O “novo” velho

Cultura hipster resgata hábitos antigos e reutiliza itens que fizeram sucesso em décadas passadas

por Emanuelle Silveira

Fugir do lugar comum, ser diferente e ousado. Esse é o pensamento que ronda a cabeça de muitos jovens e para se diferenciar da “cultura mainstream“, onde os smartphones e a tecnologia são ordem da vez, eles buscam nos objetos que caíram em desuso um novo significado.  As máquinas de escrever estão substituindo o computador e não é impossível encontrar alguém em pleno século XXI utilizando uma dessas raridades em locais públicos. Esse fenômeno é chamado de cultura de hipster. A definição oficial diz:

“Hipster é um termo frequentemente usado para se referir a um grupo de pessoas pertencentes a um contexto social subcultural da classe média urbana. A cultura hipster faz parte da variedade de subculturas que coexiste com a cultura mainstream.” fonte: webdicionário

O hipster tem entre 15 e 25 anos e tem no visual uma de suas maiores preocupações – normalmente os looks compostos são no estilo “high low”, ou seja, misturam peças mais caras com outras super simples. Nesse contexto, um local quase esquecido no mundo moderno ganhou uma nova significação: Os Brechós.

Nos últimos cinco anos, o segmento dos brechós cresceu 210%, de acordo com o Sebrae. Eles viraram febre e perderam o estigma de não terem roupas de qualidade. Hoje o “fashion” é dar as roupas usadas um toque pessoal, customizar e transformar a peça para ficar com a cara do dono.

Em Pelotas, novos espaços buscaram trazer essa perspectivas as roupas usadas. Um deles uniu a estética de loja com café e tem tido grande procura pelos jovens.

– O interessante de trazer essa proposta é que as pessoas que vem aqui buscam mais que um espaço de compras. É também um momento de lazer e nas peças usadas existe também o interesse do cliente em comprar um produto que tem uma história – conta Lucas Alves, sócio- proprietário do Now Café Estilo.

As peças de brechó além de serem uma tendência também representam economia. Lara Lago é atriz de uma companhia independente e para ela além de ser moda as peças de segunda mão ajudam a compor os figurinos das peças de forma acessível.

– O mais interessante é que além de conseguirmos bons preços também encontramos inspiração nos produtos, às vezes ao compor o look do personagem uma jaqueta, dependendo do estilo pode indicar como ele vai se portar – diz a atriz.

O novo hipster?

A proposta da tribo é fugir do lugar comum, mas é possível perceber que entre eles existem muitas semelhanças no visual. Óculos grandes, coletes, muito xadrez e barbas para os homens. Assim como qualquer outra tribo, aquela que busca ser diferente também apresenta diversas semelhanças e talvez por isso já esteja se transformando.

Segundo estudos de três consultorias de tendências – K -Hole (Nova York), The Future Laboratory (Londres) e Box 1824 (São Paulo) essa estética está se diluindo em novas versões. E essa nova versão já tem definição: são os Yuccies. A palavra faz lembrar o termo yuppie, tão na moda na década passada para descrever os jovens empresários dedicados a enriquecer rapidamente através de investimentos financeiros ou ascensão no mundo empresarial, parece ser de propósito. Os yuccies não são hipsters nem yuppies, mas têm muito de ambos.

– Os yuccies são os filhos culturais dos yuppies e dos hipsters. Queremos ser bem-sucedidos como os yuppies e criativos como os hipsters. Definimo-nos por aquilo que compramo- escreve David Infante.

A revista britânica Complex resume o novo termo assim: “Muito simplesmente, os yuccies são hipsters de negócios”.

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