Sem teto e sem dono
Por Fernando Vargas
O caso que chocou as redes sociais na última semana – o de um cachorro, em situação de abandono, que foi morto por um funcionário de uma rede de supermercados – trouxe de volta discussões relacionadas à proteção dos animais, principalmente os de pequeno porte que na maioria das vezes são os mais prejudicados.
A cadelinha “Lua”, chegou ao Canil da Prefeitura Municipal de Pelotas em junho de 2018. Ela foi resgatada pelo Ministério Público e pela PATRAM de uma casa onde havia sido abandonada por seus antigos donos. A cadela, que hoje já está evoluindo em seu quadro de saúde, foi levada para o canil com sarna, carrapatos e piolhos.
De acordo com a médica veterinária do Canil Municipal, Cristiane Berçot, para permanecer viva, seus vizinhos jogavam comida em sacolas plásticas para dentro do pátio em que ela estava, o problema, é que a cadela comia até o plástico, o que trouxe problemas sérios no seu intestino. Para ela, “não existe cachorro de rua, existem cães que foram adotados em algum momento e que por algum motivo foram abandonados”.
Atualmente, o Canil Municipal abriga 52 cães. Muitos desses animais, chegaram ao local com situações semelhantes a de Lua. A cadela “Angélica” é um exemplo, ela foi encontrada com as orelhas cortadas e em estado muito debilitado. No Brasil, são mais de 20 milhões de cães abandonados – de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Somente em Pelotas, cidade com pouco mais de 300 mil habitantes – podem ser encontrados aproximadamente 80 mil cachorros, segundo a ONG SOS Animais.
No entorno do Canil Municipal, inúmeros cães eram deixados por seus donos, no entanto, com a instalação de câmeras no local, as ações diminuíram.
De acordo com o artigo 32 da Lei Federal, nº 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais) e o Art. 164 do Código Penal, o abandono e maus-tratos de animais silvestres, domésticos e domesticados são considerados crimes graves e que precisam ser punidos.