleza não seja tudo, deve-se dar uma chance e, pasmem, é, sem dúvida, uma das melhores leituras que o booktok já indicou. As pequenas definições das hipóteses no começo de cada capítulo são simplesmente perfeitas.

Mesmo sendo uma leitura leve e engraçada, a autora aborda temas importantes como o tratamento das mulheres no meio científico, mostrando o quão difícil e preconceituoso o contexto dos e das cientistas consegue ser. Mas também o que a persistência e a força de vontade podem alcançar.

O livro tem conteúdo para todos os gostos, romance slowburn, com o envolvimento entre as personagens aumentando aos poucos, relacionamento falso, uma pitadinha de conteúdo adulto, uma protagonista demisexual (quando a pessoa só sente atração por quem ela já tem algum tipo de ligação emocional ou intelectual), romance, romance e mais romance. Porém vale a pena ressaltar que, além de toda a parte divertida, também aborda temas como assédio, morte e violência. Então, se você é sensível a algum desses conteúdos, esteja avisado.

O romance é muito bem construído, toda a história em si é muito bem pensada, os personagens são cativantes, fazendo com que o livro não gire apenas em torno dos protagonistas, dando uma certa profundidade à história, o que acaba realmente prendendo o leitor. Se prepare para sofrer com Ahn, rir muito com Malcolm e, é claro, apaixonar-se junto com Olive e Adam. Enfim, esse livro vai te fazer rir, chorar e corar de vergonha. É, sem dúvida, uma das experiências mais divertidas e faz jus à fama que tem.

Além disso, Ali Hazelwood merece toda o hype em cima do seu trabalho, afinal além de ser neurocientista e professora, no seu tempo livre, ela ainda escreve livros de romance sobre garotas empoderadas que conquistaram seu lugar no meio científico. E, não só isso, como também encontraram o amor sem precisarem abrir mão dos seus sonhos. Afinal as garotas podem, sim, ter tudo.

Saiba mais sobre a autora e sua obras neste site na língua inglesa.

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