Lula vence Bolsonaro no 2º turno e governará o Brasil pela terceira vez

Eleição entrará para a história não apenas pela polarização, mas também por uma série de marcas inéditas alcançadas ao longo e em decorrência da disputa

Por Douglas Rafael Duarte

Lula na Avenida Paulista/Foto: Divulgação do site oficial de Lula ( lula.com.br )

Após uma apuração emocionante e equilibrada do início ao fim, os brasileiros conheceram na noite de domingo (30 de outubro) o escolhido pela maioria de seus eleitores para comandar o país a partir de 1º de janeiro e pelos próximos quatro anos. Será Luiz Inácio Lula da Silva, que com a preferência de 60.345.999 brasileiros (50,90% dos votos), derrotou o atual presidente Jair Bolsonaro e ocupará o Palácio do Planalto para um inédito terceiro mandato presidencial.

O pleito de 2022 entrará para a história não apenas pela polarização que tanto o caracterizou, mas também por uma série de marcas inéditas e históricas alcançadas ao longo e em decorrência da disputa. Foi, por exemplo, a primeira vez que dois candidatos que já haviam ocupado a cadeira de presidente do Brasil enfrentaram-se em uma eleição.

Resultado final da apuração:

Lula/PT 50,90%  60.345.999 votos
Jair Bolsonaro/PL 49,10% 58.206.354 votos

A vitória de Lula

Tendo enfrentado pela 6ª vez uma disputa pela presidência (1989, 1994, 1998, 2002, 2006 E 2022), e o seu quarto segundo turno (1989 contra Collor, 2002 contra José Serra, 2006 contra Geraldo Alckmin e 2002 contra Bolsonaro), Lula superou Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, e é agora o primeiro brasileiro a vencer três eleições presidenciais. O petista será o 39º presidente do Brasil.

Com mais de 60 milhões de votos, o petista alcançou a sua maior votação e tornou-se (em números absolutos) o candidato mais votado da história em uma disputa pela presidência, marca que até então era do próprio Bolsonaro em 2018 (mais de 57 milhões). 

“Não existem dois Brasis. Somos um único país. Um único povo. Uma grande nação”, disse Lula em discurso pacificador logo após a Justiça Eleitoral confirmar a sua vitória. Nascido em Garanhuns (Pernambuco) e tendo celebrado em outubro os seus 77 anos, ele será o presidente eleito pelo voto a tomar posse com mais idade (posto que também pertencia a Bolsonaro).

A derrota de Bolsonaro

Bolsonaro entrará para a história como o primeiro presidente a perder uma disputa pela reeleição. Antes dele, FHC (94 e 98), o próprio Lula (2002 e 2006) e Dilma (2010 e 2014) haviam vencido e conquistado um segundo mandato consecutivo. Por outro lado, mesmo com a derrota, o atual mandatário da república aumentou sua votação em relação ao pleito de 2018. Tendo conquistado 49,10% (58.206.354) dos votos válidos, Bolsonaro é agora o candidato mais votado da história a perder uma eleição para presidente da república.

Após permanecer em silêncio por quase 48 horas (quebrando a tradição de ligar para o candidato eleito), na tarde da terça-feira (1 de novembro) o atual presidente finalmente fez um pronunciamento. Ele agradeceu aos votos que recebeu e recriminou as manifestações violentas e inconstitucionais que alguns de seus apoiadores protagonizaram desde que o Tribunal Superior Eleitoral oficializou a vitória de Lula. Bolsonaro, no entanto, não reconheceu a derrota ou citou o seu adversário. “Enquanto presidente da República e cidadão continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa constituição”, limitou-se a dizer.

Estado a estado

A tendência de divisão nacional entre estados do nordeste e norte votando majoritariamente com a esquerda, e do sul, sudeste e centro-oeste com a direita, confirmou-se.

Lula saiu vencedor em 13 estados. Na região sudeste apenas em Minas Gerais. Na região norte venceu no Amapá, Pará e Tocantins. E em todos os 9 estados do  nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) ele foi o mais votado. O petista venceu em 3.125 cidades em todo o Brasil.

Bolsonaro por sua vez, foi vitorioso em 13 estados e mais o Distrito Federal. O atual presidente teve mais votos no Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, na região norte. No sudeste venceu em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Foi ainda o mais votado em todos os estados da região centro-oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e em todos os estados da região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). O candidato do PL venceu em 2.445 municípios do país.

Voto a voto

A eleição de 2022 é oficialmente a disputa pela presidência mais equilibrada da história, superando o embate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em 2014. A diferença percentual, que naquele ano foi de 3,28% (51,64% para a Presidenta eleita e 48,36% para o seu adversário), foi agora de apenas 1,80% (51,90% para Lula e 49,10% para Bolsonaro).

Em números absolutos o pleito deste ano também foi mais disputado do que o de 2014 (até então o mais acirrado). Naquele ano a presidenciável petista recebeu 3.459.963 votos a mais do que o seu adversário do PSDB. Já em 2022 a diferença de Lula para Bolsonaro foi ainda menor, de apenas 2.139.645 votos. Números e marcas que ilustram o equilíbrio e a importância do pleito para a história do Brasil.

Pronunciamento de Bolsonaro após a derrota/Foto: Ricardo Sa/AFP

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