Misenscene leva a beleza e cultura do teatro aos palcos gaúchos

Por Julya Bartz Boemeke Schmechel    

 Há oito anos nasceu a companhia que atua em São Lourenço do Sul e Porto Alegre

Grupo realiza montagens de espetáculos adultos e infantis, cursos de formação e constante divulgação da arte teatral

 

Não dá para negar: o teatro é uma das artes mais bonitas e originais que existem. Através das peças, os atores contam histórias que despertam no público os mais variados sentimentos. E com a popularização de plataformas de streaming, principalmente durante a pandemia, é fato que o teatro foi diretamente abalado. Mas esta arte segue viva e com cada vez mais força para levar cultura às pessoas. É o caso da Misenscene Arte e Cultura, empresa com foco na arte teatral que atua principalmente em São Lourenço do Sul e Porto Alegre.

Formado em licenciatura em teatro pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Lucas Lopes é criador, diretor e professor da Misenscene Arte e Cultura. A história começou em 2014, com a ideia de criação que surgiu dentro do ônibus na capital do estado (local onde mora atualmente).

Lucas, que é natural de São Lourenço do Sul, conta que o início aconteceu com alguns conhecidos de Porto Alegre que já faziam teatro. Para o elenco de apoio, foram convocados alguns membros de sua família, que tinham interesse pela arte. E foi assim que a companhia começou a caminhar: com dois grupos – de São Lourenço e Porto Alegre – que se uniram em uma mesma peça, que teve sua estreia realizada no município lourenciano. “Eu trabalhava como ator em uma companhia e percebi que queria mesmo dirigir, ter essa oportunidade de montar os espetáculos, de escolher a peça que eu iria trabalhar […] Sempre foi um desejo meu e foi aí que despertou o início da Misenscene”, explica.

Planejamento das peças

Lucas conta que o “carro chefe” da Misenscene são peças para o público infantil, pelas quais eles realizam adaptações de histórias clássicas e as transformam em espetáculos.

Ele ainda explica que o processo de montagem acontece a partir de três tópicos importantes:

1 – O seu interesse próprio, como diretor, em montar um espetáculo.

2 – O interesse do elenco em atuar no espetáculo.

3 – O provável interesse do público em assistir ao espetáculo.

Ao unir os três tópicos, é possível realizar o planejamento. Mas, em algumas situações, é necessário adaptar os espetáculos para conseguir realizá-los. Lucas explica que, em São Lourenço do Sul, a Misenscene não possui um espaço físico fixo para as apresentações, portanto não é possível ficar em cartaz por meses com uma mesma peça, como seria o ideal. Neste caso, é necessário ter uma demanda grande de cada mês para poder apresentar as peças. 

Os ensaios das peças também são bem planejados e intercalados, ocorrem sempre de acordo com a disponibilidade do elenco. 

Sobre a criação das peças, Lucas explica que os espetáculos infantis geralmente são adaptações de clássicos, enquanto as peças adultas são criações próprias. “Até agora, as peças adultas têm só duas adaptações. Dois textos que peguei de outros autores e eu criei em cima deles. Mas a maioria é criação minha”.

O elenco da Misenscene ainda pode participar da parte de criação: “Estou sempre aberto às sugestões do elenco. É bem livre, cada um pode trazer propostas”. Ele ainda conta que já criaram algumas peças para maiores de 18 anos, que abordam assuntos como racismo, xenofobia, LGBTfobia e violência doméstica. O próprio elenco propôs os temas que queriam que fossem debatidos nas peças.

O grupo faz adaptações para os palcos de histórias clássicas como “O rei leão”

 

O teatro e a pandemia do coronavírus

A pandemia modificou a vida de todos e obrigou o mundo a se adaptar ao digital. Lucas conta que estes quase dois anos parados foram utilizados para criar projetos, realizar ensaios online e discutir textos. Além disso, a Misenscene fez algumas vídeo-performances, além de cursos gratuitos para manter vivo o interesse pelo teatro.

O lado negativo foi o tempo longe do público, sem manter a rotina de apresentações em São Lourenço e Porto Alegre à qual estavam acostumados. A Misenscene perdeu um pouco do público e alguns dos poucos membros do elenco. Além disso, sem os espetáculos, não havia a renda a partir das apresentações.

Lucas também pontua como as plataformas de streaming balançaram a Miscenscene: “Apesar de serem coisas completamente diferentes, tivemos que “competir” com plataformas de streaming, por exemplo. Muitas famílias criaram o hábito de ligar a Netflix principalmente para os filhos e perderam o pique de sair de casa para assistir uma peça”.

Como lado positivo, Lucas cita a possibilidade de realizar ensaios virtuais e não perder o ritmo. Foi uma adaptação necessária e que se tornou benéfica, principalmente para o elenco de Porto Alegre.

A arte teatral no município de São Lourenço do Sul

São Lourenço do Sul é um município com cerca de 43 mil habitantes, conhecido principalmente pela beleza de suas praias e a receptividade dos moradores. Mas quando se fala em cultura, será que o munícipio é receptivo com o trabalho de artistas locais?

Lucas explica que a primeira dificuldade que encontram em São Lourenço é a falta do espaço próprio para apresentações, como dito anteriormente. A Misenscene aluga espaços dentro do município para realizar suas apresentações, mas não possui um local fixo, o que dificulta o trabalho. Quanto à receptividade dos moradores, Lucas afirma: “Da parte do público foi um processo bem complicado… A gente teve que “educar” o público para assistir teatro. Foi aos poucos, foi através de oficinas de teatro que eu dava, foi todo um processo de mostrar o que é o teatro, porque São Lourenço teve pouca referência”. Além disso, o criador da Misenscene explica que falta apoio e incentivo do poder público aos artistas locais. Existe o interesse no teatro, mas busca-se por apresentações que sejam realizadas de maneira gratuita.

“Muitas vezes, o poder (público) não investe em algo diferente para incentivar. E outra coisa: São Lourenço não tem um incentivo aos artistas locais. O que é de fora é bom, mas quando é do local, não. Muitas vezes contratam profissionais de outras cidades quando temos ótimos artistas aqui”.

“O funeral de Pedrinho pé de canha” é uma das montagens do repertório voltado para o público adulto

 

Quem pode entrar para a Misenscene?

Para participar do elenco, Lucas reforça que o enfoque da Misenscene é escola de teatro, o que significa que eles estão disponíveis para ensinar a arte do teatro para quem está disposto a participar. “Às vezes eu oferto cursos gratuitos. Se a pessoa tem interesse em entrar para o teatro, eu faço um mês de curso ou ‘ensaios-cursos’, nos quais dou um pouquinho de curso no dia e, nesse mesmo dia, a gente faz um ensaio voltado para uma peça que vai estrear”. Desta maneira, os alunos têm a possibilidade de ensaiar na prática, tendo a chance de fazer uma apresentação para o público real.

Lucas explica que as portas da Misenscene estão sempre abertas, principalmente para quem está realmente interessado na arte do teatro.

A peça teatral “Moana” é um dos espetáculos que a companhia está levando para diversas cidades gaúchas

 

Planos para 2022

Segundo Lucas Lopes, 2022 já está sendo um ano de recomeços: “Iniciamos o ano arrumando o nosso logo, antes o nome era “Companhia Teatral Misenscene” e agora somos “Misenscene Arte e Cultura”.

Atualmente estão apresentando peças em São Lourenço do Sul e Porto Alegre com frequência, mas já passaram (e ainda vão passar) por cidades como Canoas e Teutônia.

O foco para 2022 é realizar projetos voltados às escolas, para que as crianças tenham acesso à arte teatral. Nestes projetos, Lucas explica que geralmente é cobrado um valor baixo para que todos os alunos possam assistir aos espetáculos e que recomecem as aulas com mais ânimo.

Ele finaliza reforçando a importância de manter a arte viva e espalhá-la por todos os lugares, principalmente nas escolas: “O que a gente luta mesmo é pela arte e a cultura. E sendo mais preciso, a cultura e a educação tem que andar juntas”.

Para conhecer mais sobre a Misenscene, acesse as redes sociais FacebookInstagram.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Música leva ao debate de ideias em Rio Grande

Por Rayla Ribeiro e Vitor Porto      

Batalhas de Rap acontecem a Praça Tamandaré às quartas-feiras

Desde a Grécia antiga até as cidades empobrecidas da América Latina nos dias de hoje, as pessoas se reúnem em praças para falarem e serem ouvidas. No extremo sul do Brasil não é diferente. E a versão mais recente desse encontro para a troca de ideias são as batalhas de rap, como ocorrem em Rio Grande.

Todas as quartas-feiras à noite, jovens de Rio Grande se enfrentam em uma batalha, na Praça Tamandaré. Não com violência como a palavra sugere, mas com pensamentos e palavras. É a Batalha do Cassino.

Cada artista tem sua vez para improvisar rimas contra seu oponente. Ao final, plateia escolhe vencedor da rodada

 

Rio Grande não tinha a cultura do rap. Nos últimos anos, e, aos poucos, esse cenário foi sendo alterado pelas novas gerações, como fala o rapper de batalha rio-grandino, Yago Gonçalves, também conhecido como Rose G. “O cenário do rap em Rio Grande, hoje em dia, é constituído numa mescla de gerações e já conta com nomes conhecidos da antiga escola”.

Ele também conta sobre a importância das batalhas e do rap para a cidade, já que possuem grande “impacto nas áreas de vulnerabilidade social, dando voz a quem não tem, até mesmo como forma de protesto”. Assim, o rap ajuda pessoas que poderiam estar em situações de risco, transformando suas dores em arte.

O rapper ainda apresenta as maiores dificuldades dos artistas na cidade, que incluem a falta de visibilidade e “também o espaço que é concedido para o pessoal, principalmente para os mais novos”. Segundo ele, muitas vezes, essa cultura não é bem-vista pela sociedade, o que também atrapalha os artistas a lançarem suas carreiras.

A Batalha do Cassino

Tentando mudar esse cenário, jovens rio-grandinos se reuniram para fundar a “Batalha do Cassino”, evento de batalhas de mc’s. “É também um sonho de poder fazer uma coisa diferente na cidade e mostrar que temos cultura aqui e o hip-hop é bem forte em Rio Grande”, comenta Felipe Potrich, um dos organizadores.

Os eventos de rap têm recebido apoio da iniciativa privada

“Batalha de rap” é o nome dado ao confronto entre dois rappers. Elas são divididas em rounds. Nele cada artista tem sua vez para improvisar rimas contra o seu oponente. Ao final, a plateia, através de aplausos e gritos de suporte, escolhe o vencedor da rodada.

“A ideia de começar a Batalha do Cassino surgiu com o intuito de cultivar o hip-hop na cidade e ter um evento semanal em que os mc’s pudessem ter o espaço para aprimorar a rimas, o conhecimento e treinar o free style…”, complementa Felipe, que também participa das batalhas.

O rap historicamente é marginalizado. O seu berço é a Jamaica, nos anos 60, e logo o novo estilo musical chegou aos bairros de imigrantes pobres em Nova Iorque. Com letras contendo relatados do dia a dia dessas comunidades, afetadas por guerras de facções, racismo, drogas, violência e abandono do poder público, logo não foram aceitas pela alta sociedade. No Brasil não foi diferente.

Ainda que seja um dos estilos musicais mais ouvidos do País, principalmente nas cidades médias e grandes, o rap não é bem-visto, tanto pelo poder público quanto pelos agentes de segurança.

“Não contamos com nenhuma ajuda do poder público, até hoje não conseguimos participar de nenhum edital, não fomos chamados para eventos da Prefeitura. Os eventos em que nós participamos foram de iniciativa privada, por parte de networking, pessoas que a gente conhece e que nos chamaram. Mas, a partir da Prefeitura ou poder público, nós nunca tivemos esse espaço ou ajuda. Pelo contrário, houve algumas interferências da Guarda Municipal, como uma abordagem com truculência em que eu acabei saindo levemente ferido. [Estão] sempre procurando alguma coisa para interferir na Batalha. Teve mais uma interferência do que uma ajuda. Ajuda, até hoje, não teve”, afirma Felipe.

Mesmo sem incentivo do poder público, aos poucos a Batalha do Cassino vai ganhando o seu espaço. Empresas locais já notaram o movimento e abraçaram a ideia. A Mala Records recentemente forneceu microfones sem fio para a Batalha e outros pequenos empreendedores da cidade ajudaram com a premiação aos mc’s vencedores dos encontros.

Um marco importante para o grupo foi a realização de duas edições da Batalha na casa de festas Espaço Lambe. Com ingressos esgotados, os dois eventos contaram com a participação de diversos artistas da cena local, com apresentações e exposições artísticas. 

Esse é só o começo. Diversos artistas conhecidos nacionalmente surgiram nas famosas Batalha da Aldeia e Batalha do Tanque, em São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente, quem sabe um dia um dos jovens que hoje rimam na Praça Tamandaré às quartas-feiras à noite não levem suas rimas para o mundo.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Cinema pelotense se prepara para receber aposta de bilheteria

Por Alexsandro Santos      

Filme “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” estreia dia 4 de maio com ingressos em pré-venda no CineArt

Na primeira semana do mês de maio, estreará nos cinemas o próximo filme da franquia da Marvel Studios. Intitulado “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”. A peça cinematográfica conta a saga de Stephen Strange e a sua tentativa de restaurar o mundo após lançar um feitiço perigoso que manipulava o tempo e o espaço. Para alimentar a curiosidade dos fãs, a empresa lançou no dia 13 de abril um novo teaser do filme, apresentando cenas inéditas e fora de contexto da obra. Uma prévia do que está por vir nesta produção foi compartilhada pelo Canal da Marvel Brasil no Youtube.

História trata da linha tênue entre a mera estranheza e a loucura                    Foto: Divulgação

Dirigido por Sam Raimi, o longa conta com a participação de Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Rachel McAdams e Benedict Wong voltando aos seus papéis principais. Além deles, Xochitl Gomez, Patrick Stewart, Bruce Campbell e Chiwetel Ejiofor completam o elenco. “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” é aguardado com expectativa pelos cinemas pelotenses. Em sua conta oficial no  Instagram, o CineArt de Pelotas anunciou a pré-venda dos ingressos, que já está ocorrendo.

Confira o trailer lançado essa semana para promover o filme. A trama abordará a linha tênue entre o que é meramente estranho e a loucura. 

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

FECANPOP é sucesso em Canguçu

Por Jéssica Timm    

Evento reuniu músicos locais e nacionais em transmissão ao vivo pela Prefeitura

O Festival Canguçu da Canção Popular (FECANPOP), realizado nos dias 25 e 26 de março, foi um sucesso em Canguçu. Em sua vigésima edição, o evento contou com a participação de artistas locais e nacionais. O objetivo, conforme informado pelo Departamento de Cultura da Prefeitura, era promover a integração de artistas de Canguçu e região e possibilitar ao público um espetáculo artístico e musical.

 

Após primeira noite do Festival, foram selecionadas 12 músicas para disputa da grande final   Foto: Jéssica Timm

 

Inicialmente, o Festival ocorreria no Ginásio Municipal de Esportes, mas, após um problema com a estrutura do palco, foi necessária a troca para o Cine Teatro da cidade. No novo local, não houve a liberação dos bombeiros para a presença de público, desta forma, o público pode acompanhar o evento somente através da transmissão ao vivo realizada pela Prefeitura.

Apesar dos imprevistos, a coordenadora de cultura Roberta Coutinho destaca a boa repercussão do Festival. “Faltando dois dias para o evento nós precisamos fazer a troca de local. Chegando no Cine Teatro não conseguimos a liberação dos bombeiros devido ao PPCI [Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios]. Mas nem mesmo esses imprevistos conseguiram tirar o brilhantismo do nosso Festival e tenho certeza de que o público ficou maravilhado com o que assistiu”, destacou.

O Festival estava sem realização desde o ano de 2014 e foi retomado pela Prefeitura em 2021. Agora, conforme informado pelo prefeito Vinicius Pegoraro, a intenção é possibilitar a manutenção do evento de forma anual, “Estamos na segunda edição do Festival após a sua retomada e já observamos um sucesso consolidado. Por isso, é importante que possamos mantê-lo, até porque o setor cultural foi um dos principais prejudicados com a pandemia e essa retomada é uma forma de contribuir nessa recuperação”, frisou.

Ao todo, o Departamento de Cultura recebeu mais de 100 inscrições de artistas, entre os quais 16 foram classificados pela banca examinadora para a primeira etapa classificatória do Festival. Foram avaliados os quesitos de letra, música e intérprete. Após a primeira noite de apresentações do Festival, foram selecionadas 12 músicas para a disputa da grande final do evento.

Noite de encerramento do festival com a entrega dos prêmios                                  Foto: Camila Kreps

 

A cantora Pricila Olave, vencedora desta edição, destacou a sua alegria com a realização do evento. “Eu não conhecia o festival então foi uma surpresa muito positiva pra mim por abranger diversos gêneros musicais. Chegar lá e ter esse contato direto, com canções e músicos de extrema qualidade, expande a mente e a cultura”, disse.

A artista ainda falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor de cultura devido à pandemia. “Nós trabalhadores da cultura vivemos tempos muito difíceis com a chegada da pandemia e a arte nos proporciona algo que vai muito além de trabalho, ela nos move, alimenta nossa alma. Por isso, eu aplaudo a todos os responsáveis pelo FECANPOP por escolherem a cultura, por entenderem a sua importância, a sua grandiosidade e por proporcionarem a todos nós artistas mais um espaço para mostrarmos nosso trabalho e partilharmos com o público a nossa arte”.

Olave interpretou a música “Eu Lírico”, uma composição das artistas Aline Ribas e Bianca Bergmann, que recebeu o prêmio de melhor letra do Festival. A cantora, por sua vez, foi premiada com o primeiro lugar na fase geral e o prêmio de melhor intérprete do Festival.

Pricila Olave foi premiada com canção “Eu Lírico”, composição de Aline Ribas e Bianca Bergmann    Foto: Camila Kreps

 

“Fiquei feliz com as premiações recebidas por ‘Eu Lírico’, porque é uma canção que vem para quebrar padrões, premiar a liberdade e o empoderamento feminino. Mas foi uma disputa difícil, pois as composições, arranjos, instrumentistas e intérpretes que defenderam as canções no palco do festival foram de extrema qualidade, bom gosto e profissionalismo”, disse a artista.

Com a resposta positiva do Festival, o Departamento de Cultura já está organizando o calendário cultural de eventos que ainda estão previstos para esse ano. Em junho, está o Festival da Cultura Alemã e Pomerana (FESTCAP), em agosto a Geração e Distribuição da Chama Crioula, em setembro os festejos farroupilhas, em outubro a Ciranda Estudantil Nativista (CIENA) e em novembro o FestQuilombola e o Canto dos Cardeais.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

BiblioVAN: projeto itinerante visita Canguçu

Por Vivian Domingues Mattos     

O poeta Pedro Marodin está transitando todo o Estado com a sua biblioteca

Escritor divulga obras literárias e contribui para alegrar cotidiano das cidades      Fotos: Vivian Domingues Mattos 

Transportando cultura sobre quatro rodas, o projeto BiblioVAN do poeta e escritor Pedro Marodin, viaja entre cidades brasileiras levando literatura e arte. A iniciativa foi contemplada pela Lei Aldir Blanc de apoio à cultura e agora permanece de maneira independente disponibilizando acesso gratuito a um acervo com mais de dois mil livros.

Durante a passagem do escritor pelas cidades interioranas, os leitores podem retirar as obras através de um empréstimo e devolver para biblioteca até o último dia de permanência do projeto na localidade. Dentre alguns municípios que já receberam a BiblioVAN, estão Nova Hartz, São Jerônimo, Vale Real, Estrela, Soledade, Arvorezinha, Roca Sales e entre outros.

Acervo é disponível para empréstimo durante sua estada no município e sax está a postos para shows

Música é uma das atrações

O período de funcionamento da iniciativa pela Lei já está finalizado, mas Marodin optou por dar continuidade à biblioteca itinerante de maneira independente, vendendo obras literárias de sua autoria para manter custos de vida, viagem e manutenção do veículo. Atualmente, o objetivo de Pedro é visitar todos os municípios do Rio Grande do Sul e se aposentar trabalhando no projeto.

Marodin comenta que ao chegar nas cidades busca elevar o astral da comunidade, através da sua arte. “A ideia é levar a literatura, a arte, a cultura, a presença do escritor e o artista para as cidades pequenas, brincando com as crianças, tocando saxofone para os velhinhos, recitando poemas de amor para os casais para fortalecer os laços de amor da relação…”, disse.

Inspiração para o projeto

Em 2020, ao inscrever-se para o edital da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, Marodin utilizou como inspiração a iniciativa de um amigo. Neste projeto era utilizado o recurso audiovisual, em que com uma Kombi o viajante visitava os municípios convidando a comunidade local para assistir filmes em um cinema ao ar livre na temática de “Não-Violência”.

A partir disso, o escritor implementou algo na sua área, optando pela arte da literatura como seu projeto.

 

 

Vários municípios gaúchos já foram contemplados com a visita

Disponibiliza acesso gratuito a um acervo com mais de dois mil livros

Objetivo é levar leituras para todo Rio Grande do Sul

 

Sobre Pedro Marodin

O escritor independente participou do grupo Camões Baby e tem uma obra diversificada 

Anteriormente ao projeto, Pedro participou durante cinco anos do Grupo Camões Baby, com apresentações poéticas e teatrais nos anos 1980.

Depois dessa experiência, a publicação de sua primeira obra autoral ocorreu em 1988 e, durante os 24 anos seguintes, viajou o país vendendo seus livros para a comunidade dos locais que visitava, em feiras de livros, sarais e  bares, entre outros.

Ao todo, Pedro Marodin publicou 13 obras, sendo um escritor eclético e independente, não possuindo uma única linha editorial.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Que legal, Vivian, puxa, ficou linda a matéria!!! Parabéns!!

Pedro Marodin

 

Museu Afro Brasil Sul comemora dois anos

Por Elena Bom Reis Abreu dos Santos     

O  MABSul foi criado em 2020 e tem relevância para toda a região

O MABSul (O Museu Afro Brasil Sul), nasceu do sonho do desejo de mudanças na estrutura social da população negra, não só da cidade de Pelotas, mas de toda região Sul do país. O museu já existe há dois anos e foi fundado em março de 2020. Surgiu junto com as dificuldades da pandemia, e se adequou ao mundo virtual, pois a equipe conta com uma equipe de 50 pessoas e que não residem na mesma cidade.

A grande importância do Museu Afro Brasil Sul (Mabsul) está em conferir a visibilidade não só aos negros, mas à sua história, e às leis que os amparam.  A Lei 10.639/11645, por exemplo, estipula o ensino da História da África e da Cultura afro-brasileira nos sistemas de ensino e requer uma tomada de conscientização coletiva.

“A missão do MABSul é identificar, preservar, divulgar amplamente e tornar acessível em meio digital o patrimônio cultural material e imaterial pertencentes à região Sul do Brasil, presente nas expressões e manifestações culturais afro-brasileiras. Tendo inclusive, seu regimento já aprovado pelo Consun (Conselho Universitário)”, diz Jocelem Mariza Soares Fernandes, coordenadora adjunta do Museu Afro-Brasil-Sul.

Com o uso das redes sociais, a proposta é atingir o maior número possível de pessoas para que conheçam a história negra do Sul do país, que constitui um patrimônio imaterial digno de estar em um museu.

Recentemente o Museu Afro Brasil Sul (MARSul), recebeu uma doação de grande importância da Ecosul (Empresa Concessionária de Rodovias do Sul S.A.). Esse recurso foi destinado para a compra de equipamentos eletrônicos de primeira linha, que já estão possibilitando um trabalho de produção intelectual sobre a cultura negra do Sul do Brasil de mais qualidade.

Equipe do Museu reuniu-se para celebrar o apoio da empresa Ecosul

Com o uso das redes sociais, a proposta é atingir o maior número possível de pessoas para que conheçam a história negra do Sul do país, que constitui um patrimônio imaterial digno de estar em um museu. A instituição pesquisa a história negra do Sul do país, perpassando todas as áreas culturais e valorizando os festejos religiosos, a culinária, o associativismo, personalidades, educação, quilombismo e clubes negros. As imagens apresentadas têm origem nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

As exposições do acervo estão sendo lançadas mensalmente. A mais recente foi a coleção “Carnaval”, apresentada no Instagram.

PRIMEIRA PÁGINA

 

 

COMENTÁRIOS

 

Coletivo MeiaOito: uma companhia teatral independente de Pelotas

Por Ana Beatriz Assunção Garrafiel        

Diretor e ator do grupo relata o funcionamento, a produção e as dificuldades no seu dia a dia

É impossível falar da história do mundo e não citar o teatro. Ele acompanha a civilização desde muito antes do que podemos imaginar, e sempre serviu como uma forma de expressar sentimentos, crenças e pensamentos. Pelotas, cidade conhecida por muitos como um polo cultural, abriga diversas companhias de teatro independente e cede espaço a peças e encenações que encantam e enriquecem ainda mais a história da cidade e de seus habitantes.

Porém, nem tudo é glamour. Apesar de ser uma arte muito reconhecida e estimada, o teatro, principalmente a modalidade independente, encontra diversas dificuldades para sobreviver em meio a uma desvalorização e não apreciação dos artistas. Para dar maior apoio aos atores e propagar a beleza da quinta arte, é preciso conhecer um pouco mais sobre as companhias e quem faz parte dela.

O ator e diretor Lucas Ribeiro Galho, da companhia Coletivo MeiaOito, diz ‘’que o público, principalmente o pelotense, é essencial para o desenvolvimento de grupos independentes na cidade’’. Nascido em 2017, o coletivo atualmente conta com quatro integrantes e possui dois espetáculos em produção. ‘’Sempre qualquer pessoa do grupo pode chegar e propor uma encenação. Aí ela é votada pelos integrantes [do grupo] e é aceita ou recusada’’, explica.

Os participantes do grupo fazem toda a produção das peças e propõem ideias para as montagens, além, claro, da sua própria atuação. Mas também podem chamar pessoas de fora do grupo para participarem e ajudarem na parte de figurino e dramaturgia, além da parte mais técnica, como iluminação. Lucas também explica que os temas das encenações do grupo são geralmente focados na dramaturgia mais recente: ‘’Geralmente as ideias que abordamos em nossos espetáculos vêm da realidade contemporânea, de como os jovens adultos percebem as relações e como percebemos a política, coisas que nos afetam diretamente, mas não de uma forma panfletária’’.

O grupo prefere abordar esses temas de forma humorística, mas sempre com um tom realístico: ‘’Trabalhamos muito com o humor enquanto forma de demonstrar e escancarar algumas coisas que, muitas vezes, não percebemos, ou que percebemos, mas não refletimos sobre’’, explica.

A produção das peças e a proposição de ideias para as montagens é feita de forma coletiva                 Fotos: Divulgação

 

Apesar de trazerem temas reais e necessários em forma de arte, a companhia enfrenta diversas dificuldades por conta da falta de espaço e incentivo. Galho ainda completa: ‘’Muitas vezes, os artistas dos grupos têm que desenvolver outros tipos de trabalho para conseguir realizar a prática artística, justamente por não ter um espaço formal de trabalho, sem remuneração mensal. Isso é uma grande dificuldade que temos’’. O Coletivo MeiaOito, assim como muitos outros coletivos independentes, produz espetáculos com seus próprios meios, sem apoio público ou privado: ‘’Às vezes conseguimos recurso privado, porém tudo pontual, nada contínuo’’.

Lucas ainda aponta outro fator que vem observando há algum tempo por parte do público e dificulta a sobrevivência das companhias: ‘’Existe uma certa resistência do público pelotense a pagar por espetáculos locais. Geralmente, espetáculos de fora têm maior público pagante’’, completa. Para ele, o apoio dos espectadores é essencial, pois ‘’se não há quem veja as peças, as companhias perdem a sua finalidade, que é o encontro com o público’’, comenta o ator.

O grupo, em 2018, na apresentação de sua primeira peça produzida: ‘’Cartão Postal’’

Não se precisa ir muito longe para descobrir diversos talentos prontos para serem explorados, mas que, por falta de incentivo, não possuem oportunidade de crescer e expandir ainda mais. Apoiar artistas locais é essencial para o desenvolvimento não somente destes, mas também do enriquecimento cultural de uma região. ‘’Acreditamos que a arte é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de uma identidade cultural, pessoal e coletiva de uma região. A arte é fundamental para uma cidade se desenvolver de uma forma mais democrática’’, finaliza Lucas.

Acompanhe o Coletivo MeiaOito pelo Instagram, no Facebook ou pelo Youtube: 

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

 

Música e danças brasileiras ganham espaço em Portugal

Por Vitória de Góes (Correspondente do site Arte no Sul em terras portuguesas)    

Sonoridades brasileiras fazem parte do cotidiano do país europeu

17 músicas brasileiras estão entre as 50 mais ouvidas em Portugal

Recentemente repercutiu nas redes sociais um artigo publicado em um jornal português que comentava sobre a influência de youtubers brasileiros na linguagem das crianças portuguesas. Aos poucos, elas incluem palavras da língua brasileira em seu vocabulário. Mas não é apenas nisso que o Brasil tem influenciado os portugueses. A cultura, principalmente a música brasileira, é amplamente ouvida e apreciada em Portugal, de modo que em festas, bares, restaurantes e demais espaços públicos, é possível ouvir músicas de artistas brasileiros e perceber que fazem sucesso no país europeu.

Alguns artistas como Anitta, que há poucos dias conquistou o primeiro lugar global entre as músicas mais escutadas no streaming Spotify, Pedro Sampaio, Luan Santana e Gusttavo Lima, são citados pelos portugueses quando perguntados sobre cantores mais populares.

A estudante portuguesa Carolina Mendonça, 21 anos, é natural da região da Madeira, e conta que, principalmente, após o início da pandemia de Covid-19, passou a ouvir mais músicas brasileiras a partir da indicação de amigos. Ela acredita que o Brasil esteja mais evoluído no setor artístico quando comparado ao seu país, além da língua semelhante contribuir para a identificação com as letras. As músicas também influenciam na forma como os portugueses enxergam o povo brasileiro. Como conta Carolina, a arte produzida no Brasil costuma transmitir mais emoções.

“Vocês não têm medo de expor os sentimentos, nós somos mais resguardados e isso se reflete nas músicas que vocês cantam”, diz. “Nós acabamos vendo os brasileiros como pessoas mais alegres, mas claro que não necessariamente vamos ligar as letras de músicas, como o funk, ao povo”, completa.

As músicas não conquistam apenas os jovens, mas gêneros como MPB e sertanejo são bastante populares entre os mais velhos. Carolina dá o exemplo da sua mãe que aprecia artistas como Seu Jorge e Marília Mendonça.

Matuê, Luan Santana e Anitta são brasileiros mais ouvidos

A internet pode ser uma explicação para o aumento da popularidade da cultura brasileira. Através de aplicativos como o TikTok, que teve grande ascensão nos últimos três anos. Produtores de conteúdo e artistas viralizam produções latinas. Outro motivo também pode ser a crescente imigração. Em 2021, o número de brasileiros morando em Portugal legalmente atingiu o recorde de 209.072. Com isso, a comunidade brasileira é a maior dentre os imigrantes no território português. Os dados são do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

O Funk Brasileiro em escolas de dança tradicionais

Junto com a música, a dança tem ganhado mais espaço nos últimos anos. Assim, o país do samba aos poucos vai se tornando conhecido por outros ritmos como o sertanejo e principalmente o funk. Em cidades como Lisboa e Porto, algumas escolas de dança possuem turmas voltadas para o ensino desses, como é o caso das aulas de “funk brasileiro”, que estão sempre cheias de alunos.

Bruna Carvalho, 38 anos, é bailarina, professora de dança e coreógrafa brasileira, e mora em Portugal há 18 anos. Ela mudou-se para o país já para trabalhar na área e, ao longo do tempo, viu a arte brasileira ganhando espaço e se tornando respeitada. Há seis anos ela percebeu o crescimento do funk e resolveu criar um método de ensino da dança para uma escola localizada na cidade do Porto.

Bruna Carvalho, professora de dança, bailarina e coreógrafa

“As pessoas associam o funk com mexer a bunda, que não deixa de ser um movimento característico, mas resolvi juntar tudo que eu sabia dos outros ritmos e unir ao funk. Foram necessários apenas três meses para começar a fazer sucesso e, desde então, todas as aulas que eu dou nas diversas escolas estão sempre lotadas”, relata.

Bruna ainda conta que a maioria dos seus alunos são portugueses. “O que a nossa música representa hoje em dia é alegria. Há alguns anos era malvisto, hoje em dia eles [portugueses] já olham para a gente com admiração, querem aprender a dançar como nós”.

A dançarina reforça que a cultura brasileira fez com que o povo passasse a ser mais bem recebido e até respeitado em Portugal e em outros países europeus. “Nós somos um povo alegre e aos poucos as pessoas estão aceitando que viemos para cá para somar e trazer mais alegria”, completa.

 

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Projeto apoia trabalho de artistas rio-grandinos

Por Joanna Manhago Andrade   

O Teatro Municipal Agora aconteceu de janeiro a dezembro de 2021 e contou com mais de 45 apresentações artísticas

Durante a pandemia da Covid-19, um dos principais setores afetados foi o cultural. Cantores, dançarinos, pintores e artistas em geral tiveram poucas oportunidades de expressar o seu trabalho em um período em que todos os centros artísticos estavam fechados. Em Rio Grande, o Teatro Municipal desenvolveu um projeto para que esse grupo pudesse se apresentar e conseguir um retorno financeiro a partir disso. Entre os participantes estiveram artistas como Taís Carolina e Isaque Costa.

A apresentação da Escola de Belas Artes teve mais de de 500 telespectadores               Fotos: Divulgação

O Teatro Municipal Agora – nome dado ao projeto – foi um meio em que a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da cidade encontrou de garantir que essas pessoas pudessem realizar shows e performances de forma totalmente gratuita. A primeira apresentação aconteceu no dia 21 de janeiro de 2021, quando estavam fechados casas noturnas, bares e ambientes onde os artistas tinham costume de trabalhar.

As apresentações aconteciam de forma online, em que a comunidade podia adquirir ingressos através de um site, e acompanhavam os shows pela plataforma Zoom. Todo o valor dos ingressos era revertido para o artista, que, além de tudo, não tinha nenhum custo para realizar a sua apresentação.

Eventos tiveram adesão plena dos artistas e do público

A diretora do Teatro Municipal, Alzira Paiva, diz que foi uma iniciativa voltada não só para os artistas, mas também para toda a comunidade: “Na época, nós pedíamos tanto para que as pessoas ficassem em casa, pois era extremamente necessário, nós precisávamos oferecer uma forma de lazer segura e tranquila para que aquilo fosse cumprido”.

Ao longo das apresentações, nomes como Luciana Lima, William Tavares, Bruno Acosta e a Cia Teatral Sobrinhos de Shakespeare participaram. O projeto teve a sua última edição em dezembro de 2021, quando aconteceu a 48ª apresentação. Ao todo, cerca de 200 artistas participaram, já que além das apresentações solo, tiveram também em dupla e grupos.

Os shows aconteciam às quintas-feiras, e, durante os 11 meses de atividades, houve a participação plena dos artistas e público. Alzira relaciona isso à adesão da sociedade e a oportunidade que foi dada: “A gente sabe que a arte é naturalmente marginalizada e tem poucas chances de trabalhar. Nós, como órgão público, temos a obrigação de dar essa oportunidade. Felizmente a cidade abraçou essa causa e conforme cada artista ia mostrando o seu resultado, outros iam nos procurando e movimentando o nosso teatro”.

Tais Carolina

Participação no projeto aumentou a visibilidade do trabalho da cantora

A cantora Tais Carolina foi uma das participantes do projeto, quando realizou a apresentação “Vozes do Amor” no dia 1º de julho de 2021. Ela cantou gravações de MPB, samba e músicas que marcaram gerações.

Ela diz que ter tido a oportunidade de ter cantado em meio à pandemia “foi extremamente importante”. Frisa que não tinha tido nenhuma outra chance de cantar, já que estavam fechados todos os ambientes nos quais ela costumava se apresentar. No entanto, o teatro abriu as portas para a arte dela.

Tais também comentou que o retorno financeiro foi outro ponto relevante: “eu não precisei investir em nada para participar. A comunidade me ajudou, o figurino foi emprestado, a maquiagem e cabelo foi feita através de uma parceria, e, além disso, recebi o valor dos ingressos vendidos, algo que não acontecia desde o início da pandemia.

De acordo com a cantora, essa foi a única chance que ela teve de se apresentar diante de um cenário pandêmico. “Eu sou muito grata ao projeto porque, a partir dele, com a reabertura de bares e casas noturnas, alguns estabelecimentos me procuraram alegando que tinham visto minha apresentação e que gostariam que eu cantasse em seus restaurantes”, finalizou.

Isaque Costa

Músico fez apresentação solo e com a Escola de Belas Artes

Outro artista, foi o cantor Isaque Acosta, que realizou a apresentação “Liberdade” no dia 14 de outubro. Ele também participou do show da Escola de Belas Artes de Rio Grande no dia 8 de abril de 2021. Entretanto, na primeira citada, toda ação era voltada para o seu trabalho.

Assim como Tais, Acosta explica que não teve nenhuma outra chance de se apresentar. Ele relata que era, e ainda é, aluno da Escola de Belas Artes mas, ainda assim, não tinha onde realizar as manifestações artísticas.

“A própria escola estava passando por dificuldades, mas o Teatro deu essa chance e conseguimos dar o primeiro passo para sair daquela crise”, contou. A apresentação da escola quebrou o recorde de visualizações do projeto com mais de 500 telespectadores simultâneos. Ao menos 600 ingressos foram vendidos naquela noite e revertidos para a instituição.

Já sobre a apresentação de Isaque, ele comenta que foi a noite em que “ele conseguiu apresentar as suas composições pela primeira vez em um palco”. O cantor escreveu cerca de cinco músicas durante a pandemia, mas ainda não tinha realizado nenhuma performance dos projetos, fato que aconteceu no Teatro Municipal Agora.

As composições eram: “Sem Medo”, “Aproveitar”, “Ponto Cego”, “Estilo de Marca” e “Sonhos”. A composição “Aproveitar”, que conta inclusive com um clipe, foi recorde de visualizações no YouTube após a apresentação de Isaque, atualmente com cerca de 2,5 mil interações.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

 

 

A joia da Bibliotheca Pública Pelotense

Por Ronaldo Luis   

Álbum “Brazil Pittoresco” requer cuidados e foi alvo de roubo em 1944

A Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), situada no Centro Histórico da cidade, conta com uma joia da literatura brasileira em seu acervo, o álbum “Brazil Pittoresco”, de 1861. Trata-se de peça rara, ainda sem nenhuma outra edição encontrada no território nacional. Este item de acervo não está disponível ao público devido à sua fragilidade e à grande possibilidade de furto, fato que ocorreu no ano de 1944.

A BPP, fundada oficialmente em 14 de novembro de 1875, está localizada na Praça Coronel Pedro Osório, ao lado do prédio sede da Prefeitura Municipal. Possui em seu acervo mais de 235 mil obras catalogadas, conforme relato do secretário Eder Oliveira. Conta também com um Museu Histórico. Este acervo é administrado e conservado pelo assessor e historiador Ueslei da Cruz Goulart, que, junto à bibliotecária Anelise Silva Rosa e a pedagoga Camila Correa Pierzckalski, controlam esse imenso acervo público.

Bibliotheca Pública Pelotense é mantida pela comunidade desde 1875

O álbum “Brazil Pittoresco” de 1861, a “Joia da Bibliotheca” é uma autêntica preciosidade bibliográfica de caráter raro. Trata-se de um álbum histórico produzido na França, encomendado pelo Imperador Dom Pedro II. Este item habitualmente só pode ser manuseado por funcionários da Bibliotheca providos de luvas e máscaras para evitar sua deterioração.

O historiador Ueslei da Cruz Goulart, responsável pela manutenção e restauro do acervo da Instituição, confirma que é uma das obras mais raras da Bibliotheca.  Diz que a peça é tratada com muito carinho. Seu manuseio é feito somente com luvas especiais e em dias secos. Sua leitura não é permitida aos usuários, conservando assim sua integridade física.

Obra é álbum histórico produzido na França, encomendado pelo Imperador Dom Pedro II

Roubo ocorre em 1944

A bibliotecária Anelise Silva Rosa, responsável pelo acervo, destaca que há muitas outras joias na instituição. “São milhares que possuímos, das mais diversas origens. Livros em latim, espanhol, inglês, árabe, alemão e inclusive em português, [risos].” Ela enfatiza que é difícil escolher uma única joia da casa. Mas observa que o “Brazil Pittoresco” está guardado a sete chaves e não é disponibilizado ao público. “Teve uma parte furtada em 1944, por uma pessoa que vivia na cidade de São Paulo, e que veio aqui para conhecê-la. Conseguiu burlar nossa segurança e levou o álbum, tendo inclusive o desmembrado totalmente da capa e separado suas páginas para melhor transportá-lo, devido ao peso, algo em torno de vinte quilos”.

Hoje em dia, a BPP, destina uma boa parte de seu orçamento em segurança voltada para a preservação do acervo público. O autor do furto, em 1944, foi Manoel Vilanova Santos. As autoridades informaram que Santos havia sido localizado a bordo de uma aeronave que seguia para a cidade de Jaguarão onde foi detido. Alegou estar rumando para a Argentina onde tinha negócios a tratar.  Todas as 63 lâminas furtadas medindo 50 centímetros de largura por 64 de comprimento foram recuperadas na cidade de Porto Alegre e devolvidas pela polícia local. A BBP passou a exigir profundas restrições para seu manuseio, sendo que a obra não está disponível aos usuários como qualquer outro item do acervo.

A pedagoga Camila Correa Pierzckalski descreve detalhes do álbum cuidadosamente conservado em ambiente e sala especial. “É composto com três volumes litografados na França. Foi encomendada pelo Imperador Dom Pedro II em 1859”. Camila expressa sua admiração pela peça: “Seu conteúdo, apropriado à época do Império e à tecnologia então disponível para sua diagramação, nos remonta ao período cultural em que a língua portuguesa se fundia com o caboclo brasileiro”. Sabe-se pouco sobre sua origem, apenas que chegou a BPP por doação.

Bibliotheca disponibiliza acervo e realiza eventos frequentes

A Instituição teve sua instalação física em março de 1876, no térreo do prédio cedido pelo então Visconde da Graça, e localizado na esquina das ruas General Neto com Padre Anchieta. Contava então com acervo inicial de 960 volumes. Esses volumes ainda fazem parte do acervo e alguns são mantidos sobre condições especiais.

Na história da BPP, consta que seu nascimento aconteceu, de acordo com a ata da sua primeira reunião, em um prédio cedido por João Simões Lopes, o Visconde da Graça – avô do escritor João Simões Lopes Neto.  Idealizada por Fernando Luís Osorio, filho do General Osório, a Bibliotheca Pública Pelotense, surgiu a partir de uma assembleia que reuniu 45 ilustres colaboradores, lançando as bases da sociedade civil sem fins lucrativos, cujo padrão nome e estilo são conservados até os dias de hoje. Antônio Joaquim Dias, diretor do Correio Mercantil, em jornal datado de 12 de novembro de 1875, publicou um convite geral à sociedade pelotense para a “Fundação da nova instituição cultural”.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Ótima matéria!

Graça