Estudos revelam que recursos genéticos da espinheira-santa são fortes aliados para o alívio de problemas estomacais

Por: Yago Moreira

Muito utilizada na medicina popular, a espinheira-santa, que já é bastante conhecida entre as tribos indígenas, tem esse nome por conta das suas folhas com pontas que lembram espinhos, e também por ser popularmente considerada um “santo remédio”.

A árvore é de pequeno porte, toda ramificada e produz pequenos frutos vermelhos. O plantio se adapta facilmente a solos mais úmidos e o desenvolvimento das árvores pode ocorrer no interior de bosques não muito densos ou a pleno sol. Além disso, essa cultura pode ser uma ótima escolha para ações de conservação e uso sustentável.

Normalmente o mês de janeiro encerra o período de frutificação da espinheira-santa – quando o fruto fica com a coloração avermelhada e pronto para ser colhido. O indicado, segundo o professor e pesquisador do Instituto Federal Sul Rio-grandense (IFSul), Márcio Paim Mariot, é cortar o ramo com os frutos ainda fechados e depois deixar na sombra até a semente completar a maturação.

O professor conta como ocorre esse processo: “Inicialmente, cortamos o ramo com os frutos, levamos para um ambiente sem iluminação e esperamos que a casca se abra expondo o arilo (pigmento esbranquiçado). A semente vai ficando com coloração castanha, a partir daí retiramos a sementes, deixamos secando em uma bandeja e depois podemos proceder a semeadura”.

Quando a semente apresentar coloração castanha é porque atingiu a maturidade fisiológica. E a partir daí, entre janeiro e fevereiro, já é possível realizar a semeadura. E para quem tem interesse em plantar a espinheira em casa, Márcio sugere que a semeação seja feita primeiramente em bandejas, depois o ideal é replantar em sacos de cultivo e aguardar o desenvolvimento. O plantio no campo deve ocorrer entre os meses de setembro e outubro, período em que a planta estará com aproximadamente vinte centímetros.

De acordo com o pesquisador, o consumo de espinheira-santa pode ser em forma de chá ou no próprio chimarrão. E ainda pode ser ingerido três vezes ao dia, por pessoas que sofrem de gastrite ou úlcera gástrica. As contra-indicações são para gestantes, pois o chá pode provocar contrações uterinas e até mesmo o aborto. Lactantes também não devem utilizar a planta, já que as suas propriedades influenciam na produção do leite.

Para a realização dessas pesquisas com plantas medicinais, o Campus Visconde da Graça (CaVG) possui um banco ativo de germoplasma que é um projeto em parceria com a Embrapa Clima Temperado. Duas instituições que se uniram para desenvolver uma coleção que represente a variabilidade da espécie e sirva de base para o melhoramento genético.

Segundo Mariot, o trabalho realizado no CaVG é um pré-melhoramento, ou seja, são estudos das características morfológicas, bioquímicas e fisiológicas de importância agronômica, visando construir um conhecimento que possa subsidiar pesquisadores que desejam fazer o melhoramento genético da espécie.

O plantio não é comum no Rio Grande do Sul. Toda a parte de produção da planta é fruto do ativismo das populações naturais, como, por exemplo, os pássaros, relata Márcio. Esse fator foi a motivação para a pesquisa e também para a criação do banco de germoplasma da espécie, uma vez que a planta é prioritária entre as medicinais nativas para conservação de estudos.

 

 

Sementes da espinheira em processo de maturação fisiológica. Foto: Sérgio Tuninhosem-titulo

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