O glorioso propósito de Loki

Em uma trajetória que se iniciou em 2011, com o primeiro filme do Thor, Tom Hiddleston retorna como Loki para o que pode ser a última aparição de um dos personagens mais amados da Marvel na temporada final de sua própria série.


Por Felipe Boettge/Em Pauta.

Poster da segunda temporada de Loki. / Reprodução: Divulgação/Disney+.

 

Com o sexto e último episódio exibido em 9 de Novembro, Loki deu fim a sua segunda, e provavelmente última, temporada da série exclusiva do Disney+. Dessa forma, em uma temporada guiada a partir do perigo e do senso de urgência, Tom Hiddleston e o Loki retornam para finalizar o arco da AVT e de toda a confusão multiversal que o fim da primeira temporada nos deixou.

Sendo assim, a morte de Aquele que Permanece, uma variante do grande vilão, Kang (Jonathan Majors), trouxe consequências diretas para todo o universo da Marvel e principalmente para tudo que cerca os personagens de Loki. Sem o homem por trás de tudo, o surgimento do multiverso e sua expansão infinita põem tudo a perder.  Em meio a todo esse caos, Loki (Tom Hiddleston) e a equipe da AVT, a agência de variância temporal, composta por Mobius (Owen Wilson), B-15 (Wunmi Mosaku) e Casey (Eugene Cordero) e que agora recebe a adição de Ouroboros (Ke Huy Quan) precisam encontrar um jeito de solucionar o colapso completo do multiverso e salvar a AVT. Com tudo que eles conhecem em risco, os seis episódios da série se desenrolam em um constante clima de final de temporada.

 

Loki (Tom Hiddleston) e Mobius (Owen Wilson) comendo uma torta na AVT. / Reprodução: Divulgação/Disney+.

 

Dessa maneira, a série utiliza-se da grande crise de identidade que cerca seus personagens em frente ao fim do multiverso , garantindo diálogos e momentos de reflexão que levam os personagens e a série em frente. Além disso, também serve como um equilíbrio em relação aos grandes momentos de tensão, onde tudo está em jogo e um pequeno detalhe pode mudar o destino do universo. Com o impulso de toda a tensão, o grande tema dessa temporada se revela através de Loki e Mobius descobrindo quem são, o que querem fazer e do quanto estão dispostos a abrir mão.

O que se concretiza com o arco de cada um dentro dessa história, que olha para dentro dos personagens, mas os leva para caminhos diferentes. Mobius luta contra descobrir e aceitar quem era ou poderia ser antes de ter sua vida alterada por Kang. Enquanto isso, Loki se vê confrontado pelo que sente por Sylvie (Sophia Di Martino) e as consequências que sua decisão por matar o Aquele que Permanece trouxe para todo o multiverso, mas em especial, para os seus amigos. Algo que é um luxo dessa versão do personagem, que nunca teve a oportunidade de se redimir com Thor, como vimos em Thor: Ragnarok e em Vingadores: Guerra Infinita e se tornar o mais perto possível do que seria um herói. Mas isso acontece agora, sem a influência de nenhum laço familiar, o personagem mais uma vez traça o caminho até o heroísmo que parece ser o seu destino final, aprendendo a viver com os sacrifícios que essa posição exige.  

Para além da história e dos grandes acontecimentos da temporada, a série demonstra um trabalho mais cuidadoso de produção, utilizando-se de referências como alguns toques da estética de Wes Anderson e elementos de Doctor Who, a série tem um salto visual e narrativo que permite que o segundo ano atinja o seu potencial e finalize o arco dos personagens de forma satisfatória. Isso se deve, principalmente, aos entrelaços temporais que a viagem no tempo permite dentro de uma história e que são usadas em diversos momentos dentro dessa temporada em prol de instigar o mistério e o suspense até o momento final. O mistério, a confusão dos personagens e o senso de urgência que a série apresenta desde o seu primeiro minuto, permitem que se precise assistir o próximo episódio o quanto antes. O que dá para a série uma maior longevidade, já que mesmo tendo seu lançamento semanal, ela pode funcionar sem muitos problemas quando assistida em formato de maratona, o que não é um trunfo comum entre as outras séries do estúdio.

Loki e seus colegas de AVT em um momento de crise. / Reprodução: Divulgação/Disney+.

Por fim, a série se mostra uma conclusão madura para a história de um dos personagens mais emblemáticos da Marvel. Loki atravessa uma passarela em direção a um propósito mais glorioso do que se poderia imaginar em qualquer momento de sua construção dentro do universo da Marvel. Além disso, a segunda temporada mostra que as séries do streaming podem fazer parte do grande universo compartilhado de forma ativa, agregando estilos, histórias e personagens sem ter tudo isso como função exclusiva. Mais do que dar um uniforme novo para os personagens, apenas apresentar um novo herói ou então contar uma história que vai ser esquecida quando o personagem aparecer no cinema. 

Dessa maneira, de todas as oito séries lançadas até agora, Loki é a primeira que definitivamente deveria ganhar um espaço nas listas do que assistir antes do próximo grande evento. Mostrando que os conteúdos do Disney+ podem sim ter um propósito maior do que vem acontecendo, tão glorioso quanto como foi o de Loki em suas duas temporadas.

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