Parasitose: um reflexo da água contaminada no IFSul

Alunos do campus Pelotas retornaram às aulas na última sexta-feira

Por Isabella Barcellos

As atividades foram retomadas no IFSUL Campus Pelotas na última sexta-feira (01). Foto: Diário da Manhã.

Instituições federais de todo o Brasil têm passado por momentos complicados no ano de 2019. Em Pelotas, o Instituto Federal Sul-riograndense (IFSUL) teve que interromper suas aulas durante dez dias do mês de outubro. O motivo? Servidores e alunos começaram a relatar problemas de saúde referentes à qualidade da água ofertada nas pias e bebedouros do prédio. Após inspeção, o Sanep (Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas) confirmou a contaminação pela presença de coliformes totais e fecais.

Alunos infectados pela água afirmam que o problema já ocorria há um bom tempo. Amanda Caetano e João Pedro Ferreira, ambos estudantes de cursos técnicos integrados da instituição, acabaram desenvolvendo intolerância à lactose secundária ao ingerirem o protozoário Giardia intestinalis. Esse pequeno organismo causa uma doença popularmente conhecida como giardíase, causadora de infecções no intestino que podem levar à má digestão de lactose.

“Comecei a passar mal no dia 13 de setembro”, relata Amanda. , relata Amanda. “Tive enjoo e vomitei por dias seguidos até que minha mãe ficou preocupada e me levou num gastrologista. Ele me diagnosticou com intolerância mas não fiquei satisfeita, porque nunca tinha tido isso antes. Nesse meio tempo, continuei com problemas intestinais e sem descobrir a causa disso tudo”. João Pedro, ao contrário de Amanda, não teve sintomas graves. Mesmo assim, ele retirou leite e derivados da dieta para contornar os desconfortos.

A contaminação pelo Giardia intestinalis ocorre quando cistos desse protozoário são ingeridos tanto por alimentos mal higienizados, como legumes e frutas, quanto por problemas no saneamento básico. Normalmente, esses cistos se encontram em fezes de animais e causam náuseas, vômito, diarreia, perda de peso e cólicas abdominais intensas.

Através de informações de outros 12 estudantes contaminados, é possível perceber que a água estava imprópria para consumo há algum tempo. Alguns deles arriscam dizer que as primeiras contaminações aconteceram há cerca de dois meses, mas a instituição não se posicionou a respeito. Todos apresentaram os mesmos sintomas e a maioria recorreu ao SUS ou a consultas médicas particulares para solucionar a parasitose.

Ao ser questionado sobre qual deveria ser o posicionamento da instituição sobre o assunto, João Pedro afirma: “Acredito que, no mínimo, o instituto deveria fornecer acompanhamento médico, levando em consideração que temos médicos no instituto, para que pelo menos possa haver um mínimo de reparação pelo problema que muitos alunos passaram”. João também conta que houveram muitas faltas devido às contaminações. Ele acredita que a direção deveria encontrar uma maneira de não prejudicar os alunos que foram obrigados a faltar por esse motivo. Outros estudantes também criticaram a demora da instituição em averiguar a qualidade da água assim que as primeiras denúncias surgiram.

Por enquanto, foram feitas limpezas e inspeções técnicas nas fontes de água do prédio. Além disso, os bebedouros foram substituídos por galões de água. Os estudantes retornaram às aulas e se encaminham para a metade do semestre letivo.

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