Vamos nos reconectar? Calendário Acadêmico Alternativo é discutido na UFPel
Diante do cenário da pandemia do Coronavírus e as análises que informam o prolongamento do período de distanciamento social, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está elaborando uma proposta de Calendário Acadêmico Alternativo ao previsto anteriormente e que foi suspenso. A intenção é contemplar algumas ofertas de disciplinas que forem possíveis neste momento, considerando as condições objetivas de alunos e professores, visando, sobretudo, manter o vínculo cognitivo e emocional entre alunos e professores e preparar a instituição para o futuro próximo em que as aulas presenciais não poderão ser retomadas da mesma forma como vinham ocorrendo até então. A Instituição está lançando questionários para que docentes e alunos possam informar suas experiências e possibilidades de acesso aos meios digitais, que devem oferecer à gestão uma dimensão mais clara das ferramentas disponíveis e embasar a proposta. Os links foram enviados para o e-mail cadastrado no Cobalto.
A proposta de Calendário Alternativo sugere a oferta de algumas disciplinas obrigatórias e optativas, de forma on-line, de acordo com as experiências e conhecimento de professores, técnicos-administrativos e alunos, com início previsto para junho, após serem feitas as discussões, contribuições e melhorias da proposta.
As possibilidades têm sido analisadas pelo Comitê Acadêmico da UFPel na pandemia, que destaca a importância de construir alternativas viáveis. A proposta oportuniza que a Universidade se mantenha ativa também no campo acadêmico, a exemplo do que já ocorre plenamente nas áreas de pesquisa e extensão, com contribuições significativas para o momento de crise. “Além disso, é uma oportunidade para que a comunidade acadêmica possa vivenciar outras formas de relações pedagógicas, para além das que convencionalmente são vivenciadas, considerando o cenário de incertezas provocado pela Pandemia”, analisou a pró-reitora de Ensino, Maria de Fátima Cóssio.
O Calendário Alternativo será também preparatório para o que se antevê como um modelo híbrido. De acordo com o presidente do Comitê da UFPel para enfrentamento da pandemia, Mario Azevedo Júnior, o ano de 2020 será atípico e a UFPel precisará utilizar a criatividade para minimizar os prejuízos acadêmicos. Segundo ele, observando o andamento da pandemia na região, no Brasil e mundo, é possível prever que o segundo semestre, ainda que permita retorno, deverá ter alguns cuidados importantes. “As ferramentas de educação a distância precisam ser bem utilizadas, porque, ainda que se possa prospectar um retorno, ele ocorrerá com uma série de restrições. Temos que construir juntos alternativas viáveis para que possamos realizar atividades de formação nesse cenário desafiador”, disse.
O pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Flávio Demarco, salienta que essa preocupação perpassa não apenas as Universidades no Brasil, mas tem estado presente em todos os países. “Não poderemos, por exemplo, voltar a ter aulas com salas cheias de alunos. Assim, o ambiente virtual oferece uma oportunidade e alternativa para realização de parte das atividades letivas”, disse. No entanto, observa, aulas práticas, sejam elas, por exemplo, laboratoriais ou clínicas, representam um desafio enorme e têm pouca possibilidade de desenvolvimento em ambiente virtual. “Não só teremos a necessidade de repensar o espaço de ensino virtual, mas também, para quando as atividades presenciais estiverem de volta, como faremos essas atividades com o necessário distanciamento social”, sublinhou.
O reitor, Pedro Hallal, destaca que a gestão deu início à proposta, mas pede que a comunidade ajude a construí-la. De acordo com ele, a UFPel já é protagonista nacional sob os pontos de vista assistencial e administrativo, mas também pode assumir papel de liderança sob o ponto de vista acadêmico. “Nós não vamos fazer aula presencial num momento perigoso e nem substituir presencial por EaD. Precisamos ter um componente acadêmico enquanto estivermos nesse cenário, usando algumas plataformas utilizadas em EaD”.
Desafios e possibilidades
Para o vice-reitor e presidente do Comitê Acadêmico na pandemia, Luís Amaral, trata-se de uma oportunidade única para a Universidade pensar novas práticas.
De acordo com a proposta, o primeiro semestre será de 12 semanas e não 18 – com a flexibilização oportunizada pela Medida Provisória 934 – com início previsto para 1º de junho.
O Calendário trata de ofertas de disciplinas on-line, possíveis de serem ofertadas nessa modalidade neste momento, com condições adequadas que garantam a qualidade acadêmica. A flexibilização proposta na MP refere-se aos dias letivos, mantendo-se a carga horária das disciplinas previstas na matriz curricular de cada curso.
As disciplinas não seriam obrigatórias, mas válidas para integralização curricular. Ou seja, o aluno que quiser poderá cursar e isso será validado. As disciplinas obrigatórias ofertadas nesse semestre terão reoferta em outro semestre para aqueles alunos que não puderam matricular-se neste primeiro semestre de 2020. No entanto, de acordo com a pró-reitora de Ensino, é importante antecipar disciplinas teóricas. A ação irá desafogar o segundo semestre, quando deverão iniciar algumas atividades presenciais.
Os diretores das unidades acadêmicas, alunos, coordenadores de curso de graduação e pós-graduação, Núcleos Docentes Estruturantes e Grupo de Interlocução Pedagógica estão sendo chamados a participar na tomada de decisões em relação à reconfiguração do calendário e à oferta de disciplinas, analisando quais serão possíveis de serem ofertadas neste formato de calendário, tomando por base as ofertas já realizadas, podendo suprimir, substituir ou fazer as alterações que julgarem adequadas.
Após a decisão de quais disciplinas serão ofertadas, com a devida consulta e concordância dos professores de cada colegiado, as ofertas serão cadastradas no sistema e os alunos farão nova matrícula. Os que não puderem efetuar a matrícula neste semestre não perderão o vínculo com a Universidade e seguirão tendo acesso aos programas da PRAE.
Sugere-se que as disciplinas sejam ofertadas em módulos, com seis semanas cada módulo.
Suporte às iniciativas
Para dar sustentação às iniciativas de ofertas de disciplinas em EaD, criou-se a UFPel VIRTUAL, que será o espaço institucional de suporte técnico e operacional para ações e atividades não presenciais. Segundo o reitor, a proposta do calendário alternativo foi pensada a partir de alguns pressupostos iniciais, incluindo as desigualdades de acesso aos meios digitais.
As condições elencadas inicialmente como impeditivas para a oferta de aulas remotas estão sendo tratadas no contexto do Programa UFPel VIRTUAL, envolvendo, por exemplo, aquisição de equipamentos, programas e ferramentas; formação de pessoas para atuação em ambientes virtuais; contratação de tutores e pessoal de apoio; e fortalecimento da Coordenação de Programas de Educação a Distância para acompanhamento, orientações e sugestões aos professores que ofertarem disciplinas na modalidade EAD. Além disso, o programa também busca análise e proposição de alternativas para ampliação do acesso à internet para os alunos e contato com o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão para construção de alternativas de acompanhamento para os estudantes com deficiência. “Vários aspectos estão em movimento para dar segurança e tranquilidade para professores e alunos”, destacou Fátima.
Debates
No dia 23 de abril, houve discussão sobre o tema com os diretores das Unidades Acadêmicas. Nesta segunda (27), o debate foi ampliado com coordenadores de cursos de graduação e pós-graduação e Diretório Central de Estudantes. Em uma live na rede social Facebook, a proposta será socializada com a comunidade, às 19h.