História Indígena

TEMÁTICA INDÍGENA NA ESCOLA

– A lei 11.645/08 torna obrigatória a inclusão da história e cultura dos povos indígenas nos currículos das disciplinas de Geografia, História, Literatura e Artes para o Ensino Fundamental e Médio das escolas públicas e privadas. 

    Agradecemos a colaboração da Profaª. Lori Altmann (Dep. Antropologia – UFPel) pela elaboração deste conteúdo.

RECOMENDAÇÕES GERAIS:

– Todas as culturas são dinâmicas estão sempre em processo de mudança (dinâmica de continuidade e de mudança). Essas mudanças podem advir de escolhas internas, das relações interétnicas ou das pressões que sofreram no decorrer do processo histórico. Direito de mudar!

– Discussões sobre nomenclatura: “índios”, indígenas, povos originários. “índio”resultado de um equívoco. Denominação dos colonizadores portugueses. Um termo melhor seria “indígenas”, no sentido etimológico da palavra. “Toda pessoa que é originária ou natural de determinado lugar”. Povos, nações, “tribos”. “Aldeia” termo carregado de significados ligados ao processo de colonização do país. Aldeamentos como forma de liberar terra para a colonização.

– Enfatizar a diferença positivamente, como uma potencialidade. Apontar para a diversidade cultural, linguística, de realidades regionais e referente a histórias e saberes de cada povo indígena. Etnomatemática; etnomedicina; etnobotânica; etnoarquitetura; Etnohistória …;

– Evitar pré-noções e pré-conceitos. Não cair em estereótipos e em concepções do senso comum. Não ver os povos indígenas pela negação, carência ou ausência, em comparação com nossa cultura. De tradição oral e não ágrafo, mas de tradição oral. Nas narrativas da conquista foram considerados povos: sem fé, sem lei e sem rei;

– Indivíduo representando o coletivo (em exemplos negativos, se generaliza);

– Fugir do “índio” genérico. Identificar e contextualizar – pesquisar sobre o povo. Localizar geograficamente e trazer informações sobre sua cultura e história. Distintas histórias dependendo da região geográfica e das frentes de ocupação (agrícola, extrativista, mineração, …);

– Trazer a realidade contemporânea dos Povos Indígenas. Mudar a abordagem tradicional dos livros didáticos de História, em os Povos Indígenas foram colocados apenas em alguns períodos, geralmente como povos do passado.

– Educação indígena; Educação escolar para indígenas; Educação escolar indígena (diferenciada, autogerida, bilíngue e intercultural);

– Os povos indígenas e suas culturas permeiam o nosso cotidiano, mesmo sendo muitas vezes invisibilizados;

– Preferencialmente chamar uma pessoa indígena para falar em sala de aula ou visitar uma comunidade indígena sempre combinando previamente. Priorizar o ponto de vista desses povos, ouvindo-os diretamente. “Nada sobre nós sem nós!”

 


SUBSÍDIOS

“Povos Indígenas: Conhecer para valorizar”, vídeo-documentário, 24 min, ano 2011. Direção de Márcia Derraik. Produção do Museu do Índio e da Secretaria de Educação/RJ. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=MwMEuK-DfEw


“Quem são eles? Índios no Brasil”, Documentário, 2000,18 min. Direção: Vincent Carelli. Realização: TV Escola, MEC, Vídeo nas Aldeias. A série de dez programas educativos “Índios no Brasil”, produzida para o currículo escolar e apresentada pelo líder indígena Ailton Krenak. Mostra como vivem e o que pensam, através de indígenas de nove povos dispersos no território nacional, que vão rebatendo um a um estes equívocos. Disponível em https://vimeo.com/15635463


Vídeo nas Aldeias, plataforma de streaming.  Criado em 1986, Vídeo nas Aldeias (VNA) é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. O objetivo do projeto foi, desde o início, apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de um produção compartilhada com os povos indígenas com os quais o VNA trabalha. Site: www.videonasaldeias.org.br


“A mata é que nos mostra nossa comida”. Documentário, 29:32 min., Direção: Rafael Devos. Francisco Ró Kág dos Santos, Erondina dos Santos Vergueiro, Iracema Nascimento e João Padilha apresentam os saberes e os fazeres da cultura Kaingang em Porto Alegre, revelados nos momentos de produção e troca do artesanato produzido com cipó, cerâmica e sementes, nos morros e nas ruas da cidade. Caminhando pela mata, revelam-se as imagens de tudo aquilo que alimenta a cultura Kaingang.  Disponível em www.vimeo.com/16565467


Os seres da mata e sua vida como pessoas. Documentário, 27 minutos, Direção: Rafael Devos. “Essa câmera vai funcionar como um olho e o ouvido de todos que estão atrás dessa câmera, ela vai ser uma criança que vai estar escutando a fala dos meus avós”. Assim o jovem cacique Vherá Poty apresenta as imagens dos “bichinhos” e as narrativas mito-poéticas dos velhos em torno dos modos de criar, fazer e viver a cultura guarani, expressos na confecção de colares, no trançado das cestarias e na produção de esculturas em madeira dos seres da mata: onças, pássaros e outros “parentes”. Disponível em  https://vimeo.com/16341930

Iraí, Terra Kaingang. Vídeo, 1992, 15min. Documentário sobre a luta pela terra dos Kaingang de Iraí no município de Iraí, norte do Rio Grande do Sul. Participou da 2ª Mostra Internacional de Filmes Etnográficos, Rio de Janeiro, 1994. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=Key1UEH-XgU


FONTES DE PESQUISA:

Daniel Mundurucu – Escritor indígena e professor paraense com 56 livros publicados, a maioria classificados como literatura infanto-juvenil e paradidáticos. Graduado em Filosofia, licenciatura em História e Psicologia.  Doutor em Educação/USP.  Pós-doutorado em Literatura na UFSCar. Site: http://danielmunduruku.blogspot.com.br/p/daniel-munduruku.html 


A araucária e a gralha azul: uma história dos antigos Kaingang / Fàg kar segsó táhn: gufo u sí ag tú, autor Kaingang Ven Tánh Salvador. Livro bilingue evoca a vida em comunidade, o significado das marcas Kamé e Kairu (metades exogâmicas) e a ancestralidade Kaingang. O livro tem narrativa oral do cacique Maurício Ven Tánh Salvador a Ana Fonseca, com ilustrações de Mauren Veras. Em Português e Kaingang, apresenta uma história dos Kaingang, contada desde os antigos, de geração em geração, quando estão todos reunidos ao redor de uma fogueira, explica Salvador. “O mito trata da importância da vida em comunidade, do valor da palavra, em especial, quando decorre de escolhas que nós próprios fazemos, de como as aparências podem enganar, bem como da existência de vínculos eternos, tais quais o da araucária e da gralha azul”.