Show de encerramento da V SIIEPE comemora os 50 anos da UFPel
“Ou inventamos ou erramos”. Com a frase do educador oitocentista venezuelano Simón Rodrigues, Alejandro Iglesias, diretor da Orquesta de Instrumentos Autóctonos y Nuevas Tecnologías – OIANT, sediada na Universidad Nacional de Tres de Febrero, explicou, no palco do Theatro Guarany, na noite do dia 25 de outubro, a gênesis do projeto da Orquestra.
Convidada para uma turnê em três universidades federais do Rio Grande do Sul, UFRGS, UFPel e FURG, a OIANT trouxe um espetáculo que revela o resultado de uma estrutura de formação acadêmica na qual o ensino de jovens músicos é pautado pela investigação, pela criação fundada no conhecimento gerado através da pesquisa e pelo aprendizado do fazer de cada elemento que vai para o palco. Para além de um espetáculo cênico e musical, o que a Orquestra apresentou foi uma mostra que evidencia o sistema no qual a originalidade está expressada na criação que se faz por meio da redescoberta de sons ancestrais e da profusa diversidade que as culturas autóctones das Américas tiveram.
O espetáculo, pautado por comentários explicativos de Alejandro, deixou claro a erudição com que cada conteúdo é tratado: seja a composição das músicas, a construção dos instrumentos, a criação da cenografia e das máscaras e a ocupação cênica do palco. O espetáculo encheu os 1200 lugares do Salão de Atos da UFRGS, teve similar plateia no Theatro Guarany e no dia 29 deverá, também, fazer ocupados os 1000 assentos do CIDEC da FURG. A força da Orquestra reside nas palavras com as quais Alejandro apresentou o seu objetivo: “ Tivemos como desejo profundo que a geração que se seguia enfrentasse os desafios de seu tempo com estruturas conceituais dignas dos sonhos dos nossos libertadores que acreditavam que a América era capaz de ser original, que como já dito antes por Simon Rodríguez: ‘de uma só vez, deixemos de ser só os donos de nossas terras para nos tornarmos donos de nós próprios’. Talvez, neste momento, ser americano deixe de ser apenas o pertencimento a um lugar geográfico e passe a ser uma dignidade que cada um de nós conquistou pessoalmente.”
O presente que a OIANT deixa à UFPel, nos seus cinquenta anos, é a certeza do quanto saber sobre o nosso passado importa. Somos depositários do que nos antecedeu. Portanto, é importante conhecer, reconhecer e assumir que essas culturas fazem parte do que somos, assim, como no futuro, faremos dos que virão.