Parte 2: Veja como foi o segundo turno para os repórteres do Em Pauta

Marco Gavião

Não sou uma pessoa particularmente metódica, mas nesse segundo turno segui um roteiro parecido com o que tomei no primeiro turno. Acordei às 7h, troquei a resistência do chuveiro, tomei meu café e fui votar logo quando virou 8h. As ruas não tinham santinhos, os apoiadores de um dos candidatos continuavam se exibindo com mais orgulho, mas dessa vez, notava-se que os apoiadores do outro candidato, acoados no primeiro turno, sentiam-se mais confiantes em demonstrar seu voto. Como cheguei cedo, peguei uma fila consideravelmente pequena, e não esperei muito para tomar minhas duas decisões de voto.

Voltei pra casa por volta das 8h30, e não havia nada que me distraísse pelo resto do dia. Nem o Arsenal, nem o Xbox, nem a faculdade. Minha mente e coração permeavam o que poderia se passar na mente e coração de diversos outros brasileiros, e que eu só teria pistas a partir das 17h. A hora chega, e a ansiedade não passa, parece que só piora. Pelo menos tinha a companhia de meus amigos, e desconhecidos que possivelmente passavam pelas mesmas incertezas da qual eu sentia sobre o resultado dessas eleições.

E o tempo se tornou senhor da razão. O torneiro mecânico, sindicalista, presidente, mais uma vez foi escolhido como representante do povo, representante de um país cansado da miséria e desesperança do qual foi infringido nos últimos quatro anos. As imagens que podiam ser vistas do Mercado Central eram imagens de esperança, imagens de um povo que não aguentava mais a espera de ter alguém de volta que trouxesse a alegria, a fartura e a tolerância de volta ao povo brasileiro.

Douglas Rafael

No primeiro turno a grande quantidade de cargos para serem votados resultou em filas e agitação que não combinam com a calmaria típica de uma cidade pequena, como Piratini. Dado que neste segundo turno a eleição era apenas para Presidente e Governador o cenário não repetiu-se. Ao longo de todo o domingo o processo de votação transcorreu de forma rápida e com pouquíssimo tempo de espera em praticamente todas as zonas eleitorais.

Não foram feitos relatos de tumultos, boca de urna, conflitos entre apoiadores de algum dos candidatos ou problemas de ordem técnica com as runas. Após a apuração, apoiadores dos candidatos vitoriosos (Lula e Eduardo Leite) reuniram-se na principal avenida da cidade para comemorar. A chuva, no entanto, acelerou a dispersão e antes da meia-noite a maior parte dos que celebravam já haviam retornado para suas residências.

Vitor Porto

Em comparação ao sábado de verão no Balneário Cassino, o domingo amanheceu como se São Pedro, padroeiro da cidade, estivesse de mau humor com a população do Rio Grande. Fui votar perto do meio-dia. Antes de chegar ao meu local de votação (e antiga escola), a Escola Silva Gama no Cassino, passei na casa da minha namorada e fomos “dar um passeio” pelo bairro.

As ruas do Balneário estavam praticamente vazias, talvez devido ao forte vento. Nas redondezas da Escola Wanda Rocha, segundo maior ponto de votação no bairro, estava com movimento tranquilo. Familiares e amigos que votaram na escola relataram rapidez ao votar, nenhuma seção encontrava-se com filas. 

Chegando ao Silva Gama, encontrei uma escola vazia. Não havia filas em nenhuma seção eleitoral, cenário muito diferente do primeiro turno, quando todas apresentavam filas consideráveis, com tempo de espera que ultrapassava uma hora. 

Após um pequeno tour pela minha antiga escola, mostrando para minha namorada as salas de aula que frequentei em minha infância e algumas histórias que aconteceram durante o ensino fundamental. Fui até a minha seção, mostrei meu E-Título à mesária, verifiquei minha biometria, larguei meu celular na mesa designada e registrei meu voto. 

Conversei com os mesários sobre o comparecimento. Eles relataram que a movimentação de eleitores estava normal, porém o processo de votação foi mais rápido neste segundo turno.

A tarde foi de apreensão. Acompanhei as notícias assustadoras dos bloqueios executados pela PRF no Nordeste. Às 18 horas, em companhia da minha namorada, fui acompanhar a votação em uma casa de festas do Cassino. 

Estar cercado de pessoas que acreditavam nos mesmos ideias amenizou meu nervosismo. Sentado em uma mesa de bar, atualizei incontáveis vezes o site do TSE enquanto via no telão a apuração da GloboNews.

Foram momentos tensos, mas a alegria reinou no final. Encerrei meu domingo de eleição ao som de um bom pagode brasileiro.  

Gabriella Cazarotti

O domingo de segundo turno em Pelotas foi quente, temperatura perto dos 30 graus. Assim que acordei fui tomada por um sentimento de otimismo. Enquanto me arrumava e me adesivava, ouvi Chico Buarque, Ivan Lins, Guilherme Arantes e outros artistas que compunham como forma de protesto durante a ditadura militar. Acompanhei minha amiga Julia Vilas Boas até o Campus II da UFPel, onde ela vota. O campus estava calmo e vazio, figuras de vermelho aguardando na calçada. Em seguida, tomamos um ônibus gratuito, devido ao passe livre, em direção ao Cartório da 164ª Zona Eleitoral, onde eu voto. Como de costume, o cartório está sempre cheio, mas dessa vez levou apenas 20 minutos para que eu pudesse votar. Voltamos para a casa perto do meio-dia em um misto de emoções e sensações: calor, fome, apreensão e esperança.

Acompanhei a apuração dos votos ansiosa enquanto trocava mensagens com amigos e familiares que estavam na mesma situação. Por fim, não pude conter minha alegria com o resultado dessas eleições. Lula foi democraticamente eleito pelo povo que tanto sentiu falta de um líder durante os últimos quatro anos. Chorei, sorri, comemorei, liguei para a minha família e fui para o Largo do Mercado Público celebrar com tantos outros sonhadores.

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